AD SENSE

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Silêncio - Entardecer com Paz



- Silêncio! deixa-me só. A Primavera me chama!
- Por quê teu silêncio assim, de repente?
- Cala-te para o vento! Ele sussurra em mim palavras que apenas minha alma compreende. Olha novamente aquela árvore que embala a manhã. Ela sabe do que estou falando.
- Podes ouvir minha alma? Aqui, vem..aconchega teu rosto e ouve meu pulsar...podes ouvir?
- Não ouço mais teu coração! Que aconteceu contigo? É música que pulsa vida em teu peito agora? Deixa-me ouvir então pelo resto da vida...
Silêncio...apenas o vento pode discursar numa manhã tão linda. Apenas o vento.

(Entardecer com Paz - Pacard)

Véio Tristão (Não é historia. É apenas um causo com uma pitada de verdade)




CAPÍTULO IX

Velho Zé Tristão era um indivíduo sinistro. Por alguns, caduco. Por outros, doido. Por todos: um xarope!

Perambulava pelas ruas à noite, se esgueirando pelas madrugadas no meio dos matos à procura de um tesouro, ao qual chamava de “Cabedal”.

Nos idos das revoluções passadas, lá no Rio Grande, era crença corrente que bandos de revolucionários desgarrados assaltassem fazendas, ou casas de camponeses por onde passavam, e quando amealhassem em suas pilhérias ouro, prata ou joias, e mesmo algumas “platas”, os escondiam embaixo de grandes árvores pelo caminho, às quais poderiam ser facilmente localizadas após a guerra, e garantir um recomeço com certa dignidade e fartura. A questão era que muitos morriam na peleia e o tesouro ficava escondido, caindo na lenda e no esquecimento.

Velho Zé Tristão acreditava piamente nestes relatos ( e quem sabe ele próprio pudesse ter sido um dos venturosos que escondera tais pilhérias) e contava que tivera um sonho, onde um grande cabedal estava oculto sob a raiz duma caneleira lá pelas bandas do Bassorão.

A única referencia que tinha do lugar, era, além da tal caneleira, uma grande pedra em forma de batata que servia de coarador,a trás do rancho de Carsulina.

Certo dia, apanhou seus “aparêio”, um emaranhado de fios de cobre, que segurava com ambas as mãos, de onde pendiam duas varetas e um pêndulo de metal (uma argola ou porca de ferro amarrada a um fio de crina de cavalo), e se bandeou pros lados do rancho da velha amiga.

- Ó de casa! Venho em paz, cumadre!
- É tu, Arcaide véio – respondeu Carsulina)
- Em carne e osso, mais osso do que carne, cumadre. Prenda o doga, que vou entrar!
-O doga é manso, arcaide! Foi capado!
- Só tenho medo que me morda, o táli, cumadre”. Aprendi isso com o ermão Apolônio.

Esta era uma velha piada, mas as pessoas simples são assim mesmo: repetem as anedotas, os jargões, aquilo que lhes diverte. As pessoas simples não sentem necessidade de inventarem coisas novas o tempo todo. Não que não sejam criativas, mas as pessoas não comem pão, tomam café, bebem água todos os dias? E isso as incomoda, por ser repetitivo? De modo algum. Riem sempre que ouvem o gracejo. Talvez não do gracejo, não do inusitado, que é o que faz rir, mas do jeito que é contato, expressado, pelo momento em que expressam.

Zé Tristão cometera um crime, em sua juventude.  Por desconfiança de traição, não buscou um entendimento com o pretenso amigo da “alheia”, e partiu para a ignorância. Deu um balaço na cabeça do infeliz e acabou com a festa. Foi condenado e preso por muitos anos. Ao sair da prisão, mudou de lugar e foi morar lá pelas bandas de São Joaquim, em Santa Catarina. Enriqueceu, pois era um homem inteligente e bom nos negócios, e lá se casou de novo. E como, diz o adágio popular: “aqui se faz, aqui se paga”, a vingança veio à galope: por estar com o nome sujo com a justiça, e por ser ajuntado e não casado, pois esta era a segunda mulher, e a Lei não permitia divórcio, viveu os anos em companhia desta mulher, em concubinato. Colocou em nome dela todos os bens, ao que ela foi imensamente grata, pois lhe passou a perna, deixando-o com uma mão na frente e outra atrás. Levou, desde então, uma vida errante. Envelheceu e acabou morrendo como um andarilho, um mendigo orgulhoso, que vivia da caridade da família: irmãos e sobrinhas (isso mesmo, das filhas do homem que havia matado anos antes).

Ele andava arqueado pra frente, apoiado numa bengala de camboim, e uma “mala”, espécie de sacola de pano de duas partes, carregada ao ombro, distribuindo o peso entre uma parte e outra, geralmente feita de pano de riscado, um tecido forte de algodão. Na cabeça, um pano branco amarrado ao queixo, como uma “vovozinha”, denunciava uma dor de dente incurável. E nos pés, um par de “pracatas”, um chinelo feito com pneus e couro cru. Quando usava, pois na maior parte do tempo, pendurava-los também ao ombro e andava de pés descalços.

- O arcaide arrepare só neste mogango que colhi ontem na lavoura. Tenho um doce guardado do úrtimo que colhi. Coma um bocadinho. Este foi feito com açúcri do povoado (açúcar branco). Adoçadô uma barbaridade. 
Zé Tristão comeu o doce com avidez, quase sem respirar. Não comia algo bem feito havia muitos dias, e os doces e “goloseimas” de Carsulina eram um convite à gula. Coisa campeira, feita em fogão de chapa, em tacho de cobre e mexido vagarosamente com colher de pau.

- Cumpadre ,e conte o que lhe traz aqui no rancho desta véia peleadora?
- Ando abichornado, cumadre. Essas cousas da mudernidade me tiram do serio.
- Ah, cumpadre. Os tempos mudernos  são uma janela que se abre para o Apocalípes. Temos que tomar tenência e cuidar do coiro antes que a mudernidade nos tire ele.
- Vosmecê pensa ansim também, cumadre? Então eu não sou solito nestas conjeturações cabulosas?
- Não, arcaide. Eu memo vejo côsas que assombram a pessoa. Ainda bem que sou uma pessoa esclarecida, tive estudo. Fiz inté a terceira série e sei ler tudo sem gaguejar. Não se apoquente, arcaide. É pra ser ansim mêmo. Leio muito e as côsas que leio me dizem côsas que assombram, arcaide.
- Foi ansim, cumadre. Andava eu, solito, campiando ouro do cabedal dos Medeiros lá na volta do arroio, quando parei pra mór de comer um naco de pão com queijo, e sentei em riba de uma pedra. Solito, matutando, cafifando aqui e acolá, já entardecia, ouvi um baruio no mato. Garrei o o facão  e passei a mão na pistola. Tava carregada, pórva, chumbo e bucha, tudo firme. Garrei uma ispuleta e engatei no ouvido da garrucha, engatilhei, e fiquei iscuitando os baruio. 
Percurei, pé ante pé, cuidando pra não pisá nos graveto, que estralando, denunciavam a minha presença.  Caminhie, caminhei, em direção ao ronco.  O passaredo se alevantava num gritedo só, e inté os bicho de pelo corriam pelos matos assutados..

Zé Tristão  narrava tudo isso com os olhos pequenos bem arregalados, agachado, num  vai-e-vem dramático, onde encena seus passou sorrateiros pela mata. Ora arregala os olhos e direciona a narrativa para um vazio. Outras vezes, olha para Carsulina e procurar maximizar o drama, tornando-se shakespereano na narrativa.

Carsulina ouvia a tudo com atenção. Uma atenção maliciosa é preciso que se diga. A velha marota já ouvira tantas e boas lorotas, que uma a mais apenas engrossaria o caldo da sopa dos queimadores de campo.  Mas não era a lorota que importava e sim a atenção ao velho amigo. Ninguém gostava de Zé Tristão. Ele próprio não gostava de si mesmo.  E não  se pode dizer que Carsulina também preferisse sua companhia, muitas vezes ao silêncio da reflexão. Era porem uma dama, elegante, à moda do Bassorão, também é importante ressaltar. E daí? O Cêrro do Bassorão era um lugarejo esquecido do mundo, mas neste esquecimento, preservada bons monos, cavalheirismo e certos maneirismos dos tempos de antanho. 

Carsulina era uma dama afável e de bom sizo, e sabia que ouvir as lorotas fazia parte de sua faina compreensiva e apaziguadora de ânimos, fossem do Zé Tristão, do Birruga, do Tuiuco, do pároco de Santa Creusa do Malacara, de onde Bassorão era a sede, da Paroquia de São tenente da Venta Xuja, Parde Uomo, ou de quem quer que seja. Mas Frei Uomo, este sim era um queimador mór de campo. Misericórdia! Mas sobre ele, falarei depois. Então, ouvia e ainda dava pitacos aqui e ali, demonstrando atenção total.

Zé Tristão pigarreava, cuspia janela afora, e continuava:
- Garri mato adentro negaceando, bombeando aqui e ali. Quando percebi, era noite
. Então acendi um lampião de corozena, e continuei campiando. O ronco, que era uma parte ronco, uma parte uivo, continuava, e chegando mais perto.  Senti um cheiro forte de ovo podre. Pensei: tomei banho não fais nem treis sumanas, então não sou eu que tou catingando ansim.
Nisso, Zé Tristão dá um salto, abre braços e pernas, arregala os olhos, se vira num pulo só em direção à Carsulina, e dá um berro:
- CUMADRE DO CÉU! O que eu vi...Cumadre, eu lhe juro pelo que há de mais sagrado. Eu vi, tava lá, de zóio arregalado, agachadinho e gemendo, incuído, incuidínho, incuidinho, esfregando o fiofó num toco de carrapicho, quem? Quem?..... (Zé Tristão arregala os olhos e faz um bico apontado para Carsulina), e trava no ar, tranbca a respiração em suspense, e balança a cabeça duas vezes, naquele conhecido gesto de questionamento sem palatras, tipo: Ham, hum?

Carsulina também arregala os olhos, e esticando o pscoço em direção ao arcaide, devolve as perguntas:
- Ham, hum?
- BIRRUGA, cumadre! (Dá uma enorme gargalhada e repete) o arcaide do BIRRUGA, cumadre Carsulina. O arcaide em pessoa, obrando,  e aos prantos porque se alimpou com urtiga, cumadre...




O entardecer do Cêrro do Bassorão é único, solene, ensimesmado. O silêncio do crepúsculo é quebrado pelo vento que sussurra canções nos ouvidos da noite e entoa cantilenas para as estrelas. É isso que se pode ouvir lá naquele lugar. 

Isso, e as gaitadas (gargalhadas) de Zé Tristão e Carsulina, entre goles de chá de mate e mordidas em bolinhos de farinha de milho.



Gramado Nativa - As raízes esquecidas

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Tenho quase sessenta anos de idade. Nasci em Cazuza Ferreira, embora nunca tenha ido lá. Fui levado para Gramado, minha terra ancestral, com um ano de idade e por lá amarrei o pingo. E fiquei. Como vento pampeano, me desgarrei pelo mundo, mas minha estância do peito sempre foi e será Gramado. Ali engordei minhas primeiras lombrigas. Cacei de funda. Mijei na cama. Colhi Gavirova (a qual insistem em chamar de Guabiroba) e cereja, goiaba serrana e araçá pelos matos, e joguei "bulita" nos fins de tarde. 

Foi em Gramado que aprendi a cevar um mate, dançar " O pezinho", e cultivar o amor pelas coisas do Rio Grande do Sul. Cresci ouvindo Teixeirinha, e cheirando bosta de cavalo.  Aprendi a declamar, escrevia versos, e gostava de cantar "Negrinho do Pastoreio". Até presenciei uma cena, já contada em algum outro causo, onde o autor de "Negrinho", Barbosa Lessa, estava presente quando sua canção foi apresentada como "folclore", fato que muito irritou sua esposa e quase desceu a tamanca na orelha de quem dissera tal afronta. Isso tudo dentro do CTG.

Era péssimo dançarino, eu. Desconcentrado, sem ritmo, não conseguia dar dois passos sem errar três. Não segui carreira, e dançar "Chula" tornou-se um sonho distante. Dança dos facões, nem pensar. E assim, aos dezoito anos de idade, já metidinho na política, ocupava a elegante função de "Aspone-em-chefe" da Secretaria de Turismo, oficialmente denominado de "Chefe de Gabinete", função, aliás, que foi criada para me dar emprego. Meu passado é sujo. Mas tentei ao menos fazer jus ao cargo. Trabalhei muito. mesmo porque éramos três na Secretaria, para tudo. Festival de Cinema, Fearte, e todos os eventos de natureza cultural, que eu era encarregado. Um destes eventos, a FEARTE, tinha atividades culturais paralelas.  Sugeri então ao então Patrão do CTG Manotaço, Jorge Corrêa, ue montasse um acampamento nativista, e mais que isso, que organizasse uma "Missa Crioula", que, mesmo não sendo católico, eu achava linda a manifestação nativista que ela oferecia. O padre, um tal de Paulo  Aripe, contador de causos, principalmente se abastecido com uma costela gorda e uma guampa de canha, era divertido "pra mais de metro". Deste feito até fui convidado a ser sócio do CTG. Convidado de honra, acrescento. Sem ter que pagar "Jóia". Fiquei pouco  tempo. Inveja de quem sabia  dançar.

Apesar disso tudo, nunca havia vestido uma Bombacha. Achava muita grossura. Dizia que CTG era o resumo de "Cemo Tudo Grosso". Assim pensava eu das coisas da minha terra. Só fui tomar gosto e me aprofundar um pouco mais na alma de nossas raízes, com o movimento  telúrico que brotou dos festivais, da Califórnia da Canção de Uruguaiana, e fomentada diariamente pela qualidade e seleção musical da recém fundada Rádio Liberdade, de Viamão.

Os anos se foram. Gramado sofisticou-se. A música gaúcha se agigantou. Ganhou o Brasil e o mundo. O chimarrão deixou de ser deboche (exceto dos  cariocas, que são um belo modelo cultural e com essa bola toda, abusam das gracinhas contra os de bombacha), e o churrasco ganhou o glamour do mundo inteiro. Menos em Gramado.

Participei de uma reunião de cunho político, com os representantes da Cultura de Gramado, dentro de um restaurante muito semelhante aos outros sei lá, trezentos restaurantes, da cidade, com uma diferença agravante: no CTG. Não  era um restaurante típico  gaúcho. Era um restaurante dentro do espaço antes destinado ao ensino e ao cultivo das tradições gaúchas em Gramado. Nesta reunião vi alguns gaudérios tremendo o beiço ao  falar de seus sentimentos nativistas, e vistos como se fossem personagens que saltaram de um museu para uma vitrine de shopping em Nova Iorque.

Juntando a isso, vejo uma belíssima praça dedicada à memória das etnias que formaram Gramado desde sua primeira colonização. Belíssimo!  Tem lá inclusive uma pequenina casa denominada de "Casa Portuguesa", dedicada à etnia açoriana. Muito bem. Eu descendo de açorianos. Judeus açorianos, bem explicado. Tem também a casa italiana e a casa alemã. Ótimo. Certo mesmo. Foram estas as etnias que formaram Gramado e precisam resgatar suas origens, o que alemães e italianos não ficam devendo nada. Cumprem o  dever de casa. Italianos criaram um museu e uma belíssima senhorita recebe uma contribuição simbólica, e pacientemente acompanha o visitante contando passo a passo da historia que contaram á ela. A casa alemã não tem nada disso, mas tem coisa muito melhor: Vende comida gostosa. Nem precisa falar nada. Comer é uma aula de civilização. E a casa portuguesa...bem, a casa portuguesa...tem eventualmente algumas simpáticas pessoas que contam historias rebuscadas sobre os antigos açorianos que colonizaram Gramado, falam de suas festas típicas, mostram as roupas coloriras que usavam, e expõem fotografias das antigas casinhas coloridas típica da Ilha dos Açores. Você se sente dentro dos Açores mesmo...Opa..desculpe...isso é Florianópolis, Santo Antônio de Lisboa, Tapera, Barra da Lagoa, Laguna...mas Gramado? Olha: Minha avó era uma contadora de causos. E eu ouvi todos eles, Milhares de vezes. Minha avó nasceu em Gramado. Os pais dela  também nasceram. Meu tetravô fundou o povoado. Mas nunca ouvi  falar de nenhuma destas coisas que contam lá dentro.

Mas, não pare de ler aqui, para não pensar que que estou chamando os queridos zeladores daquele patrimônio adventício de mentirosos. Não estou. Eles realmente estão buscando bravamente isolados, desbravar a muralha que foi construída na separação das culturas, e sim, há muito da cultura portuguesa, espanhola, indígena e também açoriana nas velhas paredes das casas antigas já tombadas pelas lembranças, que edificaram Gramado. Mas não será pela boa vontade dos parcos recursos e membros de uma  casinha semi abandonada na imponência da bela arquitetura de Gramado, que este resgate será feito, e sim por uma política cultural que possa reunir aqueles valores nativos e nativistas do Rio Grande do  Sul, com a imponência e o reconhecimento que Gramado alcançou pelo mundo afora. Gramado  deve isso ao  Rio Grande. o  Rio Grande está quebrado, mas Gramado ainda não, e queira D's que jamais chegue a isso. O Rio Grande tem orgulho de Gramado, mas Gramado esconde o Rio  Grande atrás de vitrines cintilantes. o  Rio Grande é mais que boa música e bom churrasco, embora uma coisa chame outra, Gramado tem muito mate a oferecer a quem a visita, mas muito mais a servir aos que por lá se edificam. Ser gaúcho é bem mais que saber cantar o Hino Riograndense na Semana Farroupilha, e trabalhar pilchado acentuando a silaba tônica.

Penso que agora não há mais porque fazer promessas de campanha, mas há algo que o novo Prefeito e sua equipe (que ainda não disse qual será) possam fazer para resgatar este pulsar gaudério que construiu nossa historia. Penso que não seria desaprovado por ninguém, se o Centro de Cultura destinasse um espaço e uma diretoria que se dedicasse a restabelecer o gauchismo que foi perdido na mais bela cidade do Rio Grande, mas que poderá ser, se assim o desejar, a mais  gaúcha e hospitaleira querência do Brasil.




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Boato



CAPÍTULO XII


O Boato

- Não diga nada, por favor. Vamos deixar o assunto morrer sozinho. Sublimar como faz o vapor do orvalho, quase imperceptível.
- Que assunto?
- Por favor. Não insista. Ele foi displicente, mas há pessoas inocentes envolvidas. Elas não merecem passar por esta dor.
- Mas de que dor você está falando. Alguém se feriu? Morreu?
- Misericórdia! Chegou a óbito? Ah por caridade. É agora que precisamos estar firmes. Você tem os detalhes da morte?
- Mas quem morreu?
- Por favor. Não toque nesse assunto na frente dos filhos dele. Eles são tão inocentes e não suportariam passar por mais esta decepção.
Ah, era reincidente a coisa? E quem mais sabe disso?
Até aqui, você e eu.
- ...e o finado..!
- ...e o finado. Pobrezinho. No fundo ele quis assim. Mas teria sido tão fácil se ele tivesse contado tudo antes.
- Talvez fosse. Só que estou confuso.
- E não é de ficar? Você recebe uma noticia dessas na hora mas difícil de sua vida...
- Como você sabia disso?
- Desculpe. Não sabia que deveria ser segredo.
- Não era pra ser, mas já que você sabe, passa a ser. Só você e eu sabemos disso então.
- ...e o finado....!
- Isso. O finado.
- E como  é que fica a coisa agora?
- Isso vai depender.
- Do que?
- Do quanto você sabe.
- Mas eu não sei de nada!!!!
- Boa! Negue tudo! Ficamos assim então. Você não me viu e nem falou comigo. E se te apertarem, você não sabe quem eu sou e nunca me viu antes.
- Mas eu não sei que é você e nunca te vi antes mesmo.
- Ah ingrato! Além de alienado é também traíra! Bom mesmo que se saiba com quem contar no momento de aperto.


Carsulina - Da Astrolojia à Pecicolojia




CAPÍTULO II
Da Astrolojia à Pecicolojia

Carsulina era crente. Cria em tudo. Mas ao mesmo tempo, desconfiava de tudo também. Homem na lua? Ouviu falar e não duvidava. Mas não do jeito que contavam. Foguete nada. Viagem decente tinha que ser em lombo de mula pra não arriar no meio do caminho. Daí, em sua imaginação, tinham achado um jeito de apinchar uma mula com gente montada numa hora em que a lua estivesse bem perto da terra, lá na linha do horizonte. Era um "upa" e estavam na lua. E pra voltar, a mesma coisa: enchia os jacás com queijo no rancho do são jorge. Tomavam umas cuias de mate e uma costela de dragão na brasa, e depois voltavam. Era simples. Cousa corriqueira. Era desse jeito que Carsulina explicava as coisas difíceis ao povo simplório do Cêrro do Bassorão.
Horóscopo. Esse era ainda mais fácil de explicar, pois já que achava tudo um amontoado de bobajada mesmo, Carsulina criou um jeito de formular seus próprios signos. Por exemplo: Touro, não era mais touro, pois por ser um aminal veiáco e pulador de cercas, foi capado e tornou-se boi. Manso e gordo. Dominava o pasto, mas era bom pra puxar carroça. Então, um bicho assim tão sem vontade, embora forte, como poderia orientar os destinos das pessoas nascidas sob o mesmo curral e na data que comemorava exatamente sua capação?
Da mesma forma, era com Áries. O nome era pomposo, mas o bicho, francamente, não passava de um bode. E todo bode fede. Daí Carsulina estabeleceu que todo fedorento, mesmo que nascido em outra data do calendário astral, ao qual chamava de "oroscopista", estava sob a regencia do bode, e como tal, ainda sujeito a outros atributos do bicho, que não convém comentar aqui, porque este causo também pode ser lido por menores.
Câncer. O nome feio Carsulina trocou por "Churrio". Que dava no mesmo, pois em anos passados, churrio matava mais do que infarto ou câncer mesmo. Então pressupunha cousa cabulosa, pessoa de gênio empertigado e que carecia de observância permanente.
Sagitário, era o mais divertido. Recebeu a alcunha de "Pocotó". Carsulina achava muito simpático aquele arqueiro metade homem, metade cavalo e metade outra coisa qualquer que não convém nominar.
Peixes, lá no Bassorão era "Lambari". O bão era comê-los fritos, bem torradinhos, com pão de mío.
Libra, Carsulina ensinava que era uma balancinha de medir a verdade, e era frequente pegar algum mentiroso contando lorota dizendo que era do signo da "balancinha de pegá veiáco". O sujeito perdia o rumo do que estava mentindo e logo travava.
Desta forma, Carsulina quebrou o costume do povo não dar um peido sem consultar os presságios, e ainda dar umas boas risadas quando surgia uma adversidade. Carsulina ensinou às pessoas que existem certas regras de bons procedimentos que devem nortear nossas ações, mas que não determinam nossos passos que são apenas nossos, e quem nenhuma estrela que desaparece atrás da primeira nuvem, será capaz de dizer que o sujeito é bom, mau, covarde, valente, altruita ou de outro jeito qualquer. 
Era uma velhota rude, mas não era ignorante. Usava a "pecicolojia" para endereitar de um modo divertido e maroto, o caráter de seus afilhados. E ainda dava boas risadas, pois era esse seu jeito de driblar infortunios.

CAPÍTULO III
Birruga

(Causo inspirado numa biografia não reconhecida aue meu amigo Marco Aurelio Brasil Lima fez de mim certa ocasião)
Sou Birruga. Conhecido por Birruga. Me chamam  de Birruga. Minha história é triste, mas deve ser contada de pai pra filho para testemunho da bravura das pessoas que forjaram com tenaz de ferro a grandeza do Cêrro do Bassorão.
Nasci no Cêrro do Bassorão. Mas não fiquei no lugar a vida toda. Não senhor. Não fiquei. Teria ficado se me deixassem, mas não me deixaram. Meu comportamento me fez sair de lá muito cedo. Eu lembro bem. Tinha dois anos de idade. Era um guri novo. Bem novo. Com  apenas dois. Dois anos de idade. Mijava na cama. Ainda mijo.
 Lembro bem. Eu estava tentando parar de beber. Frequentava um grupo de  dependência láctea,  o TETA (Trabalho Especializado de Transformação do Aleitamento). Aí fui expulso de lá. Carsulina não estava naqueles dias. Tinha viajado para o estrangeiro. E depois foi para fora do país. O Cêrro era uma terra sem lei. Os mais fortes batiam nos mais fracos. E houve uma confusão por conta dumas vadias no bolicho do Tuiuco. Eu havia bebido muito. Não lembro de nada. Só lembro que saíram dois esfaqueados. E botaram a culpa em mim. Fui preso. Condenado a dezoito anos de cadeia, cumpri todos, e aos cinco anos de idade, saí, por bom comportamento. Tomei outro rumo na vida e arrumei um trabalho. Ganhava pouco, mas era digno. Por onze anos, carregava sacos de batatas para um armazém, onde me deixavam dormir aos fins de semana. Tempos duros, mas na vida de um homem de verdade, dureza é sobremesa. Não posso me queixar. Eram bons comigo. Deixavam-me comer com o guri. Lado a lado. Depois, venderam o guri. Vou sentir saudade daquele burro.
O tempo passou. Voltei pro Cêrro com uns trocados no bolso. Um toco de canivete e um naco de fumo que troquei pelas botas. Uma bota, na verdade. A outra eu nunca encontrei. Mas servia para almoçar dentro dela.  Aí um dia passando pela igreja, ouvi um gemido nos fundos. Fui espiar. Sempre vou espiar quando ouço gemidos nos fundos da igreja.  Assim sou eu. Meu nome é "espião". Era uma velha mijando. Achei uma falta de respeito. Tive que bater na velha. Fui preso de novo. Mais doze anos em cana. Aquilo já estava ficando enjoado. Fiz um acordo com o delegado e ele entendeu minha situação e pouco mais de vinte anos depois, me soltou. Acredito no dom da palavra. Passei a lábia nele, eu sei.  Me sinto culpado por isso, mas eu era um guri. Tinha seis anos. Tinha que me virar. me virei e lá estava ela: com os cabelos soltos ao vento, vestido branco e barba por fazer. Olhou pra mim. Olhei pra ela. "Se olhêmo". E sem dizer nada, fomos embora. Saí dali desgostoso e voltei a beber.
Bebi por mais oito anos. bebia dia e noite sem parar. Estava na miséria total. Aí encarei a situação e decidi: vendi as garrafas do que havia bebido. Vendi todas. Fiquei rico. E voltei pro Bassorão.
Não conheci mais ninguém e ninguém mais me conheceu. Melhor assim. Aí não precisei pagar os vales que assinei no bolicho do Tuiuco. Nem o que saí devendo no jogo de truco pra Carsulina e pro Frei Uomo.
Montei meu negócio e toco em frente. Confio no negócio. O negócio nunca me deixou na mão. Me leva longe. Me traz de longe. bem, aprosa vai boa, mas é tarde e vai chover. Vou-me já que está pingando. Até a volta.
Upa! Upa! Bamo Negócio! Bamo mula! upa..upa...

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A Besta do Apocalípes - Causos da Carsulina



Este é para matar a saudade da Carsulina.
Apolônio Lacerda ainda estava sendo criado, e neste causo, que resolvi manter, seu estilo era outro.

CADEIRAS NA VARANDA
Causos de tempo da Onça
Pacard
CAPÍTULO I
Tio Luca, Apolônio Lacerda e Carsulina

O porco

Apolônio Lacerda
Apolônio Lacerda era um indivíduo de meia idade, solitário, misterioso, muito religioso, beirando à beatitude em certas ocasiões. Não era má pessoa. Tinha bons sentimentos, era solidário nos infortúnios e sempre buscava uma palavra de conforto diante das adversidades. Mas era ranzinza. Do seu jeito ranzinza, levava a vida no vilarejo, buscando mais a companhia dos animais e da sua velha e surrada Bíblia, do que das pessoas em geral. Um homem cheio de mistérios, mas de boa paz. Deixavam-no quieto, pois tinham Apolônio na condição de um profeta, um conselheiro, cultivando por ele o mesmo respeito que tinham para com a primeira dama do Bassorão, Carsulina de Aragonés Fuentes Y Arrancatoco.

Certas ocasiões, Apolônio se punha em debates "tcholójecos" com o Frei  Uomo, sendo aparteado aqui e acolá por Carsulina, que se mijava de rir dos dois carolas, enquanto servia o mate da roda e fritava uns bolinhos pra mistura do café da tarde. Era um trio amistoso e bom de briga quando se tratava de temas ligados à natureza humana e seus deslizes. E um desses deslizes estava justamente com um certo Tio Luca que foi apanhado na tentativa de roubar um porco no curral da Carsulina. Tio Luca era bitata de nascença, trocava o S pelo V e  sibilava ao falar, principalmente quando ficava nervoso. Mas sempre tinha uma saída audaciosa para suas façanhas.

Carsulina ouviu um barulho que vinha de trás do rancho. As galinhas estavam asssutadas. O chumbregâncio, um cusco  brasino, feio como congestão de torresmo latia sem parar e se ouviu um guincho forte do porco no chiqueiro. Carsulina passou a mão na velha "espera um pouco", um trabuco de carregar pela boca do cano, um lampião, calçou as botinas e saiu porta afora com a mão no gatilho pronta pra peleia, e berrou:
- Quem é o maleva que tá percurando afiná a voz e tomá um tiro de sal na bunda?
Silêncio. Carsulina levanta o lampião e dá de cara com Tio Luca, com um enorme porco nas costas, olhos arregalados - ele e o porco, já trocando pernas com o peso do bicho.
- Bunito, né mêmo, Tio Luca? Roubando porco!!!
Tio Luca arregala ainda mais o olho vermelho de cachaça, olha por cima do ombro assustado e exclama:
-Porco? Que porco?
E com a mão batendo no ombro como se tirasse um gafanhoto, dá uns tapinhas no leitão e diz ligeiro:
Ih, tira esse bicho daí! Tira esse bicho daí!

Carsulina passa-lhe um pito, mas por ser uma boa alma, não o despede sem que entre no rancho e se abasteça com bolinho frito, chá de mate, um revirado de ovo com farinha de mandioca, o tal "Tio Bento Ruivo", e ainda mete-lhe uns trocados no bolso para que vá em paz.
No dia seguinte, o episódio caiu no esquecimento, pois logo cedo aparece Apolônio com uma moranga embaixo do braço, e um saco de milho verde nas costas, batendo no portão de Carsulina:
- Ó de casa, ermã! Leluia! Grória! A Paz, Carsulina! Prenda o dóga que venho em paz, ermã!
- A paz, ermão Polônho. Se acheque que o dóga é manso e foi capado, siô!
-Mas o meu medo é só que me morda ermã!
Carsulina dava gargalhada e já puxava um banco e acomodava o amigo para uma prosa matinal.

- O amigo me acumpanha num cuscuz com leite gordo?
-Apolônio ergue uma sobrancelha e esboça um sorriso pela metade, o que sendo quem era, equivalia uma gargalhada inteira!
O amigo me aperpare o fogo enquanto vou ali no galinheiro arrecoiê uns ôvo. Deixei o Indéz lá e as franga ponháro uns ovo pra nosso revirado. O leite ja tirei e o cumpadre só arrepare que não derrame, que já vorto.
Apolônio junta uns gravetos e sopra umas brasas que ficaram entre as cinzas do dia anterior, fazendo logo um fogo bicharedo para esperar o cuscuz da Carsulina, prato famoso no Bassorão e além fronteira.
Carsulina volta com uma cesta de ovos e passa na horta para catar uns temperos para o refestelo matinal na companhia do amigo. Faz um mexido de cuscuz com ovo e cebola frita, um café de chaleira à moda do campo e serve o amigo, que nem fala para não perder nenhuma colherada da delícia matinal.

Terminado o desjejum, Carsulina arruma a mesa, lava a louça, Apolônio busca lenha, deixam tudo em ordem, e sentam-se na varanda apreciando as coxilhas que emolduram o lugar ao som das cigarras e dos sabiás entre o arvoredo. Mergulham no silencio com olhar fixo no cenário, e Carsulina quebra o silêncio, dando início à prosa.

- O Cumpadre havera de me dizer alguma cousa, pois não?
-Vaticínios, ermã. vaticínios! Auguro que pecaminosos pensamentos devorteiam os lares nesta caminhada dos dias, prenunciando o apocalípes! Vigia, ermã! vigia!
Carsulina arregala os olhos e pergunta:
-Tão grave ancim, cumpadre? Cousa cabulosa deveras?
Apolônio balança a cabeça consentindo, sem tirar o olhar travado no horizonte.
-Vosmecê vaticinou antes ou dispois do trago, cumpadre?
-Sou abestêmeo, ermã! Sou crente! Não me entrego ao víuço nem às conjuminâncias!  Não compaquetuo e dou nome ao pecado (e abraça sua velha e surrada bíblia). Leio nas Sagradas Escrituras que cousas cabulosas hão de acontecer e tremo por medo de me perder, ermã.
Carsulina era debochada e caborteira. Mas não brincava com a  fé alheia nem fazia troça das coisas da Divindade, Isso lhe interessava sempre.
-E o cumpadre percurou o Frei Uomo?
Apolônio deu um pulo.
- Aquele embachadô do demo? Lacaio da besta?  E vosmecê não tem tenência de que  o chefe dele é a besta do apocalípes? ..Bão. Pois foi duma prosa com ele que resorvi percurá a ermã. Ele me rogou uma praga e me respingou água xuja nas venta falando umas cousa feia em ingrêis...

-Latim, cumpadre. latim! - emendou Carsulina.
-Também! Fui convertê ele mas o ome amuntô numa onça quando falei que ele era bidiente à besta do apocalípes, e me disse que besta era eu.

Carsulina fez silencio e matutou. Tinha ouvido falar da rivalidade entre crentes e católicos romanos, mas não sabia muito dos argumentos de um ou de outro lado. Contudo, tinha que acabar com aquela rivalidade pela paz do Bassorão, que era responsabilidade sua. Tanto Apolônio quanto o Frei eram seus amigos, e uma rixa não contribuía em nada com a tranquilidade do lugar. Matutou e falou com voz mansa ao amigo iracundo.

- Filho! Vosmecê há de cumprendê que rilijãm é como cuéca: cada um veste a sua pópria pra mor de não cheirar os traques alheios. Vosmecê ha de cumprendê que Frei Uomo tem respeito por todas as almas, memo que cheje invanjélico ou católco. O frei só cutuca com vara curta os pulitico, que muntos deles são chujo memo. E vou le contar um segredo que vaticinei certa noite nas minhas matutação: Eu sei quem é a besta da apocalípes!
-Apolônio deu um pulo, arregalou os olhos, ergueu os braços ao céu e exclamou:
-LELUIA!!! Grória! Diaga ermã, quem é?
-Bem, filho. Na verdade ele mora aqui no nosso país. Usa bigode, e senta num trono de chujêra ja fás uma quarentena ou mais de anos...é o tar que era, é e vortou a ser...bem do jeito que tá no apocalípes...
Apolônio baixou a cabeça e fez uma longa oração. Carsulina o acompanhou...

Adegenor sonhou que era um macaco

Entalhe em madeira de demolição - Bugios de Gramado, 2016, Pacard


Adegenor sonhou que era um macaco. Todo mundo sonha. As pessoas sonham que estão nuas, que estão voando, que estão caindo de um penhasco. Falta espaço para descrever uma pequena parte de todos os tipos de sonho que as pessoas sonham.

A questão era que Adegenor acreditava que seus sonhos eram mais que sonhos, mais que apenas o cérebro organizando suas bagunças do dia a dia.  Acreditava com todas as dobras de seu estômago que eram profecias, vaticínios, prenúncios.
E desta vez ele sonhou algo realmente contundente. Sonhou que era um macaco. Um bugio, peludo, avermelhado, beiçudo, que roncava, estercava na mão, cheirava e  depois atirava nos inimigos. Foi assim que aconteceu:

- Estando Adegenor tranquilo da vida, sentado em seu galho de pinheiro favorito, catando piolhos do saco e lambendo os dedos depois, que ouviu um zunido estridente, algo assim: zzz,,zziiimm, zzzz..
Pensou imediatamente em abelhas, ou talvez marimbondos, comuns na primavera. Olhou para todos os lados e não viu nada, mas o barulho continuava. Por vezes, dava a impressão que estavam à sua volta, mas não via nada. Começou a observar melhor, ergueu-se de seu galho e aguçou o olhar para todas as direções. Mesmo assim, nada. Apenas aquele zumbido. 

Catou mais um piolho e o mastigou lentamente, pois mastigar piolhos o ajudava a raciocinar com mais clareza. O zumbido continuava. Enfiou o dedo na língua e molhou a mão, levantando-a em seguida para perceber a direção do vento. Nada. Não havia vento algum, mas o barulho continuava.
Ora, quando o inimigo mostra sua presença por meio de sinais, temos que nos preparar para a batalha, para a guerra mesmo. Adegenor preparou sua defesa municiando a mão com bosta e ficou atento. Assim que ouviu novo zumbido, de chofre atirou uma carga na direção do zumbido. Uma tragédia: não demorou nem um minuto e começou a apanhar feito guri malvado. Levou tanto tapa que acordou. Ao seu lado, a mulher, com a cara toda enlameada, olhar de ódio, enchendo o cagão de tapa e pontapés.

O erro da Inteligência Artificial (IA) - Um diálogo quase absurdo com uma IA

Pergunta -  IA! a IA poderá criar outra inteligencia artificial mais evoluida que a atual, a partir do conhecimento e da capacidade que já p...