AD SENSE

sexta-feira, 10 de março de 2023

Jardim da Esperança - Ode à Gramado



Tive a honra de ser agraciado como "hors Concours", em um concurso de poesias sobre Gramado, há alguns anos atrás. Este poema foi impresso em um cartz, e durante um mês ficou exposto na Rua Coberta, para apreciação dos visitantes.

O evento foi da Assoiação de Artistas e Escritores de Gramado*


Pacard

Jardim da Esperança

Ode à Gramado 



Sentei-me, sozinho, à noite

Para abraçar as lembranças

Que meu tempo carregou.

Relatos de outros tempos

Cujas vozes já vazias

minha memória apagou.


Veio à mim, uma criança,

vestida, tão de esperança,

que a recebi com abraços,

tornou-se meu corpo, em braços

trajados de coração.


Pediu-me, histórias,

que as contasse.

Retratasse minha vida,

que falasse das feridas,

das flores e mananciais

mostradas pelas lembranças

do tempo de meu sonhar,

daquelas tardes airosas,

das invernias manhosas

que tempos não trazem mais.


Sou menino desta terra

que entre as serras se aninha

como faz um passarinho,

cuja mãe constrói seu ninho

no galho em que confiou.


O meu ninho, fez minha mãe

e o dela, os meus avós

cada folha desta árvore

abrigou a todos nós.


Abrigamos os nossos filhos

nos abrigam nossos pais

entre os ramos mais frondosos

dois ou dez, nunca é demais.


Uma terra é um regaço

onde jorram mananciais

onde nos plantam com sonhos

e colhemos sempre mais.


Mais que sempre, nunca é nada

o afeto que nos abraça

onde todos são pessoas

onde não se vê a raça

onde pernas são esteios

mãos e braços, ruas, praças

onde flores, mais que luzes

iluminam, fazem graça.


Passarinho, esse sou eu

neste chão que é sempre meu

embora terras, não tenha

minha herança é uma fonte

onde a fortuna jorra

da vertente sobre a mina

desta água cristalina

do chão que me recebe

e mata a sede que ainda tenha

quando minha vida termina .


A vida que um dia, encerra

carrega o cheiro da terra

o frescor do ribeirinho,

esparge doces, perfumes

dela sentirei ciúmes

se a um outro se entregar.

Mas restam outras delícias

no manancial das carícias

de um coração que ainda bate

com o doce do chocolate,

com os coloniais cafés,

com as Hortênsias e rosas,

com a devoção e a fé,

é Gramado, do meu agrado,

são as ruas, testemunhas

de todo meu caminhar,

são as gentes que ficaram,

mães das gentes que virão,

a terra do mate amargo,

de um horizonte tão largo

onde a esperança ainda grita

quando meu peito se agita

na saudade deste chão.


Embora a beleza peça,

não carrego vaidade,

só levo junto a vontade

de contar à toda gente,

que é o meu peito que sente

na compleição da verdae,

colher as mais belas flores

no meu jardim da saudade!


Que bate meu coração

como coração de criança

que possa voltar um dia,

ao meu Jardim da esperança.

12/11/2010

quinta-feira, 9 de março de 2023

Dá-nos o Leão nosso de cada dia


Não, diletos devotos, eu não estou blasfemando com a paródia da oração. Estou apenas dimensionando o tamanho do desafio que precisamos enfrentar para despertar da mediocridade nossa de cada dia. Estou gritando pelo silêncio das palavras que me são permitidas escrever, para que as lendo sem pensar, não sejam compreendidas, mas em separando uma fração de tempo para nelas refletir, possam perceber,  diletos leitores, que há sempre uma salutar ironia em meus trocadilhos contumazes.

Dá-nos um leão a cada dia, remete-nos à ideia de que se pedirmos o "pão nosso", isto é, o pão ao qual temos, por direito divino, saciar nossa fome, nos seja dado Pari Passu à força que nos permita enfrentar os desafios advindos pelo suor de nosso rosto, ao plantarmos o trigo, e colhermos o vinho da celebração à vida.

Não há pão sem leão, está por certo isso, basta sabermos que o mundo tem fome e sede, não só de pão, mas de justiça, de generosidade, de equilíbrio e bom sizo. Não há nesse mundo, ainda, saciar de fome sem calos nas mãos, e trôpego andejar, pelas terras áridas onde se semeia vento para colher esperança, e nem esta brota, sem que venham as tempestades. Não há nesse mundo vitória sem luta, e para que haja luta, são necessários oponentes, e não há glória na vitória contra o fraco, então, que sejamos audazes e não peçamos apenas pão, como esmola, mas leões, como adversários, para que haja preço em nossas conquistas. Que não sejamos fúteis nem medíocres, mas audazes, e aguerridos, como diz a canção: "Eu só falo dos valentes. Dos covardes não se fala!" (Airton Pimentel).

Não fomos criados para sermos metade. Somos inteiros, e únicos, ainda que entre bilhões de únicos também, mas temos nome e destino, ainda que nossa estirpe humana possa parecer pífia, é nossa origem divina que nos agiganta, que nos torna audazes, e que não seja apenas de pão a nossa fome, mas de determinação para enfrentarmos o amanhecer, com espírito de vitória. Não queremos pão de mão beijada. Queremos merecer o leite e o mel que emanam de cada pedaçõ prometido de chão, que temperam o sabor, pois bem sabemos que pode haver mel de doçura inigualável dentro da boca de um leão vencido, como encontrou Davi, e ainda nem era rei nesse dia. Não precisamos de cetro ou coroa para vencermos leões. Precisamos apenas saber que fomos feitos, individualmente, "à imagem e semelhança de D'us", e que o mesmo D'us que derruba o Leviatã, dá-nos força para vencermos os leões de cada dia.

Não peço mais pão, senão que seja entregue por um leão, para que possa merecê-lo, senão que permita-me saber que não sou um derrotado. Não me importam as garras e os dentes afiados que me possam sangrar o ânimo, senão que meus braços tenham força para plantar e colher; que minhas pernas me possam levar onde hajam espíritos cansados para apascentar; que meus olhos não vejam senão horizontes de justiça e esperança; que profira minha boca, palavras de consolo e encorajamento; que meu corpo, ainda que marcado de cicatrizes, seja barreira para as feras que caminham para ferir aos que amo, e que meu espírito seja um com O Espírito do Criador dos mundos. O Criador dos campos onde brotam pão, das águas que saciam e refrigeram. E dos leões que me fazem forte, quando dobram meus joelhos ao anoitecer, para que forças reúna, à vencê-los novamente no clarear da aurora que virá.





quarta-feira, 8 de março de 2023

Polímatas e os Nexialistas - Pensamentos sobre Criatividade

Pacard - Polímata, Nexialista, e Escrevedor

Criatividade é uma visita à feira, ao super mercado. O resto, são escolhas

Criatividade é uma visita à feira, ao super mercado. O resto, são escolhas, disse eu no título desse ensaio, e poderia quase terminar aqui, se não fosse ridículo compartilhar um texto com apenas uma frase, ainda que existem frases que são suficientes para um bom entendimento, e existem enciclopédias inteiras que não dizem nada. Assim, prometo ficar no meio termo, para melhor compreensão do motivo dessas poucas e maltraçadas linhas, ainda que a pena esteja guardada apenas para atividades nostálgicas (sim, eu tenho uma pena verdadeira, com ponta metálica, para escrever em papel),

Ainda que em meu parco, mui raso auto didatismo, ao que, dadas as múltiplas habilidades adquiridas pelo empirismo contínuo, pela experimentação no método tentativa e erro, mais erros que acertos, dou-me ao luxo de também declarar-me culpado de ser Polímata, ou ainda melhor, Nexialista, mas não é relevante, senão para justificar que, em tal condição, fui levado a tornar outras pessoas também ignorantes, mais confiantes no poder da ignorância trabalhada, para mudar o mundo. Não mudei o mundo inteiro, mas o meu mundinho, ah, sim, mudei, e quanto mudei. E cutuquei outros a dispararem em busca de suas próprias transformações estruturais ou intrínsecas, ainda que seja, pois não preciso mudar o mundo, basta que mude a mim mesmo para que o mundo mude sua trajetória. Como isso? - Pergunto eu! Simples! Eu mesmo me respondo! Quando ponho o pé e interrompo a trilha de formigas em seu laborioso ir e vir para abastecer o ninho, estou alterando o estado natural das coisas, e talvez para meu sádico prazer (é só uma metáfora, viu, eu não cometo maldade com os animaizinhos), tenha sido apenas um mover de pé, mas para os atarefados insetos, seja uma completa reestruturação de logística para contornar a deselegante pata do imbecíl que se intrometeu na sua árdua faina. Assim, por pequeno que seja o gesto, estamos alterando a logística do mundo, e se sabemos dessa capacidade, então, por que não mudar para melhor?

Mudar, transformar, são as palavras mais doloridas do Tesouro Linguístico, vulgo Glossário, ou se mais erudito, "Vade Mecuum", haja vista que depende de um remanejamento de inércia, do tal corpo em movimento que tende a continuar no estado em que se encontra (atual estado pende mais para letargia), e toda transformação demanda energia, que é acumulada pela constante atividade da ação, reação, interação, participação, contração, e resolução. Assim dito, a transformação pode ser para o bem ou para o que não faz bem, e sendo uma escolha no caminho bifurcado, há sim, conselhos eficientes e eficazes para que esta escolha se dê na estrada da luz que brilha de contínuo, em lugar de piscar, o que encanta mais aos simplórios, o que em si, não há nenhum demérito, posto que dizia o Sábio Salomão, que "no muito conhecimento há enfado da carne", isto é, se não colocar em prática essa bagagem de saberes, não as transformar em fazeres, o tédio, aquela gosma verde gelatinosa e fétida, dá uma cobertura como de uma torta que aqueceu e escorreu pela bandeja toda.

Talvez, em algum momento, como testemunho, e não como hedonismo, eu fale na primeira pessoa, intentando pejorar e relativizar para não precisar correr ao livro de Eclesiastes, e lembrar quem eu realmente sou. Assim, houve tempo em que eu sentia vergonha de dizer que era autodidata. hoje constato que é inútil explicar que iniciei como autodidata , passei por polímata, e me encaminho ao nexialismo. Mas pra isso, é necessário que a pessoa pare de mascar a graminha saborosa e preste atenção no que estou dizendo (muitas pessoas não conseguem mascar e raciocinar ao mesmo tempo, aí desatam a babar, entende?)

No entanto, não somos muares ruminantes, cujo único propósito de vida é mascar, ruminar, evacuar, e se dócil for, carregar fardos daqui pra lá e de lá pra acolá. Somos criados pensantes, com Lívre Arbítrio, com poder de pensar e decidir, ainda que as escolhas, muitas vezes, nos acorrentem no agir, posto que optamos pela luz que pisca, em nossas vidas. Somos elaborados pelo Criador como Co-Criadores do mundo, e só quando percebermos essa condição, é que seremos verdadeiramente criadores e autores de nossos caminhos. Certo! Falei bonito (eu achei), mas e como podemos fazer isso? Como podemos nos tornar Polímatas e Nexialistas? A resposta é simples e trabalhosa: Esvaziando os porões abarrotados de quinquilharias desnecessárias, acumuladas pelo vazio das escolhas, das aquisições desnecessárias. Os excessos acumulados pela inocência da juventude nem sempre são expurgados durante os ritos de passagem etária e psicológica em nossa caminhada, e aqueles recônditos menos acessíveis de nosso porão mental permanecem com restos fermentando de nossos erros e frustrações, antes ignorados, hoje, capazes de alterar o sabor da vida, porque não foi feita uma antissepsia completa, como se faz em um terreno que se quer plantar uma roça, que necessita que lhe arranquem os tocos e as pedras, antes que sejam espalhadas as sementes. Nosso terreno mental é abarrotado desses entulhos, e são eles que nos fazem desanimar para as transformações e o crescimento que desejaríamos desejar, caso soubéssemos o quanto vale a pena viver a vida que precisa ser vivida. Um Catarse completa, ou ao menos, com profundidade é a solução para o começo dessa caminhada. Aqui começa o caminho da transformação. 

Porém, é importante lembrar que limpar o porão e seus cantinhos putrefatos, não significa apagar as memórias. Não mesmo! Isso porque as memórias são arquivos dos erros e acertos (nem sempre o que fazemos na juventude são erros, posto que são passos de juventude, e juventude sem erros é uma juventude amorfa, insossa, com gosto de jiló. O que precisa ser assimliado é que, semelhante a uma fruta, que tem seu ponto de maturação, e assim deve se saboreada, se passar do ponto, ela murcha e apodrece, e precisa ser descartada, jogada na terra para que cumpra sua jornada final. Porém, saber guardar estas frutas como compotas, podem ser saboreadas em outro tempo e do modo adequado. Isso é a maturidade, provando continuamente os sabores da juventude, com o sabor adequado. A Catarse pode ser seletiva, e organizar as prateleiras da memória de forma adequada ao momento presente, e agora vem o apogeu do que quero dizer: A Criatividade depende disso, desse banco de lembranças e experiências, ainda que nefastas, para compor o aprendizado e a transformação do que vem a seguir. Muitas vezes, brincadeiras de criança, como "caçar Tirisco", que pode ser momentaneamente desconfortante pelo deboche que acontece, torna-se um gatilho para futuras armadilhas que a vida nos propõe, mas se nunca fomos "caçar Tirisco", nunca saberemos que há limites entre ser crédulo, e ser prudente. O crédulo, em tudo crê, e embarca em canoas furadas continuamente. Já o prudente, antes de embarcar, examina o casco para saber se não há riscos de naufrágio. A criatividade é isso: dosar o que se sabe com o que se espera encontrar, temperado com o inusitado. Quem teme o inusitado, vai passar a visa bebendo leite materno, porque terá medo de provar outras iguarias.

Criatividade pressupõe equilibrio entre o medo e a coragem. A desconfiança, e a percepção de risco, com o frêmito de avançar para o desconhecido. Esse sim, o desconhecido, é o grande território do Polímata e do Nexialista, porque usa o estoque do porão, agora organizado, como parâmetro da construção do que é novo, e é capaz de colocar, lado a lado, na mesma prateleira, o velho livro de fábulas, com a moderna chave de algoritmos para mergulhar no desconhecido. 
Isso é inovar. Isso é transformar. Olhar o futuro com as lembranças do passo, atados ao caminhar do presente. O resto, é vaidade.

Dizia Hilel, o Ancião: Se eu não for por mim,, que será por mim? Se eu for só por mim, o que sou eu? Se não agora, quando?
Quem responder estas perguntas, começa a criar sua própria transformação.

Como já disse outro dia: Caixão não tem gavetas e mortalha não tem bolso. De que adianta acumular se não for para partilhar? Conhecimento é como água: estancada fica choca. Rios são rios porque se deixam escoar. O mar que tudo recebe, não é potável.






sexta-feira, 3 de março de 2023

Força nas adversidades - Explicando o provérbio


Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena. (Provérbios 24:10)

A citação bíblica é essa, mas uma ilustração, com outras palavras, foi dada por Jesus, ao dizer: "Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. "(Mateus 6:17,18).

Vamos contextualizar então. A regra de ouro do marketing nos ensina que devemos nos vestir de maneira adequada ao fecharmos negócio, ou quando nos dirigirmos à uma reunião de negócios, isto é, que devemos nos vestir e portar adequadamente, de acordo com o padrão de quem iremos encontrar. Eu me declaro culpado quando vejo profissionais, jovens, na maioria, que levam esta regra ao pé da letra, e determinados profissionais (não nominarei nenhum para não parecer preconceituoso) mais parece que estão indo à uma festa de casamento, ou um baile de gala, quando nos encontram para reunião de negócios, e deixam um rastro quase visível de perfume bem marcante, como os machos deixam seus feromônios na urina que batizam as pedras e árvores, demarcando seu território diante de outros machos. Instintivamente, faz-me parecer algo assim. Mas reforça, apesar de meu nariz torcido ao excesso de perfume, de que é um cumprimento ao conselho bíblico de "cingir o lombo e perfumar-se, lavar o rosto, e pentear os cabelos e a barba" antes de se apresentarem, em público.

Talvez, por esta razão, carros importados cintilando na porta das empresas (mesmo que sejam pagos em 300 parcelas), lojas suntuosas e escritórios magníficos (mesmo que a faxineira tenha que levar marmita de comida requentada), lugares privilegiados na igreja (mesmo que os filhos do jardineiro não possam brincar com os da casa), ainda assim, mostrar vale mais do que ser. Há porém uma conta que não pode ser transferida: a conta do Dia do Juízo, e até lá, caixão não tem gavetas, nem mortalha tem bolso. Nada aqui se leva, senão o que aqui foi semeado. E se é vento que semeamos, é tempestade que vem.

Eu mesmo já agi desta forma (menos o abuso de perfume), e durante muitos anos de minha carreira, apresentei-me de terno e gravata, e nas palestras, quando são motivacionais, apresento-me com minha favorita gravata de borboleta, brega, eu sei, mas ela me representa.

Demonstrar fraqueza é metade da derrota, porque, além de servir de escracho para os desafetos, torna-se uma brecha de vulnerabilidade para a vitória desejada. A ideia de ser humilde não tem relação com permissão para humilhação. Humildade pressupõe reconhecer que em qualquer vitória, nunca a alcançamos sem suporte externo, seja humano ou divino, mas jamais será instrumento de negociação onde qualquer ação desse tipo envolve forças opostas, e uma delas haverá de prevalecer, e se for contra nós, tenham a certeza de que não será lucrativa, antes pode ser destrutiva. Assim, reconhecer a força do outro não implica em condenar-me à fraqueza antecipada. Reconhecer o poder do oponente é apenas o antídoto para ação, em lugar de reação.

Todos somos sujeitos à tempestades todos os dias, mas até no costume civilizado dos cumprimentos, perguntamos: "Como vai?", e a resposta é: "Estou bem, e você?", pode não ser completamente verdadeira, e podemos estar, naquele momento, atravessando turbulências desesperadoras, mas, a não ser que do interlocutor venha a imediata solução para os problemas, pouco importa à este q extensão da nossa dor, o que deveria, mas não sendo  assim, vale mais tirar proveito do mínimo de conteúdo negativo para obter instantes de esperança de que realmente algo ainda possa estar bem, como fazia Epicuro, que embora tendo passado toda a sua vida sofrendo de serios problemas renais (quem teve pedra no rim sabe do que estou falando), entendia que ainda que no meio da dor, possa haver um pequeno lenitivo, e este lenitivo deve servir como índex para uma grande ninhada de esperança (quem é da roça sabe o que é o ovo índex).

Diz o salmista: "Pois a sua (de D'us) ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria." (Salmo 30:5).

Esse não é o segredo da felicidade, mas ajuda a viver cada dia como se fosse o primeiro da colheita de esperança, semeada com lágrimas e dor. O resto, o tempo cura.

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A corda que nos puxa para o envelhecer


A idade é uma corda esticada que nos puxa forte para junto de si. Durante muito tempo, puxamos ao contrário, e como somos fortes, pensamos que estamos vencendo este cabo de guerra. Mas a corda também vai enfraquecendo, e quanto mais resistimos, mais fios se rompem, até que, ou nos deixamos puxar, e envelhecemos, ou forçamos além da capacidade da corda, e ela se rompe. É assim que morremos durante a juventude: pelo pavor de envelhecer.

Compreendi isso a tempo, eu acho, porque caminho pelo envelhecimento com o vagar de um velho, de mãos nas custas e encurvado, olhando o chão por onde piso.

Na tenra infância, rastejamos, e dar os primeiros passos é uma grande vitória, para nós, e para nossos pais. Porém, andar ereto não é mais suficiente, e agora queremos explorar todo o potencial dessa capacidade fantástica que é mover-nos de um lugar a outro sem o artifício grudento do colo, e agora queremos correr, correr e correr, e assim, aceleramos a vida nessa corrida insana, onde puxamos a corda do futuro com toda a força de que dispomos, e muitas vezes, o futuro é uma fruta ainda verde, que foi arrancada do pé sem que tivesse provado suas intempéries necessárias para a maturidade. Isso não importa, porque constatamos que onde tem uma fruta verde, podemos colhê-la e amadurecê-la à força, ainda que, sabido seja, o sabor será insosso, muito diferente do sabor da fruta que amadurece no pé.

E à medida do crescimento, entendemos que a corda do tempo pode ser esticada e a esticamos, testamos seus limites de resistência, sem percebermos que por ser maleável, flexível, esta corda é composta por finíssimos fios emaranhados entre si, e que começam a romper, um a um dos fios, como já mencionei logo acima. Assim também nossas defesas vão se rompendo sem que percebamos, uma a uma, como finos fios que se rompem pela força de tração à eles imposta, mesmo que saibamos que sejam apenas fios, nos importamos apenas com sua capacidade conjunta de tracionar o futuro. 

Assim somos nós. Tracionamos o futuro de nossos filhos para que sejam bem sucedidos. Tracionamos nossas esperanças para que se cumpram sem que seus benefícios ainda estejam maduros. Tracionamos a morte que se agarra junto a cada fio que se rompe, e nem percebemos isso, porque o infortúnio nunca está sozinho para ser puxado. É traiçoeiro, sorrateiro, e se infiltra com os benefícios das fibras unidas, e como uma traça com presas afiadas, rompe estes fios, sem que percebamos. E puxando o futuro, sem saber, pelas leis da física, estamos ao mesmo tempo sofrendo a ação de forças opostas e quando pensamos que puxamos este futuro para nós, é o futuro do inusitado quem nos arrasta para junto de si, como um cabo de guerra, e o grande segredo da vida é saber qual é o ponto de equilibrio, onde um e outro lado permanecem em seus próprios terrenos, mas como os passos da vida não vem como velocímetro ou o hodômetro, que nos mostra o quando fomos puxados, ou o quanto pensamos que puxamos, o mais terrível engano que cometemos, porque se pensamos estar no alto da montanha, e talvez estejamos, quem está na planície tem a gravidade a seu favor, além do tempo e das circunstâncias que encontraremos no acelerado desta descida.

Então, não é prudente que arrastemos o futuro, mas nos deixemos andar pelo tempo necessário da contemplação do caminho. Ah, esqueci, essa velocidade só se adquire quando o tempo já não nos pertence mais. Mas, "ces't la vie", dizem os franceses que comem queijo maturado no tempo necessário, sem o atropelo das grandes redes de supermercados que exigem produção de milhões de toneladas para engordarem a Bolsa de Valores. Mas até esta também se rompe um dia.

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quinta-feira, 2 de março de 2023

Quem sou?



Quem sou?

Sou a sombra de uma vazio

o eco de um silêncio

sou a noite do entardecer

a aurora do meio dia

sou o grito do que é calado

a casa que não tem paredes

não tem chão e nem telhado

sou a esperança ruída

a rudez da dor perfeita

sou o amor flutuando

nas asas do coração.

Sou o poeta mais louco

sou a abelha sem mel

meu doce é como fel

e amargo é meu céu

sou cada um que não vem

ou o nenhum que se vai

não tive mãe e nem pai

meus irmãos não sabem de mim

eu sou assim, em cada sonho

sou assim no acordar

acordo mas ainda durmo

porque assim eu vivo mais.


Paulo Pacard ,( #petalas, 2023)

quarta-feira, 1 de março de 2023

O Pensamento Sustentável como freio à Sociedade Líquida

Odeio ser delator, mas o desavergonhado designer continua usando IA para suas imagens aleatórias. Não sei mais o que fazer*
by Pacard - Designer, Escritor, Palestrante

O Pensamento Sustentável como freio à Sociedade Líquida

Nos últimos anos, o mundo tem experimentado uma rápida transformação em sua estrutura social, com a ascensão da chamada "sociedade líquida". Esse termo, cunhado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, descreve uma sociedade caracterizada pela fluidez e pela falta de valores sólidos e duradouros. Talvez eu tenha uma teoria, extremamente absurda a respeito, que veio à mente enquanto eu preparava minha vitamina de abacate com banada, hoje cedo: As frutas são jogadas quase íntegras na caneca, e à elas, acrescemos leite, e ligamos a máquina. Como uma milagrosa demonstração das forças centrífugas do Universo, revolucionando constelações e buracos negros, minhas frutas tornam-se uma homogêna pasta liquefeita, e desaparece com a individualidade ancestral de cada componente da vitamina. Isso me faz entender, pelo menos, o processo de liquefação humana, movida pelas afiadas hélices da acelerada ânsia pelas transformações, pelo novo, pelo inusitado, e olha que eu sou criador de inovação, é meu trabalho, então como poderia ficar tão estupefato com isso? Pois é, eu fico.

Nessa sociedade, as pessoas são cada vez mais individualistas e voltadas para o consumo imediato, sem levar em conta as consequências a longo prazo. O resultado é uma cultura de desperdício e destruição ambiental, que ameaça a sobrevivência das gerações futuras. Na verdade, o Ser Humano sempre foi individualistas, mas os meios de coimunicação e recursos que aceleram as transformações, eram bastante escassos, então cada transformação poderia levar anos, décadas, séculos até, e por que não avançar em milênios? Assim, não havia ambiente para ideias e atitudes liquefeitas, porque o tempo, no seu vagar, calcificava os movimentos, e solidificava as tradições, aprofundava as raízes, e sabemos que quanto mais profundas as raízes de uma árvore, mais resistente ela será diante das intempéries, que movimentam apenas o que é visível, mas o que está entranhado com a terra, permanecerá.

Por outro lado, a bíblia ensina um princípio fundamental que pode ser visto como um antídoto para esse comportamento irresponsável: "Ama o teu próximo como a ti mesmo". Esse mandamento, que aparece várias vezes nas escrituras sagradas, enfatiza a importância de se preocupar com os outros e com o bem-estar da comunidade como um todo. Aqui temos o contraponto entre o que se liquefaz pelo vazio de propósitos, o que se torna amálgama com outros vazios e se deixa liquefazer pelo turbilhonamento das circunstâncias, e aquele que se torna aguerrido marinheiro por enfrentar os mares bravios.

Em nenhum lugar a bíblia promete facilidades, mas diz que D'us estará ao lado, á frente, na retaguarda, dos que ousam por o pé nas águas antes que o Mar de Juncos (erroneamente traduzido por Mar Vermelho) e o Rio Jordão se abram, para que se chegue à Terra prometida, que estará sempre após um rio, mar e um deserto por serem atravessados, e pensem comigo, que tiver uma natureza volátil, ou líquida, pode entrar na água, mas dela não vai sair; pode entrar num deserto sendo arenoso, mas na primeira tempestade de areia, deixará de ser indivíduo para tornar-se parte desta amálgama. 

O Pensamento Sustentável

Essa visão é fundamentalmente oposta à sociedade líquida, que valoriza a individualidade e a gratificação imediata em detrimento do bem comum. O pensamento sustentável, por sua vez, é uma abordagem que busca equilibrar essas duas perspectivas, considerando as necessidades das gerações presentes e futuras e o impacto das nossas ações no meio ambiente.

O pensamento sustentável implica em tomar decisões que levem em conta a interdependência dos sistemas naturais e sociais, e que visem a um equilíbrio entre as necessidades das pessoas e a saúde do planeta. Isso requer uma mudança de paradigma em relação ao consumo e à produção, e uma abordagem mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente.

Ao contrário da sociedade líquida, que vê o meio ambiente como um recurso a ser explorado sem limites, o pensamento sustentável reconhece a importância da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos para a nossa sobrevivência e bem-estar. Isso implica em adotar práticas de conservação e restauração ambiental, bem como em reduzir o desperdício e a poluição.

Além disso, o pensamento sustentável também implica em promover a justiça social e a equidade, reconhecendo que as desigualdades econômicas e sociais são uma das principais causas da degradação ambiental. Isso implica em criar políticas públicas que promovam a inclusão e o acesso aos recursos naturais e serviços públicos, bem como em valorizar as comunidades locais e os conhecimentos tradicionais.

Em suma, o pensamento sustentável é uma abordagem que busca equilibrar as necessidades humanas e a proteção do meio ambiente, promovendo a justiça social e a equidade. Em contraponto à sociedade líquida, que valoriza o individualismo e o consumo imediato, o pensamento sustentável reconhece a importância da interdependência dos sistemas naturais e sociais, e busca uma abordagem mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente.

Como remodelar a SAociedade pelo Pensamento Sustentável?

Existem várias ações práticas que cada indivíduo pode começar a realizar no seu dia a dia para promover a sustentabilidade e transformar o seu entorno. Algumas sugestões são:

Reduzir o consumo de energia: Desligue as luzes e os aparelhos eletrônicos quando não estiver usando, substitua as lâmpadas incandescentes por LED, utilize ventiladores em vez de ar-condicionado e abra janelas para aproveitar a luz e ventilação natural.

Economizar água: Feche a torneira enquanto escova os dentes, tome banhos mais curtos, conserte vazamentos de água e reutilize a água da lavagem de roupas para regar plantas.

Reduzir o consumo de plástico: Evite sacolas plásticas, utilize sacolas reutilizáveis para fazer compras, leve uma garrafa de água reutilizável ao invés de comprar garrafas plásticas descartáveis e recicle todo o plástico que não puder ser evitado.

Cultivar alimentos: Plante uma horta em casa, ou participe de um projeto comunitário de agricultura urbana.

Transporte Sustentável: Utilize bicicleta ou caminhe em percursos curtos, escolha o transporte público em vez do carro particular e dê preferência a caronas solidárias.

Reduzir o consumo de carne: Reduza o consumo de carne vermelha, substitua por proteína vegetal ou por carnes brancas.

Reduzir o desperdício de alimentos: Compre apenas o necessário, planeje refeições com antecedência e aproveite sobras para fazer novos pratos, além disso, composte os restos de comida em uma composteira caseira.

Reciclar: Separe materiais recicláveis e destine-os corretamente aos locais apropriados.

Essas são apenas algumas sugestões práticas que cada indivíduo pode começar a implementar no seu dia a dia, contribuindo para a transformação do seu entorno e a construção de um futuro mais sustentável e justo. É importante lembrar que a mudança de comportamento é um processo gradual e que cada pequena ação faz a diferença.

Humanismo Sustentável

Para envolver-se com o ser humano e neutralizar a liquidez social de nossos dias, é necessário buscar conexões significativas e construir relacionamentos sólidos com as pessoas ao nosso redor. Eu começaria por algumas ideias práticas:

Participar de atividades em grupo: Envolva-se em grupos de interesse comum, participe de atividades em clubes, associações ou organizações voluntárias. Isso permite conhecer pessoas com interesses semelhantes e estabelecer conexões duradouras.

Conhecer a vizinhança: Conheça as pessoas da sua vizinhança, saia para conversar com os vizinhos, participe de eventos locais e faça amizades com as pessoas que moram próximas a você. Não espere ficar velho para puxar assunto com alguém. Envolva-se com as pessoas. Brinque com as crianças. Elogie, conte uma anedota aceitável e que não menospreze as pessoas, seja o interometido (a) que ajuda a carregar pacotes (tomando cuidado para não parecer que vai sair correndo com os pacotes da pessoa. Certa ocasião, vi uma mulher saindo do mercado, carregada de pacotes, e deixou cair uma moedinha no chão. Com o coração soltando estrelinhas de pureza, instintivamente, abaixei-me para juntar a moeda e devolvê-la, sempre com o olhar fixo na mulher, e sorrido (eu), qual não foi a minha surpresa e estupefação quando o pé pesado dela acertou meus dedos, espremendo-os contra o chão, para que eu não apanhasse a moeda. A culpa não foi dela, e nem minha. A culpa foi de alguém que, certamente já tomou muitas moedinhas desta infeliz senhora, tornando-a desconfiada e agressiva. Minha mão doeu, mas dou mais ainda o coração, pela tristeza de saber que naquele dia eu não pude ser útil, isto é, não pude parecer ser útil. Ela não era minha vizinha, mas por conta disso, antes que eu faça qualquer favor a um vizinho, antes pergunto se ele precisa (às vezes está óbvio), e quer a minha ajuda.

Lamentavelmente vivemos em uma cidade grande, e confesso que eu não sei identificar expressões dos vizinhos, caso estejam sofrendo, porque o olhar de PH equilibrados deles e meu, é irretocável, e a dor que dói, só escondida, e assim seguimos, um e outro, nossos caminhos.

Praticar a empatia: Desenvolva a empatia e a compaixão pelos outros, ouvindo suas histórias, tentando entender suas perspectivas e mostrando interesse genuíno por suas vidas.

Investir em relacionamentos familiares: Dedique tempo para se conectar com seus familiares, fortalecendo laços de amor, confiança e respeito mútuo. Claro que isso é uma retórica, quebrada pela frase: "Parentes são meus dentes e ainda assim, mkordem minha língua", mas como somos movidos a desafios, me digam se há desafio maior do que amar um chato? Então, não se suporta uma pessoa desagradável por cortesia, mas por teimosia. Ainda assim, vale a pena.

Ser um voluntário: Dedique parte do seu tempo livre para se voluntariar em ações sociais, participando de projetos sociais e ajudando pessoas em necessidade. O voluntariado pode ajudar a construir laços significativos e a fazer a diferença na vida das pessoas.

Ao se envolver com o ser humano, construindo relacionamentos significativos e buscando conexões mais profundas, é possível neutralizar a liquidez social e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Lembre-se sempre que cada indivíduo tem o poder de fazer a diferença na vida das pessoas ao seu redor, e que cada ação positiva conta para a construção de um mundo melhor.

Sei que são conselhos mecânicos, ams se apenas um deles se torne prático para um único leitor, já terá compensado cada palavra aqui escrita.

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