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quinta-feira, 30 de março de 2017

Gramado chegou no limite? PARTE 2



Gramado possui uma rede moderna de ensino público, com escolas condizentes com o padrão do município. As escolas oferecem, além da Educação Fundamental, também opções alternativas de enriquecimento cultural e profissional aos alunos, com oficinas paralelas de diversas áreas, com suporte de secretarias municipais e associações de cultura e profissionais.

Quase todas as localidades do interior do município de Gramado, são asfaltadas. O acesso a qualquer uma delas não excede a de acesso à qualquer outra cidade com a mesma distância, pela facilidade de acesso e fluidez de tráfego. Isso favorece a oportunidade de morar no campo e trabalhar na cidade, sem prejuízo de deslocamento e tempo.

O) PIB de Gramado é estimado em R$ 1.341.090 bilhões (PIB Per Capita (2013) 39,316,64)

Embora existam algumas corporações de maior dimensão, de modo geral, esta riqueza está bem distribuída, considerando-se o estado geral e o modo de vida da população. Não existe favelização e a pobreza, de modo geral, é bem assistida. Não há pedintes pelas ruas, à exceção de uns poucos indígenas vindo de outras regiões, mas que pedem mais por costume do que por necessidade, uma vez que possuem espaço público edificado destinado ao seu comércio de artesanato num dos mais frequentados pontos turísticos da cidade.

Esta riqueza está distribuída quase em equivalência entre indústria e serviços. Aqui pesam algumas corporações de alto faturamento e arrecadação de impostos, que eleva este percentual, mais então por volume arrecadado e não por participação humana. Desconsiderando isso, teríamos talvez, cerca de 70% de participação em serviços.
(Continua, após o anúncio)

As projeções para expectativa de vida ao nascer é de 76,5 anos, em Gramado. Embora tenha crescido timidamente em proporção a outros lugares, a baixa criminalidade é um dos fatores que produz certa tranquilidade social. Naturalmente fatores como alimentação em fartura, sistema de saúde eficiente e alguns dos mais importantes fatores para a tranquilidade social: ocupação, trabalho, objetivos, educação e bem-estar, favorecem padrões de comportamento que asseguram longevidade, além de outros fatores envolvidos neste processo, que também podem estar considerados dentro da esfera de convivência social da cidade.

Há, no entanto, muito campo a crescer nesta área, pois, se de um lado temos alimentação em fartura, de outro temos as consequências pelos excessos. Sendo Gramado uma cidade essencialmente do frio, os carboidratos e gorduras, principalmente de gordura de origem animal, preenchem a dieta da população de modo geral. As consequências já conhecidas são a obesidade, as doenças cardiovasculares e hormonais. Para o empreendedor voltado à área da saúde, é um campo fértil para investir em projetos de vida saudável e reeducação alimentar. Não é sem causa que prosperam as clínicas de emagrecimento e reeducação alimentar, sofisticadas e superlotadas, na cidade. Estas, porém, estão voltadas para o público consumidor de poder aquisitivo elevado. Faltam projetos e serviços que alcancem o consumidor de padrão médio, e certamente estes obterão resultados em acelerado tempo, em comparação a outros lugares com a mesma população.

O analfabetismo acima de 15 anos em Gramado atinge o percentual quase insignificante de 2,82%. Observa-se mesmo assim uma carência de escolas particulares de ensino Fundamental e Médio. Apenas duas neste padrão dividem o mercado, em espaços apertados e com ofertas limitadas ao seu público. Embora esteja em franco crescimento o mercado de Ensino Superior, especialmente através das EADs, Gramado terá espaço para bos redes de Ensino a partir da pré-escola nos próximos dez anos.

Sua rede hospedeira oferece cerca de 25 mil leitos, distribuídos entre hotéis, pousadas, hospedarias (hostels) e residências familiares em sistema de locação temporária. E continua a crescer. Novos empreendimentos encontram-se em construção e implantação ou projeto.

Cerca de dois mil estabelecimentos comerciais oferecem uma interminável cesta de opções para o conforto de seus clientes, abrindo suas portas por oito a dez horas diárias. E não há ainda o bastante. Embora afetado por crise nacional momentânea, um pequeno percentual de lojas encontram-se disponíveis para novos locatários. Uma breve análise aqui permite traçar algo que as placas não mostram, e poderia o observados interpretar como consequência de crise. Mas não é bem assim que acontece. 

Ocorre que um investidor não pode passear alguns dias por Gramado e, ao calor do entusiasmo, por ver as ruas apinhadas de turistas maravilhados pelas belíssimas vitrines, entender que foi pensando em Gramado que Pero Vaz de Caminha tenha escrito a carta onde diz que “se plantando, tudo dá”. Devemos analisar, não apenas a disponibilidade das lojas e o intenso fluxo de turistas, mas as condições do empreendedor que fica empolgado, contrai um financiamento, ou então se desfaz de bens de reserva em sua cidade de origem, investe o quanto tem numa boa loja, esperando pelo retorno nos meses seguintes. E o retorno não vem. 

Pelo menos não no tempo que ele espera, e após meses de vazio no caixa, tendo completamente frustradas as suas expectativas, fecha as portas e volta de cabeça baixa para o vazio da desilusão bem longe daqui. Este não era empreendedor, e sim aventureiro. Empreender não é aventura. É planejamento, investimento, tempo e paciência, além de muito trabalho e horas insones. 

Estabelecer prazo para retorno de um investimento é uma tarefa incerta, se comparar com outros empreendimentos bem sucedidos, mesmo que ao lado, e com a mesma natureza. Deve ser levado em conta também a faca de dois gumes da inovação e da originalidade, pois apregoa-se que ser inovador e original é o remédio certo para o sucesso, mas nem sempre é assim. Em Gramado, evidentemente há muita inovação, mas há sobretudo muita observação. Os pioneiros em cada atividade não inventaram seus produtos, mas buscaram ideias em viagens e outras fontes. 

A grande maioria não apostou todas as fichas num único negócio, isto é, não dependiam exclusivamente daquilo que estavam inovando. Tinham outras fontes de renda que asseguravam sua manutenção, até que ao longo do tempo seu empreendimento pudesse gerar lucros e restituir os gastos até então.
(Continua, após o anúncio)
Gramado possui vários Parques Temáticos originais, e a expectativa é que cada vez mais parques venham instalar-se na cidade dadas as condições favoráveis que encontram: Terrenos com topografia favorável aos projetos, ampla rede (já mencionada) de hospedagem e acesso logístico, mão de obra receptiva qualificada e bilíngue.

O primeiro Parque Temático surgiu a partir de uma necessidade familiar, onde o avô construíu algo para entretenimento do neto. Seguiu-se a este outro similar, e um terceiro no município vizinho, e em sequência, em outros municípios da região, diversos parques temáticos foram implantados para receber turistas de todo o país e exterior.


quarta-feira, 29 de março de 2017

Gramado chegou no limite? Tendências e Empreendedorismo Parte I





"Se os homens fossem honestos, não precisaríeis da força, nem da fraude".
Maquiavel



Vamos dar uma pausa nas análises críticas do comportamento político dos governantes, e direcionar, nesta reflexão com você que me lê, as ideias para um cenário que favoreça o otimismo da esperança dentro de um cenário caótico que vive o país, por culpa exatamente da amálgama nojenta de maus políticos com empresários incompetentes, porque se tivessem competência, não fariam uso da fraude para fazer crescer suas empresas, pois como já dizia Maquiavel: "Se os homens fossem honestos, não precisaríeis da força, nem da fraude".


Deixando os maus de lado, falemos dos bons. Dos que atravessaram outras crises e transformaram Gramado num modelo criativo e empreendedor para o Brasil e o Mundo. Falemos dos passos dados pelos pioneiros desta terra, e buscaremos seguir suas pegadas. E por que temos que falar disso? Porque o objetivo da boa política é enriquecer a sociedade e enobrecer a alma humana para formar a civilização. Assim sendo, pretendo publicar em capítulos um ensaio que fiz sobre a concepção empreendedora que edificou Gramado, e deixo à apreciação do leitor, que tem fidelizado sua análise de minhas reflexões ao longo dos meses que compartilhamos ideias.
Boa leitura.
Paulo Cardoso

Gramado
Tendências e Empreendedorismo
Gramado como modelo






Turismo

Design

Artesanato

Empreendedorismo

Ideias
















Uma visão holística
do sucesso de uma
cidade pequena,
que aponta na
direção de um
crescimento
contínuo



  1. Pacard



Primeira parte
Empreendimento contínuo

Não há discordância quando o assunto é Gramado, belíssima cidade com reconhecidas características europeias, não apenas na sua peculiar arquitetura, quanto nas origens de seus povoadores e empreendedores, que souberam diversificar sua economia, sem dispersar da linha mestra. Apresenta um dos melhores cases de sucesso, em empreendedorismo, do Brasil, e um dos melhores do mundo. É uma cidade essencialmente empreendedora por definição plena da palavra e do conceito. Cada janela é uma vitrine. Cada vitrine é um atrativo criativo de negócios e lazer, mas sobretudo de admiração. Turistas perambulam estasiados pela riqueza de pormenores que são mostrados pelo comércio da cidade. Seja nas ruas principais, ou nas vielas sem saída, tudo é negócio. Tudo é bem planejado, e minuciosamente elaborado para prender a atenção dos visitantes.

Hotéis condizentes com o padrão de visitantes em todos aspectos (conforto, qualidade, atendimento, confiabilidade, etc) são encontrados de esquina em esquina, de rua em rua, de bairro em bairro. Não há distinção de qualidade entre bairros e centro, algo comum em outros centros urbanos, Gramado é um convite ao passeio descompromissado para reconhecimento de território. E por estar situada em uma região com numerosos declives e aclives, vales e depressões, elevadas altitudes ou planícies, até mesmo isso é uma oportunidade de negócios, pois não é uma tarefa simples percorrer sua extensão sem auxílio de um experimentado guia de turismo.
Restaurantes para todos os paladares se enfileiram por todas as ruas, lado a lado, ou dentro dos hotéis, pousadas, “hostels” ou hospedarias. Mas isso não é tudo, pois tão significativa é a demanda, que o excedente dos hotéis, que acabou se tornando uma alternativa de hospedagem, são as casas de família, cedidas por temporada, à semelhança de regiões costeiras do Brasil, e outros centros no mundo.

Estas hospedarias, hotéis e restaurantes, oferecem uma gastronomia comparável à italiana, francesa e entre as melhores do mundo, com o adendo de possuir sabores próprios, criados, ora nas tradições familiares, ora trazidas pelos “chêfs” das melhores “cuisins” do mundo para temperar o paladar exigente cada vez mais de seus comensais.

Gramado possui representatividade turística nas maiores operadoras do mundo, o que permite ao seu “cluster” turístico competitividade com outros centros turísticos de qualquer parte do mundo. Torna-se efervescente sua fluência comercial, e sua influência mercadológica. Torna-se interessante lançar produtos em Gramado, porque atinge público seleto e formador de opinião em tempo abreviado.

Gramado ainda detém o status de estilo próprio, de culturas adventícias que moldaram a arquitetura, o design e as artes, ainda incipientes, mas vivas. Quem nunca ouviu falar do “Móvel estilo Gramado”, ou do Chocolate de Gramado, ou ainda, em outros tempos, de seu artesanato, suas malhas, sua arquitetura, que mesmo evoluindo e permitindo ensaios e licenciosidades arquitetônicas, mantém-se fiel às características que afloraram suas edificações ao longo das últimas décadas.
É um lugar onde, apesar desta complexidade, ainda tem muito por crescer, não apenas geograficamente, como em sua oferta de lazer e entretenimento.

Assentada sobre a região serrana do Nordeste gaúcho, Gramado tem sua topografia acidentada, escarpada e sinuosa. Este fator limita, de certa forma sua expansão territorial, embora seja cercada de densa área verde, entrecortada por rios e arroios, e por uma colcha de retalhos de pequenas propriedades rurais ainda povoadas por descendentes de imigrantes italianos e alemães. Tende então a expandir-se através destas povoações, o que já vem acontecendo há alguns anos. Com a urbanização, asfaltamento das ruas que cortam o município e ligam as colônias à sede do município, Gramado descaracteriza a ideia do colono como um indivíduo rude e isolado, e o aproxima das atividades turísticas e socioeconômicas do município promovendo a circulação de produtos hortifrutigranjeiros de qualidade exigida pelo paladar do visitante e do próprio gramadense.

Há aqui dois aspectos de crescimento, nesta leitura: o primeiro, comentado aqui pela possibilidade de expansão territorial das atividades urbanas. O outro aspecto diz respeito à otimização de espaços e oferta turística, como por exemplo, a extensão de lazer e serviços por mais horas ao longo do dia.

Com o crescimento e chegada de grandes grupos estrangeiros e nacionais, Gramado tende a oferecer ainda mais, no mesmo espaço geográfico e edificado. Exemplo disso são farmácias, bares, restaurantes, casas noturnas, papelarias, oficinas culturais, consultórios e clínicas, bibliotecas, e inimagináveis atividades que pode utilizar os mesmos espaços em horários alternativos.

Os jogos de azar estão caminhando a passos largos, por interesse do Governo Federal e do Congresso, para sua legalização e regulamentação. Gramado tem o cenário adequado para receber os cassinos que se proliferarão pela região, sempre liderada por Gramado.

Sem fazer apologia contra ou a favor, mas em uma análise técnica, podemos arriscar o neologismo de “Las Vegas brasileira” para um período de menos de uma década a seguir. Serão milhares de novos empregos e oportunidades de negócios, não apenas dentro da cidade, o que será cada vez mais inviável o acesso, como na região periférica, pela oferta de produtos e serviços.

Serviços cada vez mais especializados serão demandados, desde a construção civil, movelaria, alta decoração, confecções (Gramado ainda não despertou como potencial criadora de inteligência da Moda e Design), gastronomia acessível (a oferta atual visa o consumidor de maior poder aquisitivo, e embora o morador local obtenha privilégios e descontos, ainda é carente de serviços para o público interno).

Gramado tem uma população jovem, mas recebe público de todas as idades. Enquanto hoje oferece lazer gastronômico e de compras, demanda serviços que possam ser vendidos como pacotes alternativos aos hotéis e operadoras de turismo.

Enquanto em décadas passadas atingir sessenta anos era uma vitória, a idade média ultrapassa os setenta e cinco anos. Além da demanda de lazer, também deverá crescer a oferta de serviços prestados por pessoas entre sessenta e setenta anos, ou mais. Num cenário onde a Previdência Social tende a ser sucateada, elitizada ou totalmente transformada. Necessitarão, os idosos, buscar alternativas para complemento de sua renda. Sua experiência será absorvida por empresas prestadoras de serviços ao público, o que prevalece em Gramado hoje.

O jovem com formação acadêmica, e especializações formará uma cadeia de inteligência empreendedora a serviço destas demandas, ou de outras que surgirão neste mercado em franco crescimento. A tecnologia ainda deixa a desejar em Gramado. Internet de péssima qualidade, falta de infraestrutura de inteligência cibernética, ainda engessa setores públicos ou privados. Existe portanto ambiente largo e acessível para inovação tecnológica junto ao turismo formal.

Aliada à tecnologia (ou falta desta), ainda a mobilidade urbana é deficitária. Ônibus superlotados ligando cidades vizinhas ou bairros, ainda operam no antigo sistema de bilhetes e roletas. A moeda-papel ainda oferece riscos à equipe de bordo, e mesmo os passes utilizados como vale-transporte são antiquados e ineficazes. Soma-se a isso o formato de paradas, onde mal percebe-se o lugar onde se encontra o veículo, deixando o passageiro atônito e ansioso pela possibilidade de perder o ponto de descida. Neste quesito, a tecnologia pode auxiliaR com moeda eletrônica, e identificação da parada já na aquisição do passe, alimentando o sistema de bordo a comunicar a parada e emitir sinal sonoro para atenção do passageiro. Esta é apenas uma das facilidades que a tecnologia pode oferecer ao turismo e mobilidade urbana de Gramado. E é também mais uma das possibilidades empreendedoras de Gramado.

Com população fixa de cerca de 35 mil habitantes, e flutuante de cerca de três vezes isso, Gramado tem carência habitacional. Isso provocará o crescimento geográfico, como uma bola de neve. E este crescimento demandará novas políticas públicas para saneamento, segurança pessoal, pública e patrimonial. Mais profissionais ocuparão espaços em tempo cada vez mais acelerado. Mais imóveis geram vácuo que é preenchido pelas demais necessidades de uma moradia, tais como eletrodomésticos, móveis, vestuário, artigos de higiene, complementos, etc. Novos bairros oferecerão oportunidades para pequenos mercados, clínicas médicas e dentárias, pets, lojas, serviços.

Visitada por cerca de dois a três milhões de turistas ao ano, Gramado gera riqueza contínua, mesmo com varantes de temporada, suas ruas raramente ficam vazias. Flutuações cambiais desfavoráveis às importações, também favorecem Gramado, que se capacitou para receber todos os padrões de turismo. Não é necessário um motivo especial para visitar Gramado. Visitar Gramado É o motivo especial para viajar. Simplesmente isso.

Promotora e receptora de eventos que garantem a alta rotatividade da economia, em especial hospedeira e gastronômica, Gramado não vive apenas do acaso. Desde há muito tempo optou pelo Turismo de eventos, seja no receptivo, ou mesmo criando seus próprios eventos. Uns com ação do poder público (Festival de Cinema, Natal Luz, Festa da Colônia, etc), outros de iniciativa privada (Festuris, Chocofest e outros) asseguram não apenas rotatividade e lotação hoteleira, como marketing associado à cidade. Uma coisa puxa outra.

Gramado encontra-se (na edição deste estudo) estável politicamente (há uma alternância entre duas facções há mais de quatro décadas). Embora com as mesmas características que identifica a busca pelo poder, acusações, fiscalizações tendenciosas, acirramento em campanha, Gramado tende a permanecer neste ciclo por mais algum tempo, dado ao desinteresse político da população recém-chegada, e a falta de formação de novas lideranças. O velho padrão “tapinha nas costas” e abraços em quermesse caracterizam a identidade do político local. Não muda nada em relação ao resto do mundo político. No entanto, esta estabilidade assegura ao investidor a confiança necessária para elaboração de projetos de longo prazo em seus investimentos.




Porque Fedoca precisa rever sua política de relacionamento com o povo



Foto: Arquivo Facebook Página Oficial de Fedoca 

Parece que foi orquestrado, combinado, uma onda de choque de proporções inesperadas, o que aconteceu ontem, em relação aos meios de comunicação que direcionam suas informações e análises para a política de Gramado.

Mas posso dizer que não foi assim. Cada comunicador é independente. Tem seus métodos e linha editorial. Assim, eu também tenho a minha. Meu estilo não é oferecer notícias bombásticas, mas analisar o conjunto daquilo que leio entre as publicações de diversos meios, e não apenas nas mídias profissionais. Uma fonte de informações onde bebo água são as redes sociais. Filtro tudo e escrevo o que entendi. 

Dez vezes mais visitantes que o habitual, visitaram meu blog entre ontem e hoje, para se inteirarem do que tenho a dizer acerca do comportamento político do personagem numero um de Gramado, o Prefeito Fedoca. E considerando que este blog é estrategicamente direcionado à Gramado, é fácil fazer uma leitura da receptividade que vem tendo estas análises comportamentais dos políticos desta cidade. (Pense em anunciar aqui,porque o retorno é certo)

E o que entendi foi um claro recado ao Prefeito Fedoca, de Gramado, para que reveja com urgência sua linha política (não estou falando de suas ideologias), principalmente sua forma de relacionamento com o povo que o elegeu, mas também com o povo que embora não tenha votado nele, fez parte do processo democrático que permitiu sua ascensão ao cargo.

O que entendi foi que certamente esteja tão ocupado em estruturar sua ainda alquebrada equipe, que dispersou da necessidade de se comunicar com o povo. 

Estamos chegando a abril e o principal cargo político da cidade ainda não tem ocupante certo, a Secretaria de Turismo, e talvez pela pressão que enfrenta,  Fedoca está cochilando no tocante ao relacionamento com quem o apoiou. Seus entusiastas eleitores estão impacientes, e esta impaciência se deve mais à sua negligente assessoria de marketing, do que às ações administrativas corriqueiras.

É bem sabido que em três meses pouco se pode fazer, a não ser tomar decisões de caráter político, para demonstrar que está disposto a oferecer mudanças ideológicas na administração, diante daquilo que considera necessário de mudanças. Mas não é isso que está acontecendo. É exatamente o contrário.

Fedoca desliza todos os dias na etiqueta política, quando viaja e não repassa o cargo ao Vice, Evandro. Desliza quando não dá respostas aos cidadãos que desejam conhecer sua equipe, ainda incompleta. Desliza quando ignora a imprensa e só se manifesta com ironias. Desliza quando deixa-se cegar pela estatura do poder que detém, e faz ouvidos de mercador aos seus companheiros, e indiferente aos apelos, desliza quando não negocia com o PMDB que assinou carta em branco para que ele, o Prefeito, esteja onde está, fazendo o que faz, e ignorando a quem deveria chamar ao diálogo.

Estou reclamando em causa própria? De jeito nenhum. Não preciso dos favores do Prefeito, e muito menos que dê contas à mim, que estou longe. Estou, repito, apenas tratando de forma direta, aquilo que leio e resumo nas redes sociais, onde o Prefeito figura como amigo pessoal de todos os reclamantes. 

Nem tanto amigo assim, me parece, considerando que amigo briga, xinga, responde e até ofende seus acusadores, mas caminha para o abraço ao final das diferenças. 

Aqui não me parece o caso, porque o que faz parecer é que já eleito e dispensando opiniões, o filho do político mais ilustre que a historia já registrou, nos primórdios do Município,já esqueceu de suas raízes, e chamou para as bodas festivas, outros amigos, que nenhuma relação possuem com a historia de Gramado.

A oposição agradece.







segunda-feira, 27 de março de 2017

PDT e PCO propõem guerra civil?





O título assusta, e fiz de propósito, para assustar mesmo. Leiam e pesquisem o assunto e me digam se estou errado em caminhar por esta senda analítica. Pensem comigo.

Leio que o ex-Governador, Ciro Gomes, do Ceará, anuncia aos quatro ventos que, diante da eventualidade de ser chamado a prestar contas de algo à justiça federal, especificamente ao Juiz Moro, que o Oficial de Justiça, e os policiais que o acompanhariam, seriam recebidos "à bala" (SIC), isto é, propõe a desobediência civil, e mais que isso, oferece resposta que se acompanhada por outros revoltosos, daria início a uma guerra civil,  uma revolução fratricida, onde "bala" é munição de arma de fogo, isto é, tiros de um lado, e em resposta, tiros de outro lado também.


Não vou nem colocar em análise quem tem mais bala e munição pra gastar nesta declaração de guerra, mas posso apontar quem perde: a Democracia! E exemplo disso não falta.

Não suficiente um doido, entra o segundo, pronto a levantar trincheiras, o Presidente do PCO, Rui Pimenta, que promete arder com seus comandados em Curitiba, no dia 3 de abril, data prevista para a tomada de depoimento de Lula, junto ao Juiz Moro. Resumindo: um e outro, se aliam a Stédile, que em outros tempos já berrou aos quatro ventos que se Lula for preso, vai começar um quebra-quebra de proporções titânicas.

Vamos acrescentar aqui mais dois malucos, que ameaçaram enviar tropas para invadir o Brasil, caso houvesse impeachment.Não enviaram, mas certamente seria uma boa ocasião para que se aproximassem das fronteiras e promovesse algum estrago, em nome da "libertação da América bolivariana".

Pensar que o perigo passou é pensar pequeno. Junta-se então terroristas revestidos de poder de Chefes de Estado, a pseudo-idealistas, e coronéis que voltam das tumbas, dispostos a mandar seus jagunços para o front, certamente teríamos uma situação apropriada para que os tanques e caminhões dos militares voltem às ruas e reescrevam a historia de um modo pouco democrático, mas muito efetivo.

Fico a pensar então, por que um partido que está relativamente acomodado e tem mantido saudável relacionamento com as forças políticas contemporâneas, chame para sua elite um coronel que nadou por vários partidos, e assentou seu estandarte no único partido remanescente do caudilhismo no  Brasil?

Será que vão tirar Brizola e Getúlio vargas do descanso eterno, para estamparem flâmulas em pontas de mastros, para arregimentaram incautos para uma luta de resistência em nome da nova "Legalidade"?

Fico a pensar. Me digam se estou muito errado.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Manual de um Golpe de Estado(Crianças, não façam isso sem a presença de um adulto)


Imagens disponíveis na internet

Golpe de Estado a caminho na Venezuela

Será hoje, 24 de março, ou amanhã, o possível fechamento do Congresso Nacional da Venezuela. E no dia 30, a declaração de Ditadura integral no país. Pelo menos é o que circula em grupos de whatsapp por lá, informando ainda que acabou a gasolina no país,  e a população precisa buscar alimentos em Rondônia, no lado brasileiro, o que já é sabido por todos.

Como se prepara um golpe de Estado? 

Esta pergunta é simples, mas a resposta é complexa. Atribui-se falta de inteligência à ditadores que se instalam no poder e lá permanecem ou tentam permanecer às custas do sofrimento do povo. Mas não é bem assim que acontece. Um golpe de Estado exige preparação, planejamento, acordos internos e externos, infraestrutura, e paciência. Nenhum golpe acontece da noite pro dia, e se assim às vezes parece ser, na verdade houve muito tempo de planejamento, costura de alianças, e distribuição de benesses, bem antes disso acontecer.
É possível um golpe de "Estado", em um Município?
Sim. Um golpe não significa necessariamente uma ditadura aberta ou a quebra da legalidade. É perfeitamente possível que aconteça um golpe, isto é, um conjunto de manobras para a manutenção e perpetuidade do poder por determinado grupo de governantes. Nesse caso é um golpe institucional, dentro da legalidade, mas completamente fora da moralidade.
Como ocorrem os golpes?
Geralmente começam nos braços do povo, mas nem sempre seus ditadores são populistas. No primeiro caso, um golpe militar pode acontecer por uma situação extrema, como quebradeira, falta de definição clara das instituições, em um momento onde a sociedade se encontra desmobilizada, e a baderna se instala pelas ruas,promovendo a insegurança coletiva, a falta de suprimento das necessidades básicas, como alimentação, medicamentos,combustíveis, e a partir disso, os quebra-quebra em supermercados, lojas, hospitais, etc. É aqui que entram as Forças Armadas em ação, e de forma ostensiva, tomam pontos estratégicos, como vias e acessos de mobilidade urbana,escolas, para conter os estudantes, estações de água, energia, abastecimento, hospitais, e  principalmente, fronteiras. Para que tenham tranquilidade em suas estratégias, fecham jornais, emissoras de rádio e TV, bloqueiam internet, e cerceiam a liberdade de imprensa. Estes são os golpes militares. 
Já os golpes civis,geralmente opostos aos militares, seguem o caminho inverso, tomando ruas, os mesmos lugares estratégicos, mas principalmente chamando atenção da imprensa internacional e local. Precisam da opinião pública, e do senso de humanidade dos militares, que permanecem como observadores, de prontidão, mas sem interferência direta. Contam ainda com o senso de civilidade dos governantes, que no geral, são defenestrados mais por incompetência política ou administrativa, corrupção, e fraqueza moral, do que por atos de violência direta. Nestes casos, em determinado momento chega-se a um ajuste de contas onde os governantes são retirados pela pressão, ou então saem pela porta dos fundos, liberando os palácios, onde se instalam os novos mandatários provisórios. Daí pra frente,o Estado regride, a economia desaba, e durante muito tempo podem ocorrer trocas de governantes, para acomodação das diversas correntes que contribuíram para o sucesso do golpe, os Partidos e os Sindicatos, que querem agora a sua fatia de poder. O novo governo ou conjunto deste, tem que negociar com sindicatos os cargos, as benesses possíveis, e a formatação das políticas de Estado.
Como surgem os ditadores?
Nenhum ditador sobe sozinho, às suas expensas. Sempre que um nome se projeta como libertador, ou soberano, atrás de si se arrasta um rabo imenso de conspiradores e conspirações tramadas há muito tempo. Em todos os casos, o golpe é precedido por uma sequência de ataques ideológicos para enfraquecer as bases de sustentação da legalidade política, e o resultado disso é vendido ao povo, que faz como um bando de flamingos no cio, enfileirados, virando a cabeça de um lado a outro, até que são devorados pelos jacarés, que os atacam por baixo, enquanto olham pra cima.
E um golpe em um município, é possível?
E como! Sempre que se ouve falar de golpe, imagina-se a presença de tanques de guerra e carros militares nas ruas, um ditador com quepe alto como os nazistas usavam (leia-se Pinochet). Mas eles se atualizaram. São elegantes, bem falantes (isso quase todos são. Hitler, Mussolini e Fidel Castro hipnotizavam multidões  quando falavam). Mudaram a abordagem de ataque. Enquanto os ditadores anteriores acentuavam o nacionalismo, a xenofobia, as causas sociais (Trump está ind na contramão da história), os modernos ditadores distritais servem-se do descontentamento natural do povo com seus governantes. 

Todo governante que permanece certo tempo no poder, arregimenta inimigos, e tudo o que fez, é lançado por terra, como se durante os cinco mil anos de civilização fossem anos de trevas, e uma luz salvadora fosse projetada sobre um líder que se evidencia, e deste líder viriam todas as soluções para os problemas do município, e principalmente para a prosperidade tão desejada, e muitas vezes desapercebida, por já existir, mas que agora, com este novo libertador, a paz reinaria imediatamente após sua vitória e posse.

Triste engano. Só que daí já é tarde. Seus fanáticos militantes descobrem que até a bailarina faz cocô, quanto mais o seu herói, que, não precisa mais nada exceto manter-se na legalidade para que permaneça com a caneta na mão, seja ela de esquerda ou de direita. Não precisa mais agradar o povo, pois a estrutura administrativa e gestora existente é capaz de manter-se funcionando sem grandes decisões de risco. Então, o ditador só precisa de uma forma de perpetuar-se no poder, e começa a fortalecer o Estado, isto é, sua estrutura administrativa, a criar vínculos de favorecimento de grupos, e estabelecer comandos específicos, benesses, cargos inovadores que enalteçam o ego dos assessores, e gerar polêmicas pontuais que desviem a atenção do principal.
Como reconhecer um ditador?
Pelo populismo. Todo ditador adora multidões, porque sabe manipular as palavras de tal modo que exerça, pela oratória eloquente, poder pontual, isto é, que é diante destas multidões que percebe seu carisma de motivador e acelerador das massas de manobra.

A multidão é acéfala. Sempre. Multidão não pensa. Apenas age. Quem pensa é quem planeja, quem desenha estratégias, e não necessariamente o ator-ditador, que também é manobrável e manobrado. Hitler não seria quem foi, se não tivesse Goebbels atrás de si. A ditadura militar no Brasil só se manteve enquanto Golbery do Couto e Silva esteve lúcido e ativo no planejamento das ações.  Da mesma forma, os estrategistas nada são sem seus títeres para manipularem diante das massas alucinadas. O silêncio dos pensantes é o grande perigo das turbas ruidosas. É no silêncio dos olhares diagonais que o diorama dos  generais de configura.

*Nota do editor
Nenhum ditador foi maltratado para a composição desta reflexão. Não tente fazer isso em casa com a família. Os resultados podem ser desastrosos. E para complementar, esta é uma elucubração fictícia e ninguém nesse mundo se encaixa no perfil do que foi  descrito aqui. Qualquer coincidência é mera semelhança.


quinta-feira, 23 de março de 2017

Steampunk, Vintage, e a saudade da casa da vovó

Chintz fabric: Boho chairs                                                                                                                                                                                 More:
Desde o início dos anos oitenta, já era corrente a percepção que a forte tendência a partir daquela década, seria na direção da volta ao passado romântico e acolhedor, através da máquina do tempo que todos temos, chamada saudosismo.
Cool Steampunk Clocks for Home Decor:
Fonte: Pinterest

A desenfreada violência urbana, a corrupção descontrolada que tem nos políticos o seu expoente visível, é a mais sensível. Assim como uma lâmpada que é acesa e mostra a sua luminosidade, mas depende da energia invisível que vem pela fiação que a conduz, proveniente de uma fonte de energia, também as consequências de ações distantes no tempo e no espaço, podem influir no modo de vida contemporâneo, ou mesmo futuro.
Ca.1890, FRENCH ''VERTICAL STEAM BOILER CLOCK'': From the Industrial Series of clocks. The boiler has pipes and gauges, and the 8-day platform clock and aneroid barometer are set in the side of the round boiler. The fly-ball governor at top is driven by a separate movement. Clock not working. Height 14''.:
Fonte: Pinterest

Um destes agentes que desencadeiam mudanças no comportamento do mundo, é a política e seus políticos, mas mais que a política, enquanto arte e ciência de debater ideias, são as políticas de governo e de Estado, quem tratam de ações imediatistas e casuísticas, sem preocupação com o que possa acontecer lá adiante.
A French Industrial Steam-Engine Form Weather Station  France  circa 1870  A good French industrial series gilt and silvered brass miniature steam-engine form weather station with a large flywheel and piston, the brickwork furnaces housing the timepiece and barometer in drums flanking a central thermometer, raised on rouge marble plinth.        The series of French Industrial clocks were made at the end of the 19th century in response to the ongoing Industrial Revolution and the public fascinati:
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Nesta linha de raciocínio, volto aos anos oitenta, quando as tendências apontavam para um retorno ao natural, ao antigo, ao saudosismo e ao aconchego da infância, seja ela vivida ou imaginada. Eu posso lembrar da casa decorada e com cheiro de camomila daquela vovozinha caprichosa, construindo lembranças, embora tenha vivido num casebre pobre de uma avó que pouco se preocupava com o cheiro da camomila. O fato aqui é o que menos importa, mas as consequências e os efeitos que a violência urbana, o acelerado do tempo, possam provocar em meus sentimentos, e por conta deste vazio de lembranças que sirva de lenitivo para minhas ansiedades pelo incerto futuro, aquele salto no desconhecido, que levo a cabo todos os dias.
The Steampunk Home: Maggi Massimo is Magnifico!:
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É assim que se redesenha o mundo. É assim que são aplanadas as ruínas daquilo que foi tombado, para dar lugar ao novo mais confortável.
How to Organize Your Kitchen Instantly with an Old Footboard:
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Porém, se tecnologia e arquitetura podem mudar, existe uma coisa que não muda nunca, desde que o Homem foi criado: as necessidades intrínsecas, os sentimentos. Estes são únicos e inexoráveis. Saudade, solidão, tristeza, insegurança, prazer, alegria, vaidade, medo, coragem, e por aí adiante, são valores ou curto-circuítos da alma que passam de pai pra filho de geração em geração.
30 Fabulous DIY Decorating Ideas With Repurposed Old Suitcases:
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Desta forma, as tendências apontadas para uma busca ao antigo, ao natural, ao saudável e ao romântico, tomam forma e força com o advento de estilos, antes vistos apenas no cinema ou nos livros antigos. Dois destes estilos, são o Vintage, que dá aquele ar da casa da vovó dos anos 40 e 50, e o outro, o Steampunk, que lembra a oficina do vovô,e não concorrem, mas se complementam na composição de ambientes e estilo de vida, que não precisa perder o conforto da tecnologia, mas podem aliar isso à beleza e curiosidades das coisas e traquitanas que tornam adultos em crianças, buscando o colo da vovó.
Steampunk é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trata-se de obras ambientadas no passado, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real (ou em um universo com características similares), mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. É um estilo normalmente associado ao futurista cyberpunk e, assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta.
O gênero steampunk pode ser explicado de maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época. (Fonte: Babylon).
Décor do dia: cozinha leve e retrô. Tons pastel clareiam e dão ar antigo ao ambiente:
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Com o advento  destas tendências, de produção bastante artesanais, tanto o vintage quanto o steampunk, aquele cantinho com um relógio antigo mostrando as engrenagens, transformado num abajur, ou aquela geladeira de 1952, pintada em Vermelho-Ferrari perolizado, com um pinguim em cima, classificada ainda como Retrô, podem dar o clima para o chá da tarde, em companhia agradável, talvez a própria vovó ou o vovô, deixando que eles contem suas historias e ofereçam um cafuné na cabeça do cãozinho, que se chama totó.


quarta-feira, 22 de março de 2017

Entre o Sonho e o Tempo


"Fui pequeno quando nasci. Tornei-me grande ao me ver pequeno diante do mundo. Hoje sou do tamanho do meu sonho."

A primavera foi-se tão rápido. Nem permitiu que ele visse todas as flores que cruzaram seu caminho. Deveria tê-las catalogado, uma a uma. Mas o perfume não seria possível. Claro, havia como roubar das flores a fragrância e a indelével maciez das pétalas. Mas então teria que interromper seu ciclo de vida. Mas pra quê? Vida tão curta. Tantos caminhos por andar, mundo tão grande por se deixar acontecer. Não. Deixou as flores onde estavam. Haveria nova primavera. Viriam novas e repetidas primaveras.

Quanta certeza disso. Então, silenciosamente, ele parou, olhou o mundo do alto de uma árvore bem alta e sentado horas a fio num galho confortável, ele concluiu:
Fui pequeno quando nasci. Tornei-me grande ao me ver pequeno diante do mundo. Hoje sou do tamanho do meu sonho.

Deixou o entardecer chegar, desceu da árvore, e silenciosamente, partiu junto com a primavera.

Foi buscar novas flores. Respirar outros perfumes. Sentir brisas de além do horizonte. Continuar a viver, onde quer que houvesse vida e sonhos para se deixarem viver por ele.
Serenamente então viu-se seu vulto andarilhando rumo ao poente...


Procuro por herois



Sou palestrante e gosto de pensar que minhas palestras possam ter sabor de motivação para quem as prestigia. Gosto de pensar que ficar jogando vinagre na ferida não facilita a cura. Só faz assepsia. Muito bem. Assepsia está em curso no Brasil. A turma do fumacê está desentocando ratos, aranhas e baratas de cantos escuros, de onde apenas saem vermes, insetos e políticos de má qualidade. Então, é vinagre na ferida do Brasil, porque ardeu muito e vai arder muito mais ainda. O mundo viu, e embora sendo o mundo um lugar tão contaminado quando o Brasil, esta foi a nossa vez de gemer pelas feridas abertas. E gememos forte.  Os vizinhos escutaram e agora conhecem a nossa fraqueza, o nosso medo de injeção. Viu o nosso traseiro desnudo sendo esfregado pelo algodão embebido em álcool para desinfetar a picada da agulha curativa. Sim senhor. O mundo já sabe que somos fracos pra dor.

A vantagem é que o mundo também já sentiu a mesma dor, e até pior que a nossa. A civilização européia foi moldada no fio da espada e no calor da febre da Peste Negra, da Peste Bubônica, da inquisição, de duas guerras mundiais, do Império Romano e tantos outros impérios ao longo de tantos séculos. Então, sim, eles sabem gemer no tom certo. Tem o timbre adequado para o choro convulso. Tem a têmpera da espada que corta e mata. Tem a finesse de saber chorar em silêncio, mas também tem a ousadia de gritar em praça pública.

Eis a questão: saber gritar em praça pública. Até pra isso é preciso coragem, sabedoria, planejamento. Até para fazer panelaço, é mister (necessário -  é que resolvi falar mais erudito). Até nisso temos que educar-nos para que a bateção de panelas seja favorável às reivindicações. No ritmo certo, com a voz de comando adequada, e principalmente com os objetivos bem alinhados. Isso o que buscamos: objetivos alinhados. e quais são estes objetivos?

Nos dias de antanho, a mãe desejava para a filha nubente, que o noivo, seu futuro genro, fosse  um moço decente, honesto, respeitador, bom pai,e trabalhador. Já o pai, desejava para o filho que ele fosse másculo, viril, dominador, bem de vida, e que gerasse um filho homem, que daria continuidade ao seu bom nome.

Ora! Um e outro desejavam e projetavam no  filho, genro, nora, netos, tudo aquilo que entendia como objetivo de vida para sua prole. Mas e desde quando ser honesto, viril, dócil, decente, e outras virtudes, são de fato virtudes? Não são apenas elementos mínimos necessários para que a civilidade prospere? Onde ficam então os sonhos, as realizações, onde fica aquela velha força de vontade da juventude, quando queríamos mudar o mundo? Curar as feridas da sociedade?Onde ficou aquela rebeldia sem causa, que já era em si uma causa, quando precisamos bater panelas? mas bater panelas pra que? o que queremos alcançar com o barulho das multidões?

Pois, apesar da minha profunda mágoa e ira com os que praticam as coisas que abalam a minha confiança nos governos, ainda acredito na resiliência das pessoas, ainda que mergulhadas na fervura deste imenso panelão de discórdias.

Ainda sou daquelas pessoas que oro pelo meu país, pelo governo que temos, independente quem seja, acima deste, há Um Governo maior, a quem posso recorrer. Uma Instância Superior. E acredito que a resiliência não acontece sem vontade de mudar. A mudança então é agora. As forças do mal se arregimentam para votos de currais, para perpetuidade no poder, e o povo, como cordeirinhos que mesmo sentindo o cheiro do abate, deixa-se levar ao matadouro, sem reação, sem plano de fuga, sem determinação para promover as mudanças.

Triste país que precisa de heróis. Mas precisamos de heróis.Muitos. Talvez uns duzentos e vinte milhões deles. Talvez este herói seja eu mesmo. E talvez também possa ser você. Ou nós dois juntos. Ou juntos conosco os outros duzentos e vinte milhões. Aqueles das escolas arruinadas, das ruas inseguras, da falta de pão à mesa, dos hospitais superlotados e do Congresso exaurindo gordura. 

Não sei quem são os seus heróis, mas sei que é urgente que apareçam. Não temos mais tempo para nos tornarmos derrotados e infelizes.

Meu herói nesse momento chama-se trabalho. Dignidade. Emprego para todos. Saúde em abundância.Mesa farta, e sono tranquilo. Creio que vá gostar deste herói também quando o encontrar por aí.



terça-feira, 21 de março de 2017

O Inimigo Oculto



Aquela brincadeirinha bobinha de fim de ano, chamada "Amigo Secreto", ou "Amigo Oculto", é um convite à mediocridade adulta. Um convite à falsidade continuada, e acima de tudo, um incentivo ao deboche ou à falsidade social. Explico.

As  pessoas passam o ano se pisoteando no trabalho. As empresas até incentivam estas disputas, porque inescrupulosamente acreditam seus gestores, que a competição "saudável" favorece os números da empresa. Favorece também os números de outras empresas, como consultórios de psicologia, farmácias, laboratórios que vendem antidepressivos, e até mesmo funerárias, tamaho o rigor, a intensidade com que se embrenham em amontoar méritos corporativos, mesmo que fazendo calos nos pescoços daqueles que sentam-se ao seu lado. e então, num gesto de generosidade, o dono da corporação junta os vassalos em sua casa de campo, ostenta seus cavalos de raça, suas árvores frutíferas bem cuidadas, e sua valorosa churrasqueira, onde prepara um dos bois criados no pasto da propriedade. Enquanto isso, embasbacados, os servidores rebuscam-se em elogios preparados desde priscas eras, onde competem mais uma vez em babação e puxação de saco.
É nesse momento que os dentes, milimetricamente enfileirados pelo ortodontista, sorriem dois palmos, e chamam a equipe para o momento do ridículo "Amigo Oculto". Gritinhos de euforia turbinados pelo uísque falsificado injetado em garrafas de Jack Daniels de 18 anos são fartamente despejados em copos enormes, para que ajude a fluir o "eu interior" do sizudo supervisor, e se transforme na Madre Teresa, pelo espaço de algumas horas, ou enquanto durarem os estoques de Jack Daniels fajuto.

Mas não posso criticar a tentativa, mesmo que ultrapassada, dos gestores, em criar ambiente de motivação às suas equipes. Cada dia mais os meios conhecidos se tornam obsoletos diante da concorrência de mercado, seja pelo público interno (funcionários), como externo (concorrentes da empresa). A motivação verdadeira é mercadoria em falta. Estamos perdendo todos os dias, para concorrentes cada vez mais fortes, cada vez menos éticos, cada vez mais invisíveis, até que em determinado momento descobrimos que o maior concorrente que temos somos nós mesmos. 
Estamos perdendo nossa capacidade de competição, porque o primeiro inimigo dorme na mesma cama, e não estou falando do cônjuge, mas de nossos medos, de nossa falta de confiança, de nossa incapacidade de acompanharmos as flutuações do humor da política e do mercado. 

Estamos perdendo nossa confiança, em troca do fácil acesso às respostas por meio do Google, que produz em nós uma letargia e falta de incentivo à busca de respostas com mais profundidade, aquelas que são empíricas, que advém de nossa capacidade de assimilação das experiências, e que por isso, mais maduras e com mais sabedoria.

Estamos perdendo a corrida do tempo para o relógio a nos acelerar no desenfreado vazio que nos lança com força brutal contra as tendências, que nada mais são do que o pensar coletivo que mata o pensar individual. Não uso a roupa que gosto porque outros também não usam aquela que gostariam de usar. Não sento na cadeira que acho confortável, porque suas linhas não se acomodam aos padrões das vitrines nas feiras de lançamentos. Não prossigo na religião de meus antepassados, porque é moderno transigir, mesmo que as transições nos devolvam ao vazio existência, em nome da civilização e do politicamente correto, como se politicamente correto também não fosse um modismo que castra o direito de seguir as convenções, como se convenções fossem um câncer social e que a medicina convencional não pode  oferecer nenhum lenitivo para a dor existencial que se aloja na ânsia por acordar de um pesadelo sem fim.

O inimigo oculto é o amigo fingido, e o amigo oculto é o inimigo disfarçado.  Se um e outro são o inverso de si mesmo, o que resta para a verdade?




Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...