AD SENSE

segunda-feira, 20 de março de 2017

Acreditei no Brasil. E agora?



O grande empecilho de uma carreira não é a concorrência, nem a falta de capacitação. O grande inimigo do sucesso em tempos de crise é o orgulho ferido, misturado com a falsa esperança que um raio de luz vindo do céu poderá acelerar a volta do sucesso, sem que muito sol a pino passe em nossos dias, até que o mundo volte a funcionar, e isso não sem os esperados e inesperados, mas indesejados estragos que todas as crises se comprometem em oferecer aos que ousam atravessá-las cm a cabeça erguida.
O problema do recomeço é o esforço inversamente proporcional ao sucesso que obteve antes da queda. Quanto mais alto voou, mais arrastada fica a nova decolagem. Quem já decolou como águia e aterrizou como um pato, não consegue administrar o recomeço sem o aperto da vergonha, por que passam aqueles que precisam redimensionar seus sonhos, enquanto atravessam o corredor polonês no vale das tentativas e erros, que o recomeço exige.
O mundo está virado de cabeça pra baixo. A Primavera Árabe, que prometia dar um fim na tirania de uns poucos ditadores, arrefeceram a esperança da tão sonhada democracia, em troca do terror diuturno do Estalo Islâmico, ou dos bombardeiros russos, ou ainda dos medievais fanáticos do Boko Haram, que tentam transformar a África em califados e feudos, arrastando o mundo árabe para a idade das trevas, mas não sem antes bater o ponto no Inferno de Dante.

Acreditando estarmos livres e vivendo num país democrático, acordamos estarrecidos com escândalos atrás de escândalos, de tal monta, que desenterra os pavores noturnos, e o angustioso medo de dormir, porque o castigo do sono pode ser um acordar ainda pior. Passamos a temer a noite e empreender a luta de Jacó contra o sono, para que ele não nos faça chegar ao amanhã desconhecido.
O amanhã, antes dito como esperança, torna-se nosso algoz. A angustiosa madrugada insone nos açoita. As divagações com o travesseiro são o libelo acusatório de nossos erros, e o primeiro canto dos pássaros apenas nos fazem lembrar que aquilo que fora esperança de um novo dia, revela-se apenas agora, como outro dia.Apenas um dia a mais.
Porém, este novo mundo depois da Primavera Árabe não é o mundo dos fracos. A lei do mais forte começa a ser cobrada pelos tribunais da sobrevivência. E o senso de manter-nos vivos e dignos aperta nossa garganta até que o fôlego que resta exala o grito de libertação. E vamos em frente. Recolhemos as forças, respiramos fundo, e enfrentamos co corredor polonês dos olhares, dos risinhos, das ironias. Mas aquilo que não nos mata, dizia Nietzsche, nos fortalece. E uma vez que os risinhos nos condenam, são os risinhos também que nos absolvem e nos libertam. E respiramos fundo, e seguimos em frente.
Seguir em frente é o refrão necessário ao Brasil.Os políticos e o governo, ao se aliarem com os empresários, e desta amálgama fazerem brotar as monstruosas aberrações como filhos espúrios cuja placenta é de estrume, cujo cordão são dutos por onde escoam as sujeiras do poder, onde o poder é a muleta para o genocídio sob a chancela da Justiça, agora revestida de injustiças, emergem vorazes como leviatãs que devoram seus filhos para satisfazerem suas panças gelatinosas e suas mentes viscosas, desesperados por devorar mais e mais.
Passei por muitos vales e subi muitas montanhas. Desci e subi muitas vezes, mas o que vale recordar é que também ajudei muitos a subirem, e não recordo que tenha empurrado alguém ladeira abaixo. Isso não significa que desafetos sempre trinfaram sobre minha perplexidade, mas que se despencaram, o fizeram por conta da própria incompetência, posto que já tenho a minha incompetência para administrar, e pior que isso, administrar o estrago da incompetência que o sistema deteriorado que mantemos tem despejado em nossos ombros dia após dia.
Andamos quase em círculos em busca de alternativas que nos permitam legarmos aos que nos sucedam motivos suficientes para que leiam nos anais da historia os nossos erros, mas contabilizem a razão daquilo que efetivamente fomos capazes de acertar. Eu, pelo menos, caminho nesta direção;
Estou disponível a novos desafios. Minha idade, cinquenta e nove anos, não é um peso, mas uma mola propulsora, porque se força física pode vir a faltar-me, compenso em força moral e boa memória para vivenciar outra vez aquilo que fiz de louvável.



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sábado, 18 de março de 2017

Nadir, meu Biscuit de Porcelana



Já escrevi e publiquei muitas breves biografias. Nenhuma de desafeto. Desafeto não é para ser lembrado de forma negativa, e caso nada de bom tenha para ser lembrado, melhor deixar que o esquecimento mesmo o guarde em suas lembranças. Então, lembranças devem ser boas e de quem temos admiração.

É mais comum lembrar-nos de quem já não pode mais agradecer pelo que escrevemos. Então,  quero escrever para quem ainda é capaz de sorrir e até se defender de algo que venhamos a dizer pelo involuntário desejo de dourar a realeza mais que o rei. Assim escrevo sobre quem merece minhas boas lembranças: Meu bibelô, meu biscuít de porcelana, minha princesa de olhinhos amendoados, e a minha paixão por apenas trinta e oito anos. "Três-oitão" mesmo, sim senhor. Arma de peso, porque manter uma paixão no mesmo calibre por tanto tempo, é tarefa de profissional no amor.

Não. Não sou piegas, nem douro pílula. Não estou afirmando que durante trinta e oito anos foram pétalas de rosas que alcatifaram nossos caminhos. Não foi assim, Muitos espinhos e desafios a cada dia. A cada dia, novos leões mordendo os ânimos, e a cada dia o problema do dia. Humor, muitas vezes, péssimo, meu e dela.E do mundo contra nós. E mesmo assim, trinta e oito anos, sim senhor, ao lado de minha guerreirinha impoluta, digna, linda, e cheia de opinião.

Eu a conheci num baile de Kerb (festa alemã comemorativa da igreja luterana local). Estava no lado oposto do salão, lotado. Olhando pra mim. E eu pra ela. Falei pro amigo que estava comigo:
-"olha lá a menina com quem eu vou me casar!"
- "Tu é doido?" Respondeu-me rispidamente. Olha o tamanho do alemão ao lado dela! (O cara media 2,05 m, literalmente, era seu primo, que a acompanhava, além da irmã, grávida, e do cunhado. Bem coisa de Kerb mesmo).
- "Já vi, e calculei tudo!" Respondi, gesticulando. "Olha o tamanho da caneca de chopp na frente dele, recém servida. E não é a primeira! Esse cara vai ter que mijar aquele chopp em algum momento!"

Eu estava certo. Pacientemente esperei, sem perdê-la de vista, e percebendo que o mesmo acontecia da parte de lá. Até trocava de lugar para testar se era comigo mesmo. Era! Valia à pena o risco, pois naquele salão eram contumazes as brigas entre gramadenses e os locais. E eu nunca briguei na vida, então, uma cadeirada mal direcionada e seria o meu fim. Mas ela valia à pena até mesmo uma cadeirada mal direcionada. Esperei. E num piscar de olhos, olhei para a mesa dela e, BINGO! O alemão foi mijar o chopp, que à esta altura eu já considerava um aliado na minha estratégia. 

Nem esperei mais nada. Voei para a direção dela, e em um minuto apenas, estávamos dançando, ou melhor dizendo, ela dançava, e eu pisoteava os pés dela e babava em cima do ombro da delicada criaturinha cheirosa. Cinco longo minutos se passaram até que eu tivesse coragem para declarar meu eterno e incondicional amor à ela, e convidá-la a namorar comigo.

- "Sim!" Foi a resposta.
- "Você fala sério?"
- " Sim, falo! E você não fala serio?"
- "Seríssimo! Estamos namorando então?"

- "Estamos!"

Olho respeitosamente e pergunto:
- "A propósito, qual seu nome?"

Vou encurtar, porque vinte dias depois noivamos. Tres meses depois (deste encontro), casamos. E lá se foram trinta e oito anos atrás. Casamos ali, na Sociedade Esportiva e Recreativa Tiro ao Noivo, com toda pompa e circunstância de um saboroso churrasco, que à época ainda era confiável, e o Tony Ramos era apenas um galã de novela, e não de novilha. 

Trinta e oito anos, e tenho que confessar que casei por puro interesse. E continuo interessado. Tive lucro com a pessoa. Lucrei trinta e oito anos de cuidados com minha saúde, bem estar, meu trabalho, mas sobretudo, lucrei três lindos rebentos, que por sua vez me deram de lucro até aqui quatro criaturinhas que me desmoronam de emoção em cada abraço que recebo. Então, escrever uma breve biografia de uma pessoa íntegra e competente, é uma tarefa não apenas prazerosa, quanto necessária, e mesmo que piegas seja, pieguismo é minha ferramenta de demonstrar gratidão.

Por que estou escrevendo isso exatamente hoje, se não é aniversário dela, e nosso aniversário de casamento já passou? Porque para dizer que sou grato, orgulhoso e feliz por ter esperado aquele alemão enorme mijar aquele chopp, não preciso de datas. Sou grato à condição diurética do chopp, isso tenho que reconhecer. Apenas então lembrar o quanto sou amado por esta pessoa tão linda.



sexta-feira, 17 de março de 2017

Sua Excelência...o Traque!




Usei um termo em desuso, para não chocar as novas gerações mais pudicas, porquanto há inúmeros adjetivos mais chulos que também caracterizam o escape flatulento  da gaseificação intestinal. Mas é disso mesmo que eu preciso muito falar nesse momento. É uma questão de contribuição elucubrativa ao enriquecimento dos costumes e da natureza do próprio supracitado, não por questão de ciência, mas por justiça ao feito mesmo.

O Traque (aqui uso inicial maiúscula, por estar tratando do sujeito e não apenas da ação ou do verbo) tem sido amplamente debatido ao longo dos séculos pela ciência, pela ética, e até mesmo pelos meios jurídicos. Existem leis em certos países que absolutamente proíbem a liberação do traque em certo locais. Multa e prisão são as penas imputadas sem piedade a quem descumprir a legislação e burlar os costumes, soltando traques em público.

Aos mais jovens, vou traduzir. Estou falando de Pum, Peito, Gases, Fedido, Cabuloso, e assim por diante. São mais do que liberações intestinais. São verdadeiras cédulas invisíveis, mas perceptíveis e audíveis de identidade, especialmente da identidade ética do seus responsáveis. Podem ser ainda informantes, X-9, Dedos-duros do caráter, da educação, e sobretudo da dieta alimentar da pessoa.

O traque é quase uma impressão digital das vias inferiores, pois denunciam seus autores com requintes de informações, que podem ser chamados de "DNA Gasoso", tantas são as informações que um bem definido traque pode oferecer.

Traque é coisa que passa de pai pra filho. Nossos traques estão na família há muitas gerações. E com o passar dos anos vão sendo aprimorados pela mistura de famílias. Um verdadeiro tesouro genético-intestinal.

Não sei se alguém já se dedicou a uma pesquisa mais aprimorada, por exemplo, das variações sonoras do dito cujo. Vou tentar aqui descrever algumas.Por exemplo:

O Cantor de ópera - É aquele traque guardado a noite inteira (ou pelo menos durante o longo despertar da madrugada, para não tomar tabefes do cônjuge) e liberado de uma só vez ao assentar-se na louça pela manhã, aquele que sai junto com o xixi. Esse tipo de traque lembra em todos os detalhes um cantor de ópera, cantando uma ária extensa. Começa num Dó sustenido, sobe duas oitavas, estica as cordas vocais do Fredolino até a exaustão, e sai como um sonoro gorjeio seguido de um assovio numa escala continua e crescente, até que alcance uma frequência audível apenas por animas. Não é raro que cães desatem a uivar em uníssono a uma distância de duzentos ou trezentos metros do local do feito, atirando-se contra a parede e esfregando as patinhas nas orelhas, como que limpando numa contínua e sôfrega massagem auricular.

O Escandaloso - É aquele indivíduo que, após perceber que a perna do portador foi erguida, grita igual ao Tarzan quando enfrenta uma macacada, e sai em disparada ao vazio, chutando porta, hemorroidas, beirais e corredores, e lança-se no vazio do infinito, abraçando narinas da multidão, e fazendo tremular vidros e cortinas do ambiente onde foi liberado. Esse tipo de Traque geralmente é seguido de brados de vitória, como: UIAAA! É HOJJEEE! SAI DE BAIXO QUE AÍ VEM CHUVAAA!, e coisas desse tipo.

o Tímido - É aquele que esconde-se o quanto pode, e só sai a campo quando o ambiente estiver absolutamente liberado. Esse tipo só é detectado pelo elemento surpresa, em circunstâncias muito específicas. Mas é  o mais comum, mesmo discreto.

O Econômico - É aquele Traque que vai saindo aos poucos, para que o prazer da libertação seja prolongado por mais tempo.

O Serelepe - É aquele brincalhão, que vem cantarolando, começa e para, recomeça e para.  Sai aos gritinhos, um agora, outro daqui a pouco, enfim, um bobo alegre.

O Criançola - O Traque Criançola é aquele que não pode ver água, que quer sair fazendo bolinhas.

O Desastrado - Esse, coitado, é um infeliz, descontrolado. Acredita apenas na alma, mas esquece o corpo, e pronto. Surpresa! Acha que é apenas um traque, e vem acompanhado de todo o pessoal da limpeza. E quando isso acontece na louça, está bem, tranquilo. Mas quando acontece na rua? Ai, misericórdia! Nem é bom comentar.

o Ciumento- O Traque Ciumento é aquele que que só quer ser cheirado pelo autor, que também é chamado de Egoísta. Não divide o prazer com os outros. Solta debaixo da coberta e se enfia lá até gastar cada molécula da substância em benefício do seu nariz. Acredita até na teoria que cheirar traques cura câncer.

O Traque Altruísta- É o contrário do Ciumento. Esse é aquele traque que já estragou muitos relacionamentos. Daquele tipo que quando o marido solta, enfia a cabeça da mulher embaixo da coberta pra cheirar junto.

O Fantasma- É aquele Traque que surge do nada em meio a reuniões fechadas, elevadores, onde NINGUÉM sabe de onde surgiu. Esse é caso de chamar um exorcista ou fazer uma oração, algo desse gênero, para quem acredita.Nunca é demais saber disso. Elevadores são um perigo.

o Político - É aquele Traque que promete ser um terremoto e acaba sendo um aguaceiro, um churrio, um desarranjo.

Personalizado - É aquele Traque ao estilo do autor. Pensa por exemplo do traque do Trump. Certamente é diferente do traque da bailarina ninfeta do Bolshoi no colo do bailarino, no auge do Lago dos Cisnes.


Enfim, Traque é muito pessoal. Dia desses te convido a conhecer os meus.



quinta-feira, 16 de março de 2017

Teoria do Descontentamento




Teoria do descontentamento nada mais é que a disposição de sentir-se infeliz, magoado, frustrado, por não lograr êxito nos planos que traçamos, nos sonhos que acalentamos, e no dispendioso tempo que investimos em empreender aquilo que desejamos.

A frustração é o bem necessário ao aprimoramento dos recomeços. É  construir reconstruções sobre civilizações vencidas, sobre os despojos dos erros ou acertos que ainda não aconteceram nas tentativas de galgar o sucesso.

O descontentamento não é o choro convulsivo da derrota, mas as interrogações acerca dos pontos frágeis dos passos em falso sobre as pedras soltas do caminho. É perceber ao longo da caminhada que nem tudo que é verde pode ser floresta, e nem tudo que é escuro está relacionado à noite, mas que mesmo no escuro da noite mais escura, seremos capazes de encontrar uma faísca de inspiração que nos permita compreender que aquilo que pareceu um erro, foi um ensinamento. Aquilo que pareceu dor, foi o alívio. Aquilo que pareceu fracasso, foi a arrancada para o sucesso.
(Continua após o comercial)


Caminhar em frente é tropeçar, pois ninguém tropeça parado. Ninguém erra dormindo. Ninguém deseja aquilo que já tem. Então, o descontentamento pelo tropeço é a pitada que faltava para o passo firme. É o combustível para a reta final. É a certeza de que a bandeirada da vitória pode estar atrás da próxima curva.

Tenho errado mais do que acertado nas coisas que pensei para o futuro, pois parte destes futuros que sonhei já se tornaram passado, e não encontrei meus sonhos em nenhum deles. Sou néscio, por isso? Não creio. Sou apenas alguém a quem o descontentamento e a ânsia pelo sucesso se entrelaçam cada vez mais forte com o medo do fracasso, porque na juventude, todas as ânsias são por chegar em algum lugar o mais cedo possível, mas na idade madura, chegar é algo que não pensamos mais, senão que apenas nos disponibilizamos para a vida, para que nos presenteie com a paz de espírito.

O descontentamento com paz é saber que a caminhada terá valido à pena, se as penas tiverem sido cumpridas ao longo dos desvios que a vida nos ofereceu.E desta forma, nenhum descontentamento terá sido em vão.




Hard Rock, Premio de Turismo, e a "elegância" do Prefeito



Leio que Gramado recebe pela terceira vez o prêmio de atrativo turístico mais lembrado do Rio Grande do Sul. E vejo o Prefeito Fedoca, feliz da vida, recebendo o prêmio. Que nada fez por merecer, uma vez que esse tipo de prêmio, se for sério, é dado por votação, e estas votações tem um prazo com antecedência para que tenham credibilidade. Sendo assim, ou o prêmio é fajuto, ou Fedoca deveria ter tido a elegância de convidar seu antecessor, no mínimo, para posar na foto. 

Se fizesse isso, Fedoca não estaria traindo nenhum princípio partidário,uma vez na inauguração da Rodovia das Hortênsias, executada pelo antecessor, Pedro Simon, o Governador Alceu Collares cometeu a elegância de convidar Simon para as festivas inaugurais.

Leio ainda a belíssima retórica de Fedoca sobre a eventual possibilidade aprovar ou não o projeto do Hard Rock Hotel e seus periféricos. Fedoca, excelente advogado, dá todas as voltas e diz que talvez aprove, mas que talvez não aprove, se estiver tudo certo, pode ser que sim, mas se a leitura for desfavorável ao Meio Ambiente, pode ser que não. Resposta óbvia e correta, pois em ambos os casos, está amparado pela Lei, que não é de sua lavra, mas também de seus antecessores.

De qualquer forma, está valorizando o passe, e o grupo Hard sabe que a contrapartida legal e justa será ainda mais hard. 



Anastácio Orlikowski, meu Mestre divertido




O nome completo era Anastácio Dietrich Orlikowski, mas por economia de palavras, ele ia direto ao assunto e permitia, mais que isso, adorava, ser chamado de MIKI. Este apelido nasceu de uma dupla musical da juventude, com o irmão, quando animavam bailes, sob o epíteto de Mickey & Mouse. De Mickey, ficou Miki pela vida afora.

Exímio tocador de bandoneon, Miki era também exímio em muitas coisas mais. Desenho, pintura, escultura, xilogravura, litogravura, gravação em metal, modelagem, cutelaria, e sobretudo biscoitos com café. Não. Ele não sabia fazer biscoitos, ou pelo menos, nunca o vi fazendo.Mas comia muitos biscoitos. Eram, na verdade, seu cachê pelos ensinamentos que dava. Biscoitos e cafezinho. Talvez este o segredo de sua juventude, ao nos deixar, ainda sorridente e brincalhão, aos 92 anos de idade, mas juízo de 15, e sabedoria de 100.

Conheci Miki em 1977. Eu era aspone de turismo em Gramado, e responsável pelas atividades culturais do Município. Foi neste frutífero tempo que conheci e convivi com pessoas geniais, como "Sô Zé", outra figura excêntrica ao cubo, um mineiro de barba e cabelos brancos, enormes, um hippie com mais de cinquenta anos. Foi ele quem apresentou-me aquela figurinha miudinha, debochada com quem imediatamente tornei-me inseparável amigo, e que mesmo que a distância nos tenha afastado, a amizade foi contínua.

A última vez que consegui falar com ele, foi em 2008. Eu estava trabalhando em Lages, e quis levá-lo para uma palestra com os alunos do curso de Design de uma universidade local. Conversamos por telefone, mas infelizmente a palestra não chegou a acontecer.


Há dois anos atrás, fui à Bento Gonçalves, e intentei vê-lo, mas o tempo exíguo e os compromissos não me permitiram. Paciência. A vida separa mesmo os amigos de um modo ou de outro. A vida, e agora, a morte. Aos 92 anos, leio, com atraso, uma notícia que o velho poeta, e meu grande mestre Anastácio, contou sua última piada. Fez, pela última vez alguém rir e chorar. E sacaneou a vida. Não. eu não estava lá pra ver isso, mas conheço-o tão bem, que se me contassem que tenha sido diferente, eu mandaria que procurassem então ele escondido em algum canto rindo deles, porque este é exatamente o jeito que eu imagino que ele tenha feito sua despedida. Algumas palavras de profunda sabedoria, e uma palhaçada de recheio para não perder o jeito.

Miki foi meu padrinho de casamento e professor de desenho, perspectiva, luz e sombra, xilogravura, litogravura, modelagem, e começão de biscoitos. Quando comecei minha carreira de designer (à época era mais elegante ser chamado de Projetista), em 1979. Foi assim que aconteceu (ô memória filha da mãe essa, barbaridade):Ainda aspone da Secretaria de Turismo, eu odiava meu chefe. Gritava comigo na frente dos outros, passava o dia me dando esporro, enfim, alguém desagradável ao extremo, de quem eu desejava ardentemente livrar-me o quanto antes. E eis que atendendo às minhas súplicas, O Eterno envia à mim um marceneiro, que foi encomendar a criação de uma logomarca para sua fábrica de móveis, chamada Móveis Gramado.  Criei então a logomarca solicitada, e o homem ficou tão admirado com o desenho, que era um roupeiro em perspectiva, que me convidou para ser projetista de sua fábrica. Perguntei quanto ganharia, e o salário seria o dobro que eu ganhava pra levar mijadas como aspone. Aceitei na hora e combinei iniciar cinco dias depois. Apenas um detalhe: Eu não sabia projetar móveis.

Corri pra casa do Miki e contei o feito. Ele então olhou pra mim e disse: "Então temos daqui até segunda feira para que eu te ensine a projetar móveis. Vamos tomar um café, e começar as aulas". E assim foi. Depois disso, todos os dias, ao fim da tarde, por algum tempo, passava lá na fábrica para dar continuidade ao meu aprendizado. Foram muitos pacotes de biscoitos e bastante cafezinho, Mas valeu a pena.

Existem pessoas que valem a pena tê-las conhecido. Existem outras, que o vento das lembranças passa e leva embora sem deixar nenhuma saudade. Mas do Miki, confesso que, talvez pela idade que chega tropeçando nas juntas e chutando os artelhos, derramei umas poucas lágrimas pela notícia triste, mas óbvia, como é óbvia a vida. Felizmente, logo em seguida, lembrei das palhaçadas que ele fazia, deixando as pessoas em saia justa, pelas quais estou rindo até  hoje.

segunda-feira, 13 de março de 2017

Sobre oposição e outras considerações



Opositar é um verbo que transcende a discordância das ideias e atitudes, e direciona a um composto de reflexões que trazem ao debate as possibilidades do contraditório, para formação das ideias e suas desejadas conclusões.

Baseado isso no pensamento judaico, onde o contraditório faz parte do diálogo, sem o qual não haveria o debate, e sem o debate não seriam levantadas as hipóteses, teses e antíteses que levariam à desejada síntese, que é o âmago da civilidade.

Sou questionado se por tanto oferecer reflexões acerca da linha política seguida pelo Prefeito Fedoca, seria eu, porventura, inimigo dele, ou de seus aliados.

Não! Não sou e nunca fui inimigo do Fedoca, e repetidas vezes disse aqui que fomos amigos em priscas eras de juventude, e por não ter havido nenhuma querela que nos confrontasse diretamente, em momento algum foi rompido este laço de respeito e admiração pela pessoa (espero que reciprocamente) um do outro.

Então, para que não paire nenhuma dúvida disso, aqui farei um breviário daquilo que admiro no atual Prefeito de Gramado, mesmo tendo eu próprio sido participante ativo da candidatura do candidato que, no meu entender, poderia ter sido mais preparado para o cargo (e aqui não abro debate sobre opiniões, e gracinhas jocosas sem argumentos necessários seriam ganidos impúberes de energúmenos despudorados à procura de querelas para contender). Sendo assim, relato o que sei de Fedoca, e que torna-o digno de meu profundo respeito, independente de suas ações administrativas ou ideologismo político.

Ótimo contador de anedotas, sei  muitas (todas políticas) que ouvi dele, em rodas de amigos no Café Cacique, ou Lancherias do Dinda, Hortênsias ou Bara do Bellotto, na Estação Rodoviária, quando era na Av. Cel. Diniz, hoje, Av. Das Hortênsias.

Brincalhão, tinha sempre um olhar maroto e um sorriso em diagonal para elevar o humor do ambiente onde chegava. carismático, tinha que cumprimentar um por um, quando chegava ou saía no Gramado Tenis Clube, onde todos passavam o verão (eu era pobre, mas como me sustentava desde menino, pude comprar meu título no clube,e era lá que estavam muitos dos meus amigos).

Generoso, foram muitas as vezes que abasteceu o café da manhã de alguns desfavorecidos pela fortuna, como o "Taquinho", que já era parte do grupo, tamanha a intimidade e liberdade que sentia, tendo Fedoca como seu patrono entre os amigos.

Perspicaz, como quando, (isso eu não vi, mas ouvi falar e se não for verdadeiro, certamente ofereço a ele o contraditório, se é que Fedoca lê o que eu escrevo)estava para contratar uma secretária, recebeu a moça, num dia de chuva copiosa, e deu à ela um guarda-chuva e um regador, ordenando que ela fosse lá fora regar as plantas. Certamente a moça ficou estranhada, e de fato, não sei se foi contratada, mas entendi perfeitamente a situação da excentricidade, onde ele testava a fidelidade da eventual colaboradora, e sua capacidade de receber instruções sem tomar tempo do chefe com questionamentos inúteis. Confesso que ja pensei em fazer o mesmo,  mas nunca apareceu ninguém pedindo emprego num dia de chuva.

Debochado, tinha uma resposta de tirocínio na ponta da língua quando era apertado em alguma piadinha jocosa, o que respondia com educação, e um palavreado rico no vernáculo, e abarrotado de verdades. Foi dele que ouvi pela primeira vez a palavra "promiscuidade", ao referir-se às coisas que ouvia-se dizer de certas congregações religiosas.


Fomos vizinhos por certo tempo. Aluguei uma sala de seu pai, cuja porta ficava ao lado de seu pequeno apartamento, onde sempre o tive como um vizinho cortês e decente.

(Continua após comercial de apoiadores deste blog, aos quais agradeço)


Jamais ouvi qualquer comentário que deturpasse sua índole, exceto por opiniões acaloradas de desafetos políticos, o que desconsidero, por entender que denuncia sem fatos é ilação e falso testemunho, e disso, jamais poderei ser acusado, antes pelo contrário, prezo pela verdade, e a verdade no seu tempo devido, pois dizer a verdade quando ficar calado poderia ser a melhor solução em resolução de conflitos, não é mentir, mas preservar a integridade dos envolvidos, posto que humanos, e passiveis de falhas. Falar por falar de alguém, de modo pejorativo, ainda que verdadeiros os fatos, é agir com língua viperina, e também piperina, o que não se pode confundir com criticar atitudes, ideias, resultados indesejados.
Seja portanto esclarecido que irei continuar a defender minhas ideias, assim como as ideias com as quais concordo das pessoas que me procuram para tal, contanto que cada reflexão seja entendida como ponto de partida para que novas soluções sejam pensadas e debatidas por todos. É assim que eu faço.

Não quero que minha liberdade de criticar seja transformada em obrigação de criticar sempre. Se tenho vontade de elogiar, eu o farei sem nenhum constrangimento. Hoje, por clareza de meu caráter, elogio ao meu adversário político. Outro dia, farei o mesmo com outros personagens que andaram em meu caminho, ora comigo, ora contra mim,mas buscando de todos o melhor. Não creio na dicotômica ordem do certo e errado o tempo todo em todas as pessoas, mas que todas as pessoas, um dia erram e noutro buscar reparar o passo em falso. Vou contar historias de pessoas. um dia, pode ser a sua. Até porque a minha ainda não terminou para ser contada.

domingo, 12 de março de 2017

Hard Encrenca para Fedoca




E agora como fica a coerência do discurso,com a possibilidade de resgatar a economia moveleira de Gramado?
Como ficam os moveleiros que apoiaram Fedoca e Evandro, com a esperança de restabeleceram os empregos que estão se esvaindo, pela troca de economia de Gramado?

130 milhões é a receita do Município de um ano inteiro. Um empreendimento desta magnitude pode ser jogado no lixo? Poder, pode, mas Canela irá recebê-lo de braços abertos. E vai. Ganha a região, da mesma forma. Mas a questão é política. Se Fedoca aceitar, passa recibo de falastrão. Se não aceitar, passa recibo de néscio. Se cozinhar o assunto, fica pior ainda, pois pode sofrer a pressão do empresariado pode reverter o apoio que teve e ainda tem.
Seu marqueteiro precisa fazer hora extra, pois o assunto pode esquentar os ânimos, e também o festival de explicações.
Tomara que nesse embate, Gramado seja vencedor.



Leia a reportagem original
Uma marca que é sinônimo de atração turística está avaliando investir em um projeto de R$ 150 milhões em Gramado: o Hard Rock Hotel. O empreendimento prevê hotel, três restaurantes, uma rock shop (loja de souvenirs ligados ao ritmo), spa e centro de convenção. O projeto está em análise nas secretarias de Meio Ambiente e Planejamento. Nesta semana, uma comitiva formada por empresas que representam a Hard Rock Hotel estiveram na cidade serrana para reuniões na prefeitura. 

Uma das hipóteses em análise é de que ao menos parte do R$ 37 milhões reservados para mobília e estofamento sejam aplicados em móveis de Gramado, impulsionando a geração de emprego e renda na cidade.


Uma das empresas que representa a Hard Rock é a Venture Capital Investiments (VCI. Se o projeto for aprovado pela prefeitura, a expectativa é que a inauguração do hotel ocorra em dois ou três anos. O empreendimento deve ser um teste para Gramado. O prefeito João Alfredo de Castilhos Bertolucci (PDT), o Fedoca, foi eleito com discurso de travar o excesso de especulação imobiliária na cidade. 
Ao receber os representantes da marca, disse reconhecer a força da marca Hard Rock, mas insistiu na necessidade de pensar o empreendimento no conceito de sustentabilidade ambiental. A Hard Rock está em 69 países, com 24 hotéis, 203 cafés e 11 cassinos. No total, são 39 mil funcionários. A rede já realizou mais de 30 mil eventos pelo mundo.
Fonte:http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colunistas/marta-sfredo/noticia/2017/03/hard-rock-avalia-gramado-para-projeto-de-r-150-milhoes-9745345.html


domingo, 5 de março de 2017

Os bastidores das brigas do PP




Neste comentário serei breve para não perder a oportunidade do momento, muito estranho, por sinal, que corrói a boa política gramadense.

Prólogo

Vou tentar analisar algumas situações, para tentar entender o contexto. Vamos lá, por tópicos. Começo com uma eventual cronologia da situação política do PP e UPG, em Gramado.

Primeiro Ato

1 - Luia, Jeferson e Ubiratã, do PP,  são cotados para cabeça de chapa na eleição de outubro passado.
2 - Manu, PRB também deseja concorrer na cabeça de chapa. Olha para o PSDB e vê possibilidade que sua candidatura cresça.

Segundo Ato

3 - PP faz pesquisas internas que concluem que nenhum destes candidatos tem força para derrotar Fedoca e seu vice, seja ele quem for.

4 - As pesquisas apontam que o único capaz desta façanha seria o imbatível Pedro Bala, que naquele momento não queria nem ouvir falar de campanha. Cultivar azeitonas era o mais próximo de seus interesses até então.

5 - Pesquisas apontam ainda que nem Ubiratã, nem Luia, e nem Jeferson, somariam muito numa chapa com Pedro Bala, e que teriam que buscar noutro partido coligado o nome para vice.

6 - O nome escolhido não foi o de Manu, do PRB. Nem qualquer outro vereador na ativa. Foi o de Drumm, do PDSB.

Terceiro Ato

7 - Em cima da risca, é dada a largada. Começa a campanha. São escolhidos os "cabeças de chapa", Pedro e Drumm. Resta aos demais, a vereança. Bons guerreiros que são, engolem o choro e tocam em frente. Luia gruda uma durex e estica o sorriso. Ubiratã bate de porta em porta de seus velhos eleitos, a quem conhece um a um pelo nome, e vai catando seus votinhos. Muitos.  Bate pela terceira vez a marca de mais votado. Luia corre em silêncio e ganha também os seus votos. Jeferson deu uma cochiladinha quando o despertador tocou, e cochilou mais uns minutos. Perdeu o trem, e não saiu candidato a nada. Passou à frente de todos, porque retomou seu cargo e sua vaga no novo governo, de quem foi recebido com pompa e circunstância.

Quarto Ato

Vergonhosamente escandalosa a situação que se arma no Legislativo. Luia demite a Procuradora, e nomeia pessoas de seu círculo de relacionamento e confiança. Seria incompetente a demitida? NÃO! É competentíssima, diz a própria oposição. É do outro partido?Não! É das fileiras pepistas. Nora do Presidente do partido.

Aqui a plausível explicação para o revanche. Entenda a situação.

1 - Luia tem indícios, ou talvez mesmo certeza, que o Presidente do PP articula sua fritura em uma possível candidatura a Prefeito pelo Partido.  Seria o candidato natural por incontáveis razões.
2 - Luia engole o choro, e é eleito, como mencionei acima. Para apaziguar a situação, o Presidente do PP costura sua candidatura à presidência da Câmara, negociando com o PMDB um eventual cargo, para apoio do Luia, e tira Ubiratã do páreo, pois Ubiratã seria o candidato natural, por ter sido o mais votado. Luia vence e começa a trabalhar sua revanche (vingança é uma palavra feia demais). Demite a Procuradora, e cria com isso uma cisão irremediável no PP.
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Epílogo

Por que usei a expressão "vergonhosamente"? Porque em nenhum momento percebi, assim como os eleitores também não tenham percebido nenhum tipo de interesse no bem estar da comunidade, senão apenas disputas de poder, e mais vergonhoso ainda, disputas acirrada por dois ou três cargos que não sejam da alçada do executivo.

Estou com essa reflexão  desfavorecendo a UPG, o PP? Claro que não! Mesmo porque a UPG e o PP não estão restritos a uma cúpula diminuta de coronéis que se digladiam por território, mas é um colegiado de metade da população gramadense que votou em Pedro e Drumm, e que, mesmo que sua civilidade os faça apoiar aquilo que de bom venha trazer o governo de Fedoca e Evandro, ainda há brios e sentimentos, opiniões, que devem ser valorizadas e respeitadas destas pessoas.

A UPG se fortalece com esse tipo de esfacelamento destas lideranças que não souberam administrar a perda como ganho, e que briga a tapas pela última laranja que sobrou no pé, até que venha a próxima colheita.

Há ainda quatro invernos no caminho desta colheita. Há um campo por plantar e há muitos camponeses e muitas campesinas ávidos por ver florescer novamente este pomar. Gramado espera, mas não pode esperar sentado.

Aqui há um chamamento aos que acreditam que se possa passar um rodo na velha política do toma l-a-dá cá, que claramente é  o que está acontecendo, e que possamos trazer à superfície as boas práticas da política que edifica e enaltece a civilização.




sexta-feira, 3 de março de 2017

PP de Gramado jogando a toalha?



Os rumores prenunciam os fatos. Onde tem fumaça tem fogo. Eu poderia citar muitos comparativos que deem um comparativo ao que prenunciam os ventos advindos dos corredores do PP, onde os fantasmas acordaram e as correntes não deixam ninguém dormir no castelo.

O Presidente da Câmara demite a Procuradora, causando um rebuliço e revolta sem tamanho entre seus pares. Vereadores se digladiam entre si dentro do próprio Partido. Não existe um caminho comum, uma estratégia, um entendimento, entre os partidários, especialmente os vereadores, que em teoria, deveriam representar metade dos eleitores de Gramado, menos sessenta e dois votos. Mas não é o que está acontecendo.

Ao que se comenta nos bastidores, não existe mais diálogo entre tais vereadores.Não vou citar nome, porque não tenho interesse, até porque nem todos os vereadores envolvidos, mesmo tendo sido procurados, quiseram se manifestar. Direito respeitado. mas também direito respeitado do eleitor, do militante que sofreu na derrota, e que esperava do seu representante uma postura digna de abraçar a causa que prometeu em campanha. Mas que causa? De fato, quais vereadores ofereceram causa alguma, exceto a de continuar no passo que já vinham andando? e depois se chateiam quando são chamados de continuístas, interesseiros. Não os chamo de nenhum adjetivo. Apenas analiso sua postura acovardada e mesquinha, brigando por motivos estúpidos e se curvando ao acaso das propostas que poderão surgir do Executivo.
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Certamente não há nenhuma necessidade de ter algum tipo de inteligência no Executivo, em confrontar ideias e atitudes de sua oposição fraca, pífia, enfadonha. Aliás, enfadonha não é, uma oposição que tropeça nos próprios passos em salão sem percalços, é risível, pândega, pobre.

Fedoca não parou de vencer. Continua vencendo a cada trapalhada que cometem seus opositores. E ri-se disso. E rindo-se disso, ri-se ainda mais do povo, que não tem mais voz no comando de sua cidade. Não tem voz do Executivo, porque loteou cargos a estrangeiros, e não tem voz na oposição, quem em lugar de manifestar-se com convicção, gasta sua energia em embates de arrabaldes, por mesquinhos interesses pessoais.

O que vai acontecer com o PP, se não houver uma virada de página nesse tipo de postura? Provavelmente será extinto, e seus vereadores, terá oportunidade de ingressarem em novas siglas, observando-se a Lei Eleitoral para que não percam seus cargos por traição, embora isso já esteja acontecendo.

O PP sempre foi o elo forte desta aliança que formava a UPG. Hoje está se mostrando fraco e sem comando. Eis aqui o brilho que se esvai do "Cartão de Visitas do Rio Grande".

Depois reclama-se que os jovens percam seu interesse pela política. Isso não é política. É uma bolha que se esvai na primeira brisa, ao primeiro pingo de chuva que cai. E olha que vem temporal pela frente. O país atravessa uma crise, onde sessenta milhões de pessoas estão com as contas atrasadas. Gramado está na ponta mais alta da pirâmide das necessidades. O primeiro corte a ser feito. O glamour pode acabar, mas as pessoas não podem ser descartadas. E daí? Qual o projeto que tem para Gramado, quando a crise os alcançar?


quinta-feira, 2 de março de 2017

O Primo Rico e o Primo Pobre



Nos anos 60 e 70 havia um quadro de humor na TV Globo, com os atores Brandão Filho e Paulo Gracindo., onde em situações hilariantes, um primo miserável (Brandão Filho), faz uma visita ao primo milionário (Paulo Gracindo).

O pobre é incisivo em expor sua debilidade, suas necessidades, sua miséria, enquanto o rico, cego pelo brilho da fortuna, só consegue entender aquilo que sua mente tem a oferecer: o deslumbramento.

O que parece uma grosseria, aos olhos do expectador, onde o rico demonstra insensibilidade diante do assédio nada sutil do pobre, na realidade mostra uma inteligente crítica da condição humana diante do hedonismo da glória, onde o conceito de necessidades de um e de outro é distanciado por uma densa espuma de valores, que abafa o som da voz do suplicante miserável, ao atravessar esta cortina, e ao chegar aos ouvidos do deslumbrado primo, soa como um derramamento de elogios à sua própria fortuna e modo de viver.

Interessante como o rico fala de lagosta, e a devora diante do pobre, que saliva e brilha o olhar, mas que no momento derradeiro de satisfazer-lhe a fome, o rico lembra que está de dieta, e impõe ao pobre suplicante aquilo que o impede de devorar a iguaria. E o pobre se resigna à sua condição miserável, enquanto passeia pelo palácio do rico, que também o impede de assentar-se em seus luxuosos sofás, porque suas roupas estão sujas.

Era um quadro de humor, mas que retrata tão bem a Natureza do Ser Humano. Retrata com tanta sabedoria o ângulo de visão de um e  outro diante de suas necessidades pessoais. O primo rico, deslumbra-se em admirar e apresentar ao pobre a sua nova limusine dourada, enquanto o olhar do pobre está atento à geladeira do rico.

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Nós somos todos os dias Primo Rico e Primo Pobre, quando desnudamos nossas ansiedades em busca de soluções para nossos problemas, nossos desafios, e o fazemos através da humilhante condição de vítimas de nossa pequenez, enquanto focamos na geladeira, em lugar de focarmos na limusine, e isto fazemos, porque damos mais ouvidos para nosso estômago do que para nosso cérebro.

Somos Primo Pobre quando deitamos no Primo Rico a responsabilidade de atender nossos fracassos, enquanto nós próprios não tivemos capacidade de acreditar nos nossos sucessos.

Somos Primo Pobre mendigando ao Primo Rico um pouco da coragem que precisamos para descer um degrau abaixo e nos humilharmos completamente, em lugar de fortalecermos nossas pernas para que os degraus do nosso próprio sucesso sejam propulsores de nossas próprias conquistas.

Somos Primo Pobre quando a autocomiseração, piedade de nós mesmos, excede a autodeterminação, e quando ambas se confundem no compasso trôpego de nossas ansiedades quando fitamos a geladeira, enquanto o Primo Rico se deslumbra com a limusine com cheiro de nova.

Somos também o primo Rico, quando aqueles que nos buscam, e o fazem porque direcionam alguma confiança em nossa capacidade de supri-los, mas ainda assim nosso coração descompassa mais acelerado para nossa limusine, em lugar de ouvir o ronco vazio de seu estômago quando fita nossa geladeira.

Somos Primo Rico que desdenha o primo Pobre quando necessitamos tê-lo ao nosso alcance para que nosso ego não se definhe pela nossa medíocre ambição, mas que nos locupletamos quando seus gemidos ecoam pelo vazio de nosso caráter, que vê na pobreza apenas um espetáculo deprimente, e não uma oportunidade de enaltecermos a razão pela qual nos tornamos ricos.

Diz o Talmude que somos "Fiéis Depositários da fortuna de D's", e que como tal, estamos sujeitos à demissão por justa causa ao menor deslize, e não  pode haver maior deslize a um Fiel Depositário do que não corresponder à confiança nele depositada na guarda dos bens alheios.

O infiel depositário torna-se iníquo quando enrijece seu olhar em direção à limusine, quando ao seu lado há um Primo Pobre ansioso para que abra aquela geladeira e disponha a mesa para uma ceia com um irmão.

Que primo sou eu? Pobre, que sonho com o banquete da geladeira, ou rico, que me farto com a vaidosa paixão pelo brilho da limusine, que nada faz senão levar-me para longe de mim mesmo, e do pobre que me molesta, cobiçando a minha geladeira?


Justiça suspende cobrança de R$ 624 mil feita pelo TCE ao ex-prefeito de Gramado



O ex-prefeito de Gramado, Nestor Tissot, ganhou na Justiça a antecipação de tutela para suspender a cobrança, no valor de R$ 624.704,10, que estava sendo feita a ele, pelo Tribunal de Contas do Estado, em relação ao ano de 2009.  Mesmo tendo aprovado as contas do ex-prefeito, o TCE fez apontamentos contra Nestor Tissot.
Segundo os advogados do ex-prefeito, “os apontamentos não possuem fundamentação jurídica e, por isso, estão sendo contestados na justiça”. Atuam na defesa do ex-prefeito os advogados Marcos Pons e Bruno Coletto.
O teor inteiro da decisão da Juiza Aline Ecker Rissato é o seguinte:
“Vistos. Trata-se de ação anulatória de ato administrativo do Tribunal de Contas do Estado do RS ajuizada pelo ex-prefeito Nestor Tissot que, em tal condição, sofreu imposição de multa e glosas em suas contas da gestão. Refere que as contas foram aprovadas, com tais apontamentos.
Foram esgotados os recursos na esfera administrativa, sendo notificado para pagamento do valor de R$ 624.704,10. Pediu, a título de antecipação da tutela, a suspensão da exigibilidade das certidões que embasam a cobrança.
Da análise das alegações e documentos juntados, bem como das decisões no âmbito administrativo, verifica-se que há fundamento suficientemente hábil a confortar a pretensão inicial, a menos a título de cautela, diante da evidente urgência, já que houve a notificação para pagamento, sendo iminente o risco de inscrição em dívida ativa.
O autor, na condição de gestor do Município de Gramado, teve suas contas de 2009 aprovadas pelo Tribunal de Contas, com imposição de multa e glosas por suposto pagamento de vantagens a servidores a título de gratificação, diárias sem comprovação de pernoite, passagens aéreas com superfaturamento, além de irregularidades na prestação de contas do convênio etc.
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Pois bem. A probabilidade do direito, ao menos em uma análise inicial, beneficia o autor, sendo a urgência, como já mencionado, evidente. Quanto aos valores pagos aos servidores a título de vantagens, há demonstração de que o autor teria tomado as providências que lhe cabiam para a busca do ressarcimento aos cofres públicos do que indevidamente teria sido pago, com devolução mediante desconto em folha de pagamento (la. 136/139).
Pelo que se tem, em uma análise preliminar, não teria havido desídia por parte do autor que, dentro das atribuições que lhe cabiam, tomou as providências necessárias no âmbito administrativo. No que tange às diárias, da mesma forma, restaram devidamente comprovadas pelas notas fiscais acostadas ao feito, observando-se, ainda, que, em se tratando de viagem para fora do Estado, como demonstrado, não há falar em figura do pernoite, uma vez que se trata de valor fechado para o total da viagem.
Em relação às alegadas irregularidades na prestação de contas do convênio, os valores foram a ele destinados, não havendo nenhuma espécie, em cognição sumária, de desvio ou ilicitude. Ora, as notas fiscais n.ºs 173, 182, 192775, 3556, 794 e 172 (fls. 103/108) são claras ao demonstrarem a destinação específica do convênio firmado.
Assim, demonstrada a boa-fé do autor na destinação dos valores ao convênio firmado, o que é fundamental para a promoção da cidade no nordeste, tornando evidente o turismo da localidade. A probabilidade do direito, ao menos em uma análise inicial, beneficia o autor.
A urgência, como já frisei, é evidente. Diante do exposto, preenchidos os requisitos do art. 300 do NCPC, defiro a tutela provisória pretendida e, em consequência, determino a suspensão da exigibilidade das certidões objeto do processo de contas nº 004868-0200/09-0, certidões nº 1086/2016 e 1087/2016. Intime-se o demandado. Cite-se. Oficie-se, comunicando-se o Município de Gramado para ter ciência.”



Fonte
http://www.caiquemarquez.com.br/justica-suspende-cobranca-de-r-624-mil-feita-pelo-tce-ao-ex-prefeito-de-gramado/

Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...