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sábado, 25 de novembro de 2017

O milagre da multiplicação dos Queijos e convites - Lembrança dos Festivais de Cinema de Gramado



Essa aconteceu com dois grandes amigos meus, cujos nomes declinarei em beneficio da honra das pessoas,  mas os fatos são fiéis ao acontecido.

Pois o caso deu-se durante uma edição do Festival de Cinema de Gramado, num tempo onde a tietagem ainda não conhecia Instagram, facebook ou zap-zap. Era no bico que a coisa funcionava mesmo. O fato deu-se numa Noite de Queijos e Vinhos da Galeteria Mamma Mia, cujo evento era o mais concorrido dentre os não menos famosos coquetéis e desfiles do Festival de Cinema.

Artistas, políticos, autoridades, empresários, socialites, imprensa, cineastas, e até pessoas normais eram convidadas a participar e refestelar-se nestes eventos memoráveis. Noutra ocasião, contarei outros, de outros tempos. Mas por ora, serve esse que vos passo a relatar (adoro essa linguagem narrativa medieval), porquanto verdadeiro, como descrevi.

Eram cerca de onze ou onze e meia da noite, e havia uma fila quilométrica de pessoas que acreditavam no destino e que o tal destino iria providenciar um convite de acesso ao paraíso dos glutões, onde vinhos, queijos e guloseimas à farta, jorravam pelas mesas, e quem quisesse poderia devorar de tudo e o tanto que desejasse e pudesse comer.

Meu amigo era o coordenador técnico do Festival, e estava no hall de entrada do restaurante, pelo lado de dentro, observando o movimento do lado de fora. Assustador. Gente de todo lado, desejando entrar. Mas para entrar, só com convite, e convites não eram vendidos e som entregues pela coordenação, pelos patrocinadores e pelo Gabinete do Prefeito. E quem meu amigo vê naquele instante, do lado de fora, cercado por populares, cumprimentando  abraçando um por um? O Prefeito (o qual recuso-me a citar o nome para não difamar a pessoa, ainda que por uma boa ação)! 

De chofre, meu amigo não pensou duas vezes! Passou a mão numa pilha de convites já recebidos, mas não inutilizados, enfiou no bolso do casacão, saiu lá fora, passou pelo prefeito, enfiou a pilha de convites no bolso dele, se piscaram, e ele saiu de fininho. Em poucos instantes, a felicidade de certo tanto de gente mais sortuda pela  proximidade fez brilhar a noite estrelada, pelos sorrisos e abraços, seguidos pela lepidez com que adentravam no lugar e escorregavam rapidamente para as mesas adornadas de refestelos.

Sim senhor. Naquele dia e em outros tantos desta natureza, perceberam o tamanho do carisma que o tal Prefeito tinha com seu povo. Fizeram uma coisa errada naquele dia, mas nunca foi tão legal errar como daquela vez, disse meu amigo. A bem da verdade, o Prefeito não perguntou de onde saíram os convites, e meu amigo considerou que se não havia pergunta, então também não tinha que contar de onde os recolhera.

Coisas de Gramado.Coisas de Gramado, sim senhor, senhora ou senhorita.

Imagem ilustrativa de internet

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