"Fui pequeno quando nasci. Tornei-me grande ao me ver pequeno diante do mundo. Hoje sou do tamanho do meu sonho."
A primavera foi-se tão rápido. Nem permitiu que ele visse todas as flores que cruzaram seu caminho. Deveria tê-las catalogado, uma a uma. Mas o perfume não seria possível. Claro, havia como roubar das flores a fragrância e a indelével maciez das pétalas. Mas então teria que interromper seu ciclo de vida. Mas pra quê? Vida tão curta. Tantos caminhos por andar, mundo tão grande por se deixar acontecer. Não. Deixou as flores onde estavam. Haveria nova primavera. Viriam novas e repetidas primaveras.
Quanta certeza disso. Então, silenciosamente, ele parou, olhou o mundo do alto de uma árvore bem alta e sentado horas a fio num galho confortável, ele concluiu:
Fui pequeno quando nasci. Tornei-me grande ao me ver pequeno diante do mundo. Hoje sou do tamanho do meu sonho.
Deixou o entardecer chegar, desceu da árvore, e silenciosamente, partiu junto com a primavera.
Foi buscar novas flores. Respirar outros perfumes. Sentir brisas de além do horizonte. Continuar a viver, onde quer que houvesse vida e sonhos para se deixarem viver por ele.
Serenamente então viu-se seu vulto andarilhando rumo ao poente...
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