AD SENSE

quinta-feira, 4 de março de 2021

O pizzaiolo espanhol

Vocês podem achar que tou de implicância com os europeus, mas acho que o problema é comigo, tipo, não exatamente comigo, mas com as escolhas dos lugares que vou. Francamente, aparace cada uma.

A praia de Gandia é uma estação de veraneio, na província de Valência, nas costelas da Espanha, junto ao Mar das Baleares (Mayorca, Menorca, e outras orcas que nem lembro mais), uma pistolinha avançada a Oeste do Mar Tirreno. É um paraíso de grande qualidade, na baixa temporada, porque na alta temporada, triplica o populacho, de Europeus apobretados, tipo os...ah, tipo ninguém. Apobretados é suficiente! E por ser uma praia de pobretões, é pra onde eu fui, óbvio, conhecer as praias de pobres da Europa, porque aqui no Pindorama só tem praia de rico (vide Curumim e Arroio Teixeira), e não tem como ir.

Europa, pra quem não sabe, gastronomicamente falando, é igual ao Brasil: você paga pouco e come até rachar a cincha, deixar a pança lustrosa, tipo assim,  café colonial em Gramado, ou churrascaria em São Paulo, tipo isso.

Já percorridos alguns países onde se come fazendo biquinho, ou se apanha do pizzaiolo, aportei, com minha corriola, certa feita, numa rua, procurando comida, coisa de comer e encher o bucho, como bom brasileiro faz, e Ôh grória! Encontramos uma placa na frente dum estabelecimento, que dizia (a placa): 
- "Coma cuanto lo quieras y paga 700 Pesetas!" (700 Pesestas equivalia a uns 3 dólares, mais ou menos, Uma pechincha, alpem da palavra mágica: Coma cuanto lo quieras! E eu queria, ah como eu queria. Entramos. Era o céu dos buffets, tudo livree, à vontade: Paellas, de todo tipo, pizzas gigantes, saladas de encher os olhos, arroz colorido de todos tipos, um céu, um céu, imaginem!

Enchemos o bandulho, de sair com spaguetti de meio metro pendurado no canto do beiço, para chupar aos poucos enquanto fazia a digestão. Como estávamos em turma, um ficou organizando o rateio para pagar a conta, e eu aproveitei e fui saindo pelo lado da cozinha. Lugar amplo. A porta da cozinha era tipo "Saloon", com duas folhas, de vaivém, e tinha vidros, que permitia contemplar o serviço de cozinha do estabelecimento. Olhei aquilo, arranquei com violência o spaguetti que ainda faltava e disfarçadamente joguei no prato de um oriental, que se atrapalhava para comer de garfo, e como tinha os zoínho fechado, nem viu o que eu fiz. Dirigi-me à meus amigos e, discretamente disse:
- Meu povo! Deem uma olhada no pizzaiolo, ali na cozinha!

O povo foi, e dali, de olho arregalado, em silêncio funesto, em fila indiana, e comportadamente, saímos, direto a uma farmácia, em busca de sal de fruta. Eu explico. Não que a comida não fosse boa. Sim, era muito saborosa. Bem gordurosa, como a gente gosta. A questão era o pizzaiolo, com um abdômen protuberante, com avental amarrado à cintura, braços imensos, cabeludos, o peito peludo, como o Tony Ramos, branco de farinha, porque ele pegava uma montanha de massa com os dois braços, batia, na bancada, levantava, e batia com a massa no peito, e a jogava novamente na bancada, repetindo e repetindo até dar a textura da receita, que evocou-me à lembrança do italiano que ganhou a receita do pai, do avô, do bisavô e do Vitorio Emanuelle...num compasso ritmado de flamenco:
- Ratataá, tarraratatá, cataplaft, cataplaft, tarratatatá, OLÉ!

Fora isso, foi barata a bóia. Foi mesmo! Bem nutritiva, pois pelos próximos dois dias, ninguém mais conseguiu comer nada. Não tinha fome. Pensa!


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