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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Solidão e multidão - As revoluções para a nova realidade



Somos embaixadores de um Universo em revolução contínua. Nada é estático, e tampouco nós poderemos sê-lo. A imobilidade que nos atrai, é uma falsa sensação de segurança e felicidade etérea, sem corpo, enganosa, vazia. Assim, se o Universo que representamos, porquanto somos semelhantes em forma e função, não é estático, seria estranho que nós pudéssemos ser imutáveis.

Ao curso da história, pequenos movimentos iniciais fortaleceram grande revoluções. O próprio Big Bang, segundo as teorias aceitas por grande parte dos cientistas, começou do tamanho da cabeça de um alfinete. Uma explosão magnífica, violenta, brilhante, e ainda que o som não se propague no vácuo, penso que também foi um tanto ruidosa. Barulhenta. Escandalosa.

As grandes revoluções sociais nasceram de poucas palavras. A Revolução francesa foi sintetizada em três palavras: "Liberdade, Igualdade, Fraternidade". Liberdade, porque estabelecia a ideia de que todo Ser Humano nasce livre, e deve permanecer nessa condição até que descanse das revoluções da vida. Igualdade, porque propunha que todos são iguais em direitos e deveres, e Fraternidade, porque além de livres e iguais, deveriam os Homens serem unidos, compartilharem suas riquezas e se ampararem em suas fraquezas.

Uma revolução nasce quando o desconforto da alma excede ao desconforto do corpo. Uma revolução termina quando outra revolução começa. Há revoluções que não terminam nunca, porque são contínuas. Há revoluções que nunca começam, porque falta determinação.

Revoluções podem ser atos solitários, ou solidários. Posso fazer revoluções por mim mesmo, ou posso comandar revoluções por outrem, ou outros, ainda, podem fazê-lo, por mim. 

As revoluções começam quando dói algo que excede a capacidade de assimilar, e podemos atribuir a culpa a alguém, porém, a verdadeira revolução começa quando a culpa bate è nossa porta, aí, é hora de agir, porque, ou mudamos, ou a mesmice nos abraça.

O mundo mudou. O que ainda não mudou foi a forma de aceitarmos isso. Ainda cuidamos de resolver novos problemas com, velhas soluções. Ainda nos ofuscamos com as novas tecnologias, quando ainda nem descobrimos a razão pela qual acordamos todas as manhãs. Não sabemos por que acordamos. Sabemos apenas, que quando o sono chega, nenhuma decisão pode ser tomada antes que despertemos novamente. O sono e a fome são péssimos conselheiros.

A nova realidade não vem de carro. Vem de comboio. Um trem abarrotado de mercadorias incompreensíveis demais para quem nasceu no século XX (Viu só? Já viramos o século, e a segunda década do terceiro milênio, mas ainda escrevemos os séculos com números romanos).

Viver neste século, década e milênio, é algo demais para quem gosta de Platers, Nilo Amaro e seus cantores de ébano, ou Bing Crosby. Sim, mas a tecnologia nos permite que ouçamos até mesmo Al Jolson , o branquelo lituano,  que se pintou de negro para abafar nos cabarés americanos. A tecnologia nos permite até bater papo com mortos (já estão testando a bagaça, com juntada de gravações, coisa e tal). E já implantam fígado de porco em gente. Logo, logo, implantam outros órgãos também, e: TÁ-DÁAA! O homem toicinho! Parece piada né. Pois de piada em piada, se elegem presidentes, se prendem presidentes, se idolatram presidentes, se xinga presidentes, e o mundo acelera sem que percebamos.

Enquanto gastamos nossas energias xingando quem xinga os xingadores, o mundo acelera e nós nem percebemos. Daí, corremos atrás do prejuízo, tentando redescobrir quem somos, quando nem fazíamos ideia de quem éramos, antes de nos perder na história.

Os caminhos para a aceitação da nova realidade passam pelo auto conhecimento de quem desejávamos ser antes do furacão. Hoje, buscamos nos escombros de nossas lembranças, o que restou dos sonhos de nossos desejos, para que coloquemos numa trouxa, amarremos na ponta duma vara, e prossigamos a caminhar, sem olhar pra  trás, sem ver o que tem pela frente.

Caminhamos na penumbra à noite e na neblina durante o dia.

Nossos caminhos dizem para onde vamos. Nós não temos como mudar isso, a não ser que rompamos obstáculos, aplanemos montes e nivelemos outeiros, e construamos nossas próprias novas estradas. Mas sozinhos, não somos capazes. Precisamos de braços e vontades junto conosco. Precisamos comovê-los a caminhar e abrir as sendas. Mas para isso, vamos precisar de uma revolução. Ou duas.







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