AD SENSE
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021
Semana que vem, me procure
terça-feira, 2 de fevereiro de 2021
Solidão e multidão - As revoluções para a nova realidade
Somos embaixadores de um Universo em revolução contínua. Nada é estático, e tampouco nós poderemos sê-lo. A imobilidade que nos atrai, é uma falsa sensação de segurança e felicidade etérea, sem corpo, enganosa, vazia. Assim, se o Universo que representamos, porquanto somos semelhantes em forma e função, não é estático, seria estranho que nós pudéssemos ser imutáveis.
Ao curso da história, pequenos movimentos iniciais fortaleceram grande revoluções. O próprio Big Bang, segundo as teorias aceitas por grande parte dos cientistas, começou do tamanho da cabeça de um alfinete. Uma explosão magnífica, violenta, brilhante, e ainda que o som não se propague no vácuo, penso que também foi um tanto ruidosa. Barulhenta. Escandalosa.
As grandes revoluções sociais nasceram de poucas palavras. A Revolução francesa foi sintetizada em três palavras: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade". Liberdade, porque estabelecia a ideia de que todo Ser Humano nasce livre, e deve permanecer nessa condição até que descanse das revoluções da vida. Igualdade, porque propunha que todos são iguais em direitos e deveres, e Fraternidade, porque além de livres e iguais, deveriam os Homens serem unidos, compartilharem suas riquezas e se ampararem em suas fraquezas.
Uma revolução nasce quando o desconforto da alma excede ao desconforto do corpo. Uma revolução termina quando outra revolução começa. Há revoluções que não terminam nunca, porque são contínuas. Há revoluções que nunca começam, porque falta determinação.
Revoluções podem ser atos solitários, ou solidários. Posso fazer revoluções por mim mesmo, ou posso comandar revoluções por outrem, ou outros, ainda, podem fazê-lo, por mim.
As revoluções começam quando dói algo que excede a capacidade de assimilar, e podemos atribuir a culpa a alguém, porém, a verdadeira revolução começa quando a culpa bate è nossa porta, aí, é hora de agir, porque, ou mudamos, ou a mesmice nos abraça.
O mundo mudou. O que ainda não mudou foi a forma de aceitarmos isso. Ainda cuidamos de resolver novos problemas com, velhas soluções. Ainda nos ofuscamos com as novas tecnologias, quando ainda nem descobrimos a razão pela qual acordamos todas as manhãs. Não sabemos por que acordamos. Sabemos apenas, que quando o sono chega, nenhuma decisão pode ser tomada antes que despertemos novamente. O sono e a fome são péssimos conselheiros.
A nova realidade não vem de carro. Vem de comboio. Um trem abarrotado de mercadorias incompreensíveis demais para quem nasceu no século XX (Viu só? Já viramos o século, e a segunda década do terceiro milênio, mas ainda escrevemos os séculos com números romanos).
Viver neste século, década e milênio, é algo demais para quem gosta de Platers, Nilo Amaro e seus cantores de ébano, ou Bing Crosby. Sim, mas a tecnologia nos permite que ouçamos até mesmo Al Jolson , o branquelo lituano, que se pintou de negro para abafar nos cabarés americanos. A tecnologia nos permite até bater papo com mortos (já estão testando a bagaça, com juntada de gravações, coisa e tal). E já implantam fígado de porco em gente. Logo, logo, implantam outros órgãos também, e: TÁ-DÁAA! O homem toicinho! Parece piada né. Pois de piada em piada, se elegem presidentes, se prendem presidentes, se idolatram presidentes, se xinga presidentes, e o mundo acelera sem que percebamos.
Enquanto gastamos nossas energias xingando quem xinga os xingadores, o mundo acelera e nós nem percebemos. Daí, corremos atrás do prejuízo, tentando redescobrir quem somos, quando nem fazíamos ideia de quem éramos, antes de nos perder na história.
Os caminhos para a aceitação da nova realidade passam pelo auto conhecimento de quem desejávamos ser antes do furacão. Hoje, buscamos nos escombros de nossas lembranças, o que restou dos sonhos de nossos desejos, para que coloquemos numa trouxa, amarremos na ponta duma vara, e prossigamos a caminhar, sem olhar pra trás, sem ver o que tem pela frente.
Caminhamos na penumbra à noite e na neblina durante o dia.
Nossos caminhos dizem para onde vamos. Nós não temos como mudar isso, a não ser que rompamos obstáculos, aplanemos montes e nivelemos outeiros, e construamos nossas próprias novas estradas. Mas sozinhos, não somos capazes. Precisamos de braços e vontades junto conosco. Precisamos comovê-los a caminhar e abrir as sendas. Mas para isso, vamos precisar de uma revolução. Ou duas.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
Onde estão todos? - O Apocalipse das nossas lembranças
Saudade é aquele lugarzinho perdido no tempo, onde todos os vazios nos abraçam.
Publiquei, em dois dias, quatro textos, em um desabafo em serie, que descreve meus sentimentos pelo abandono existencial que senti, ao passar duas semanas na minha terra do coração. Foram palavras amargas e cheias de raízes, à volta de um axioma comum, chamado Gramado.
Não deveria ter sido surpresa que, em poucas horas, dezenas de manifestos, de pessoas que tem o mesmo sentimento, indo, algumas delas, às lágrimas, ao ler os textos, por se identificarem neste vazio de almas que sentimos, ao caminharmos pelos trechos, antes ladeados por janelas iluminadas e jardins floridos, hoje, por pedras, vidro, luminosos, e anúncios em inglês, de liquidações ou promoções comerciais.
Não é surpresa saber que há pessoas tímidas que tem medo de manifestar seus vazios, sob pena de represália e constrangimento, como se cuspisse no prato onde come. Não se trata disso. Não se trata de mágoa, ou revolta, mas apenas um vazio, um conjunto de ausências, um grito rouco que ecoa nas lembranças, as mesmas lembranças que produzem saudade, mas que nos passos que damos pelos caminhos que antes nos viram passar, resta apenas o vazio das passadas, ecoando um passado inerte e inexorável.
O Apocalipse, de um lado, é a palavra que prenuncia o fim de um tempo, por outro, traduz-se por "revelação" das coisas que hão de vir, ainda que conectadas com as coisas que já se foram. Da mesma forma, os tempos que deixamos escoar pelos dedos, como se fossem água ou |Mercúrio, são a esteira da vida que nos encaminham para o amanhã incerto, senão pela saudade que sentimos de nós próprios, uma auto comiseração, pena de nós mesmos, e em alguns, revolta.
Não se pode gerar revolta contra coisas, porque coisas são coisas, e ruas, casas, e até jardins, continuam sendo coisas. São, porém, as pessoas, as que largam coisas em nosso caminho, para que tropecemos nelas, e assim, de queda em queda, fortaleçamos nossas pernas, pelos calejados pés do Apocalipse de nossas lembranças.
Onde estão todos, é a pergunta. Eu os encontrei na virtual existência chamada Facebook. Mas continuam sendo figuras planas e sem perfume, senão pelas sensações que promovem ao encontro destas lembranças. Aqui estão todos. Aqui estamos todos. Virtuais, intangíveis, guardando palavras para que outros as repitam após a nossa morte.
O Apocalipse de nossas lembranças está ancorado no Gênesis de nossas esperanças. Um e outro fazem parte de nossa história, de nosso conteúdo, de nosso despertar e de nosso fenecer. O Gênesis de nossa saudade está abraçado com o Apocalipse de nossos sonhos, o entardecer dos prazeres que desacreditamos merecer. O derradeiro toque da trombeta que finaliza nossas alegrias.
Onde estão todos, perguntam os meus amigos. Onde estão vocês, pergunto eu, à eles. Onde estamos todos, que em lugar de levantarmos e caminharmos em direção aos abraços, nos esquivamos dos encontros, fugimos dos prazeres pequenos, como um café coado, um chá com limão, ou uma boa hora de prosa na varanda.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
As nossas pegadas
As nossas pegadas
Pacard
O que são caminhos, senão lugares ao longo de uma terra usados para unir pessoas de outros espaços? O que são as pegadas senão os passos repetidos gravados no chão que se torna mais firme a cada pisada que recebe? O que são ainda os caminhos senão trajetos usados por muitos anônimos, que transitam ali com seus pensamentos e seus objetivos, e que em tudo pensam durante o trajeto, exceto no próprio caminho? O que são caminhos então, senão o lugar onde nos tornamos vivos e móveis, porquanto não fomos criados com raízes e sim com pés e pernas para que nos levem onde nossa vontade ou necessidade ordenarem?
Somos como caminhos. As pegadas sobre nós são os passos que alguém deu sobre nossos próprios passos. Nos pisaram, porque nos encontraram em seus próprios caminhos e não souberam contornar, optando pelo trajeto mais econômico: passar por cima. Somos como pegadas de alguém sobre o barro, que nos tornam mais firmes cada vez mais e quanto mais nos pisarem, mais rijos estaremos para os passos que virão depois de nós. Somos como a terra que se compacta porque sobre ela levam os homens e animais as cargas, cujo dorso final são muitas vezes nossos ombros. Somos como os caminhos que saem de lugares e levam outros a outros lugares. Uns são largos e carregam fama. Outros são estreitos e levam o necessário. muitos são intrincados, como também somos intrincados. Outros são largos e vazios, e há ainda aqueles que se emaranham entre outros caminhos, pisam sobre outras pegadas, vão e voltam, e não chegam a lugar algum. Apenas pisam, enrijecem vidas, abrem sulcos de tantos caminhares, e cauem no vazio.
Somos pegadas de nossas pegadas. Passos de nossos passos e sendas de nossas sendas. Os estreitos e os amplos. uns levam à vida. Outros levam á morte. Uns caminham solenes. Outros caminham serenos. Uns espargem flores por onde passam, e ao voltarem, inspiram perfumes. outros semeiam espinhos, e deixam dores por onde passam. Mas todos somos caminhos. Passos e pegadas. Em linha reta ou emaranhandos, somos caminhos e caminhantes. Caminhamos sós ou nos permitimos caminhar juntos. A chegada nunca acontece antes do fim, mas sempre caminhamos rumo ao fim, embora nossa vontade seja de caminhar de volta ao começo. A isso chamamos “saudade”. Caminhos atrás de nós por onde não sabemos mais voltar.
terça-feira, 19 de janeiro de 2021
O preço e o valor da arte
"Artista é tudo louco!", diz a crença popular. Arte é coisa de desocupado, e o preço duma obra de arte é caro, ainda que seja de graça. "Artista, tendo dinheiro pra cachaça, fica satisfeito!"
Parece deboche, mas é uma das realidades que se encontra no árduo caminho do campo as expressões por meio de manifestações artísticas, pelo qual atravessa diariamente o artista que não se ocupa de transformar suas habilidades em dinheiro, até porque quem faz essa parte são os marchantes, os negociantes, que em geral entendem de negócios com arte, mas são incapazes de manipular um pincel, um formão, cinzel, ou até mesmo um lápis. E nem precisam, pois monetizar o imaterial é uma arte tão arte quanto qualquer outra. Cada um na sua competência. Porém, infelizmente, nem todo artista tem a grata ventura de andar à tiracolo de um mercador de fantasias, e por vezes precisa fazer o trabalho sujo de ganhar cliente. Aí mora a encrenca da coisa, porque nem todo comprador de arte tem sensibilidade para ler as entrelinhas da obra, e avalia apenas o aspecto estético. Outros, veem apenas o intangível, e ao comprar uma peça, a expõe ao lado de peças de estilos opostos, levando o espectador a traçar desnecessários comparativos ao trabalho de artistas que nem sabiam, um, da existência do outro. Seria mais ou menos como expor, lado a lado, um talentoso jogador de futebol, e um filósofo.
Daí, certo dia, saí a visitar empresários com a firme intenção de mostrar e vender uma das minhas obras, o que seria, para mim, uma fortuna, para eles, troco de charuto cubano, e dos baratos. Fui recebido por um destes robustos endinheirados (eu sei que era, porque eles fazem questão de demonstrar pelos cordões de ouro e relógios suíços), que olhou com certo desdém para meu trabalho, e saiu da sala por uns instantes, voltando com um rolo de telas (acrílico, penso eu), clássicas, nítidas reproduções feitas por alunos de escolas de arte, principiantes, e bem educados no uso das cores e traços, e perguntou-me:
- O que tu achas disso?
- Legal! - Foi só o que achei para responder.
Com um garbo à vista plena, exclamou:
- Isso sim, que é arte. Comprei na China. Paguei 500 dólares cada um!
Fingi que ia ao toilette, e saí à francesa. Vai que pega uma doença dessas...
domingo, 17 de janeiro de 2021
Clusters turísticos e culturais - Vetores para turismo equilibrado
1 - Polo Âncora
O que faz a tua mão direita....
Evitem fazer alarde quando ajudarem alguém, não fiquem contando vantagem diante das pessoas, para que sejam admirados e elogiados; aliás, s...
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Você pode imprimir e gastar seus lápis de cor, todinhos colorindo o Casarão. Se desejar imprimir as imagens coloridas para emoldurar na su...
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Pacard Escritor e Designer Gramado de Priscas Eras É uma obra que retrata lembranças resgatadas por meio de antigas fotos, acrescidas da...
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É evidente que se eu quisesse seguir a ordem cronológica dos fatos, precisaria começar pelo Cine Splêndid, que precedeu o Cine Embaixador, e...