Estudei vários títulos para a chamada deste comentário, e confesso que estou escrevendo já o artigo e ainda não decidi o que escrever, tamanha a variedade de possibilidades, em se tratando de falar de heróis dentro da política. Mas vou evitar mais atalhos e seguir direto ao ponto: PMDB, PP, PSBD e PDT em Gramado (tive solicitações para lembrar também do PT, então está lembrado, embora eu prefiro falar dos bons nomes deste Partido no município, e esquecer a sigla o mais rápido possível, tantas foras as vezes que fui maltratado pelos seus correligionários na esfera nacional, que prefiro jogá-los no claustro dos esquecidos e sugerir que procurem outra ideologia para trabalharem por sua cidade, embora do PDT de Gramado eu também não guardo boas lembranças, mas vamos caminhar pra frente que fica melhor).
O Ser Humano precisa de referências desde que nasce. Ainda sem enxergar direito, o bebê precisa ouvir a voz da mãe para saber que está seguro. Isso também ocorre com os animais. Todo ser vivo é gregário, isto é, necessita estar ligado a outro semelhante para sentir-se seguro e uma vez seguro, buscar a felicidade. Assim também ocorre com a política. Precisamos de heróis, de líderes, de referência, de ideologias e quem as abrace como causa para que também as abracemos como objetivo. Assim, só na sociedade anárquica ou utópica (que dá na mesma, pois ambas são intangíveis) é que ninguém é de ninguém e todos fazem o que é preciso de forma sincronizada sem um comando central. Nada mais estúpido achar que um corpo caminha sem pernas, que olhos vejam sem um cérebro para processar as imagens, ou que mãos trabalhem livres sem sincronismo dos braços ou de uma com a outra, ou que uma civilização possa crescer sem seus herois e pensadores. Não pode, assim como também uma comunidade não se posiciona se não souber em que direção deseja ir e não chegará a lugar algum sem que se organize para a jornada.
Quando D-s quis livrar Seu povo da escravidão, poderia ter enviado anjos ( e o fez, mas apenas para punir o Egito), mas escolheu um Homem. Quando o Rei de Portugal quis alargar suas fronteiras, não lhe bastavam navios para transpor os oceanos, porque para comandar estes navios eram necessários Homens. Quando há uma lavoura por plantar e colher, D-s envia a chuva e a luz do sol sobre a terra que também concedeu, mas são os braços de homens e mulheres quem lançam as sementes e segam a safra depois de madura. Assim também neste modelo quero mostrar que um Partido não se faz sem filiados, que uma eleição não se vence sem candidatos, mas que na linha de frente, partido algum caminha sem ter alguém em que possa se espelhar e a quem seguir. Nenhuma campanha se faz sem um líder por quem se faça até mesmo sacrifícios por segui-lo, se este representar mais que seu próprio ego, mas um projeto de libertação, de desenvolvimento, de orgulho para quem o siga e que ocupe no panteão da história um lugar acima dos outros heróis. Assim é que se fazem os grandes lugares no mundo e é assim que se edificam as civilizações.
O PMDB de Gramado, que nada tem a ver com a mesma sigla no cenário nacional, está avançando com estratégia bem direcionada, e é inegável que é desta legião de devotos pela fidelidade e pela honradez dos compromissos os levaram a trabalhar silenciosamente até alcançarem a vitória nas eleições de 2016, mas que muito mais que isso, crescerão muito nos anos que os separam da próxima oportunidade de ocuparem a cadeira que, deste partido, pertenceu a Nelson Dinnebier, cuja ausência arrefeceu o espírito, mas que começam a resgatar na presença de um novo líder que desponta pacientemente, e fielmente em escudar seu parceiro do PDT, a quem prometeu acompanhar, apoiar e honrar o compromisso e a confiabilidade outorgadas pelo seu Partido.
Cabe ao jovem Evandro Moschem a tarefa de resgatar o PMDB para o PMDB, assim como cabe a um dos postulantes de seu adversário, o PP, mostrar quem é digno de ocupar a cadeira que foi de Pedro Bertolucci, e aqui menciono Pedro, quando poderia igualar outros prefeitos da mesma bandeira desde que Gramado se fez independente, mas estou falando de carisma pessoal e não de registros eleitorais. Seja Nestor, duas vezes Prefeito, seja Ubiratã, três vezes o mais votado, Seja Luia Barbacovi, que tomou uma rasteira ao ser preterido para a cabeça de chapa, ou no mínimo vice de Pedro na campanha, ou seja ainda Jorge Drumm, que também silenciosamente promove o crescimento intelectual e estratégico do PSDB, todos eles, tem a oportunidade e a dura tarefa de resgatarem os heróis que o povo busca para que as bandeiras políticas, sejam quais forem, sejam desfraldadas com galhardia e mostrem às novas gerações que política não é algo ruim, e que é a boa política quem motiva o povo a seguir a jornada, pois tal como Canaã, que esperava logo depois de um deserto, assim também Gramado espera por aqueles que queiram ser os líderes do povo, e que assim o sendo, queiram gravar em pedras na história os seus feitos, mas sobretudo gravarem no coração das pessoas as suas marcas de liderança.
Quanto ao PDT, insisto que é um Partido de um nome só, e que não reciclou suas ideias, o que tem uma ótima oportunidade para fazê-lo, dada a crise moral que assola o país. Um Partido que produziu tantos líderes, esvaziou-se nisso. Lideres demais e conexão com o povo de menos. Prova disso é o que venho dizendo há tanto tempo sobre Gramado: PDT tinha o que os outros não estocaram para a crise e soube afinar o passo para ocupar o vazio deixado pelos líderes que gravaram suas marcas na história, mas deixaram de compartilhar seus segredos com as novas gerações, e liderança tem segredos, tem maneirismos, tem estratégias e tem sobretudo paixão. Mas sempre é bom lembrar que paixão é uma faca de dois gumes se não for transformada em amor.
Hoje Gramado paga o custo da acefalia política e urge que se faça escola de heróis, pois nunca se sabe quando virá a próxima crise ou oportunidade que sejam revelados.
Para ser um herói não é preciso andar com a cueca sobre o pijama e voar com uma capa vermelha, mas é preciso caminhar entre a multidão e fazer-se notar pela sabedoria e confiabilidade. Este líder tem um povo à sua espera. Quem se habilita?