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segunda-feira, 27 de dezembro de 2021

GRAMADO de priscas eras visita a Igreja Evangélica Assembleia de Deus


A historia que conheço é breve, mas rica em humanidade e bons exemplos. Eu não sou evangélico, e tenho algumas divergências exegéticas e escatológicas, daquilo que ensinam as doutrinas desta instituição, mas tenho que ser justo, e reconhecer que é um lugar onde D's está. Eu explico.

Segundo diz o que está nas Sagradas Escrituras, há dois Mandamentos que resumem todo o compêndio da Bíblia: Amar a D's, (eu escrevo D's dessa forma, porque sigo um certo viés judaico, onde não se pronuncia O Nome Sagrado) acima de todas as coisas, e ao próximo do mesmo modo que amar a si próprio. E eles fazem isso. Na prática. Seus cultos são cheios de vida e sentimentos, mais emoção do que razão, porque a razão está no senso prático de ajudar o necessitado, levantar o caído, e acolher o desvalido.
Pastor Dario e Sua esposa, Walmi Stein


Tive o privilégio de desenhar o modelo estético deste templo, em 3D, porém, à mão, em cartolina, pintado com aquarela e guache, e com esta ilustração, a administração da igreja transformou em cartão postal, que era vendido em troca de livre contribuição aos visitantes de todo Brasil que os visitavam, e desta forma, aliado ao desprendimento de sua congregação, em poucos anos, estava levantada sua casa de oração. Ao estilo de Gramado.

Mas tudo começou, em Gramado, bem antes disso. Já no início da década de 1960, e é possível que talvez, um pouco antes ainda, lá no finzinho da Rua Augusto Daros, no alto do "Morro dos Cabritos", havia uma casa, com uma varanda, onde moravam o casal Arquimimo e Manuelina, com seu filho Adão, e pouco mais tarde, seu sobrinho Luis Carlos. Na sala desta casa, funcionava o local de reuniões e adoração dos incipientes assembleanos de Gramado.

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Recordo com carinho de certas particularidades desta família. Adão, o filho, era, talvez uns dois anos mais velho que eu, ou três, no máximo. Ele e Luís Carlos, atravessavam uma picada pelo mato, encurtando caminho, cruzando com jararacas e passarinhos, para chegarem à pequenina escolinha da Vila Moura,  a Brizoletinha, onde estudávamos. Minha mãe era diretora lá, e ainda terei uma matéria específica desta escolinha saudosa.
Adão e Luís Carlos eram conhecidos por sua amabilidade e boa educação. Eram amáveis, gentis e respeitosos. Lembro que havia uma família, vizinha, com meninas, que também estudavam nesta escola, e os pais recomendavam que elas fossem acompanhadas por estes dois meninos, porque eram respeitosos, e cuidariam da segurança delas pelo caminho.
Assim eram os Assembleanos. Conhecidos por sua veemência na pregação do Evangelho, e por suas convicções firmadas em milhares de citações de versos bíblicos, que sabiam na ponta da língua. Eram um "Google" hermenêutico". Respondiam de pronto a qualquer solicitação bíblica, e eram uma difícil unanimidade entre as amizades desejáveis pelas crianças da escola e vizinhança.

O tempo passou, o mundo seguiu seu curso, e a família mudou-se para Canela, onde foi construir o templo daquela cidade. Perdemos o contato, e eu também segui o meu caminho. Muitos anos mais tarde, reencontrei o aconchego das amizades desta congregação pelo Fotógrafo Nery Elias, e através dele, do ainda grande amigo Pastor Dario Stein.

Mais tarde, a congregação fundou um centro de tratamento aos dependentes químicos, o "Crerh Emanuel"  , além de suas atividades evangelísticas e sociais.

Dou fechamento a esta matéria contando um episódio e uma frase que marcou minhas lembranças e conceito sobre este povo. Durante um evento promovido pela Prefeitura, recebi um convite, destinado á liderança da Igreja Adventista local, onde eu era Ancião, para comparecer à uma solenidade em homenagem ao aniversário do Município, e todas as igrejas estabelecidas desde a emancipação deveriam organizar, em seus templos, uma solenidade comemorativa. Fomos, então, Bernardino dos Reis, e eu, num domingo pela manhã, assistir à solenidade. Eu sentei-me bem na porta da entrada, onde costumo ficar, em eventos com multidões, pois para escapar dali, em caso de desconforto, é só um passo. Faço assim com todos os lugares. A casa estava lotada, e na plataforma, à frente, estavam assentadas as autoridades religiosas, e civis, convidadas para o evento, particularmente, o ex-prefeito Walter Bertolucci, Nelson Dinnebier,  Prefeito em atividade, e Pedro Bertolucci, também ex-prefeito, na ocasião.. Não recordo se haviam outros. Mas estes, com certeza estavam lá.

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O preletor começou sua invocação e saudação, e de repente, ouvi meu nome sendo chamado à plataforma. Pensei. Foi apenas uma citação. Não era. O preletor bradou em alta voz minha localização exata, e convocou-me à subir para onde estavam todos. pensei: Mas o Bernardino já está lá, por que dois? Não era. O motivo era prestar uma homenagem, a maior que recebi em publico até hoje, pelo meu modesto trabalho de desenhar com carinho a sua igreja.  De cabeça baixa e com a humildade que exigia o local, subi e permaneci lá até o fim.

A história não termina aqui. Foi deste preletor que ouvi a frase mais linda que poderia ouvir acerca da finalidade de uma congregação. Disse ele, olhando para os Prefeitos:
- "Estão vendo aquele cidadão ali na primeira fila, vestido com terno e gravata, ao lado de sua família, também bem vestida, esposa e filhos? Este cidadão foi encontrado numa sarjeta, bêbado, imundo, ensopado de urina, e nós o recolhemos e acolhemos, proporcionamos à ele dignidade, e hoje ele é um cidadão exemplar, que não se envergonha de seu passado, mas glorifica à D's pela pessoa na qual foi transformado!"
E, olhando para os prefeitos novamente, diz:
- "É isso o que fazemos aqui: Reciclamos o lixo que a sociedade não quis mais e vomitou de seu meio!"

Bem, este é o olhar que eu tenho sobre os queridos irmãos Assembleanos de Gramado.















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