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domingo, 24 de setembro de 2017

O Perfil do Novo Brasil após a crise




O problema de estar dentro de um  furacão, sendo jogado de um lado a outro, tentando sobreviver, agarrando-se à qualquer coisa que pareça firme, até que a tormenta cesse, é que não se tira tempo para refletir sobre as possibilidades e eventual cenário que será desenhado depois que a tormenta passar.

O Brasil, assim como as vidas dos brasileiros, está se segurando de palanque em palanque, na expectativa de que o relógio do tempo e das desgraças seja acelerado, e que ainda mais aceleradas sejam as soluções para seja encontrada a paz, ou no mínimo um certo descanso nesta desenfreada tentativa de manter-se de pé enquanto milhares caem ao nosso lado. Aqui o Salmo que diz: "Mil cairão à tua frente e dez mil à tua direita", parece fechar a página antes que leiamos o final do verso que diz: "..mas tu jamais serás abalado!"
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O problema está no furacão. Mas em algum momento, o vento cessa, e resta o rastro de devastação pelo caminho. As crises são assim. A crise brasileira é assim também. Estamos no fim dos ventos. Esta é a parte pior, porque não sabemos quanto ainda falta para chegar esse fim. E depois do fim, o que vamos fazer? Depois do fim, o que será de nós? O que será de mim? O que vai restar para recomeçar, se o começo é difícil, então o recomeço é um começo sem a esperança do vazio à frente, porque resta a ainda fresca lembrança de que o sucesso dos primeiros sonhos acaba de ser varrido pelas crises, onde os ombros amigos do alento são cabeças que buscam nossos próprios ombros para reclinarem suas dores? 

Como recomeçar quando há tão poucos cacos para juntar após uma crise que não guardou reservas para acender novas chamas? Como recomeçar quando tudo o que se conhecia por democracia, aquela ensinada nos livros, foi engolida pela ganância e pelas teorias dos loucos que pregam a completa destruição para esvaziar a história e propor um recomeço como nos tempos das cavernas? Como recomeçar quando sobreviver é mais importante que sonhar e calar é proteger-se se males que ainda não se esgotaram em meio às rajadas de vento que ainda tiram o sono de quem não dorme mais há tanto tempo? Como recomeçar, quando tudo parece um cenário de guerra, onde não há vencedores, apenas vencidos, e portanto não há a quem apelar por clemência?

Não é talento meu dar respostas. Só provocar perguntas. Então pergunto diferente: Por que não recomeçar como se tivesse pela frente um novo vendaval, só que desta vez de oportunidades? Por que não ver nos rastros do vento desolador, a possibilidade de refazer de outra maneira aquilo que não estava preparado para o vento e a tempestade? Por que não estar preparado para sair na frente assim que o Brasil voltar a existir, mesmo que nem toda a justiça se faça do jeito que desejaríamos fosse feita? Por que não emprestar os braços em lugar dos ombros para que ao nosso lado se levante conosco no despertar de novas oportunidades? 

Estamos condicionados, desde a infância, a nos prepararmos para o pior. Mas por que não nos preparamos também para o melhor? Nos preparamos para a velhice, mas por que não nos capacitamos para fazer do que nos resta de vigor, e muitos, de juventude, um banco de oportunidades onde depositaremos nossos talentos e investiremos nossa ânsia pela recuperação daquilo que foi perdido, mas além disso, pela possibilidade de conseguirmos aquilo que nunca tivemos antes?

Os vendavais são desgraças, mas a calmaria que vem depois é o sinal para que aceitemos novos desafios. Já perceberam que mesmo depois de certas calamidades, as pessoas reconstroem aquilo que foi perdido no mesmo lugar onde estavam antes de tudo acontecer?Já perceberam que  os ventos levam aquilo que não estava firme, mas o chão permanece, porque o chão é tudo o que nos resta em qualquer circunstância. Até mesmo na morte, o chão será a nossa última morada aqui nesse mundo.

O Brasil que eu vejo florescer depois da crise será um lugar melhor do que todos os anos que vieram antes. o Brasil que vejo ser levantado o será desta vez pela experiência ou pela vergonha, mas será levantado. O que era torto, será endireitado, e o que caiu será novamente levantado. Não será erguido por mãos de outros mas pelas nossas próprias mãos. Serão os nossos braços quem limparão os caminhos e as nossas pernas quem nos guiarão por novas veredas. Porque este é  o nosso chão. esta é a nossa terra. Nenhum lugar do mundo é tão nosso. Mesmo encruado de defeitos, eivado de imperfeições, polvilhado de erros, ainda assim, este é o nosso chão. De ninguém mais. Aqueles que nos roubaram, serão vigiados. Aqueles que nos traíram, serão punidos. Aqueles que nos enganaram, serão desmascarados. Este é o nosso país. De ninguém mais.


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