"Se os homens fossem honestos, não precisaríeis da força, nem da fraude".
Maquiavel
Vamos dar uma pausa nas análises críticas do comportamento político dos governantes, e direcionar, nesta reflexão com você que me lê, as ideias para um cenário que favoreça o otimismo da esperança dentro de um cenário caótico que vive o país, por culpa exatamente da amálgama nojenta de maus políticos com empresários incompetentes, porque se tivessem competência, não fariam uso da fraude para fazer crescer suas empresas, pois como já dizia Maquiavel: "Se os homens fossem honestos, não precisaríeis da força, nem da fraude".
Deixando os maus de lado, falemos dos bons. Dos que atravessaram outras crises e transformaram Gramado num modelo criativo e empreendedor para o Brasil e o Mundo. Falemos dos passos dados pelos pioneiros desta terra, e buscaremos seguir suas pegadas. E por que temos que falar disso? Porque o objetivo da boa política é enriquecer a sociedade e enobrecer a alma humana para formar a civilização. Assim sendo, pretendo publicar em capítulos um ensaio que fiz sobre a concepção empreendedora que edificou Gramado, e deixo à apreciação do leitor, que tem fidelizado sua análise de minhas reflexões ao longo dos meses que compartilhamos ideias.
Boa leitura.
Paulo Cardoso
Gramado
Tendências
e Empreendedorismo
Gramado
como modelo
Turismo
Design
Artesanato
Empreendedorismo
Ideias
Uma
visão holística
do
sucesso de uma
cidade
pequena,
que
aponta na
direção
de um
crescimento
-
Pacard
Primeira
parte
Empreendimento
contínuo
Não
há discordância quando o assunto é Gramado, belíssima cidade com
reconhecidas características europeias, não apenas na sua peculiar
arquitetura, quanto nas origens de seus povoadores e empreendedores,
que souberam diversificar sua economia, sem dispersar da linha
mestra. Apresenta um dos melhores cases de sucesso, em
empreendedorismo, do Brasil, e um dos melhores do mundo. É uma
cidade essencialmente empreendedora por definição plena da palavra
e do conceito. Cada janela é uma vitrine. Cada vitrine é um
atrativo criativo de negócios e lazer, mas sobretudo de admiração.
Turistas perambulam estasiados pela riqueza de pormenores que são
mostrados pelo comércio da cidade. Seja nas ruas principais, ou nas
vielas sem saída, tudo é negócio. Tudo é bem planejado, e
minuciosamente elaborado para prender a atenção dos visitantes.
Hotéis
condizentes com o padrão de visitantes em todos aspectos (conforto,
qualidade, atendimento, confiabilidade, etc) são encontrados de
esquina em esquina, de rua em rua, de bairro em bairro. Não há
distinção de qualidade entre bairros e centro, algo comum em outros
centros urbanos, Gramado é um convite ao passeio descompromissado
para reconhecimento de território. E por estar situada em uma região
com numerosos declives e aclives, vales e depressões, elevadas
altitudes ou planícies, até mesmo isso é uma oportunidade de
negócios, pois não é uma tarefa simples percorrer sua extensão
sem auxílio de um experimentado guia de turismo.
Restaurantes
para todos os paladares se enfileiram por todas as ruas, lado a lado,
ou dentro dos hotéis, pousadas, “hostels”
ou hospedarias. Mas isso não é tudo, pois tão significativa é a
demanda, que o excedente dos hotéis, que acabou se tornando uma
alternativa de hospedagem, são as casas de família, cedidas por
temporada, à semelhança de regiões costeiras do Brasil, e outros
centros no mundo.
Estas
hospedarias, hotéis e restaurantes, oferecem uma gastronomia
comparável à italiana, francesa e entre as melhores do mundo, com o
adendo de possuir sabores próprios, criados, ora nas tradições
familiares, ora trazidas pelos “chêfs” das melhores “cuisins”
do mundo para temperar o paladar exigente cada vez mais de seus
comensais.
Gramado
possui representatividade turística nas maiores operadoras do mundo,
o que permite ao seu “cluster” turístico competitividade com
outros centros turísticos de qualquer parte do mundo. Torna-se
efervescente sua fluência comercial, e sua influência
mercadológica. Torna-se interessante lançar produtos em Gramado,
porque atinge público seleto e formador de opinião em tempo
abreviado.
Gramado
ainda detém o status de estilo próprio, de culturas adventícias
que moldaram a arquitetura, o design e as artes, ainda incipientes,
mas vivas. Quem nunca ouviu falar do “Móvel estilo Gramado”, ou
do Chocolate de Gramado, ou ainda, em outros tempos, de seu
artesanato, suas malhas, sua arquitetura, que mesmo evoluindo e
permitindo ensaios e licenciosidades arquitetônicas, mantém-se fiel
às características que afloraram suas edificações ao longo das
últimas décadas.
É
um lugar onde, apesar desta complexidade, ainda tem muito por
crescer, não apenas geograficamente, como em sua oferta de lazer e
entretenimento.
Assentada
sobre a região serrana do Nordeste gaúcho, Gramado tem sua
topografia acidentada, escarpada e sinuosa. Este fator limita, de
certa forma sua expansão territorial, embora seja cercada de densa
área verde, entrecortada por rios e arroios, e por uma colcha de
retalhos de pequenas propriedades rurais ainda povoadas por
descendentes de imigrantes italianos e alemães. Tende então a
expandir-se através destas povoações, o que já vem acontecendo há
alguns anos. Com a urbanização, asfaltamento das ruas que cortam o
município e ligam as colônias à sede do município, Gramado
descaracteriza a ideia do colono como um indivíduo rude e isolado, e
o aproxima das atividades turísticas e socioeconômicas do município
promovendo a circulação de produtos hortifrutigranjeiros de
qualidade exigida pelo paladar do visitante e do próprio gramadense.
Há
aqui dois aspectos de crescimento, nesta leitura: o primeiro,
comentado aqui pela possibilidade de expansão territorial das
atividades urbanas. O outro aspecto diz respeito à otimização de
espaços e oferta turística, como por exemplo, a extensão de lazer
e serviços por mais horas ao longo do dia.
Com
o crescimento e chegada de grandes grupos estrangeiros e nacionais,
Gramado tende a oferecer ainda mais, no mesmo espaço geográfico e
edificado. Exemplo disso são farmácias, bares, restaurantes, casas
noturnas, papelarias, oficinas culturais, consultórios e clínicas,
bibliotecas, e inimagináveis atividades que pode utilizar os mesmos
espaços em horários alternativos.
Os
jogos de azar estão caminhando a passos largos, por interesse do
Governo Federal e do Congresso, para sua legalização e
regulamentação. Gramado tem o cenário adequado para receber os
cassinos que se proliferarão pela região, sempre liderada por
Gramado.
Sem
fazer apologia contra ou a favor, mas em uma análise técnica,
podemos arriscar o neologismo de “Las Vegas brasileira” para um
período de menos de uma década a seguir. Serão milhares de novos
empregos e oportunidades de negócios, não apenas dentro da cidade,
o que será cada vez mais inviável o acesso, como na região
periférica, pela oferta de produtos e serviços.
Serviços
cada vez mais especializados serão demandados, desde a construção
civil, movelaria, alta decoração, confecções (Gramado ainda não
despertou como potencial criadora de inteligência da Moda e Design),
gastronomia acessível (a oferta atual visa o consumidor de maior
poder aquisitivo, e embora o morador local obtenha privilégios e
descontos, ainda é carente de serviços para o público interno).
Gramado
tem uma população jovem, mas recebe público de todas as idades.
Enquanto hoje oferece lazer gastronômico e de compras, demanda
serviços que possam ser vendidos como pacotes alternativos aos
hotéis e operadoras de turismo.
Enquanto
em décadas passadas atingir sessenta anos era uma vitória, a idade
média ultrapassa os setenta e cinco anos. Além da demanda de
lazer, também deverá crescer a oferta de serviços prestados por
pessoas entre sessenta e setenta anos, ou mais. Num cenário onde a
Previdência Social tende a ser sucateada, elitizada ou totalmente
transformada. Necessitarão, os idosos, buscar alternativas para
complemento de sua renda. Sua experiência será absorvida por
empresas prestadoras de serviços ao público, o que prevalece em
Gramado hoje.
O
jovem com formação acadêmica, e especializações formará uma
cadeia de inteligência empreendedora a serviço destas demandas, ou
de outras que surgirão neste mercado em franco crescimento. A
tecnologia ainda deixa a desejar em Gramado. Internet de péssima
qualidade, falta de infraestrutura de inteligência cibernética,
ainda engessa setores públicos ou privados. Existe portanto ambiente
largo e acessível para inovação tecnológica junto ao turismo
formal.
Aliada
à tecnologia (ou falta desta), ainda a mobilidade urbana é
deficitária. Ônibus superlotados ligando cidades vizinhas ou
bairros, ainda operam no antigo sistema de bilhetes e roletas. A
moeda-papel ainda oferece riscos à equipe de bordo, e mesmo os
passes utilizados como vale-transporte são antiquados e ineficazes.
Soma-se a isso o formato de paradas, onde mal percebe-se o lugar onde
se encontra o veículo, deixando o passageiro atônito e ansioso pela
possibilidade de perder o ponto de descida. Neste quesito, a
tecnologia pode auxiliaR com moeda eletrônica, e identificação da
parada já na aquisição do passe, alimentando o sistema de bordo a
comunicar a parada e emitir sinal sonoro para atenção do
passageiro. Esta é apenas uma das facilidades que a tecnologia pode
oferecer ao turismo e mobilidade urbana de Gramado. E é também mais
uma das possibilidades empreendedoras de Gramado.
Com
população fixa de cerca de 35 mil habitantes, e flutuante de cerca
de três vezes isso, Gramado tem carência habitacional. Isso
provocará o crescimento geográfico, como uma bola de neve. E este
crescimento demandará novas políticas públicas para saneamento,
segurança pessoal, pública e patrimonial. Mais profissionais
ocuparão espaços em tempo cada vez mais acelerado. Mais imóveis
geram vácuo que é preenchido pelas demais necessidades de uma
moradia, tais como eletrodomésticos, móveis, vestuário, artigos de
higiene, complementos, etc. Novos bairros oferecerão oportunidades
para pequenos mercados, clínicas médicas e dentárias, pets, lojas,
serviços.
Visitada
por cerca de dois a três milhões de turistas ao ano, Gramado gera
riqueza contínua, mesmo com varantes de temporada, suas ruas
raramente ficam vazias. Flutuações cambiais desfavoráveis às
importações, também favorecem Gramado, que se capacitou para
receber todos os padrões de turismo. Não é necessário um motivo
especial para visitar Gramado. Visitar Gramado É o motivo especial
para viajar. Simplesmente isso.
Promotora
e receptora de eventos que garantem a alta rotatividade da economia,
em especial hospedeira e gastronômica, Gramado não vive apenas do
acaso. Desde há muito tempo optou pelo Turismo de eventos, seja no
receptivo, ou mesmo criando seus próprios eventos. Uns com ação do
poder público (Festival de Cinema, Natal Luz, Festa da Colônia,
etc), outros de iniciativa privada (Festuris, Chocofest e outros)
asseguram não apenas rotatividade e lotação hoteleira, como
marketing associado à cidade. Uma coisa puxa outra.
Gramado
encontra-se (na edição deste estudo) estável politicamente (há
uma alternância entre duas facções há mais de quatro décadas).
Embora com as mesmas características que identifica a busca pelo
poder, acusações, fiscalizações tendenciosas, acirramento em
campanha, Gramado tende a permanecer neste ciclo por mais algum
tempo, dado ao desinteresse político da população recém-chegada,
e a falta de formação de novas lideranças. O velho padrão
“tapinha nas costas” e abraços em quermesse caracterizam a
identidade do político local. Não muda nada em relação ao resto
do mundo político. No entanto, esta estabilidade assegura ao
investidor a confiança necessária para elaboração de projetos de
longo prazo em seus investimentos.
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