AD SENSE

segunda-feira, 20 de março de 2017

Liquidação de Acervo Pacard


Olá
Estou oferecendo TODO o meu acervo para venda.
Os valores sugeridos em exposição estão nas fotos. Mas nesta promoção VOCÊ faz a oferta e vamos negociar.

Pacard
48 999 61 1546

sábado, 18 de março de 2017

Nadir, meu Biscuit de Porcelana



Já escrevi e publiquei muitas breves biografias. Nenhuma de desafeto. Desafeto não é para ser lembrado de forma negativa, e caso nada de bom tenha para ser lembrado, melhor deixar que o esquecimento mesmo o guarde em suas lembranças. Então, lembranças devem ser boas e de quem temos admiração.

É mais comum lembrar-nos de quem já não pode mais agradecer pelo que escrevemos. Então,  quero escrever para quem ainda é capaz de sorrir e até se defender de algo que venhamos a dizer pelo involuntário desejo de dourar a realeza mais que o rei. Assim escrevo sobre quem merece minhas boas lembranças: Meu bibelô, meu biscuít de porcelana, minha princesa de olhinhos amendoados, e a minha paixão por apenas trinta e oito anos. "Três-oitão" mesmo, sim senhor. Arma de peso, porque manter uma paixão no mesmo calibre por tanto tempo, é tarefa de profissional no amor.

Não. Não sou piegas, nem douro pílula. Não estou afirmando que durante trinta e oito anos foram pétalas de rosas que alcatifaram nossos caminhos. Não foi assim, Muitos espinhos e desafios a cada dia. A cada dia, novos leões mordendo os ânimos, e a cada dia o problema do dia. Humor, muitas vezes, péssimo, meu e dela.E do mundo contra nós. E mesmo assim, trinta e oito anos, sim senhor, ao lado de minha guerreirinha impoluta, digna, linda, e cheia de opinião.

Eu a conheci num baile de Kerb (festa alemã comemorativa da igreja luterana local). Estava no lado oposto do salão, lotado. Olhando pra mim. E eu pra ela. Falei pro amigo que estava comigo:
-"olha lá a menina com quem eu vou me casar!"
- "Tu é doido?" Respondeu-me rispidamente. Olha o tamanho do alemão ao lado dela! (O cara media 2,05 m, literalmente, era seu primo, que a acompanhava, além da irmã, grávida, e do cunhado. Bem coisa de Kerb mesmo).
- "Já vi, e calculei tudo!" Respondi, gesticulando. "Olha o tamanho da caneca de chopp na frente dele, recém servida. E não é a primeira! Esse cara vai ter que mijar aquele chopp em algum momento!"

Eu estava certo. Pacientemente esperei, sem perdê-la de vista, e percebendo que o mesmo acontecia da parte de lá. Até trocava de lugar para testar se era comigo mesmo. Era! Valia à pena o risco, pois naquele salão eram contumazes as brigas entre gramadenses e os locais. E eu nunca briguei na vida, então, uma cadeirada mal direcionada e seria o meu fim. Mas ela valia à pena até mesmo uma cadeirada mal direcionada. Esperei. E num piscar de olhos, olhei para a mesa dela e, BINGO! O alemão foi mijar o chopp, que à esta altura eu já considerava um aliado na minha estratégia. 

Nem esperei mais nada. Voei para a direção dela, e em um minuto apenas, estávamos dançando, ou melhor dizendo, ela dançava, e eu pisoteava os pés dela e babava em cima do ombro da delicada criaturinha cheirosa. Cinco longo minutos se passaram até que eu tivesse coragem para declarar meu eterno e incondicional amor à ela, e convidá-la a namorar comigo.

- "Sim!" Foi a resposta.
- "Você fala sério?"
- " Sim, falo! E você não fala serio?"
- "Seríssimo! Estamos namorando então?"

- "Estamos!"

Olho respeitosamente e pergunto:
- "A propósito, qual seu nome?"

Vou encurtar, porque vinte dias depois noivamos. Tres meses depois (deste encontro), casamos. E lá se foram trinta e oito anos atrás. Casamos ali, na Sociedade Esportiva e Recreativa Tiro ao Noivo, com toda pompa e circunstância de um saboroso churrasco, que à época ainda era confiável, e o Tony Ramos era apenas um galã de novela, e não de novilha. 

Trinta e oito anos, e tenho que confessar que casei por puro interesse. E continuo interessado. Tive lucro com a pessoa. Lucrei trinta e oito anos de cuidados com minha saúde, bem estar, meu trabalho, mas sobretudo, lucrei três lindos rebentos, que por sua vez me deram de lucro até aqui quatro criaturinhas que me desmoronam de emoção em cada abraço que recebo. Então, escrever uma breve biografia de uma pessoa íntegra e competente, é uma tarefa não apenas prazerosa, quanto necessária, e mesmo que piegas seja, pieguismo é minha ferramenta de demonstrar gratidão.

Por que estou escrevendo isso exatamente hoje, se não é aniversário dela, e nosso aniversário de casamento já passou? Porque para dizer que sou grato, orgulhoso e feliz por ter esperado aquele alemão enorme mijar aquele chopp, não preciso de datas. Sou grato à condição diurética do chopp, isso tenho que reconhecer. Apenas então lembrar o quanto sou amado por esta pessoa tão linda.



sexta-feira, 17 de março de 2017

Sua Excelência...o Traque!




Usei um termo em desuso, para não chocar as novas gerações mais pudicas, porquanto há inúmeros adjetivos mais chulos que também caracterizam o escape flatulento  da gaseificação intestinal. Mas é disso mesmo que eu preciso muito falar nesse momento. É uma questão de contribuição elucubrativa ao enriquecimento dos costumes e da natureza do próprio supracitado, não por questão de ciência, mas por justiça ao feito mesmo.

O Traque (aqui uso inicial maiúscula, por estar tratando do sujeito e não apenas da ação ou do verbo) tem sido amplamente debatido ao longo dos séculos pela ciência, pela ética, e até mesmo pelos meios jurídicos. Existem leis em certos países que absolutamente proíbem a liberação do traque em certo locais. Multa e prisão são as penas imputadas sem piedade a quem descumprir a legislação e burlar os costumes, soltando traques em público.

Aos mais jovens, vou traduzir. Estou falando de Pum, Peito, Gases, Fedido, Cabuloso, e assim por diante. São mais do que liberações intestinais. São verdadeiras cédulas invisíveis, mas perceptíveis e audíveis de identidade, especialmente da identidade ética do seus responsáveis. Podem ser ainda informantes, X-9, Dedos-duros do caráter, da educação, e sobretudo da dieta alimentar da pessoa.

O traque é quase uma impressão digital das vias inferiores, pois denunciam seus autores com requintes de informações, que podem ser chamados de "DNA Gasoso", tantas são as informações que um bem definido traque pode oferecer.

Traque é coisa que passa de pai pra filho. Nossos traques estão na família há muitas gerações. E com o passar dos anos vão sendo aprimorados pela mistura de famílias. Um verdadeiro tesouro genético-intestinal.

Não sei se alguém já se dedicou a uma pesquisa mais aprimorada, por exemplo, das variações sonoras do dito cujo. Vou tentar aqui descrever algumas.Por exemplo:

O Cantor de ópera - É aquele traque guardado a noite inteira (ou pelo menos durante o longo despertar da madrugada, para não tomar tabefes do cônjuge) e liberado de uma só vez ao assentar-se na louça pela manhã, aquele que sai junto com o xixi. Esse tipo de traque lembra em todos os detalhes um cantor de ópera, cantando uma ária extensa. Começa num Dó sustenido, sobe duas oitavas, estica as cordas vocais do Fredolino até a exaustão, e sai como um sonoro gorjeio seguido de um assovio numa escala continua e crescente, até que alcance uma frequência audível apenas por animas. Não é raro que cães desatem a uivar em uníssono a uma distância de duzentos ou trezentos metros do local do feito, atirando-se contra a parede e esfregando as patinhas nas orelhas, como que limpando numa contínua e sôfrega massagem auricular.

O Escandaloso - É aquele indivíduo que, após perceber que a perna do portador foi erguida, grita igual ao Tarzan quando enfrenta uma macacada, e sai em disparada ao vazio, chutando porta, hemorroidas, beirais e corredores, e lança-se no vazio do infinito, abraçando narinas da multidão, e fazendo tremular vidros e cortinas do ambiente onde foi liberado. Esse tipo de Traque geralmente é seguido de brados de vitória, como: UIAAA! É HOJJEEE! SAI DE BAIXO QUE AÍ VEM CHUVAAA!, e coisas desse tipo.

o Tímido - É aquele que esconde-se o quanto pode, e só sai a campo quando o ambiente estiver absolutamente liberado. Esse tipo só é detectado pelo elemento surpresa, em circunstâncias muito específicas. Mas é  o mais comum, mesmo discreto.

O Econômico - É aquele Traque que vai saindo aos poucos, para que o prazer da libertação seja prolongado por mais tempo.

O Serelepe - É aquele brincalhão, que vem cantarolando, começa e para, recomeça e para.  Sai aos gritinhos, um agora, outro daqui a pouco, enfim, um bobo alegre.

O Criançola - O Traque Criançola é aquele que não pode ver água, que quer sair fazendo bolinhas.

O Desastrado - Esse, coitado, é um infeliz, descontrolado. Acredita apenas na alma, mas esquece o corpo, e pronto. Surpresa! Acha que é apenas um traque, e vem acompanhado de todo o pessoal da limpeza. E quando isso acontece na louça, está bem, tranquilo. Mas quando acontece na rua? Ai, misericórdia! Nem é bom comentar.

o Ciumento- O Traque Ciumento é aquele que que só quer ser cheirado pelo autor, que também é chamado de Egoísta. Não divide o prazer com os outros. Solta debaixo da coberta e se enfia lá até gastar cada molécula da substância em benefício do seu nariz. Acredita até na teoria que cheirar traques cura câncer.

O Traque Altruísta- É o contrário do Ciumento. Esse é aquele traque que já estragou muitos relacionamentos. Daquele tipo que quando o marido solta, enfia a cabeça da mulher embaixo da coberta pra cheirar junto.

O Fantasma- É aquele Traque que surge do nada em meio a reuniões fechadas, elevadores, onde NINGUÉM sabe de onde surgiu. Esse é caso de chamar um exorcista ou fazer uma oração, algo desse gênero, para quem acredita.Nunca é demais saber disso. Elevadores são um perigo.

o Político - É aquele Traque que promete ser um terremoto e acaba sendo um aguaceiro, um churrio, um desarranjo.

Personalizado - É aquele Traque ao estilo do autor. Pensa por exemplo do traque do Trump. Certamente é diferente do traque da bailarina ninfeta do Bolshoi no colo do bailarino, no auge do Lago dos Cisnes.


Enfim, Traque é muito pessoal. Dia desses te convido a conhecer os meus.



quinta-feira, 16 de março de 2017

Teoria do Descontentamento




Teoria do descontentamento nada mais é que a disposição de sentir-se infeliz, magoado, frustrado, por não lograr êxito nos planos que traçamos, nos sonhos que acalentamos, e no dispendioso tempo que investimos em empreender aquilo que desejamos.

A frustração é o bem necessário ao aprimoramento dos recomeços. É  construir reconstruções sobre civilizações vencidas, sobre os despojos dos erros ou acertos que ainda não aconteceram nas tentativas de galgar o sucesso.

O descontentamento não é o choro convulsivo da derrota, mas as interrogações acerca dos pontos frágeis dos passos em falso sobre as pedras soltas do caminho. É perceber ao longo da caminhada que nem tudo que é verde pode ser floresta, e nem tudo que é escuro está relacionado à noite, mas que mesmo no escuro da noite mais escura, seremos capazes de encontrar uma faísca de inspiração que nos permita compreender que aquilo que pareceu um erro, foi um ensinamento. Aquilo que pareceu dor, foi o alívio. Aquilo que pareceu fracasso, foi a arrancada para o sucesso.
(Continua após o comercial)


Caminhar em frente é tropeçar, pois ninguém tropeça parado. Ninguém erra dormindo. Ninguém deseja aquilo que já tem. Então, o descontentamento pelo tropeço é a pitada que faltava para o passo firme. É o combustível para a reta final. É a certeza de que a bandeirada da vitória pode estar atrás da próxima curva.

Tenho errado mais do que acertado nas coisas que pensei para o futuro, pois parte destes futuros que sonhei já se tornaram passado, e não encontrei meus sonhos em nenhum deles. Sou néscio, por isso? Não creio. Sou apenas alguém a quem o descontentamento e a ânsia pelo sucesso se entrelaçam cada vez mais forte com o medo do fracasso, porque na juventude, todas as ânsias são por chegar em algum lugar o mais cedo possível, mas na idade madura, chegar é algo que não pensamos mais, senão que apenas nos disponibilizamos para a vida, para que nos presenteie com a paz de espírito.

O descontentamento com paz é saber que a caminhada terá valido à pena, se as penas tiverem sido cumpridas ao longo dos desvios que a vida nos ofereceu.E desta forma, nenhum descontentamento terá sido em vão.




Hard Rock, Premio de Turismo, e a "elegância" do Prefeito



Leio que Gramado recebe pela terceira vez o prêmio de atrativo turístico mais lembrado do Rio Grande do Sul. E vejo o Prefeito Fedoca, feliz da vida, recebendo o prêmio. Que nada fez por merecer, uma vez que esse tipo de prêmio, se for sério, é dado por votação, e estas votações tem um prazo com antecedência para que tenham credibilidade. Sendo assim, ou o prêmio é fajuto, ou Fedoca deveria ter tido a elegância de convidar seu antecessor, no mínimo, para posar na foto. 

Se fizesse isso, Fedoca não estaria traindo nenhum princípio partidário,uma vez na inauguração da Rodovia das Hortênsias, executada pelo antecessor, Pedro Simon, o Governador Alceu Collares cometeu a elegância de convidar Simon para as festivas inaugurais.

Leio ainda a belíssima retórica de Fedoca sobre a eventual possibilidade aprovar ou não o projeto do Hard Rock Hotel e seus periféricos. Fedoca, excelente advogado, dá todas as voltas e diz que talvez aprove, mas que talvez não aprove, se estiver tudo certo, pode ser que sim, mas se a leitura for desfavorável ao Meio Ambiente, pode ser que não. Resposta óbvia e correta, pois em ambos os casos, está amparado pela Lei, que não é de sua lavra, mas também de seus antecessores.

De qualquer forma, está valorizando o passe, e o grupo Hard sabe que a contrapartida legal e justa será ainda mais hard. 



Anastácio Orlikowski, meu Mestre divertido




O nome completo era Anastácio Dietrich Orlikowski, mas por economia de palavras, ele ia direto ao assunto e permitia, mais que isso, adorava, ser chamado de MIKI. Este apelido nasceu de uma dupla musical da juventude, com o irmão, quando animavam bailes, sob o epíteto de Mickey & Mouse. De Mickey, ficou Miki pela vida afora.

Exímio tocador de bandoneon, Miki era também exímio em muitas coisas mais. Desenho, pintura, escultura, xilogravura, litogravura, gravação em metal, modelagem, cutelaria, e sobretudo biscoitos com café. Não. Ele não sabia fazer biscoitos, ou pelo menos, nunca o vi fazendo.Mas comia muitos biscoitos. Eram, na verdade, seu cachê pelos ensinamentos que dava. Biscoitos e cafezinho. Talvez este o segredo de sua juventude, ao nos deixar, ainda sorridente e brincalhão, aos 92 anos de idade, mas juízo de 15, e sabedoria de 100.

Conheci Miki em 1977. Eu era aspone de turismo em Gramado, e responsável pelas atividades culturais do Município. Foi neste frutífero tempo que conheci e convivi com pessoas geniais, como "Sô Zé", outra figura excêntrica ao cubo, um mineiro de barba e cabelos brancos, enormes, um hippie com mais de cinquenta anos. Foi ele quem apresentou-me aquela figurinha miudinha, debochada com quem imediatamente tornei-me inseparável amigo, e que mesmo que a distância nos tenha afastado, a amizade foi contínua.

A última vez que consegui falar com ele, foi em 2008. Eu estava trabalhando em Lages, e quis levá-lo para uma palestra com os alunos do curso de Design de uma universidade local. Conversamos por telefone, mas infelizmente a palestra não chegou a acontecer.


Há dois anos atrás, fui à Bento Gonçalves, e intentei vê-lo, mas o tempo exíguo e os compromissos não me permitiram. Paciência. A vida separa mesmo os amigos de um modo ou de outro. A vida, e agora, a morte. Aos 92 anos, leio, com atraso, uma notícia que o velho poeta, e meu grande mestre Anastácio, contou sua última piada. Fez, pela última vez alguém rir e chorar. E sacaneou a vida. Não. eu não estava lá pra ver isso, mas conheço-o tão bem, que se me contassem que tenha sido diferente, eu mandaria que procurassem então ele escondido em algum canto rindo deles, porque este é exatamente o jeito que eu imagino que ele tenha feito sua despedida. Algumas palavras de profunda sabedoria, e uma palhaçada de recheio para não perder o jeito.

Miki foi meu padrinho de casamento e professor de desenho, perspectiva, luz e sombra, xilogravura, litogravura, modelagem, e começão de biscoitos. Quando comecei minha carreira de designer (à época era mais elegante ser chamado de Projetista), em 1979. Foi assim que aconteceu (ô memória filha da mãe essa, barbaridade):Ainda aspone da Secretaria de Turismo, eu odiava meu chefe. Gritava comigo na frente dos outros, passava o dia me dando esporro, enfim, alguém desagradável ao extremo, de quem eu desejava ardentemente livrar-me o quanto antes. E eis que atendendo às minhas súplicas, O Eterno envia à mim um marceneiro, que foi encomendar a criação de uma logomarca para sua fábrica de móveis, chamada Móveis Gramado.  Criei então a logomarca solicitada, e o homem ficou tão admirado com o desenho, que era um roupeiro em perspectiva, que me convidou para ser projetista de sua fábrica. Perguntei quanto ganharia, e o salário seria o dobro que eu ganhava pra levar mijadas como aspone. Aceitei na hora e combinei iniciar cinco dias depois. Apenas um detalhe: Eu não sabia projetar móveis.

Corri pra casa do Miki e contei o feito. Ele então olhou pra mim e disse: "Então temos daqui até segunda feira para que eu te ensine a projetar móveis. Vamos tomar um café, e começar as aulas". E assim foi. Depois disso, todos os dias, ao fim da tarde, por algum tempo, passava lá na fábrica para dar continuidade ao meu aprendizado. Foram muitos pacotes de biscoitos e bastante cafezinho, Mas valeu a pena.

Existem pessoas que valem a pena tê-las conhecido. Existem outras, que o vento das lembranças passa e leva embora sem deixar nenhuma saudade. Mas do Miki, confesso que, talvez pela idade que chega tropeçando nas juntas e chutando os artelhos, derramei umas poucas lágrimas pela notícia triste, mas óbvia, como é óbvia a vida. Felizmente, logo em seguida, lembrei das palhaçadas que ele fazia, deixando as pessoas em saia justa, pelas quais estou rindo até  hoje.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Sobre oposição e outras considerações



Opositar é um verbo que transcende a discordância das ideias e atitudes, e direciona a um composto de reflexões que trazem ao debate as possibilidades do contraditório, para formação das ideias e suas desejadas conclusões.

Baseado isso no pensamento judaico, onde o contraditório faz parte do diálogo, sem o qual não haveria o debate, e sem o debate não seriam levantadas as hipóteses, teses e antíteses que levariam à desejada síntese, que é o âmago da civilidade.

Sou questionado se por tanto oferecer reflexões acerca da linha política seguida pelo Prefeito Fedoca, seria eu, porventura, inimigo dele, ou de seus aliados.

Não! Não sou e nunca fui inimigo do Fedoca, e repetidas vezes disse aqui que fomos amigos em priscas eras de juventude, e por não ter havido nenhuma querela que nos confrontasse diretamente, em momento algum foi rompido este laço de respeito e admiração pela pessoa (espero que reciprocamente) um do outro.

Então, para que não paire nenhuma dúvida disso, aqui farei um breviário daquilo que admiro no atual Prefeito de Gramado, mesmo tendo eu próprio sido participante ativo da candidatura do candidato que, no meu entender, poderia ter sido mais preparado para o cargo (e aqui não abro debate sobre opiniões, e gracinhas jocosas sem argumentos necessários seriam ganidos impúberes de energúmenos despudorados à procura de querelas para contender). Sendo assim, relato o que sei de Fedoca, e que torna-o digno de meu profundo respeito, independente de suas ações administrativas ou ideologismo político.

Ótimo contador de anedotas, sei  muitas (todas políticas) que ouvi dele, em rodas de amigos no Café Cacique, ou Lancherias do Dinda, Hortênsias ou Bara do Bellotto, na Estação Rodoviária, quando era na Av. Cel. Diniz, hoje, Av. Das Hortênsias.

Brincalhão, tinha sempre um olhar maroto e um sorriso em diagonal para elevar o humor do ambiente onde chegava. carismático, tinha que cumprimentar um por um, quando chegava ou saía no Gramado Tenis Clube, onde todos passavam o verão (eu era pobre, mas como me sustentava desde menino, pude comprar meu título no clube,e era lá que estavam muitos dos meus amigos).

Generoso, foram muitas as vezes que abasteceu o café da manhã de alguns desfavorecidos pela fortuna, como o "Taquinho", que já era parte do grupo, tamanha a intimidade e liberdade que sentia, tendo Fedoca como seu patrono entre os amigos.

Perspicaz, como quando, (isso eu não vi, mas ouvi falar e se não for verdadeiro, certamente ofereço a ele o contraditório, se é que Fedoca lê o que eu escrevo)estava para contratar uma secretária, recebeu a moça, num dia de chuva copiosa, e deu à ela um guarda-chuva e um regador, ordenando que ela fosse lá fora regar as plantas. Certamente a moça ficou estranhada, e de fato, não sei se foi contratada, mas entendi perfeitamente a situação da excentricidade, onde ele testava a fidelidade da eventual colaboradora, e sua capacidade de receber instruções sem tomar tempo do chefe com questionamentos inúteis. Confesso que ja pensei em fazer o mesmo,  mas nunca apareceu ninguém pedindo emprego num dia de chuva.

Debochado, tinha uma resposta de tirocínio na ponta da língua quando era apertado em alguma piadinha jocosa, o que respondia com educação, e um palavreado rico no vernáculo, e abarrotado de verdades. Foi dele que ouvi pela primeira vez a palavra "promiscuidade", ao referir-se às coisas que ouvia-se dizer de certas congregações religiosas.


Fomos vizinhos por certo tempo. Aluguei uma sala de seu pai, cuja porta ficava ao lado de seu pequeno apartamento, onde sempre o tive como um vizinho cortês e decente.

(Continua após comercial de apoiadores deste blog, aos quais agradeço)


Jamais ouvi qualquer comentário que deturpasse sua índole, exceto por opiniões acaloradas de desafetos políticos, o que desconsidero, por entender que denuncia sem fatos é ilação e falso testemunho, e disso, jamais poderei ser acusado, antes pelo contrário, prezo pela verdade, e a verdade no seu tempo devido, pois dizer a verdade quando ficar calado poderia ser a melhor solução em resolução de conflitos, não é mentir, mas preservar a integridade dos envolvidos, posto que humanos, e passiveis de falhas. Falar por falar de alguém, de modo pejorativo, ainda que verdadeiros os fatos, é agir com língua viperina, e também piperina, o que não se pode confundir com criticar atitudes, ideias, resultados indesejados.
Seja portanto esclarecido que irei continuar a defender minhas ideias, assim como as ideias com as quais concordo das pessoas que me procuram para tal, contanto que cada reflexão seja entendida como ponto de partida para que novas soluções sejam pensadas e debatidas por todos. É assim que eu faço.

Não quero que minha liberdade de criticar seja transformada em obrigação de criticar sempre. Se tenho vontade de elogiar, eu o farei sem nenhum constrangimento. Hoje, por clareza de meu caráter, elogio ao meu adversário político. Outro dia, farei o mesmo com outros personagens que andaram em meu caminho, ora comigo, ora contra mim,mas buscando de todos o melhor. Não creio na dicotômica ordem do certo e errado o tempo todo em todas as pessoas, mas que todas as pessoas, um dia erram e noutro buscar reparar o passo em falso. Vou contar historias de pessoas. um dia, pode ser a sua. Até porque a minha ainda não terminou para ser contada.

O erro da Inteligência Artificial (IA) - Um diálogo quase absurdo com uma IA

Pergunta -  IA! a IA poderá criar outra inteligencia artificial mais evoluida que a atual, a partir do conhecimento e da capacidade que já p...