Canela e Gramado
Natureza e rivalidade em alta
São diametralmente opostos os formatos de administração de Constantino Orsolin (Canela)e Fedoca Berdolucci (Gramado), no tocante às políticas de impacto administrativo de quem está chegando. Naturalmente falo com base apenas naquilo que é publicado pelas mídias sociais, considerando, repito, que não tenho intenção de gerar notícias, nem de sair à frente com algum fato novo.
Enquanto Constantino e sua equipe estão motivados a humanizar Canela, com ações pontuais de atendimento ao cidadão, seja na poda de uma árvore, ou então na reabertura de um parque que contemple o lazer das famílias canelenses, seu vizinho, Fedoca, faz malabarismos entre o, ainda instável e mal resolvido relacionamento com o PMDB, que faz esforços contínuos de pactuar um entendimento, e com isso oferecer nomes que complementem o comando da nova administração (Leia-se ainda Caio Tomazelli e Gramadotur), ou o acolhimento de dissidentes a caminho, oriundos da UPG, e usar o braço forte da Lei, para frear o crescimento descompassado e voluptuoso da bela e adornada micro metrople cidadezinha, antes bucólica, ora purpurinada cidade dos desejos de nove entre oito brasileiros.
Canela precisa, como questão de honra, passar da condição de "dormitório" de Gramado, apelido que já quase aceito como natural, a ser chamada pelo primeiro nome, e não como a "cidade vizinha da capital do cinema brasileiro". As duas cidades, enquanto ainda em fase de definição de identidade, lá pelas décadas de 50 e 60, disputavam em pé de igualdade condições de crescimento, e naquela época, se o mesmo modelo fosse utilizado entre ambas, Canela teria ultrapassado em muito sua rival Gramado, por diversas razões. A economia de Canela era muito superior à Gramado. Em termos de cultura, até hoje, são gritantes as diferenças entre as duas cidades. Na década de 80, Canela contava com cerca de trinta ou mais grupos de teatro amador. Seus eventos são contínuos e variados, e pulsa cultura em cada escola, em cada lugar. Coincidentemente cabe aqui lembrar que foi de Canela que saiu um prêmio internacional a uma escola pública, e que seu diretor de então é o atual Prefeito da cidade, que deseja fazer por Canela o que fez por sua escola modelo no Bairro Canelinha.
Canela tem muito mais ambientes naturais e possibilidades de crescimento que Gramado. Por sua topografia, tem um pequeno aeroporto, e pasmem: uma linha aérea que homenageia o bairro Canelinha. Tudo isso, naturalmente, é muito polvilhado, muito distribuído, sejam os eventos ou as atividades turísticas e culturais. Nenhuma delas se iguala ao glamour e ao espetáculo dos grandes eventos de Gramado, com exceção, talvez, do Sonho de Natal, mas que ainda se distancia da magnificência do ora conturbado Natal Luz.
Mas, aqui começam as diferenças entre as duas cidades: Canela está buscando caminhos para dar ao cidadão as mesmas condições de crescimento profissional e pessoal, sobretudo financeiro, que sua vizinha co-irmã oferece, enquanto que num oposto necessário, Gramado entende que atingiu certo apogeu, e que urge frear aquilo que parece crescimento, mas quando o crescimento põe em risco o bem estar do cidadão, da Natureza, e sua coexistência natural, os governantes precisam tomar medidas impopulares aos investidores, a quem o populismo radical chama de "especuladores", mas que não o faço, uma vez que os mesmos "especuladores" de hoje, são os empregadores de ontem. Não interessa julgar, mas analisar as circunstâncias de um e outro caso.
Escrevi um livrinho, no ano passado, chamado: "Tendências e Empreendedorismo - Gramado como modelo", onde faço uma análise positiva das características históricas do desenvolvimento de Gramado por meio de visões inovadoras de seus pioneiros, e hoje levo palestras deste tema à municípios que buscam enfrentar os paradoxos das necessidades humanas com o iexorável progresso de que necessitam promover.
Gramado ainda pode aprender com Canela muita coisa no tocante ao envolvimento cultural da população, enquanto Canela sabe que a experiência de Gramado pode contribuir para estabelecer eixos de equilíbrio entre crescer ou inchar. O desafio é grande, e deixada a política perniciosa de lado, ambos os Prefeitos podem, devem e irão tomar muito chimarrão juntos. Às quatro da manhã.
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