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sexta-feira, 17 de março de 2017

Sua Excelência...o Traque!




Usei um termo em desuso, para não chocar as novas gerações mais pudicas, porquanto há inúmeros adjetivos mais chulos que também caracterizam o escape flatulento  da gaseificação intestinal. Mas é disso mesmo que eu preciso muito falar nesse momento. É uma questão de contribuição elucubrativa ao enriquecimento dos costumes e da natureza do próprio supracitado, não por questão de ciência, mas por justiça ao feito mesmo.

O Traque (aqui uso inicial maiúscula, por estar tratando do sujeito e não apenas da ação ou do verbo) tem sido amplamente debatido ao longo dos séculos pela ciência, pela ética, e até mesmo pelos meios jurídicos. Existem leis em certos países que absolutamente proíbem a liberação do traque em certo locais. Multa e prisão são as penas imputadas sem piedade a quem descumprir a legislação e burlar os costumes, soltando traques em público.

Aos mais jovens, vou traduzir. Estou falando de Pum, Peito, Gases, Fedido, Cabuloso, e assim por diante. São mais do que liberações intestinais. São verdadeiras cédulas invisíveis, mas perceptíveis e audíveis de identidade, especialmente da identidade ética do seus responsáveis. Podem ser ainda informantes, X-9, Dedos-duros do caráter, da educação, e sobretudo da dieta alimentar da pessoa.

O traque é quase uma impressão digital das vias inferiores, pois denunciam seus autores com requintes de informações, que podem ser chamados de "DNA Gasoso", tantas são as informações que um bem definido traque pode oferecer.

Traque é coisa que passa de pai pra filho. Nossos traques estão na família há muitas gerações. E com o passar dos anos vão sendo aprimorados pela mistura de famílias. Um verdadeiro tesouro genético-intestinal.

Não sei se alguém já se dedicou a uma pesquisa mais aprimorada, por exemplo, das variações sonoras do dito cujo. Vou tentar aqui descrever algumas.Por exemplo:

O Cantor de ópera - É aquele traque guardado a noite inteira (ou pelo menos durante o longo despertar da madrugada, para não tomar tabefes do cônjuge) e liberado de uma só vez ao assentar-se na louça pela manhã, aquele que sai junto com o xixi. Esse tipo de traque lembra em todos os detalhes um cantor de ópera, cantando uma ária extensa. Começa num Dó sustenido, sobe duas oitavas, estica as cordas vocais do Fredolino até a exaustão, e sai como um sonoro gorjeio seguido de um assovio numa escala continua e crescente, até que alcance uma frequência audível apenas por animas. Não é raro que cães desatem a uivar em uníssono a uma distância de duzentos ou trezentos metros do local do feito, atirando-se contra a parede e esfregando as patinhas nas orelhas, como que limpando numa contínua e sôfrega massagem auricular.

O Escandaloso - É aquele indivíduo que, após perceber que a perna do portador foi erguida, grita igual ao Tarzan quando enfrenta uma macacada, e sai em disparada ao vazio, chutando porta, hemorroidas, beirais e corredores, e lança-se no vazio do infinito, abraçando narinas da multidão, e fazendo tremular vidros e cortinas do ambiente onde foi liberado. Esse tipo de Traque geralmente é seguido de brados de vitória, como: UIAAA! É HOJJEEE! SAI DE BAIXO QUE AÍ VEM CHUVAAA!, e coisas desse tipo.

o Tímido - É aquele que esconde-se o quanto pode, e só sai a campo quando o ambiente estiver absolutamente liberado. Esse tipo só é detectado pelo elemento surpresa, em circunstâncias muito específicas. Mas é  o mais comum, mesmo discreto.

O Econômico - É aquele Traque que vai saindo aos poucos, para que o prazer da libertação seja prolongado por mais tempo.

O Serelepe - É aquele brincalhão, que vem cantarolando, começa e para, recomeça e para.  Sai aos gritinhos, um agora, outro daqui a pouco, enfim, um bobo alegre.

O Criançola - O Traque Criançola é aquele que não pode ver água, que quer sair fazendo bolinhas.

O Desastrado - Esse, coitado, é um infeliz, descontrolado. Acredita apenas na alma, mas esquece o corpo, e pronto. Surpresa! Acha que é apenas um traque, e vem acompanhado de todo o pessoal da limpeza. E quando isso acontece na louça, está bem, tranquilo. Mas quando acontece na rua? Ai, misericórdia! Nem é bom comentar.

o Ciumento- O Traque Ciumento é aquele que que só quer ser cheirado pelo autor, que também é chamado de Egoísta. Não divide o prazer com os outros. Solta debaixo da coberta e se enfia lá até gastar cada molécula da substância em benefício do seu nariz. Acredita até na teoria que cheirar traques cura câncer.

O Traque Altruísta- É o contrário do Ciumento. Esse é aquele traque que já estragou muitos relacionamentos. Daquele tipo que quando o marido solta, enfia a cabeça da mulher embaixo da coberta pra cheirar junto.

O Fantasma- É aquele Traque que surge do nada em meio a reuniões fechadas, elevadores, onde NINGUÉM sabe de onde surgiu. Esse é caso de chamar um exorcista ou fazer uma oração, algo desse gênero, para quem acredita.Nunca é demais saber disso. Elevadores são um perigo.

o Político - É aquele Traque que promete ser um terremoto e acaba sendo um aguaceiro, um churrio, um desarranjo.

Personalizado - É aquele Traque ao estilo do autor. Pensa por exemplo do traque do Trump. Certamente é diferente do traque da bailarina ninfeta do Bolshoi no colo do bailarino, no auge do Lago dos Cisnes.


Enfim, Traque é muito pessoal. Dia desses te convido a conhecer os meus.



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