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sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Arno Michaelsen - O Prefeito Humano que Gramado precisa lembrar



Minha família havia atravessado uma grande tragédia, e voltava cabisbaixa para a terra natal, Gramado, início dos anos 60 do século passado. Minha avó foi trabalhar em um restaurante, do já inexistente "Motel balneário", também conhecido, na época, como "Tênis Clube", onde lavava pratos, fazia limpeza, e levava algumas sobras para nossa casa.

Meu tio, Esaú, ainda adolescente, foi fazer biscates com madeireiros, aplanadores de terras, coisas desse tipo. De vez em quando tomava umas cachaças, dava uns cascudos nos brigadianos, ia preso, minha avó chamava o Dr Celso Dalle Molle, advogado, que ia com ela na delegacia, e soltava o piá. Era uma rotina.

Meu outro tio, Samuel, um piazote ainda, também fazia pequenos biscates pelas fábricas de Gramado: Pelando vime, no Dinnebier, Moranguinho, pra fábrica de Doces, surrando e apanhando da piazada de rua, arrancando samambaia nos terrenos, enfim, também prosseguia na sobrevivência.

Minha mãe, a filha mais velha,foi trabalhar de babá nas casas das famílias Koetz (ela comentava comigo que as crianças eram extremamente bem educadas. Sabiam a hora de irem dormir, eram respeitosos, afáveis, e inteligentes. Vale citar nomes aqui: Orlando e Teresa Koetz, pais do Flávio, Paulo, Fátima, e Zena. Em sequência (ou ao mesmo tempo, isso eu não sei, foi também babá dos filhos do casal Marcílio e Irani Cardoso (Tio Março e Tini), Manoel Ignácio, Alexandre e Caetano. Tornaram-se estes, meu irmãos de alma, desde então.

Marcílio e Irani viam em minha mãe, Ester, mais de uma uma menina (com 17 anos) que cuidava de crianças, mas uma inteligência em busca de espaço. Tio Março, levou-a então, até o Prefeito, Sr. Arno Michaelsen, e apresentou-a, da seguinte forma:

- Arno! esta é a filha do Assis!
-  Filha do Assis? Então temos que conseguir uma oportunidade para esta menina.

E imediatamente a nomeou Professora da Escola da Curva da Farinha (ou foi na Piratini, disso não tenho certeza nesse momento).

Eu quis relatar este particular, para demonstrar que meus ensaios não são para enaltecer políticos ou escrever a história, mas para lembra, através da história, o grau de humanidade que alcançaram meus personagens.

Arno Michaelsen, foi o segundo Prefeito desde a emancipação de Gramado. Eram os primeiros tempos. As preocupações de um prefeito em 1960 eram diferentes dos desafios de hoje. Enquanto hoje, disputam os prefeitos, sobre quem asfaltou mais estradas, naqueles dias, a disputa era com a topografia, a sobrevivência. Abriam-se estradas contando apenas com um velho trator de esteira, e uma motoniveladora, comumente chamada de "Patrola". A Prefeitura era recém criada. Se há hoje vícios de continuidade, naquele tempo não havia sido ainda maturada a substância política tradicional em Gramado. Claro que haviam facções, preferências ideológicas, mas ainda prevalecia o discurso comunitário. Quando Arno nem pergunta a razão e diz que "temos que conseguir uma oportunidade para esta menina", ela faz uma leitura completa da situação, que já havia chegado aos seus ouvidos, e não tomou o precioso tempo da menina com perguntas estúpidas de embromação. Simplesmente decidiu: Vamos agir, pois o momento urge!

Naquele tempo, o Prefeito era uma Autoridade moral. Era, eu disse. Tomava decisões e assumia por elas. Nesse tempo, ainda não corria esgoto a céu aberto pelas ruas da cidade, talvez porque nesse tempo ainda não houvesse um serviço eficiente de saneamento e abastecimento de águas quanto tem hoje em Gramado.

Arno Michaelsen foi o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores de Gramado. Segundo os dados deixados pela falecida historiadora, Marília Daros Franzen, Arno nasceu em Nova Petrópolis, em 1929. teria completado então 100 anos, recentemente. Seus pais eram Theodoro Guilherme Michaelsen e Berta Kny. Em setembro de 1940, casou-se com sua companheira fiel, até o fim dos dias, Angelina Caberlon.

Bem poucos sabem, mas Arno também já foi cantor. Em um coral, mas foi cantor, No Coral Evangélico de Gramado. (A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, a Igreja do Relógio, também conhecida como "Igreja protestante").
Arno abriu, nos anos 5, uma Casa Comercial, e deu o nome de "Estrela". Vendia roupas, tecidos, e armarinhos, miudezas para costura. Mais tarde, o mesmo prédio serviu como restaurante, chamado, se não me falha a memória, de "Vera Cruz Churrascaria", ou algo assim. Já não existe mais. A churrascaria foi comprada pelo empresário Adail Bertolucci (Ex-Chocolate Planalto), e mais tarde ali foi construído um parque temático, da mesma empresa.
Em 1957, Arno presidiu o Centro Esportivo Gramadense. Participou ainda do grupo de bolão denominado "Vampiros,", na Sociedade recreio Gramadense, o principal clube social da cidade.



Vale lembrar que antes de ter sido Prefeito e Vereador por Gramado, Arno Michaelsen já havia sido Vereador pelo 5º Distrito de Taquara, e também Sub-Prefeito, pelo mesmo Distrito, que era Gramado, trabalhando, desde esse tempo pela emancipação política de Gramado. Tomou posse em novembro de 1955, como Presidente da Câmara, e começou então a preparar as novas leis municipais, através do Regimento Interno da Câmara e do Código de Posturas do Município de Gramado, sancionados em 1956.

Alguns nomes notáveis devem ser lembrados desta gestão, pessoas queridas por muitos que leem
meus ensaios e histórias. Alice Ilse de Castilhos, a querida Tia Alice, da Prefeitura, onde trabalhou até sua aposentadoria. Os irmãos Evanor e Luiz Maurina, e o saudoso amigo, Arlindo de Oliveira. Um dia vou contar episódios mais detalhados sobre Arlindo. Finalizo a equipe, com a queridíssima professora Cleci de Oliveira, que muitos lembram dela, do Cenecista.

Em 1960, Arno concede Cidadania ao pioneiro Leopoldo Rosenfeldt, pelo legado de seu trabalho. Para os neófitos da terra, são de autoria de Leopoldo, o Lago Joaquina Rita Bier (aquele dos espetáculos no natal Luz e tantos outros), o Lago Negro, o atual Centro Municipal de Cultura Arno Michaelsen, e o loteamento do Bairro Planalto. Coube a Arno ser o primeiro Prefeito a administrar o legado de leopoldo Rosenfeldt (que doou as terras dos lagos ao Município de Gramado.

A Educação era uma das prioridades do Prefeito Michaelsen, e eram fomentados treinamentos para professores da sede e do interior.
Nesta foto ao lado , um dos frequentes treinamentos, dos quais minha mãe, Ester Cardoso (hoje Fauth), participou em sua formação pedagógica.

Nesse tempo, a vizinha cidade de Canela já era conhecida pelas escolas, de natureza devocional,que recebiam alunos de vários municípios vizinhos, e até mesmo distantes. Gramado então, começava a despontar para seu próprio sistema educacional público. Deve-se ao Prefeito Michaelsen a eclosão deste movimento.




Carteira de Professora, em 1960









Escola Rural, no vale do Quilombo






Em 1961, Arno inaugura a nova sede da Prefeitura, em Gramado.

Em 1961, a Prefeitura doa ao  Estado um terreno com 3 mil metros quadrados, onde é construída a Escola Estadual Boaventura Ramos Pacheco, na então chamada Vila Floresta.

Arno promoveu, sob sua administração, o plantio de milhares de hortênsias,e oficializou, em 1961, a Festa das Hortênsias em Gramado. Vale saber que a Festa das Hortênsias, foi precursora de eventos como o Festival de Cinema, e por via indireta, a FEARTE - Feira Nacional (e internacional) do Artesanato.
Quero acrescentar que as obras e a construção de uma sociedade, não podem ser atribuídas a uma única pessoa ou grupo, mas ao conjunto crescente de pessoas e grupos que trabalharam em seu tempo e com os recursos que tinham disponíveis, e fizeram destes recursos o melhor que poderia ter sido feito, assim como uma corida de bastões, onde todos vences, e não apenas que chega ao final.

E, 11 de setembro de 1961, Arno, Prefeito, cria o Conselho Municipal de Turismo - COMTUR. Ainda neste ano, é inagurado o Instituto Bálneo e Lodoterápico de Gramado, de propridade da Família Nelz. Este Instituto internacionalizou Gramado, por receber pacientes, e também turistas europeus, que procuravam sua Lama Medicinal para tratamento de diversas doenças.

Gosto de lembrar que não foram as belas paisagens apenas que fomentou o Turismo em Gramado. Foram as pessoas, pelo seu modo de receber, de se envolverem com os visitantes, de se preocuparem com a boa alimentação servida, e especialmente por interagirem com os acontecimentos locais. Visitas importantes (e todas as visitas eram importantes), convocavam os habitantes para estarem lado a lado nos passeios, nas fotografias, nas atividades sociais.

Um dos principais atrativos da festa das Hortênsias, eram os carros alegóricos, enfeitas de hortênsias, levando as misses, Rainha e Princesas das festas, sendo aplaudidas pela multidão às ruas. Era um evento comunitário, feito para o povo, para os gramadenses, que naturalmente, atraía turistas, mas o objetivo era mesmo honrar o povo local.


Em 1962 é criada a taxa de Turismo de Gramado, através da Lei Ordinária 0.143/1962. Neste mesmo ano, inaugura-se a Praça do Rotary.

Em 1963, é inaugurada a Praça Leopoldo Rosenfendt, em homenagem ao Pioneiro do turismo.

No ano de 1931, Arno Michaelsen movimenta, junto com Walter Bertolucci, Deputado, suas influências, e inicia a construção da Estrada Gramado-Taquara. Até então a rota serpenteava várias localidades, e este trajeto encurtava consideravelmente a distância até a capital, Porto Alegre.



Em 1963, a Iluminação Pública de Gramado ganha novo visual, com equipamentos fabricados na própria oficina da Prefeitura, sob o comando de Arlindo de Oliveira.
Estes eram os equipamentos disponíveis para o desafio das terras rochosas que desafiavam a abertura das ruas que temos hoje em Gramado.

Gramado é a cidade mais florida do Brasil disso não resta dúvida. Mas as belas floreiras centrais, começaram na administração de Arno Michaelsen.
Desde minha infância, lembro de papoulas, Zíneas, Bocas-de-Leão, Cravinas, Cravos, Cravos-de-Defunto, Margaridas, e tantas outras, além da plantação dos frondosos Ligustros, à beiras das calçadas, que eram podados a cada dois anos. As flores dos ligustros enchiam as ruas de abelhas, na entrada da Primavera, e as matas eram povoadas de colmeias selvagens.
Também foi na gestão de Arno Michaelsen, a construção da Praça Major Nicoletti, hoje apreciada, utilizada, e fotografa por milhões de turistas, e enviadas ao mundo inteiro.

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No dia 25 de Julho de 1963, foi lançada a Pedra Fundamental da Escola 25 de julho, próxima ao lago Negro. Adivinhem quem era o Prefeito que cortou a fita?

Gramado tem estas virtudes. Às vezes, lembra dos seus, e quando lembra, os recompensa com lauréis. Em 1994, junto com o Prefeito Nelson Dinnebier, Dr Erico Albrechet, e outro personagem, que não lembro quem seja, Arno Michaelsen foi agraciado com o título de "Cidadão Gramadense". Tive o privilégio de escrever,a pedido, a biografia do dr Erico Albrecht, cuja história será ainda, se D-s me permitir, contada aqui neste espaço.
Muito há por falar-se de Arno Michaelsen, mas neste relato, fixei a premissa de sua obra mais importante, que foi, como segundo Prefeito de Gramado, sedimentar o trabalho bem orquestrado de seus pares: Walter Bertolucci, Oscar Knorr, Leopoldo Rosenfeldt, Carlos Nelz, Erico Albrecht, Almeri Peccin, José Francisco Perini, Orestes dalle Mole, Os Irmãos Cardoso, Josias Martinho, e muitos outros, a quem dedicarei, ao seu tempo, algumas páginas de memória.
Se Tio Março (Marcílio Cardoso) chegasse hoje e apresentasse Arno Michaelsen à mim, eu diria:
- "Arno Michaelsen? Temos que apresentar este grande homem aos leitores!"






Fotos e informações baseadas em pesquisas realizadas pela historiadora Marília Daros Franzen (In memorian), e materias cedidos por Darci Michaelsen, filho de Arno.*




segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Porque os franceses (e os manezinhos da Ilha) odeiam os turistas - Em breve você também irá odiá-los (ou amá-los ainda mais)



São onze e meia da manhã, e você precisa chegar a tempo de buscar seu filho na escola, ou fazer qualquer coisa, que esteja situada nos extremos da Avenida das Hortênsias, entre Gramado e Canela (os canelenses dizem que é Canela e Gramado), liga seu carro, entra na rodovia e......as faixas da direita e da esquerda, estão tomadas por simpáticos turistas, que querem contemplar o modo de vida dos nativos, e andam a vagarosos 30 km por hora, quando estão acelerados. No lado esquerdo. E você quer ultrapassar, mas sua educação, seu trato refinado, sua hospitalidade, diz que os turistas estão lhe visitando, pagando suas contas, direta ou indiretamente, então, sim, eles tem o direito de atrapalhar sua agenda, sem problema algum.

Você, silenciosamente, tece elogios às mães destes pachorrentos, louva a honesta castidade de suas esposas e namoradas, tece louvores mentais `masculinidade dos próprios, e por fim, consegue uma brecha de descuido, para acelerar  até que encontre o próximo logo mais à frente.

Começa a refletir e descobre que o mesmo acontece com sua casa, antes um aprazível chalezinho, com um jardim de flores, e hoje, em razão da possibilidade de ganhos honestos, com a troca de mercadorias por cédulas, mesmo que eletrônicas, e vê que não tem mais flores para regar. Só conta pra pagar.

Sua mãe, coitada, faz tempo que implora para enfiar-lhe goela abaixo aquele bolo de cenoura que fez há duas semanas atrás, mas o turista pachorrento o impede de chegar à casa dela, e quando vê, as horas o agarram, o espremem contra a vida e suas apertadas circunstâncias, e a vida passou..atrás do pachorrento, o amado turista.

E pouco a pouco, começam a aparecer sutis piadinhas, memes, que, em função do engarrafamento, por falta de planejamento estratégico no tempo devido, a água que não corre mais nas torneiras, senão abaixo de muita pressão política e jurídica, o excesso de luzes, de gente estranha pelas ruas, da falta de tempo para ir à igreja, à sociedade, ao futebol com os amigos, para namorar, falta de espaço para que as crianças brinquem, você começa, pouco a pouco a criar certa antipatia velada pelo turista, que nunca poderá trazer à luz, porque ele já comprou a sua liberdade, definitivamente, Ele já comprou a sua alma, decididamente.

Os parisienses odeiam os turistas. Vou corrigir: os parisienses não odeiam os turistas e nem o dinheiro que eles despejam aos montes da Cidade-Luz diariamente. Os parisienses odeiam a falta de senso de ridículo que tem os turistas em achar que paris inteira está á sua disposição. De achar que os nativos lhes devem louros, e que devem estar sempre limpinhos cheirosos (a segunda parte até é assim mesmo), sorridentes, dispostos a entender os grunhidos que os turistas acreditam que seja francês, inglês ou portunhol, achando que falam francês com Charles Aznavour ou Edith Piaf.

Os parisienses não são os únicos a olharem para os maus turistas, de costas, com desdém, e esta cultura já começa a chegar no Brasil, começando por Florianópolis, que é uma cidade que sempre gostou de ser pequena, mas que por culpa se sua exuberante natureza, agigantou-se. Atraiu dinheiro, obras, cultura, empregos.  A cultura de paris começa a entrar de mansinho nos pensamentos de quem gostaria de caminhar com a família num fim de semana, sem ter que prender pulseirinha e cordão no pulso dos filhos, com medo de perdê-los na multidão, em sua própria cidade.

Não, o título é apenas uma metáfora, pois você sabe que são os turistas quem pagam o padrão de vida cujos altos custos tornaram-se necessários para que você pague as contas do cartão de crédito que antes não existiam. Você come melhor...Melhor? Será mesmo que no restaurante de três estrelas, cm talheres de ouro, a lasanha é melhor que o capelete da sua avó? Será que o bufê quilométrico das churrascarias é mais prazeroso que o churrasco na pilha de tijolos que seu pai fazia para acompanhar a salada de maionese de sua mãe? Será que o bufê de sobremesas é capaz de confrontar o pudim de sua mãe? Eu acho que não é. Então, a SUV que está na sua garagem, te leva mais longe que te levaria um carro menos suntuoso, e pra que, se a casa dos seus amigos fica a poucas quadras da sua casa?

Os parisienses odeiam o que os turistas fizeram com a doce vida de Paris. Um dia, você também vai procurar outro modo de vida, antes que a vida escoe pelo ralo das frestas por onde passa o brilho da falsa prosperidade.

Então, o problema dos parisienses, dos manezinhos da Ilha, e de sua própria cidade, nunca foram os turistas, mas a sua própria ânsia de torná-los dependentes dos seus mimos,para que abram a carteira e banquem os sonhos que você já se perdeu em buscá-los.


Bruno Irion Coletto - O Cérebro ativo da diplomacia política em Gramado



Ele é de baixa estatura, tímido, fala baixinho, mede cada palavra, fala com polidez, como se calculasse o comprimento da linha, para que a frase inteira caiba no mesmo espaço. Não sei se seria comparável a outro eminente advogado, baixinho, baiano, chamado de "Água de Haia", um verdadeiro gênio político e diplomático, Rui Barbosa.

Não se trata apenas de inteligencia inata, mas de perspicácia edificada por metodologia científica (sim, a política pode ter ciência acoplada), em um cenário que beira a estagnação moral, que é a política local e nacional. Ainda assim, tem projeto político, no calibre de sua capacidade, ética e perspicácia, para tornar mais republicana a política brasileira, a começar por sua aldeia*, Gramado.

Bruno Irion Coletto, o Dr. Bruno, nos dois sentidos, Professor universitário, Advogado, Mestre em Direito, em New School for Social Research, NYC, USA, Mestre, em 2013, formando-se ainda em Estudos Avançados em Economia, Ciências e Política, pelo The Phoenix Institute, Notre Dame, em 2013, e Doutorando pela UFRGS,  atualmente,é filho de dois notáveis gramadenses: O Engenheiro Alemir Coletto, e a Artista Plástica Débora Irion, cuja bagagem cultural enriqueceu o jovem Advogado a trilar por caminho distinto, mas igualmente notável, do Direito, perseguindo de forma apaixonada o caminho da Política, enquanto instrumento de crescimento da civilização. Em resumo, É bacharel, com láurea, em Ciências Jurídicas e Sociais - Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É Advogado e Sócio Senior de Coletto, Gregoski & Gavronski Advogados Associados. Foi Professor de Direito na Uniritter. Foi Procurador-Geral do Município de Gramado/RS. Aliás, Bruno tem dois Mestrados: um em direito e um em ciência política.

É uma bagagem que qualquer pai deseja para seus filhos. Mas deixo o orgulho dos Irion/Coletto à parte, e persigo apenas um feito de seu trabalho pela política gramadense, que se eu não vier à público fazê-lo, dificilmente haverá qualquer espécie de reconhecimento dos beneficiados (a própria Sociedade) em direção ao seu trabalho.

Para efeito de informação, vale lembrar que a Câmara de vereadores de Gramado, sempre trabalhou em um arranjo onde o Vereador mais votado seria, automaticamente eleito o Presidente da casa por dois longos e penosos anos, dependendo de quem fosse a eminencia parda ao alcance do cargo. 

Considerando que esta última composição contemplava o vereador Ubiratã, como o mais votado, mas havia também Luia Barbacovi, que calçou as sandálias da humildade ao ser preterido candidato a Prefeito, por uma grotesca traição (fato que não tem bandeira em Gramado para acontecer), havia um ponto cego na composição da oposição (adoro rimas fortuitas, gratuitas), que poderia colocar em risco a força da UPG, em estado quase líquido, pronto a evaporar-se, e isso só não aconteceu, graças à astúcia, a perspicácia pol´tica do jovem Presidente do PP, Bruno Irion Coletto, que desenhou um mapa político que teve força e forma pelos quatro anos que se seguiram, fracionando e pulverizando os egos na Câmara, e alternando o poder, dando oportunidade a quem dificilmente encontraria guarida sob a batuta dos que estavam acostumados a mandar e desmandar, como se ainda vivessem num tempo feudal, despótico, oligárquico.

Assim, começando por Luia, o injustiçado, seguindo-se pela Vereadora Manu, que era independente naquele momento, isolada em seu Partido, Republicanos, Ronsoni, cujo maior sonho confesso, era ser Presidente da Câmara, e eu já confessei, mas vou lembrar outra vez: eu estava preparado para deitar e rolar nos eventuais deslizes de Ronsoni, e dou a mão á palmatória: quebrei a cara! Como disse Miron esta semana, e eu, antes disso (ver a matéria aqui), Ronsoni surpreendeu até á si mesmo, a conduzir responsavelmente, de forma republicana, a casa Legislativa da cidade mais linda do mundo, depois de Haifa, em Israel,  que é Gramado. E agora, a jóia da coroa, a cereja do bolo )falando carinhosa e respeitosamente) encerra o capítulo do quarto Presidente, isto é da quarta Presidente, Rosi Ecker Schmitt, )Progressistas), seu início de mandato, tendo como suporte os dois Presidentes anteriores, Luia e Manu. 

Haverão palmas e menções, mas quero antecipar os aplausos a quem idealizou, desenhou, escreveu, construiu, matou no peito a ideia, o Doutor Bruno Irion Coletto. Sem trombetas, sem alardes, silenciosamente, mansamente, inteligentemente, e coroada de sucesso. E por não ter nascido emGramado, pois muito bem merece, a honra de receber o título de Cidadão Gramadense. Mas nem precisa, pois nascer, viver, trabalhar e honrar o chão que o acolheu e ainda acolhe, é um certificado ainda maior.

Não me surpreenderia vê-lo candidato a Prefeito de Gramado. Agradável surpresa. Substancial possibilidade.




domingo, 22 de dezembro de 2019

Netos de Férias na Casa do Vovô - Um Seminário de Sobrevivência e Diversão



Fim de ano, tempo de fazer uma faxina nos armários da vida, e jogar fora aquilo que não serve mais: mágoas, inveja (que todo mundo tem, até eu tenho. Tenho inveja de mim mesmo do tempo que sou feliz), e essas bobajadas todas que escrevem nos cartões de felicitações. Mas a questão não são as festas, nem o tipo de celebração, e sim, o que acontece no intervalo entre elas e o reinício das aulas, que é quando o país retoma à vida: os Netos!

Quando a gente envelhece, paz e quietude são aquilo que desejamos ter. Besteira! Ou temos paz e quietude, ou temos netos com saúde. As duas coisas não coexistem. Ou será que dá pra conciliar? Vejamos o que acontece quando eu recebo netos aqui no estabelecimento.
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Como vivo sozinho, e não tenho serviçais que todos tem, tipo, "a Tia da Faxina", a "Tia do Cafezinho (este luxo é para a cidade), a "Tia da Cozinha", "A Tia Camareira, etc", as coisas são administradas da seguinte forma (segue o check List):

1 - A comida não vem pronta. Aqui não se come "Fast-food". Então, as cenouras, as batatas, a cebola, a moranga, precisam ser descascadas, e não possuímos descascadores automáticos, portanto, é feito na faca, bem afiada.

1.1 - É proibido cortar os dedinhos. Portanto, é necessário um intenso curso, com direito à palestras minuciosa aliada à exercícios práticos, de como se descasca legumes sem decepar dedinhos.

1.2 - A comida pode ser comida de qualquer jeito, mas alguns alimentos ficam mais palatáveis, se forem cozidos. Talvez seja até uma superstição, mas a experiência me ensinou que feijão, batatas, brócolis, e até o bife, ficam melhores quando passados por temperaturas mais elevadas, adicionadas de sal, temperos, e água. Tentem fazer isso, pra saber como é, e depois me digam.
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1.3 -A comida não sai voando da panela pro prato, então, há boas práticas em servir a mesa, para que seja mais confortável e divertido o ato desnecessário, mas importante de comer.

1.4 - Nada mais legal que terminar de comer e sair correndo para brincar. Supimpa mesmo, mas, os pratos não se lavam sozinhos, e o velho vovô é um só, meio apatetado, desnorteado com estas rotinas, assim, é necessária a formação de um "Conselho de Higienização", que após, demorado "Brainstorming", decidirá o melhor método para que pratos, talheres e panelas voltem a ser limpos, e repousem em seus respectivos nichos dos armários. Que ótimo. Agora..hmm, agora comer mais um pouco, pois faltou a fruta, afinal, já faz meia hora que comeram aquelas migalhas no prato, e ninguém sobrevive com tão poucas calorias, fibras, e vitaminas. Ninguém!

1.5 - Hora de tirar uma sesta, afinal, velho é velho. Mas, antes disso, certificar-se de checar os itens de segurança e sobrevivência, enquanto dorme:
1.5.1 - Wifi ligado (ok)
1.5.2 - Portão trancado (ok)
1.5.3 - Umas frutas de "estepe", caso bata vontade de mandar alguma coisinha doce pro banduletinho (0k)
1.5.4 - Carregadores de celular à mostra (ok)
1.5.5 - Kalashnikok do lado da cama para emergências, do tipo: Briga entre irmãos, acordarem o vovô por futilidades, etc (ok)

2 - Lazer da tarde
2.1 - Fazer um bolo, juntos ( a receita é a do pacotinho, mas os ingredientes precisam ser adicionados na bacia, e isso tem que ser supervisionado pelo vovô.
2.1 - Sorteio pra quem liga e pra quem desliga a batedeira orbital.
2.1.1 - Mostrar a Kalashnikov pra quem fizer birra por ter sido roubado no sorteio. Quase sempre funciona.
2.2 - Mostrar novamente a Kalashnikov para quem insistir em comer o bolo ainda quente.
2.3 - Servir o bolo com sucos e umas frutinhas para acompanhar. Fazem bem pra pele.
3 - Diversão
3.1 Delimitar o espaço para uso do Skate
3.2 - Proibir de se machucarem
3.2.1 - Mostrar o Kalashnikov pra quem se machucar
3.2 - Fazer pausa pro lanchinho da tarde.
3.3 Aventura pela selva bruta (Na verdade é apenas caminhar uns metros pela estrada, cercada de mato, e caso não resida na Mata Atlântica, feito eu, mostrar um pezinho de capim crescendo na calçada, pode ser considerado território selvagem. Eles são tontinhos e nem entendem muito essa questão de territorialidade.
3.4 - Se teimarem que o capim não é uma floresta, mostrar, na telinha do celular, uma foto bem produzida do kalashnikov.

4 - Hora da janta. E quem diz que a comida se faz sozinha? Pão não nasce  em trepadeira junto á janela. Então, bora fazer um pão. Mas antes lavarem bem as mãozinhas. Se acharem ruim..Kalashinkov atrás da porta.

5 - Hora feliz! Podem brincar dos smartphones. Internet liberada!
6 - Hora do banho. Pra quem não gostar, sabonete em formato de kalashnikov. Funciona.
7 - Lanchinho, leve. Frutas. Uma fatia (no caso, um pedaço imenso) de bolo. Azar se ficou batumado. o gosto é o mesmo (que um sabonete).
8 - Misteriosamente o wifi desaparece. deve ser conspiração, porque o wifi dos vizinhos ainda está aparecendo, mas é protegido com senha. Egoístas! Hora do Plano B
9 - o Plano B
9.1 - Decifrar uns códigos secretos anotados em uns livros de um espião misterioso chamado: "Monteiro Lobato"
9.2 - Se for pronunciado em voz alta o texto misterioso, até dá pra entender o mistério.
10 - Palestra sobre Filosofia. Tema: Oncotô, quemcossô, proncovô?
10.1 - Debate sobre a infinitude do Universo, nosso lugar dentro do Infinito, e nosso destino final.
10.1 - Case, com  empreendedores do passado, tipo Daniel, o Visionário; Davi, o Conquistador das Galáxias, Yeshua, O magnifico,  que defendia as criancinhas do kalashnikov.
10.2 - Sair de fininho, porque já dormiram.

Contrate a Palestra: O sapo que Queria Voar (para adultos)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Você é Lindo! Você é Linda! - Quando a Moda Dita a Nossa Estima



Gosto da beleza. Dizia também  o inteligentíssimo e controverso  Clodovil, que "D-s Está na Beleza!". Concordo com a intenção e discordo com a afirmação. D-s não está na beleza, mas a beleza está em  D-s. Muda tudo. Mas o que é a beleza? A quem se curva a beleza e quem diante dela se extasia? Ou se estasia? Como se mede sua intensidade, ou onde encontrar seu padrão primordial? Qual foi a primeira beleza identificada, ou quais atributos são necessários para encontrarmos o equilíbrio da nossa própria beleza? O que é belo, e o que não é?

Há inumeráveis ensaios já escritos e padrões descritos como determinantes do grau de beleza das pessoas, e são as mulheres, principalmente, quem mais sofrem por causa dela. E é a poderosa indústria de cosméticos quem mais causa este sofrimento, pois quando oferecem a uma mulher um kit de maquiagem, estão dizendo: "Você é feia, mas podemos dar um jeito nisso!" Ou é a indústria da moda, que a cerca pelas ruas, atrás de vitrines que mostram, de um modo, o espelho, que traduz a dura realidade da próxima vítima, onde, primeiro, o espelho, a sombra do toldo, e ao lado, uma convidativa porta de vidro que anuncia: "Entre. Ar Condicionado!". Lá dentro, uma música suave, um perfume inebriante, uma iluminação que não ofusca os olhos, mas direciona para as roupas e calçados, e uma vendedora que parece ter saído de um comercial de perfume francês, adulando, valorizando a combinação "perfeita" do modelo à frente com a cliente, mas ao lado desta, um horrendo espelho dizendo: "Esta é você agora! E sua única oportunidade de sair daqui "poderosa", é se enfiando dentro deste pedaço de pano em forma de blusa que esta generosa e milagreira vendedora vai lhe presentear, e não se preocupe em pagar, pois seu cartão de crédito, da própria loja, já pensou nisso. Leve! A blusa é sua!
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A beleza tem padrões criados pelos seres vivos. Digamos que D-s criou a beleza, mas foram os seres vivos quem determinaram o grau de convicção que ela pode oferecer para satisfação própria ou dos parceiros. Até os animais escolhem seus pares com base na beleza, nos seus padrões de beleza. Os pássaros machos são os belos da espécie, e além de sua bem desenhada e excitante  plumagem, sues trejeitos e danças, e hipnótico gorjeio demonstram todas as receitas de beleza que podem oferecer à prole que pintainhos que desenham proliferar pelas matas com sua parceira, nem tão bela assim.

Beleza não põe mesa, diz o ditado. Ah põe sim. Ninguém escolhe. em seus sonhos, a feia da classe, embora nem sempre sonho e caráter entendam alguma coisa de estética. Mas, o que é a beleza, e como se determinam seus padrões? A beleza sempre foi igual? Quem diz o que é belo e o que não é, no mundo da moda?

Para entender isso, fixo minha leitura no que é chamado de "Beleza Helenística", a beleza grega, que é o padrão ocidental de beleza, e isso nada tem a ver com massa corpórea, uma vez que o padrão medieval e renascentista de Michelangelo e Leonardo da Vinci, é o mesmo de hoje nas maiores agências fotográficas e de moda do mundo, embora a compleição física das curvas tenha mudado de tempos em tempos. Ora eram as curvinhas e corpos branquelos, ora eram os seios volumosos e voluptuosos, até chegarem nas esquálidas e anoréxicas figuras que mal suportam o peso do corpo e das roupas que desfilam, sob intenso regime de fome e privações, para agradarem os editores de moda de catálogos ou revistas, nos dias atuais.
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Este padrão tem um nome: Golden ratio (Proporção Áurea), ou Divina Proporção. É baseado numa constante chamada PHI (1,168), e numa Razão, que é 0,618. Destes dois algoritmos, todo o Universo é calculado (muito longo pra eu ficar detalhando isso também), e vale dizer que a pessoa que, nos cálculos com base nestes dois valores, aproximar-se da exatidão matemática, recebe o título de "Beleza acadêmica", ou "Beleza Grega". Então, para o mundo da moda, você é matemática, até mesmo na escolha das proporções de seu nariz com o queixo, orelhas, olhos, e distância da testa até o dedão do pé. Mas, antes de responder esta pergunta, com outra pergunta, permita-me falar da beleza em sim, de acordo com outros padrões muito mais interessantes que o padrão das estátuas brancas e peladas de Atenas.

A questão é: Quem determina o padrão do nosso coração? Que códigos estabelecem o padrão de beleza de nossa alma? A quem nos comparamos quando se trata de encontrar algum tipo d beleza que nos defina? E a melhor pergunta de todas: Qual é o padrão de D-s, o Criador de todas as belezas?

Quando determinamos que um tipo de beleza seja o ideal, estamos excluindo a infinita variedade de belo que há no Universo. Quando determinamos que esta pessoa não é linda, estamos pisoteando em nós mesmos, e por isso, o melhor e o pior lugar que existe, é o espelho de nossa alma. A quem vemos em nosso espelho? São as nossas rugas, o nosso traçado, os dentes perfeitos que não temos, e os que compramos, brancos demais, parelhos demais, perfeitos demais, que não combinam com o restante que há em nós, como encontramos um ponto de equilíbrio para codificarmos o belo e o não belo que nos é mostrado? Podemos definir "certo" ou "errado" no que diz respeito à aparência das pessoas, dos animais, das coisas, e de nós mesmos?

Entendi que D-s não vê beleza alguma nas pessoas, mas vê Pessoas apenas. A beleza é um enfeite qualquer. Um penduricalho que às vezes pode até atrapalhar.



























Fotos: Mario Gerth
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