AD SENSE

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Pedro Bala inocentado - A inconsequência de uma calúnia e quanto Gramado já perdeu por isso

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Foto: NH  Retirada de Internet


Como não poderia ter sido diferente, a notícia de que Pedro Henrique Bertolucci, Ex Prefeito de Gramado, cuja integridade havia sido colocada em suspeição, por seus adversários políticos, e que ressurge com o seu "Alvará de Inocência", outorgado pela mais alta Côrte de Justiça do Rio Grande do Sul, cai como uma pá de cal sobre aqueles que, esquecendo que política é regida pela Terceira Lei de Newton, onde  "Para toda a ação, surge uma reação da mesma intensidade, mesma direção, e com sentido oposto", a reação dos leitores foi dentro do esperado, isto é, devoraram até meus erros de semântica e digitação não corrigidos a tempo, para tomarem ciência de que era mesmo verdade aquilo que já percorre como um raio pelos cafés e bares da cidade, pelas redes sociais e mais que isso, pelos grupos de whatsapp, mas que, uma  publicação deste escriba daria confiabilidade ao que é dito como informaçao periférica.
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Isto posto, passo a analisar brevemente a situação de quem foi espectador dos episódios ligados à campanha, onde os mesmos grupos e nos mesmos bares e cafés, circulavam as notícias em tom de catástrofe, que "Pedro Bala seria ladrão e que seria condenado, e caso vencesse, perderia o mandato", e aqui vejo dois grupos distintos: O primeiro grupo, interessado na desgraça alheia, correndo atrás do "quanto pior pra eles, melhor pra nós", e o grupo dos estupefactos, que se deixaram espancar a rodo, sem estampar a mínima reação de defesa. Mas não termino aqui,porque há um terceiro grupo remanescente e que em nenhum momento escondeu a cara, mas antes colocou-se em defesa das mesmas bases que havia militado, e neste grupo estão aqueles que, por natural reação humana, entraram em temporária letargia, catatonismo até, mas que ao sabor no vento e dos acontecimentos consequentes, passaram a despertar, abrindo um e outro olho, aos poucos, porque a luz na cara pode incomodar, portanto, cautela faria bem.

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Vamos analisar uma das perdas que Gramado teve com este episódio, não falo só da eleição perdida, ate porque isso poderia ser levado na conta de despeito, mas de uma consequência direta do episódio deste processo em particular: A evasão de divisas e empregos do Município, com a transferência da Dauper, outra protagonista deste processo, para a vizinha cidade de Canela. Então, se juntarmos a este, outros tantos que vieram, em efeito cascata desta inconsequência, quem vai retribuir os empregos perdidos, os impostos que se evaporaram, e a dignidade abalada das pessoas envolvidas?

Que resposta  dará à comunidade aqueles que fomentaram das ilações que deram origem a estas perdas? Quanto gastarão em sua defesa em processos, certamente já a caminho, por calúnia,injúria e difamação, a serem movidos contra elas? Em que contribuíram para a democracia, senão apenas que responderão pelos seus atos impensados e língua destravada? Isso nem Newton seria capaz de calcular.

Pedro Bala é absolvido por unanimidade - A Vez e a Voz da Justiça falou mais alto




Saber que a Justiça tenha sido invocada é umas das faces da civilização que entristece, uma vez que sempre que o Poder Judiciário necessite interferir entre dois querelantes para dirimir dúvidas de entendimento, seja processual ou de comportamento social, é um fato que diz que ainda há uma lacuna que  não foi devidamente preenchida nesta fase da civilização. Uma lástima.
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A boa notícia está em saber que o amargo gosto de jiló dos julgadores tenha sido trocado pelo suave aroma de uma boa fruta, quando exaustivamente tenha analisado  todas as provas e contraprovas, ouvido à exaustão  todas as testemunhas, os Advogados e a Defensoria pública, debatido entre os Magistrados todos os aspectos, e por fim, sentenciarem a inocência do Réu, que tem seu nome retirado do livro dos culpados e registrado no livro dos inocentes.
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Esta a parte boa da história. A parte triste diz respeito ao conjunto de ilações e acusações que foram levantadas contra a honra do personagem deste evento, o Ex-Prefeito, e então Candidato, Pedro Henrique Bertolucci, que pleiteava seu quinto mandato em Gramado. O resultado, que de opinião quase unânime foi atribuído às mensagens de blogueiros que circulavam pelos grupos de whatsapp, dando conta de que Pedro Bala seria culpado, e dando a certeza de que seria condenado, o que agravaria sua condição política. Eram penas jogadas ao vento que não se recolhem mais. Culpado, então, é quem é condenado. Inocente é quem é julgado e inocentado. Lógica simples, pelo viés da Justiça, mas infame e baixa, quando é espalhada como argumento de campanha. Este argumento foi usado largamente, e atingiu por algum tempo a honra do candidato e de sua família, que tentara demovê-lo de voltar à política. Mais que isso, foram poucos os que apostaram em sua inocência, entendendo que não deveriam correr risco com seu voto, e votaram no protesto, por aquilo que acreditaram ser a verdade. Não era. A verdade veio à tona hoje em forma de inocência, assinado e carimbado por um Colegiado de Juízes que avaliaram as supostas provas à luz da lei e não da paixão.

É sempre bom que a Justiça prevaleça.Por coincidência, também eu tive uma ação com decisão e sentença favoráveis por estes dias. Que bom que mesmo que os homens sejam injustos, a Justiça não é  obra dos Homens e sim de D-s , O Justo juiz.

Parabéns, amigo  Pedro! Não errei ao investir confiança na tua proposta. Não errou o eleitor de Gramado, quando errou na conta e sessenta e dois ficaram de fora. Errou quem acreditou na difamação e nos difamadores. E agora, como ficam? Terão decência e hombridade para pedirem desculpas pelo mal feito e no devido Foro, reparado?


Saiba mais clicando aqui


Quando plantei Cerejeiras (e comi Araçá, Goiaba Serrana e outras delícias do mato) - Gramadense Raiz sabe o que são elas





Quando era menino, eu vi um filme,muito antigo, que contava a história de um homem, na China, que foi buscar uma esposa na aldeia vizinha. Embora os atores fossem todos americanos, maquiados de forma muito caricata, o filme era muito lindo.

Butiá

Durante a viagem de volta, após haver encontrado sua esposa, passou na feira e comprou alguns belos pêssegos, e seguiram viagem de volta, a pé. Ela alguns passos à frente. Então ele deu um pêssego à ela, e seguiu em frente. Quando terminou de comer seu pêssego, jogou fora o caroço,mas ela juntou e guardou a semente da fruta. Ele viu, mas não fez nenhum comentário. Ao chegarem à casa, ela plantou todos os caroços que guardara.

Amora preta
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Os anos se passaram, e os pessegueiros floriram. Envelheceram, e ela morreu. Enfim, o filme termina com ele olhando os pessegais floridos que ela havia plantado, porque não deixou que fosse jogado fora um caroço de pêssego comido pelo caminho. Isso me sensibilizou muito, porque eu tinha já  uma grande afeição pelas coisas da roça, do mato, e da Natureza em geral.

Amora Branca

Não tínhamos terra mais, quando eu estava na idade de saber dar valor ao chão onde pisava. Mesmo assim, por crescer próximo aos matos, todos sabem que mato onde um menino sonhador adentra, é terra de ninguém,portanto, sua. Portanto minha. E foi nas matas que eu comi as mais deliciosas frutas que se pode comer quando menino. Goiabas serranas, verdinhas e suculentas, mais doces ainda quando tiverem bicho dentro. Araçás, então, conhecia cada pé desta frutinha, pelos matos onde brincava. Guabiroba, haviam apenas quatro ou cinco pés, mas carregavam e eram generosos com a gente. Ingás, então, eram um prêmio, conseguir um pezinho carregado. Haviam dois pés, que eu me lembro. E amora branca? Quem ja comeu amora branca? Por misericórdia! Que delicia. Que perfume! Claro que a amora preta tem também seu valor. Azedinha, mesmo madura, deixa a boca cheia d'água. 

 Araçá amarelo
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Morango silvestre ou (ou moranguinho de sapo) era outra iguaria de menino pobre. Um morango menos doce, que comíamos com açúcar e água. Só quem comeu sabe como são.

 Morangos silvestres (Moranguinho de sapo)

E Mixiricos (É Mixiricos com "I" mesmo)? Quem já ficou com a língua preta de tanta doçura, comendo punhados de Mixiricos pelos matos?  (Desta, infelizmente não encontrei imagens para ilustrar).

Mais uma fruta era o Maracujá do mato. Preferido por dez entre cinco sabiás. E guris também.

Maracujá do mato


Da Goiaba Serrana (Feijoa Sevillana), a gente comia até a pétala branca da flor. E quando mais bichada, mais doce era a fruta. As de casca lisa eram as melhores.

 Goiaba Serrana

Enfim, tantas e deliciosas foras as frutas de minha infância. Mais uma frutinha que colhíamos no mato, era o Esporão-de-Galo, confundido com outra muito parecida, o "Pula-Pula", que não era comestível. 



 Esporão-de-Galo

Porém, há uma que tem um lugar reservado na minha memória: São as Cerejas do Mato! Estas pequeninas frutinhas são umas espécie de prêmio pelo primeiro lugar, uma recompensa pela persistência e pelo respeito ao sabor das frutas de árvores que não plantamos. Quer dizer, aquelas que comemos quando crianças, nós não plantamos, porque isso pode ser corrigido a qualquer tempo. 
Não quero ser injusto esquecendo de alguma, porque eram muitas, mas as Gavirovas (Guabirobas) são inesquecíveis. Colher no pé amarelinhas, durinhas, e fazer espocar na boca o sabor sem igual, que só crianças pobres do interior conhecem.

Gavirova  (Guabiroba)


Então, lembrando do filme e dos pêssegos, adquiri o hábito de, na medida do possível, nunca destruir sementes (em apartamento fica complicado), e sim jogá-las no mato. Isso mesmo! Não estou falando de jogar lixo por aí, porque semente não é lixo. Tem vida dentro delas. Então eu jogo as sementes, porque se os pássaros as devorarem, devoradas estarão. Cumpriram seu papel na Natureza. Mas caso escapem dos bicos dos emplumados, elas germinarão, e novas árvores crescerão, que darão frutos, e destes, novas sementes.



 Ingá

Outra fruta do mato a quem presto meu tributo, são as Quaresmas, que alimentaram minha avó nos dias da fome, quando ela deixava a comida para nós, e saía pelo mato à procura de Quaresmas. Comia quantas encontrasse, mas as mais bonitas, ela trazia pra mim. Sim senhor,as quaresmas tem história comigo.
 Quaresma

Pois algumas destas sementes de Cereja do Mato, eu plantei. Foram três, na verdade. Na primeira, cuidei da plantinha por quinze anos. Foi na casa de minha avó. Os anos se passaram, e as casas foram alugadas. Mas os inquilinos sabiam de meu caso de amor com as árvores, e com aquela cerejeira. Um dia, fui chamado para ir comer as primeiras frutas da árvores, que já estavam maduras. Fui correndo, e fiquei sabendo que ninguém havia colhido nenhuma frutinha, sem que eu tivesse a honra de comê-las primeiro. Um tributo. Uma mostra de respeito e dignidade quase ímpar. Fiz então as honras: comi duas frutinhas e agradeci pela deferência, liberando o restante da colheita para os inquilinos de minha avó. O mesmo aconteceu com uma cerejeira que plantei na casa de minha mãe, que diz que eu tenho um tal de "Dedo Verde", em referência ao livro do francês Maurice Druon, que relata a história de Tistou, um menino que tinha um notável dom de fazer brotar toda árvore em que punha as mãos, por isso diziam que ele tinha dedo verde. Eu tenho então dedo verde, mas uma sorte incrível de encontrar pessoas de caráter que valorizam meu carinho pelas plantas. Plantas não são pessoas. Não as trato como tais. Não converso com as árvores, nem me amarro quando uma está por ser derubada. o máximo que posso fazer é usar minha habilidade em convencer pessoas, que as árvores possuem um atributo especial, de aproximar gente. Gente que gosta de árvores também.



*Todas as imagens foram retiradas da Internet




segunda-feira, 25 de setembro de 2017

A prenhez do Menelau Quaresma - Causos do Apolônio Lacerda




Este caso é sigiloso. Não deveria estar contando isso aqui. Mas vou falar em códigos então. Isso. Serão códigos e segredos. Mas depois que ler, ponha fogo no seu computador ou celular para apagar as provas. Caso conte para alguém depois, ponha fog...Não" Nem pense nisso. Mas por favor, mantenha em sigilo,porque foi muito humilhante pra família da pessoa que deu-se o acontecido. Eis o caso:

Menelau Quaresma era aparentado do bolicheiro "Dedão". Coisa de um primeiro casamento de uma prima lá de Brejo Bermêio, dos tempos de escolinha. Quaresma foi agregado dum tal de Ataliba, que cuspia enquanto falava, e falava enquanto comia, e ainda gostava de comer revirado de couve com farinha de mandioca, e contar vantagem na cara das pessoas. Tinha por isso, poucos amigos.

Pois Quaresma apareceu na calada da noite na casa do Dedão, pedindo pouso. Trazia consigo um peçuêlo, uns "mijado", e uma quarta de farinha pra contribuir com as despesas do pouso. Entrou desconfiado e fechou imediatamente a porta, olhando de revesgueio pela fresta da janela, fechando-a em seguida. Só então estendeu a mão pra dar "adeus" de boas vindas, como manda o respeito.

- Se chegue, vivente! Conte as novidades!
- Nenhuma, cumpadre! Fale baixo, por obséquio!

Dedão não contradisse o visitante, mas arregalou o olho e esticou o pescoço em diagonal, o que significava desconfiança súbita. Quaresma assentou-se, quieto, ensimesmado e de olho arregalado de revesgueio, como que implorando para que o anfitrião insistisse mais no assunto. estava entalado. Tinha que falar com alguém. Dedão percebeu, e puxou assunto.

- Não sou intramitido, cumpadre, mas se o varão quiser confiar num amigo pra uns concêio, não se apoquente e abra o verbo com seu amigo aqui!

Quaresma arregalou o olho, encolheu os ombros, como que concordando, mas envergonhado e com dificuldade de dar início à prosa.  Dedão entendeu e propôs:

-Fazemo ancim, cumpadre: Aperpáro um cuscuis mexido e um chá de mate, e enquando tirêmo o bucho da miséria, o amigo me conte o que se passa com vosmecê...

Ah pra quê..mas PRA QUÊ ele tinha que que usar esta palavra:Bucho! Nem terminou a frase e Menelau caiu no choro convulso. Os ombros do amigo se tornaram almofadas e a coisa veio. Chorava aos prantos e soluçava parecido com um peru inticado pela piazada. Erguia o pescoço e dava dois ou três gritinhos, e voltava ao choro. Isso foi por um bom tempo, até que Dedão foi se esgueirando de fininho,porque tava demais a coisa.

- O cumpadre continue aqui no choro, que vou ali mexer o chá de mate porque tá quaje derramando.

Duas cambucas de cuscuz depois, ambiente mais calmo, e Quaresma começa a contar:


-Não faça pagodeira de mim, cumpadre, mas a côsa é cabulosa. Nem sei como foi acontecê, mas eu to prenho!

Não é comum que uma cumbuca caia sozinha da mão da pessoa, mas Dedão tremeu. Pensou: "Eu deixei que ele chorasse no meu ombro...". E saiu se esfregando e cuspindo, sapateando e batendo a poeira do pala véio, na parte que tinha enconstado no chorão.

- Não é o que o cumpadre tá pensando, não! Eu sou um Ôme dereito. Não faço essas côsa. Foi um milagre.

Instintivamente Dedão correu o olho dereito ao santo na parede, benzeu os dedos, e fez o sinal da cruz. Bandaiêra até dava de entender, mas heresia é demais. 

- Não cumpadre. Eu lhe digo. Foi a madrinha Carsulina mesma quem atestou a prenhez. Cumpadre  Apolônio tava junto. Foi quando me cramei de inchaço no bucho e pedi um chá pra madrinha. Ela mandou o Apolônio na lavoura buscar umas ervas, e disse a ele que era porque eu tava embuchado de fratulênças.

Dedão segurou o riso. Não entendeu o significado da tal "Fratulênça", mas quando Carsulina tinha um dedo no assunto, era bandaiêra. E da braba. Continuou ouvindo.

- Pôus então, bebi o chá, mas falei pra ela que não sou ôme afeito a essas bobajada que anda por aí. Ela se riu e me disse que justo por isso, era um milagre com minha peçôa. E vim embora proseá com o amigo e contá a maravía...

Dedão se segurava e espremia o beiço já roxo para não rir. Fingia que ia ali beber um caneco d'água e ria aos frouxos, bebia a água e voltava vermelho, mas controlado. E Quaresma lá num canto segurando a pança como uma mãe, arqueado pra frente, e a outra nas "cadeiras", já se sentindo uma mamãe. "UM mamãe", melhor dizendo, porque ele não era mesmo ôme de fazer bobajada por aí.  Mas a revolução no bucho continuava, até porque Carsulina deu-lhe um chá de folhas de umbuzeiro para resolver as flatulências do efebo. Num dado instante, a coisa anunciou, e Quaresma berrou:
-É agora, cumpadre! Veja panos limpos, uma gamela d'água e uma carneadêra afiada pra tosá o imbigo da cria! E foi à capoeira....

- Dedão se finava de rir la dentro, assim, de faltar o fôlego, enquanto lá fora se ouvia os gemidos do Menelau, falando dengoso com seus gases:

- Increnca do mamãe! Venha logo, criatura! Força no imbigo, que o mamãe aqui dá conta do recado, chê!


E a coisa veio. Eram gases de muito tempo. Foi um estrago no miarálhi.... Quando percebeu o que estava acontecendo, voltou envergonhado pra dentro, mas não deu o braço a torcer. Encontrou o Dedão com olhos vermelhos de tanto chorar de rir, mas mais controlado, perguntou:

- Cadêle a cria, vivente?

Quaresma não se deu por vencido e lascou:

-Era um milagre, cumpadre. Era só ispríto. Saiu cantando e foi-se pro mundo!

Pelo sim, pelo não, Carsulina apareceu logo depois com um caneco de Lambança de café com mandioca, procurando pelo Menelau Quaresma. Com aquele olhar de quem fez o que não devia...



domingo, 24 de setembro de 2017

O Perfil do Novo Brasil após a crise




O problema de estar dentro de um  furacão, sendo jogado de um lado a outro, tentando sobreviver, agarrando-se à qualquer coisa que pareça firme, até que a tormenta cesse, é que não se tira tempo para refletir sobre as possibilidades e eventual cenário que será desenhado depois que a tormenta passar.

O Brasil, assim como as vidas dos brasileiros, está se segurando de palanque em palanque, na expectativa de que o relógio do tempo e das desgraças seja acelerado, e que ainda mais aceleradas sejam as soluções para seja encontrada a paz, ou no mínimo um certo descanso nesta desenfreada tentativa de manter-se de pé enquanto milhares caem ao nosso lado. Aqui o Salmo que diz: "Mil cairão à tua frente e dez mil à tua direita", parece fechar a página antes que leiamos o final do verso que diz: "..mas tu jamais serás abalado!"
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O problema está no furacão. Mas em algum momento, o vento cessa, e resta o rastro de devastação pelo caminho. As crises são assim. A crise brasileira é assim também. Estamos no fim dos ventos. Esta é a parte pior, porque não sabemos quanto ainda falta para chegar esse fim. E depois do fim, o que vamos fazer? Depois do fim, o que será de nós? O que será de mim? O que vai restar para recomeçar, se o começo é difícil, então o recomeço é um começo sem a esperança do vazio à frente, porque resta a ainda fresca lembrança de que o sucesso dos primeiros sonhos acaba de ser varrido pelas crises, onde os ombros amigos do alento são cabeças que buscam nossos próprios ombros para reclinarem suas dores? 

Como recomeçar quando há tão poucos cacos para juntar após uma crise que não guardou reservas para acender novas chamas? Como recomeçar quando tudo o que se conhecia por democracia, aquela ensinada nos livros, foi engolida pela ganância e pelas teorias dos loucos que pregam a completa destruição para esvaziar a história e propor um recomeço como nos tempos das cavernas? Como recomeçar quando sobreviver é mais importante que sonhar e calar é proteger-se se males que ainda não se esgotaram em meio às rajadas de vento que ainda tiram o sono de quem não dorme mais há tanto tempo? Como recomeçar, quando tudo parece um cenário de guerra, onde não há vencedores, apenas vencidos, e portanto não há a quem apelar por clemência?

Não é talento meu dar respostas. Só provocar perguntas. Então pergunto diferente: Por que não recomeçar como se tivesse pela frente um novo vendaval, só que desta vez de oportunidades? Por que não ver nos rastros do vento desolador, a possibilidade de refazer de outra maneira aquilo que não estava preparado para o vento e a tempestade? Por que não estar preparado para sair na frente assim que o Brasil voltar a existir, mesmo que nem toda a justiça se faça do jeito que desejaríamos fosse feita? Por que não emprestar os braços em lugar dos ombros para que ao nosso lado se levante conosco no despertar de novas oportunidades? 

Estamos condicionados, desde a infância, a nos prepararmos para o pior. Mas por que não nos preparamos também para o melhor? Nos preparamos para a velhice, mas por que não nos capacitamos para fazer do que nos resta de vigor, e muitos, de juventude, um banco de oportunidades onde depositaremos nossos talentos e investiremos nossa ânsia pela recuperação daquilo que foi perdido, mas além disso, pela possibilidade de conseguirmos aquilo que nunca tivemos antes?

Os vendavais são desgraças, mas a calmaria que vem depois é o sinal para que aceitemos novos desafios. Já perceberam que mesmo depois de certas calamidades, as pessoas reconstroem aquilo que foi perdido no mesmo lugar onde estavam antes de tudo acontecer?Já perceberam que  os ventos levam aquilo que não estava firme, mas o chão permanece, porque o chão é tudo o que nos resta em qualquer circunstância. Até mesmo na morte, o chão será a nossa última morada aqui nesse mundo.

O Brasil que eu vejo florescer depois da crise será um lugar melhor do que todos os anos que vieram antes. o Brasil que vejo ser levantado o será desta vez pela experiência ou pela vergonha, mas será levantado. O que era torto, será endireitado, e o que caiu será novamente levantado. Não será erguido por mãos de outros mas pelas nossas próprias mãos. Serão os nossos braços quem limparão os caminhos e as nossas pernas quem nos guiarão por novas veredas. Porque este é  o nosso chão. esta é a nossa terra. Nenhum lugar do mundo é tão nosso. Mesmo encruado de defeitos, eivado de imperfeições, polvilhado de erros, ainda assim, este é o nosso chão. De ninguém mais. Aqueles que nos roubaram, serão vigiados. Aqueles que nos traíram, serão punidos. Aqueles que nos enganaram, serão desmascarados. Este é o nosso país. De ninguém mais.


Dois Causos do Apolônio Lacerda (Quem não ler é bobo e feio. Se for muié, tem bigode)





O jantar de galinhas

Apolônio era conhecido por sua notória rapinagem. Sovina, pão duro, mão de vaca, rapace, seja o termo que for, o homem sofria muito para abrir a mão. Ou pior: não abria nunca a mão toda. Deixava uma fresta com o indicador aberto, o dedo médio querendo abrir, e o polegar regulando os demais. Tremia feito vara verde, ao ver uma moeda ou cédula saindo do seu bolso. Não era incomum ver-se uma lágrima vertendo nestas ocasiões.
Um dia, porém, num lampejo de generosidade exacerbada, Apolônio chega no rancho de Carsulina, e avisa:
-  Amanhã, em meu estabelecimento, tereis um lauto banquete, senhôra! Teremos galinhas...
Nem pode terminar a frase e ganhou um abraço bem apertado da velhota, que gargalhava, batia com a palma da mão na mesa e repetia:
-Que almaaaa se salvaria, compadre? Que allmaaa (esticava a palavra “alma” com sonoridade e volteios) se salvaria? Tarei lá, compadre. Tarei lá.
- Dou-me por satisfeito, senhora! Também haverão mais comensais, seguro que haverão!
No dia seguinte, na hora combinada, a mesa estava servida com água, pão, e... bem. Havia água e pão. Apolônio então, quase sorridente e educado, faz um maneirismo e conduz os convidados à mesa.
Todos sentados, olhando para o pão velho, a água, olhavam-se entre si e olhavam para ele, com ar de interrogação. Nisso, entra o Birruga e pergunta:

- Já posso trazer as galinhas, tio Apolônio?
- Não, varão. As pessoas ainda nem começaram a comer.
Nem foi preciso esperar falar pela segunda vez, e estavam todos de boca cheia de pão e bebendo água para ajudar a descer. Meia dúzia de mastigadas e só estavam algumas migalhas à mesa.
Apolônio estica a cabeça e berra para o Birruga:

- Varão! Traga as galinhas!
Todos arregalam os olhos e sorriem, esperançosos. Mas não dura muito. Poucos instantes depois, entra Birruga, com duas galinhos debaixo de braço e as solta sobre a mesa para que comam as migalhas que sobraram do banquete....
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Certa manhã..

Olhando de longe, era bem possível ver-se o horizonte bipartido em camada de climas, como aqueles doces vendidos nos bolichos, feitos de gelatina açucarada, de um colorido barato cor laranja com vermelho, que parecia um arco íris, pra ser comido pela piazada.
Até certo ponto, a neblina esfumaçada pelas chaminés cuspidas pelas casinholas de madeira pálida esbarrava no gélido azul do primeiro céu, numa luta desigual por esvair-se na imensidão do alto. 


Abaixo, lúgubres e tremulantes fogões cutucavam o aurorescer silente, encorajando os quero-queros a despertarem o resto da passarada, acoitando zorrilhos atrazadios já zonzos pela ofuscante raiada do amanhecer rumo às tocas quentinhas para o pernoite do dia. Uns, cheiravam aqui e ali, tentando recuperar a noite perdida sem caça, enquanto outros lambiam as fuças para aproveitar o ultimo gostinho da preá recém servida de desjejum. E assim amanhecia no Cerro do Bassorão. Naquele dia, foi assim que amanheceu.


Apolônio dedilhava as tetas de uma vaquinha espremendo o queijo do dia e a coalhada para o cuscuz, enquanto resmungava algo cantarolante cujo significado se perdia na retórica apolônica em dissonantes resmungos em compasso ritmado acompanhando a ordenha. E assim, neste despertar campeiro, Apolônio peidou.

(Imaginava o que? Em se tratando do Apolônio e da Carsulina juntos, espere qualquer coisa, menos qualquer coisa que faça sentido).
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quarta-feira, 20 de setembro de 2017

A moral de todos e amoral de alguns






É a sociedade quem dita os padrões morais, os padrões que norteiam a conduta das pessoas de seu meio. Isso pode ser bom, mas é uma faca de dois gumes, porque se houver uma maioria que distorce aquilo que é benéfico à todos, seu padrão de conduta passa a ser a nova moral, e isso gera certa confusão da preservação de valores que antes eram de tal forma aceitáveis e estandartizados, e a seguir, submetidos à esta nova regra, inverteram seu rumo.

Faz parte da civilização o continuo andar, e aquele que anda também descobre em seu caminho outros modos de pensar e agir. Suas forças e suas pernas são adaptadas ao terreno onde pisam. Se montanhoso o caminho, terá pernas fortes. Se plano, será mais veloz. Se houver obstáculos, irá desenvolver sua capacidade de tomada de decisão. Se houver perigo, seu tirocínio será aguçado. Se caminhar à noite, sua visão e audição serão mais sensíveis.  Se caminhar durante o dia, saberá mapear o caminho pela direção do sol. Enfim, todas as circunstâncias contribuem para que haja certa comodidade e preservação da vida por onde quer que andar.
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Não existe um único fator que determine estas mudanças. São vários, e cada tempo tem seus modismos e seus conceitos, ditados pelas intrincadas engrenagens do mundo dos negócios, e amparado pelos meios disponíveis de comunicação.

Até o advento do rádio e televisão, e depois da internet, das redes sociais, era tudo mais lento, portanto também a assimilação de conceitos  era mais maturada, e os costumes mudavam em um ritmo, que para os dias atuais, seriam verdadeiras eternidades. Porém, com estes recursos ao alcance de todos, as coisas tornaram-se aceleradas. Surgem os "influencers" da noite pro dia, que mobilizam o modo de pensar das pessoas, e estas, por  preguiça de buscarem refletir sobre a natureza das coisas que acreditam e daquelas que formam o seu caráter, acabam se acomodando ao pressuposto da maioria. Só que segundo dizia Millôr Fernandes, a maioria pode ser estúpida. Ou melhor dizendo, a maioria É estúpida. A massa é irracional, e se eu estiver caminhando na mesma direção da massa (do pensamento humano), estarei emprestando minha vontade à esta irracionalidade impessoal, e tal como os ratos de Hamelin, permitirei que seja encaminhado ao penhasco e lançado ao mar, porque não fui forte o suficiente para caminhar na direção que desejasse, mesmo sendo ela contrária aos ditames da maioria.

Uma tática bastante usada pelos urubus que se interessam por amealhar adeptos em ventania alheia, é a de coibir a manifestação de opinião daqueles que se dispõem a trazer ao debate tais assuntos, tentando constrange-los a se retratarem quando divergem dos modismos, e acreditam tais pessoas que o ar de serias ao opinarem e defenderem esta ou aquela causa, que nem é sua, antes fosse, daí compreensível, lhes empresta credibilidade. Ledo engano. Existem pessoas que pensam e pensam por si mesmas, mas simplesmente não gostam de holofotes ou exposição desnecessária. Existem pessoas que evitam o desgaste de debates, e principalmente, não têm nenhum interesse em dar prestígio à malucos que mesmo vazios, se preenchem de clichês baratos e os repetem em bandeirolas  sempre que surgir alguma oportunidade de desnudarem sua própria mediocridade.

O motivo dos debates é incontrolável. Não há limites para a estupidez. Um dia debatem sobre a prisão de um corrupto. No outro xingam o juiz porque prendeu mais corruptos. Ainda mais adiante debatem sobre sexualidade (a dos outros), e por modismo, assumem bandeiras e cores pelas quais não estão absolutamente interessados em lutar. É apenas a busca dos minutos e caracteres de fama. Fama idiota, pois o que você escreveu e foi curtido nas redes agora, dentro de meia hora nem lembra mais quem as escreveu. E muito menos será lembrado por tê-las escrito. 

Diz o Pensador, que "Tudo é vaidade e correr atrás do vento". E olha que faz tempo que isso foi escrito. Nem Facebook havia. Então, as pessoas tinham que refletir muito antes de escrever aquilo que pensavam. Hoje, nossos dedos  pensam por nós, e o corretor do Google nos diz que palavra ficaria mais adequada ao que queremos dizer. Ou seja, o Google sabe mais que a gente, aquilo que queremos dizer. E o Facebook dá  um jeito de espalhar nossa imbecilidade a mais pessoas. É assim que se constrói uma civilização. De jumentos.



segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Por que eu não fiz carreira política







O título parece uma pergunta, mas é  uma resposta. Já fui convidado e questionado muitas vezes acerca de meu gosto pela boa política, pela retórica, pelo embate de ideias, pela construção de propostas, pela cobrança de posturas, e ainda assim eu não fui para o confronto. Provocações do tipo: "Você tem medo de não ser eleito", ouvi muitas vezes. Pasmo com a falta de percepção alimentada pela mediocridade de quem tem a finitude mental de preocupar-se com a ideia que esse tipo de provocação poderia mover-me a buscar o brilho dos palanques e dos púlpitos, o aplauso provocado, ou os abraços fingidos. Pasmo em pensar que alguém acredite que a única razão que me move a escrever, opinar, cobrar, provocar,  seja a de pleitear um carguinho público ou uma cadeira na Câmara de Vereadores.
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Mas vou dizer o porque eu não quero e nunca quis ser político de carreira, mesmo tendo começado como líder estudantil, senti o gosto que o aplauso é capaz de oferecer. É muito bom. Senti o prazer de ser ovacionado por um discurso inflamado. É ótimo. Senti o gosto de ser paparicado em busca de apoio. É excelente.Mas é perigoso demais. E eu sou muito medroso para peitar o perigo por valentia. Tenho medo de gostar. tenho medo de acreditar nos aplausos. Tenho medo de fermentar em mim aquele espírito de "Messias" que acomete muitos políticos que começam bem e terminam com gestos planejados, com falas estrategicamente trabalhadas, dentes alinhados com porcelanas importadas, cabelos tingidos e frisados, e terno cuidadosamente alinhado, porque os eleitores, vistos já como fãs, exigem o melhor de seus representantes, de seus líderes.

Tenho medo de transformar-me em ator, em lugar de legislador. Não sou ator, embora tenho que representar muitas vezes aquilo que não sinto para não esmorecer os ânimos daqueles que se espelham em meu exemplo, a saber, minha família e, meus amigos. Mas tenho visto tantos políticos agirem como se disputassem um prêmio de teatro ou cinema. Não é esta a política que me agrada e temo em gostar se isso viesse a acontecer.


Não. Não quero liderar nada nem ninguém. Tenho medo de errar, não no que prometeria, mas naquilo que teria como resultante a mim mesmo: a vaidade. Não preciso de mais vaidade do que aquela que me faz pentear o cabelo, alinhar os botões da roupa (modesta), e saber que alguém leu o que eu escrevi, e talvez tenha gostado. Talvez seja esta a única das vaidades que eu reluto em abandonar. Saber que alguém investe seu tempo em conhecer minhas ideias, mas que tem juízo suficiente para jamais votar em mim, caso a lucidez me falte e meu ego se deixe embaraçar pelas garras da política e de seus cargos eletivos ou nomeados.

Censuro eu quem gosta disso? De modo algum! A vaidade é necessária para que aqueles em quem votamos motivem-se a fazer coisas boas e em favor de muitos, para que permaneçam no lugar que chegaram.  Precisamos dos vaidosos.Precisamos dos egocêntricos e dos narcisistas. Só não precisamos de corruptos. Felizmente estes não são a maioria. Senão seria o caos. Aí me dizem: Mas você expõe sua imagem pessoal em tudo o que faz? Como explica este paradoxo? Simples: Não o faço por vaidade, até porque seria um contrassenso. Mas sim, minha cara abre frente em quase tudo o que ponho em público, porque ela é limpa. Só por isso.

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Bruno Coletto, Presidente do PP de Gramado diz: "É dever do poder Público Municipal prover, entregar ou fornecer saúde à população gramadense!"






Bruno Irion Coletto, Advogado e Professor de Direito, e atual Presidente do PP, principal partido de oposição em Gramado, fala em linguagem acessível, mas com teor jurídico sobre a questão do Hospital de Gramado e da busca de uma solução que tranquilize a população. Com esta entrevista, concluo o ciclo de entrevistas sobre o tema, no tocante aos partidos de situação e oposição de maior representatividade, e fica faltando aqui apenas a palavra do Prefeito Fedoca, que escolheu manter silêncio no que se refere ao Blog. 

Gramado by Pacard (GbP):
Qual sua análise a respeito dos debates correntes acerca da decisão (ou falta dela) do Prefeito, em relação ao assunto do Hospital de Gramado?

Bruno Coletto (BC):
Dando meu posicionamento acerca do que eu penso no assunto do hospital, na sua compra, desapropriação ou terceirização da sua atividade, enfim, eu acho que temos que começar relembrando duas premissas, que pra mim são básicas, são essenciais, e são, na verdade, condicionais a respeito deste tema.  O primeiro ponto: É dever do poder Público Municipal prover, entregar ou fornecer saúde à população gramadense! Está previsto constitucionalmente que é dever do município atender esta demanda. Então a gente não pode simplesmente terceirizar este assunto, ou esperar que a iniciativa privada tome atitudes a respeito deste tema.
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Quando, há um ano e pouco, atrás, a saúde do município estava muito complicada, então a gestão liderada pelo PP, pelo Prefeito Nestor, tomou a iniciativa de fazer a intervenção, porque naquele momento se via um cenário que beirava uma situação caótica. O município injetando dinheiro no hospital, porque é sua obrigação, e tendo dificuldade, tendo reclamações no atendimento, tendo dificuldade na prestação de contas. Então, naquele momento, a administração do município agiu de uma forma de uma forma imediata, de uma forma rápida, para evitar que a situação ficasse muito pior, certo? Então, este é o primeiro ponto: É obrigação do município agir neste aspecto, e não apenas da iniciativa privada.

GbP:
Você falou em dois aspectos. Qual seria o segundo aspecto?


BC:
O segundo aspecto do hospital, que a gente tem que recordar, o hospital de Gramado, por mais que seja "privado", seja vinculado a uma Ordem religiosa, ele sempre foi da comunidade. Sempre foi desenvolvido, criado, incentivado, em todos os seus aspectos, ele sempre foi visto como algo da comunidade. Então, para além do Poder Público, o dever da comunidade de participar da gestão do hospital, e até agora a gente não viu nada muito concreto vindo da Prefeitura, vindo do Poder Público. Pelo contrário: todas as vezes em que a Prefeitura agiu neste assunto, foi por provocação: ou foi porque a intervenção estava esperando, ou porque foi necessário sanar as contas, e aí mandou agora um empréstimo, mas de atitude concreta, a gente ainda não viu muita coisa.

GbP:
Fala-se numa possível desapropriação, e esta opinião se divide. Qual sua posição sobre isso?


BC:
Eu acredito que sendo dever do Poder Público prestar  saúde, ela pode vir, sim, por meio da compra ou da desapropriação deste hospital que existe hoje, do Hospital Arcanjo São Miguel.  Se for o caso, eu acredito que, já passando para a administração dele, se poderia pensar num braço vinculado tão fortemente à gestão da Prefeitura, ou seja,uma espécie de Fundação, tipo empresarial, tipo societário, um tipo de gestão pública que a gente chama de "administração  indireta", que tenha independência em relação ao lado político,para fazer uma gestão técnica do hospital. Como muitos tem colocado, a área da saúde acaba consumindo muito mais recursos do que trazendo, porque as demandas são muito maiores do que a possibilidade do Poder Público atender. Então, uma gestão técnica,um pouco desvinculada do cotidiano político da Prefeitura, me parece que seria, aí, o modelo ideal.





Minha "quase esposa" do Tadjiquistão

Pois parece um pesadelo doido, mas o fato deu-se como verdadeiro. Eis o causo: No cotidiano da faina, lá pelos idos de 2012, recebo pelo mes...