AD SENSE

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Seja feio e viva feliz



Você já percebeu que toda pessoa que se acha bonitinha (dizem que bonitinho é um feio mais ajeitado)anda com outra feia ao lado para se afirmar na beleza que só ela acha que tem, mas não tem tanta certeza assim? Pois é bem assim que acontece. Até acontece, mas é mais raro que duas lindas andem juntas, ou dois bonitões caminhem do mesmo lado da calçada. Não andam, porque, de um lado, o feio precisa se afirmar diante dos mais feios que ele, mesmo feio, é capaz de conquistar amizades dos belos. É mais ou menos como um bandidinho que deseja se mostrar pra bandidagem, e comete umas barbaridades por aí (sim, porque feio andar espontaneamente ao lado dum bonito é como beber vinagre com um sorvete ao lado: puro masoquismo).

Pois é assim que acontece também no mundo da estética. Reza a lenda que Sócrates, o filósofo grego, teria sido muito, mas muito feio. E naquele tempo havia uma pseudo-ciência chamada "Fisionomismo", que pretendia analisar o caráter das pessoas pela estética. Então, segundo os fisionomistas, bandido teria cara de bandido; ladrão cara de ladrão; e pessoas de bem, também seriam contempladas pelos deuses com aparência de tal.

Pois certo dia, numa daquelas prováveis orgias festivas, achega-se a Sócrates um fisionomista, que antes mesmo de dar boa noite, já lasca sua opinião sobre o quasímodo:
- "Percebo, por sua vil e abjeta aparência que o atesta, que vós resumirdes todas as paixões do mundo (todos os defeitos)!"

Sócrates responde com humildade e um sorriso:
- "Vejo que me me conheces, meu senhor. De fato tenho em mim todas as paixões do mundo, mas as domino uma a uma por minha determinação!"

Por mais esdrúxula que pareça ser esta pseudo-ciência, até o fim do século dezenove, o Direito Penal, em muitos países, ainda presumia como fiel esta assertiva, e muitos pobres infelizes, além de feios, passavam a ser também condenados, em dobro.

O Direito envergonhou-se e retirou de seus livros este absurdo, mas os costumes prevaleceram sobre as letras, e beleza, a mesma trazida pelos compatriotas de Sócrates, continua determinando tudo na sociedade contemporânea. Feios precisam desdobrar-se em talento para que sejam reconhecidos. Os que tenham nariz torto, queixo comprido, olhos esbugalhados ou qualquer outra diferença estética e anatômica dos padrões helenísticos, arcam com o peso da exclusão. Chego a imaginar que se o império petista tivesse prosperado, teríamos em pouco tempo ainda cotas para feios nos serviços e oportunidades públicas. Alguém proporia, e o governo poderia sancionar o "Dia Nacional da Consciência da Feiura", e nós, os feios, provavelmente fundaríamos uma religião, um partido político, e um time de futebol.

Por mais que pareça uma brincadeira, a feiura continua fazendo parte de nosso inconsciente do medo. A bruxa das fábulas é feia, mas o príncipe e a princesa são lindos. A princesa é transformada numa sapa, que é, segundo estes critérios dos gregos, um bicho feio, e não num belo pavão, que é lindo.

Tanto é verdadeiro isso, que diz a anedota que cônjuge feio é igual pantufa: bom para ser usado em casa, mas dá uma vergonha de sair à rua em sua companhia.

Eu e você achamos que ser feio é um defeito e não uma circunstância estética, senão nossas selfies não seriam escolhidas pelo melhor ângulo. Nossa casa não precisaria cores na pintura, e teríamos hortas em lugares de jardins em praças públicas.

A beleza é tão forte no inconsciente dos seres vivos como também é presente em tudo no Universo criado. Mas não pense que estou sendo contraditório. Não estou. Onde quero chegar é que beleza é apenas um conceito humano, mas que nas coisas criadas não existe tal postura. O que existem são formas adequadas à funções, e que o reconhecimento e conhecimento desta harmonia é quem qualifica como belo aquilo que nos causa admiração.

Aqui a chave da felicidade na coexistência com as diferenças: admiração e afeto são o melhor cosmético que existe. Ao que ama o feio, belo lhe parece. Não parece. É! Beleza não está nos olhos, mas no coração. Os olhos são enganosos, pois quem não vê, ainda pode sentir, e o coração passa a coordenar a informação que o cérebro processa. E quando é o coração quem passa a coordenar as informações, podemos ser mais felizes.

Então, faça as pazes com o espelho e com os vidros da janela, e feche os olhos para ver quem realmente é lindo. E é lindo o que não vê defeitos de ordem estética em si mesmo ou nos ouros. 

Seja você lindo ou feio, seja mesmo assim, feliz. Eu sou. 




domingo, 8 de janeiro de 2017

O que é ser TOP, no design?



O que é top no Design? Top é aquilo que combina com sua casa. E o que combina com sua casa é aquilo que faz você sentir-se bem consigo, independente do que as revistas especializadas ou os blogs palpiteiros estejam preconizando aos quatro bits por aí.

Moda é aquilo que você usa enquanto não pode determinar do que você vai ou não gostar. Mesmo porque moda é cíclica. Aquilo que chamamos de tendência, é apenas porque alguns indicadores presumem que possam, tais e tais produtos, estarem à venda em mais lojas. Nada mais que isso. 

Se você não gosta de minimalismo, mas de pompa, muito bem então: pompa é o que você deve ter na sua casa (se puder pagar, é claro). 

Por outro lado, se é cult, chic, pós moderno e o escambal, ou que acha importante espalhar grafiatto numa parede, e espelho na outra, pois que o faça.

Mas, se o que você, de fato gostaria de ter, talvez fosse um papel de parede cheio de florzinhas, porque isso te lembra da casa da vovó, pois então, viva a florzinha, e avante com seu papel de parede.

Seja original, se quiser ser, mas se caminhar com a multidão, apresse o passo e carregue junto seu GPS, pois quem anda com a multidão, nem sempre sabe pra onde vai.

Seja TOP, se ser top é o que vê de melhor, mas seja você, se entender que sabe o que deseja ser e pra onde deseja ir. E no design é assim. Se você fizer aquilo que lhe faça bem, e alguém mais gostar, talvez faça o mesmo o mesmo, e quando outros imitarem suas iniciativas, então você criou moda, gerou tendência. Em resumoo, a tendência é ser feliz. O que passar disso, é apenas marketing.

Pra não dizer que só falei e não mostrei nada, acabo de criar este modelito para uma cozinha, que pode até ser a sua, se o seu estilo for parecido com o meu.







Pérgulas inteligentes



Elas estão em muitos lugares. Nos hotéis, casas de campo, casas urbanas, sítios, espaços coletivos, enfim, onde houver calor em abundância, e um espaço no terreno, as Pérgulas tomam conta. São espaços inteligentes, limpos, mas com infinitas possibilidades de mostrar Design. Recolhi algumas destas maravilhas, e embora desconhecendo seus autores, deixo aqui minha admiração pelos belíssimos trabalhos.




































sábado, 7 de janeiro de 2017

A serenata do Joãozinho Moraes



Bateu o saudosismo hoje, e quando bate o saudosismo, tenho que correr pra cá e contar algum causo dos dias de antanho, vividos ou ouvidos por mim, e ainda que não se possa provar a autenticidade dos fatos, ao menos ganhamos pelo pitoresco do causo. E o causo de hoje é do saudoso João Moraes, ou como era conhecido, "Joãozinho Padeiro".

Figurinha ímpar, divertido, generoso, e bom de bola, Joãozinho era primo de Maria Ilizia, véia minha vó. Volta e meia íamos, ela e eu, seu fiel escudeiro, juntos comprar pão d'água dormido, porque era mais barato, mas que no meio da pãozarada do dia anterior, que levávamos, milagrosamente alguns rejuvenesciam e os encontrávamos quentinhos, como haviam saído do forno, poucos minutos antes. E visita que era vista, não seria visita completa sem dois dedos de prosa, onde minha avó saía às gargalhadas pelo caminho de volta, lembrando das traquinagens que o primo contava.

Joãozinho era jogador do Gramadense, e tinha uma artimanha para vencerem o jogo. Ele se aproximava dos adversários, os melhores, os craques, e quando o árbitro, que na época era chamado de juiz, olhava para outra direção, Joãozinho, de súbito, fingia que seu dedo indicador seria um supositório e enfiava no..bem,  ele enfiava e fingia que esperava a bola. Naturalmente o desonrado adversário saía de tapas em cima dele, e o juiz, vendo aquela brutalidade toda, expulsava o encrenqueiro agressor.

Contava ela, que certa feita, lá pelas bandas do Planalto, onde hoje fica o Posto Bezzi, por ali, havia um núcleo de veraneio, com algumas casas novas, onde veranistas da Capital passavam férias, ou alguma temporada em outros períodos do ano. Em uma destas casas, morava uma belíssima moçoila de prendados dotes, a qual despertara voraz paixão no simpático padeiro de quem relato o feito.

Naquele tempo, não havia balada ou barzinho onde se pudesse azarar as gatas. No máximo, a Sociedade Recreio, onde poucas vezes ao ano, os bailes propiciavam encontros sociais, e isso ainda sob o olhar de onça dos pais, que usavam aqueles bigodinhos estilo "Demodê", uma tirinha na ponta do beiço, e com eventual complacência da mãe, que distraía o cavalheiro, enquanto a filha aproveitava para piscar de dar uma levantadinha de ombro, o que significava um gesto de aprovação ao galalau que as espreitava à uma distância segura, não tão longe, porque precisava ser visto, não tão perto, caso precisasse alçar-se em fuga por possível desaprovação.

Em não havendo esta possibilidade, havia um recurso bastante mais ousado, mas dispendioso, chamado de "Serenata", que era um ensaiado cortejo debaixo da janela da mocinha, cantarolada pela voz melodiosa e bem afinada do seresteiro, que tanto podia ser o próprio pretendente, ou na falta de talento deste, de um amigo ou menestrel, contratado para o feito.

Joãozinho era bom de bola, mas tinha as cordas vocais destemperadas, e por esta razão, convidou sua troupe de amigos boêmios para que o auxiliassem na missão de encantar a bela rapariga, moradora da tal casa no Planalto, por quem,dizia ele, se apaixonara perdidamente. Foram então ao violão Adail de Castilhos; ao violino, Almiro Drechsler, e o célebre tenor Gercy Accorsi (estes os nomes que foram dados, mas possivelmente havia mais um ou outro de quem não tenho conhecimento), o qual estaria responsável pelas canções da bem planejada serenata.

Chegada a noite, silenciosamente chegavam à casa, escura, luzes apagadas, o grupo, e posicionados à janela do quarto da donzela, os menestréis desfilam tudo seu talento musical. Emocionante momento, em que, após cantar uma ária, Gercy faz um sinal, e Joãozinho então, que não cantava, mas sabia declamar, começa seu poema.

Bem, eu não sei exatamente qual foi o poema escolhido, mas a história que chegou à mim é que, lá pela segunda estrofe, o padeiro maroto desata a dizer impropérios e palavrões, despudoradamente ofendendo a moça e sua família. E a bem da verdade, mal disse umas quatro ou cinco palavras e viu-se só, pois o grupo disparou mato adentro, correndo pelos banhados, arrebentando violão, rasgando ternos de linho fino e sapateando em bosta de vaca, sumiram rumo às suas casas numa fração de segundos.

Joãozinho ficou só. Compreensivelmente só. Rindo aos borbotões, rindo  rolar, dos companheiros apavorados. As luzes da casa permanecerem apagadas, às escuras. Não havia ninguém na casa naquele dia. João sabia disso, pois naquele dia não haveria entrega de pão, porque a família voltara para a capital.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

O marido da consumidora





O marido da consumidora



Eu sou Designer. Há mais de quatro décadas, quando ainda nem se falava nesta palavra. Na época, era projetista, desenhista, "dono da fábrica que inventava umas coisa", ou cópia explícita mesmo daquilo que era vendido no buteco da esquina. Nada mudou desde então, com exceção do nome da função: Designer, mas que lê-se "Desáiner", embora se desejar pronunciar tal como se lê em portuguêsm ainda assim não comete erro de fonética, senão apenas de costume comum, porque a palavra "Designer", vem do latim, "Designare", isto é, desenhar algo a ser construído, edificado, ou fabricado.

Aí tanto pode ser um produto de três dimensões, como um balde, uma vassoura, um sutiã, ou um apetrecho qualquer para limpar cera do ouvido, como também pode ser uma imagem para uso eletrônico, gráfico ou de revestimento de outro produto onde o design ainda seja a forma, e que assim agregado, torna-se forma e estampa.

São muitas variações que transitam no universo do Design, e cada profissional tem sua tribo, sua linguagem específica, seus tiques e frescuras, e também seus defeitos e virtudes.Só no setor moveleiro é que tem designers livres destas firulas, pois o profissional de móveis atingiu o ápice das virtudes, entre elas, a modéstia. Um destes profissionais mesmo teve a bondade de confessar-me estes atributos.

Pois bem. Falei do design e dos designers, agora vou falar de um componente essencial ao sucesso de um bom produto: o "Marido da Consumidora". Naturalmente este componente não é uma peça disponível para reposição. Não, pelo menos, para o produto em si, mas é um dos mais importantes e discretos componentes que deve ser agregado ao valor e não ao custo de um bom eletrodoméstico, por exemplo. Sim senhor (ou senhora, ou sei lá o que).

O marido da consumidora é tão importante quanto  as curvas orgânicas ou o design progressivo vintage que um aspirador de pó pode oferecer ao mercado. Os técnicos deveriam ter em seus estoques de reposição, maridos de consumidoras, para que pudessem assegurar satisfação completa ao mercado. Isso porque, muito antes do eletrônico pifar de vez, quem pifa é este componente, frágil, delicado, meio embrutecido quando os parafusos sobram após o desmonte de um eletrônico, o pobre do marido da consumidora.

É o marido da consumidora (MdAC) quem tem que resolver os esparrangos que os equipamentos descobrem quando travam, e os técnicos, após aquela cara de nojo de pobre, dizem que não tem solução. Que vale mais à pena comprar um novo. MAS COMO COMPRAR UM NOVO, se o cara é técnico e que a função deste componente (o técnico) é justamente consertar as coisas que apresentam defeitos pelo uso do consumidor? Mas não. Ali estão eles, quando chegamos, desesperados, com olhar suplicante, beicinho tremelicante, suplicando por socorro, e eles, impávidos balançam a cabeça com ar de desdém e dizem:
- Ó, madamo! Esse aqui já era! Casa caiu, pifou, perda total! E mandam-nos embora, cabisbaixos, humilhados, aos choramingos, desfilando de orelha baixa entre os seguintes da fila, que nos olham com ar de condenação, como se tivéssemos cuspido na mãe que amamentava em noite de Natal. Fim da linha. O aspirador não vai funcionar nunca mais.

UMA PINÓIA QUE NÃO VAI! VAI SIM! E depois de abrirmos nossa maletinha com mil, seiscentas e dezoito ferramentas e doze mil e quatrocentos componentes e acessórios, e pacientemente começamos a desparafusar um por um dos parafusinhos inúteis, além de enfiar uma chave de fenda e abrir os encaixes lacrados com ameaças de perda de garantia em caso de violação dos vinte e oito lacres. Mas lacre pra que? se a encrenca está desenganada? Então, se não temos mais nada a perder, exceto o pudim prometido pela volta do funcionamento, ou pior, do custo de um aspirador novo, metemos a mão nos tufos de pelos enfiados no motor, e desmontamos tudo. Ou quase tudo, porque os raios dos fios são soldados na capa de cima, e curtinhos como coice de porco, e um puxão mais forte, põe tudo a perder.

Mexe daqui, remexe dali, e a coisa parece que vai funcionar. Montamos um por um dos componentes, e descobrimos que faltou aquele fiozinho que soltamos. Desmontamos de novo, engatamos o fiozinho, e tudo outra vez, e: FELADAP...TA!!!!! FUNCIONOU!!! Melhor que que antes até, pois descobrimos que a rebimbela da parafuseta existia exatamente para garantir o mau funcionamento em tempo determinado, e a fábrica, em conluio com os técnicos, vender aspirador novo.

Minha leitura é que quando os designers criem seus produtos, além do traço e da forma, aliada à função, ao conceito, e sem preconceito, lembrem que quando a gracinha conceitual deixar de funcionar, quem vai mexer nela, é quem não tem nenhum compromisso com forma, função ou cheirinho de novo: O Marido da consumidora!










Canela e Gramado - Natureza e rivalidade em alta



O que faz a tua mão direita....

Evitem fazer alarde quando ajudarem alguém, não fiquem contando vantagem diante das pessoas, para  que sejam admirados e elogiados; aliás, s...