AD SENSE

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

O Boato



CAPÍTULO XII


O Boato

- Não diga nada, por favor. Vamos deixar o assunto morrer sozinho. Sublimar como faz o vapor do orvalho, quase imperceptível.
- Que assunto?
- Por favor. Não insista. Ele foi displicente, mas há pessoas inocentes envolvidas. Elas não merecem passar por esta dor.
- Mas de que dor você está falando. Alguém se feriu? Morreu?
- Misericórdia! Chegou a óbito? Ah por caridade. É agora que precisamos estar firmes. Você tem os detalhes da morte?
- Mas quem morreu?
- Por favor. Não toque nesse assunto na frente dos filhos dele. Eles são tão inocentes e não suportariam passar por mais esta decepção.
Ah, era reincidente a coisa? E quem mais sabe disso?
Até aqui, você e eu.
- ...e o finado..!
- ...e o finado. Pobrezinho. No fundo ele quis assim. Mas teria sido tão fácil se ele tivesse contado tudo antes.
- Talvez fosse. Só que estou confuso.
- E não é de ficar? Você recebe uma noticia dessas na hora mas difícil de sua vida...
- Como você sabia disso?
- Desculpe. Não sabia que deveria ser segredo.
- Não era pra ser, mas já que você sabe, passa a ser. Só você e eu sabemos disso então.
- ...e o finado....!
- Isso. O finado.
- E como  é que fica a coisa agora?
- Isso vai depender.
- Do que?
- Do quanto você sabe.
- Mas eu não sei de nada!!!!
- Boa! Negue tudo! Ficamos assim então. Você não me viu e nem falou comigo. E se te apertarem, você não sabe quem eu sou e nunca me viu antes.
- Mas eu não sei que é você e nunca te vi antes mesmo.
- Ah ingrato! Além de alienado é também traíra! Bom mesmo que se saiba com quem contar no momento de aperto.


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