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sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

O homem que vendia solidão

Solidão? - Perguntou, ensimesmado o caixeiro da loja de roupas, que recebeu uma filipeta, um panfletinho em preto e branco, anunciando a venda de nada mais, nada menos que "solidão". Isso mesmo, essa mesmo que o leitor está pensando aí.
- Mas e alguém compra isso?
- Evidentemente que sim" - Respondeu o filólogo, que oferecia solidão em promoção. Infelizmente, apenas uma por freguês, pois como se trata de solidão, não há um coletivo. Por acaso você sabe qual é o coletivo de solidão?
- Creio que seja "multidão"! - Respondeu o caixeiro, meio desconfiado de que talvez fosse uma pegadinha.
- Pois aí que está" Isso mesmo. Multidão. Ocorre que multidão é algo que descaracteriza a pessoa, compreende? Qualquer um na multidão, desaparece completamente, e assim, fica pior que antes.
- Nunca havia pensado a respeito disso! Respondeu, pensativo o caixeiro. E como funciona isso?
- Ah, não é tão simples, mas é um recurso para que o indivíduo se torne novamente um indivíduo, e não uma estatística, um número, uma sombra. A coisa funciona assim: Nesse tempo em que vivemos, onde cada louco contamina outro doido com sua loucura, fazendo com que dois loucos multipliquem seus disparates e desta forma, teremos uma multidão de loucos. Assim como acontece em uma pandemia, por exemplo. Um louco avisa o outro, e ambos se enroscam na loucura coletiva, e tornam-se alvos, presas fácies dos dominadores, que capturam doidos com redes, sabe. Redes de mentiras, rede de intrigas, rede de fofocas, redes e mais redes, até que estejam todos dominados, e por estarem em bandos, perdem sua individualidade, não são mais ninguém, ainda que amontoados com outros milhares de ninguéns. Compreende?
- Não!
Veja bem, vou dar um exemplo: Se você caminha entre muitas pessoas, e se todas elas falarem ao mesmo tempo, você conseguirá entender o que falam?
- Pois então! Aqui está a chave da questão. As pessoas precisam ouvirem suas próprias vozes, ouvirem seus nomes, conversarem com quem as ouça, e ninguém melhor que nós mesmos para ouvirmos o que dizemos. Assim, se você for capaz de caminhar sozinho, ainda que na multidão, você voltará a ser você e mais ninguém.
- Mas e por que as pessoas não fazem isso?
- Porque perdem suas vontades, pelo medo, pela falta de esperança, pelo exagero de informações que receberam, e saturaram a credibilidade em tudo. Pois é aqui que eu entro, e vendo para elas o meu projeto de "Solidão Responsável!"
- E como funciona:
- Vendo à você a pergunta "coringa", para todas as respostas, que é uma pergunta padrão, capaz de afastar as pessoas negativas de sua presença, e assim, você tem possibilidade de caminhar livre por entre elas, sorrindo, enquanto choram, sereno, enquanto gritam, altivas, enquanto se dobram ao desânimo.
- E tem garantia isso?
- satisfação garantida, ou recebo em dobro o que você pagou, em espécie.
- Não estou precisando ainda, mas por favor, embrulha pra viagem, pois vou ligar a tevê, e posso precisar disso logo, logo.
- Pois não! Débito ou crédito?
- Faz no carnê?
- Infelizmente não. Carnê pressupõe um monte de parcelas, e isso descaracteriza o negócio. Solidão é tudo, é o nosso lema. Vai querer uma sacolinha?
Não tenha medo. A verdade será sempre verdade, independente dos fanáticos que tentam constrangê-lo com suas próprias crenças do que seja a verdade.
Aquilo que é verdade para alguns, e não para outros, não se torna em verdade absoluta apenas porque entopem-lhes os ouvidos com fatos e opiniões na intenção de demover-lhes as crenças.
isso acontece na política.
isso acontece na religião.
isso acontece em tudo.
Pelo fato de que temos e emitimos reflexões, não nos coloca na posição de donos de nossas verdades ou de verdade alguma. Apenas diz que exercemos nossa liberdade de construirmos o conhecimento dos fatos pelo contraditório das opiniões.
O que passar disso, é lavagem cerebral.

Levante-se, meu herói!
Filho, já brilha o primeiro raio
dos muitos que cairão após a noite
eis que é manhã, quase a chegar
e eu preciso que me levantes.
Há fogo a acender, café por passar, o pão para assar
o leite quente para beber, o açúcar, o queijo
para o desjejum da manhã.
Levanta-te, filho, porque preciso de um herói em minha casa.
nada mais que isso, não um general, não um escrivão, não um desembargador que nos desembargue a dor
nem um doutor que nos entregue e bula
não o deputado, o senador, o governador, o vereador
nem o ator, nem o doutor
apenas tu, meu filho, com tua coragem insana
com tua voz silente
contra a dor tirana
que pisoteia nas gentes.
Levanta, filho, é manhã
busca o poeta que dorme
apesar de tanto barulho
levanta o menestrel calado
levanta o ator calado
levanta pelos que calam
levanta pelos que falam
levanta pelos que morrem
levanta pelos que vivem,
ainda que morram de novo
esperando depois voltarem
corroídos, combalidos, caídos, sofridos
mas que voltem vivos
voltem livres e não mais cativos
voltem porque lembram
do que é sentir saudade,
voltam apenas por vontade
por liberdade
pela ânsia de voltar.
Levanta, filho, da escuridão do medo
caminha desde cedo pelas vias que te esperam
caminha livre, não te demores em chegar
ainda que não haja mais para onde voltar,
ainda assim, volte
pelo prazer de voltar.
Triste mundo que precisa de heróis
tristes heróis que não tem mais mundo
triste é ser triste sem saber o porquê
triste é saber
que não saber é a ordem
não é é útil conhecer
de que importa viver
se viver não é viver?
levante, meu filho, e abrace a aurora
recolha o amanhecer
guarde os raios da vida
para libertá-los janela afora.
Abra as janelas e deixe sair a luz da esperança.
deixe a esperança viver.
Levante-se filho, porque preciso de um herói em minha casa,
preciso de um herói no mundo
minha casa é o mundo.
(Pacard)
As crises manifestam três tipos de pessoas:
As que sabem o que está acontecendo.
As que tem opinião sobre o que acontece.
As que ouvem as duas primeiras, e perdem o juízo.


Aconteça para te aconteçam os que em ti se espelham
Como o vaso, que ele fazia de barro, quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
Jeremias 18:4

Do mesmo modo que milhões, talvez, bilhões de pessoas, tenho atravessado, primeiro, perplexo, depois, irado, desesperançado, resignado, os primeiros dias em que temos lutado com incontáveis demônios ocultos pelo diminuto tamanho, mas que como os seres espirituais da trevas, que tiram a nossa paz, sem que possam nossos olhos vê-los, também estes minúsculos seres sem alma, fazem tombar ricos e pobres a cada instante, reduzindo as forças e o ânimo das autoridades, e do mundo em geral.
O que dizer? O que fazer?

A palavra é RESILIÊNCIA, a capacidade de retomar o que foi machucado e refazer sua essência, para moldar nossa existência. Afinal, que história teremos a contar aos nossos herdeiros? Quem fomos nós, no meio da calamidade? Fomos os que sentaram a chorar pelo que foi perdido, ou os que se erguerem a reconstruir uma nação, um mundo, uma existência?
Se eu não for por mim, quem o será? Mas se eu for só por mim, que serei eu? Se não agora, quando? (Hilel)

O dia de chorar foi ontem. O dia de pensar é hoje. A hora de recomeçar, é agora. Aquele projeto guardado no canto envergonhado dos sonhos, traga pra fora. Aquela palavra de conforto e ânimo, entre tantas críticas e acusações, faça acontecer. Aquela vontade de escrever seu livro: O que te impede? Aquele tempo para fazer melhor, senão agora, quando será? Aquele que te ampara, senão D-s, mas humano, não é você mesmo? E quando a te amparar para que não caia, senão já?
Caminhe em frente. Caminhe só, pois os mini demônios te negam companhia, mas vá. Olhe para o GPS, não o que te denuncia às autoritárias, mas o que te mostra onde quer estar no amanhã, e diga: Comece a navegar, pois a vida tem pressa. Eu tenho pressa e preciso acontecer.
(Pacard)

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