Na parte de cima do Casarão dos Castilhos (veja matéria a respeito aqui), funcionava um atelier de cerâmica artesanal, com peças pintadas à mão pela artista plástica Dudi Ribeiro. Dudi acompanhou o estilo predominante nesse tempo, na cerâmica que foi levado à Gramado pela ceramista polonesa, judia, Wanda Duckszynka (Não sei se está correta a grafia do nome), egressa de um campo de concentração em seu país, que foi liberta (Wanda levava no braço, uma tatuagem de seu número de prisioneira), graças à sua profissão, Engenheira Agrônoma, porque os nazistas estavam recrutando agrônomos para algum projeto agrícola.
Levada à Gramado pela amiga Elisabeth Rosenfeld, Wanda abriu um atelier, onde trabalhou por menos de uma década, e depois vendeu o ponto de vendas e a marca.
Dos auxiliares de Wanda, alguns deram continuidade ao seu estilo e trabalho, que se proliferou pela cidade, e seu estilo também. Gramado, em cada tempo, teve seu auge em algum tipo de economia criativa. Ainda falaremos disso. Foi a economia criativa quem deslanchou e fez crescer Gramado, e foi o ímpeto empreendedor e ambicioso quem fez, a partir de certo tempo, perder a pureza da fonte, onde bebiam os pioneiros. Isso é ruim? Não! É o progresso, e quem não convive com seu tempo, joga o futuro no passado e o passado no futuro, passando pela vida sem vivê-la no melhor que ela tem, no tempo em que se apresenta.
Gramado não se tornou melhor e nem pior. Gramado evoluiu, se transformou. Não se pode culpar as novas gerações pelo desaparecimento de velhos costumes, porque não faria nenhum sentido isso. O que é importante é resgatar o melhor de cada tempo, para servir de esteio aos tempos que chegam. A arte tem esse papel e função. Lembrar que temos uma alma, que pode ser saudosa ou esperançosa.
No entanto, falar em Arteiro, sem mostrar o belíssimo trabalho das artesãs Dudi Ribeiro, e Wanda, seria incompleto, embora eu não tenha encontrado imagens da cerâmica original de Wanda Ducszynka, encontrei obras de seus sucessores, ainda em atividade, e aqui seguem algumas imagens de seus belíssimos trabalhos.
Outros ceramistas tiveram seu lugar de destaque nessa arte, em Gramado: Ricardo Dinnebier (Diniba); Marlene Peccin, e também, um grupo de uruguaios, que imigraram durante a ditadura em seu país, e quando chegaram à Gramado, eram ceramistas. Seu estilo era diferente. Trabalhavam pequenas peças em terracota, delicados pássaros, e outros animais, eram sua marca, de fácil identificação.
Eu procurei por imagens destas cerâmicas que mencionei, dos uruguaios, mas nada encontrei. As peças abaixo, são bastante parecidas.
Se você conhece alguém remanescente destas famílias, por favor, passe meu contato, que eu complementarei esta matéria. (48) 999 61 1546 (whatsapp apenas).
Também trabalhou em Gramado, durante certo tempo, um ceramista pernambucano, chamado Daniel (não recordo o sobrenome), que fazia figuras em barro queimado, da arte do "Mestre Vitalino", célebre artista popular nordestino.
Imagem: Internet (Arte do Mestre Beto Pezão, SE)
Eu não poderia concluir esta matéria, sem mencionar, e finalizar com o belíssimo trabalho desenvolvido na atualidade, pela Artista Plástica, de fama internacional, Débora Irion.
Débora é natural de Santa Maria, RS, mas vive em Gramado desde a década de 1980.
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