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segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Por que eu não fiz carreira política







O título parece uma pergunta, mas é  uma resposta. Já fui convidado e questionado muitas vezes acerca de meu gosto pela boa política, pela retórica, pelo embate de ideias, pela construção de propostas, pela cobrança de posturas, e ainda assim eu não fui para o confronto. Provocações do tipo: "Você tem medo de não ser eleito", ouvi muitas vezes. Pasmo com a falta de percepção alimentada pela mediocridade de quem tem a finitude mental de preocupar-se com a ideia que esse tipo de provocação poderia mover-me a buscar o brilho dos palanques e dos púlpitos, o aplauso provocado, ou os abraços fingidos. Pasmo em pensar que alguém acredite que a única razão que me move a escrever, opinar, cobrar, provocar,  seja a de pleitear um carguinho público ou uma cadeira na Câmara de Vereadores.
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Mas vou dizer o porque eu não quero e nunca quis ser político de carreira, mesmo tendo começado como líder estudantil, senti o gosto que o aplauso é capaz de oferecer. É muito bom. Senti o prazer de ser ovacionado por um discurso inflamado. É ótimo. Senti o gosto de ser paparicado em busca de apoio. É excelente.Mas é perigoso demais. E eu sou muito medroso para peitar o perigo por valentia. Tenho medo de gostar. tenho medo de acreditar nos aplausos. Tenho medo de fermentar em mim aquele espírito de "Messias" que acomete muitos políticos que começam bem e terminam com gestos planejados, com falas estrategicamente trabalhadas, dentes alinhados com porcelanas importadas, cabelos tingidos e frisados, e terno cuidadosamente alinhado, porque os eleitores, vistos já como fãs, exigem o melhor de seus representantes, de seus líderes.

Tenho medo de transformar-me em ator, em lugar de legislador. Não sou ator, embora tenho que representar muitas vezes aquilo que não sinto para não esmorecer os ânimos daqueles que se espelham em meu exemplo, a saber, minha família e, meus amigos. Mas tenho visto tantos políticos agirem como se disputassem um prêmio de teatro ou cinema. Não é esta a política que me agrada e temo em gostar se isso viesse a acontecer.


Não. Não quero liderar nada nem ninguém. Tenho medo de errar, não no que prometeria, mas naquilo que teria como resultante a mim mesmo: a vaidade. Não preciso de mais vaidade do que aquela que me faz pentear o cabelo, alinhar os botões da roupa (modesta), e saber que alguém leu o que eu escrevi, e talvez tenha gostado. Talvez seja esta a única das vaidades que eu reluto em abandonar. Saber que alguém investe seu tempo em conhecer minhas ideias, mas que tem juízo suficiente para jamais votar em mim, caso a lucidez me falte e meu ego se deixe embaraçar pelas garras da política e de seus cargos eletivos ou nomeados.

Censuro eu quem gosta disso? De modo algum! A vaidade é necessária para que aqueles em quem votamos motivem-se a fazer coisas boas e em favor de muitos, para que permaneçam no lugar que chegaram.  Precisamos dos vaidosos.Precisamos dos egocêntricos e dos narcisistas. Só não precisamos de corruptos. Felizmente estes não são a maioria. Senão seria o caos. Aí me dizem: Mas você expõe sua imagem pessoal em tudo o que faz? Como explica este paradoxo? Simples: Não o faço por vaidade, até porque seria um contrassenso. Mas sim, minha cara abre frente em quase tudo o que ponho em público, porque ela é limpa. Só por isso.

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