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quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Sun Tzu e Maquiavel - Como entender a movimentação política de Gramado (Senta que lá vem ensaio)


Sun Tzu e Maquiavel

O objetivo deste ensaio não é propor nenhum tipo de estratégia a um ou outro lado do embate político de Gramado, mas esclarecer o eleitor, levá-lo à uma profunda reflexão sobre sobre atuais acontecimentos, à luz dos dois maiores autores de estratégia política e militar da história, Sun Tzu, general chinês, e Maquiavel, pensador italiano. Todos, praticamente, já devem ter ouvido falar de Maquiavel. Já Sun Tzu, é mais conhecido no meio militar ou empresarial. Ambos tem conceitos sobre o comportamento humano, seja militar ou político, mas acima de tudo, retratam a essência humana envolvida em um e outro estudos.

Resgatei algumas frases, que por si só, resultariam em imenso estudo, o que o espaço e o tempo do leitor não me permitem. Desta forma, pincei frases avulsas, e á luz destas frases, contextualizei com os atuais movimentos políticos de Gramado. Certamente poderá o leitor (a) reconhecer estes movimentos, e com mais clareza poderá contestá-los, pois certamente não tenho escritura de propriedade da verdade. Sou apenas um pensador e provocador ao pensamento, e poderemos ampliar esta leitura, de acordo com o andar dos acontecimentos.

Pacard (Escritor - Palestrante)
Se os homens fossem honestos, não precisaríeis da força, nem da fraude.Os fins, justificam os meios - Nicolau Maquiavel

De um lado, um festival de ataques porque não teve um projeto aprovado do jeito desejado. Coleção de "memes" espalhados pelos grupos e redes sociais, entupindo caixas postais. Do outro lado, a resposta em forma de memes com os mesmos motivos, porém pela leitura deste lado. E qual a arma mais poderosa que existe para virar o jogo em uma eleição? O ataque frontal, um bombardeio massivo, uma enxurrada de xingamentos, se tal modo que atordoe o adversário, e que perca tempo este em tentar se explicar aos eleitores que não são responsáveis pelo que é mostrado em tais memes. E sabem por que isso acontece? Acontece porque não confiam mais na imprensa, nos meios de comunicação locais, porque poderiam simplesmente emitir uma pequena nota por tais agentes, e encerraria o argumento. Acontece que também alguns veículos são comprometidos com este ou aquele lado, e portanto não teria credibilidade como fonte de gabarito. Perdeu-se a noção do certo e do errado, e a guerra das mentiras parece ser cada vez mais triunfante. Dos dois lados. Ninguém está livre de ser lido e não ser acreditado. E isso um adversário não é capaz e fazer sozinho. Credibilidade ou está em nós, ou não teremos onde comprá-la. Simples assim.
De que armas ideológicas se fortalecerão um e outro?
Resta saber, em cada grupo, quem é quem. E como neutralizá-los em seu território de conforto.


"Quando fizer o bem, faça-o aos poucos. Quando for praticar o mal, fazê-lo de uma vez só.“ —  Nicolau Maquiavel

Todos nós já passamos, estamos passando, ou ainda passaremos por uma guerra. cada guerra, é composta, de modo geral, por muitas batalhas, muitos combates corpo a corpo, mas antes disso, há os combates dentro da mente dos contendores.

Há muitos tipos de guerra, a começar, pela guerra enquanto fomos um entre bilhões de espermatozoides, assustadoramente velozes, furiosos, afoitos, e decididos a conquistarem o único óvulo disposto a nos receber para um chazinho das cinco. Um único sobrevive, penetra a dura carapaça, e finalmente consegue instalar-se confortavelmente no sofá da casa da sogra, colocar os pés na mesinha de centro, e assim que começa o futebolzinho tão saudável, na tv à sua frente, Páah! Ele se fragmenta em dois, quadro, oito, e segue uma matemática confusa, até que, já acostumado àquela multiplicação sinistra, é expulso daquele ambiente  quentinho e gelatinoso, em forma ainda mais bizarra que entrou. Antes, era uma bolotinha com um rabinho veloz, e agora é um treco cabeçudo, barrigudo, com quatro  (ou cinco) penduricalhos cheios de penduricalhos (um não tem) que se mexem, e que começa a ver luzes, ouvir sons, sentir sabores, e sentir a tremenda necessidade de enfiar a boca naquele, bem você sabe onde os bebês enfiam a boca quando nascem. Eu apenas contei isso tudo pra ilustrar minha tese de que somos guerreiros por essência, por necessidade, e em certos casos, por prazer, ou para chegar até ele.

Toda guerra tem sempre dois (ou mais lados). Há contendores que anotam seus interesses, e partem pro ataque, ou apenas se defendem. Mas todos lutam. Então, permita-me falar das guerras antigas, aquelas que tinham graça de ver, onde os valentes lutavam aos berros, vociferavam impropérios sobre os inimigos, sujavam-se nas vísceras dos caídos, lambiam o sangue dos derrotados em suas espadas e machados, e pisoteavam os cadáveres dos que tombavam. Havia um completo êxtase, um frenesi selvagem, onde força bruta e estratégia, aliada à treinos perenes, faziam prevalecer sua força, sua cultura, seus costumes, e sua história, que era contada pelos bardos e pelos bufões, com notável dramaticidade, dentro dos castelos, das tavernas, nas praças e nos prostíbulos, ao fedor de urina e vinho vagabundo, e ao som de cítaras, alaúdes, tamborins, harpas, flautas e cornetas de chifres ou metais. Mas esta era a parte material, carnal, da guerra. Havia, porém, mais, Muito mais. Havia o espírito dos guerreiros, e o espírito dos estrategistas, dos manipuladores,  que iam muito além dos generais e capitães, mas especialmente dos silenciosos e ardilosos conjuradores, que espreitavam pelas frestas, mancomunavam-se pelas vielas sinistras, e ao arrepio da plebe, arquitetavam épicas sangrias, muitas das quais lambiam ao cabo, os próprios conspiradores (Veja Robespierre, Danton, Julio Cesar, Cleópatra, Caifás, e tantos outros na história), e ato contínuo, refestelavam-se no mármore dos palácios, pelas noitadas de orgias e glutonarias, enquanto lá fora, o povo morria à míngua, ceifado pela fome e peste, onde a morte seria a sempre bem-vinda esperança de alívio. Assim, dizia Paulo de Tarso, morrer é lucro. Era lucro, porque pouco antes, a euforia transformara-se em estase, desânimo, inanição de espírito, porquanto davam-se conta de que lutaram e viveram em vão, porque os louros  estavam nas cabeças de quem não tinha pelo povo o mesmo amor que nutriam pelo poder. Assim eram os despojos, para um e para outro.

A guerra sempre foi objeto de desejo de reis e príncipes, e sempre haviam ministros e generais que os aconselhavam antes que partissem ás batalhas, e de tudo o que se conhece sobre estes preparativo, a essência está descrita em um pequeno livro, quase uma apostila, na qual Sun Tzu,, ícone dos generais e estrategistas, dá conselhos, que parecem-me bastante apropriados sempre que haja um confronto à vista, a saber, aqui, confronto de ideias, planos, e propósitos. É o que é uma eleição. Nada mais que uma guerra em outro formato.

Escrevo o ensaio, não da forma tradicional de meus outros textos, mas como um apanhado de frases de Sun Tzu e a seguir de Maquiavel, e os comparo aos acontecimentos de que tenho notícia no embate político e no comportamento dos políticos em Gramado.

Procuro sempre exercer a neutralidade, sem cair no esvaziamento das ideias e muito mendos na bajulação, ou na injúria, que é exatamente o comportamento que procuro combater, ao qual dedico esta análise. De modo geral, reservaria tal análise a um único lado, ao lado que tivesse como cliente, mas aqui acho oportuno, porque considero como clientes, os meus leitores, e é a estes que devo despertar, no mínimo a curiosidade em levar ao debate as minhas palavras, não comigo, porque eu tenho certo cuidado em não debater meus próprios textos, e muito menos tentar provar algo destes, porém, prefiro que sejam debatidos em rodas de amigos, e que retirem as boas palavras e façam as mais ásperas um alerta, um despertar para que pensem se não estou com a razão naquilo que exponho?
 Vamos à exegese então. Começando por Sun Tzu, na Arte da Guerra. O primeiro conselho de Sun Tzu é:

A guerra é um assunto de importância vital para o Estado, o reino da vida ou da morte, o caminho para a sobrevivência ou a ruína. É indispensável estudá-la profundamente.

Gramado é nosso foco neste ensaio, e chama-lo-emos de Estado, ou Principado.  Iremos considerar então este Estado, um principado, o que cabe pensar, se considerar que a Europa, terra matriz de nossos ancestrais, era pulverizada de minúsculos reinos e principados. Assim, Gramado tem em sua resistência exatamente o permanente embate entre forças antagônicas, que se digladiam dia após dia, ambas, na ânsia de determinar a extensão das ruas, o dimensão e as cores dos canteiros, o asfaltamento desta ou daquela localidade como prioridade, este ou aquele parque, deste ou daquele jeito. No fundo, não há a menor importância se tal rua foi feita por primeiro, ou se irão permitir que ônibus transitem nesta ou naquela rua. A decisão será tomada, mas o ego inflado dos governantes (não reclame, leitor, porque você brigou com seu vizinho, e até com sua família, para que ele seja seu dominador, isto é, seu Prefeito, Vereador ou sua autoridade comissionada), setará sempre á frente das decisões. Assim, Se Fedoca e quase terminar, mas quem o substituir, vier a inaugurar, a ética diz que seria prudente convidar o antecessor, até já vi isso ser feito, porém, não é usual, e sim, Fedoca será esquecido, assim como Nestor foi esquecido. E bom cabrito, não berra. Mas é assim que é.

Deste modo,acreditam e fazer crer em seus prosélitos, que o mundo é dividido em três tempos: Antes, durante, e depois do governante de plantão, onde classifica-se o antes, sendo oposição, como o primeiro segundo após o Big bang, a atualidade, aquele paraíso divino, onde falta um retoquezinho aqui e outro ali para ser um novo Éden, e o depois, o abismo da borda da Terra Plana, o Maelstrom, onde quem cair, perder-se-à no infinito. Por isso, é preciso muito planejamento de campanha para que o amanhã não aconteça, senão diferente do hoje, ou do ontem, sendo a oposição quem o possua.

Eis a razão de meus ensaios, desde priscas eras: Estudar os movimentos de cada um dos lados. Sun Tzu porém, vai além. Ele diz:

Informação é crucial. Nunca vá para a batalha sem saber o que pode estar contra você

As redes sociais armaram a população com armas mais poderosas que as armas de fogo.  E isso não é retórica ou romantismo, é verdade, porque se você quer destruir uma pessoa, destrua-lhe o ego, por primeiro, a auto estima, faça-a pensar que é inútil, menor, e infeliz. Mas e como se faz isso, sem tomar um processo nas costas? Simples: Minta"
Minta que é feliz, minta que aquela foto de perfil não tem retoque, é sua mesmo, natural, minta  que você está feliz, está ganhando bem, que aquela roupa nova é apenas uma de sua coleção, enfim, não me presto para ensinar a mentir. Apenas quero ilustrar que uma batalha pode ser vencida pela guerra da informação, principalmente pela guerra da desinformação, as "fake news", mentiras cibernéticas.

Uma mentira não precisa ser contada mil vezes por você. Basta que seja atrativa, irônica, divertida, ela será repercutida, replicada, compartilhada, e em poucas horas, nem mesmo as redes sociais poderão mais rastrear a primeira mentira que foi aplicada. Ninguém sabe, ninguém viu. E aquele que foi difamado, consumirá tempo e energia em varrer os céus em busca de penas jogadas ao vento. É isso que está acontecendo nesse momento em Gramado. E o lado oposto também sabe disso, e age pelas sombras. As fake news nunca nascem em páginas oficiais, nunca passam por canais controlados, mas sempre á eles chegam já na condição de piada, de humor ácido, de montagem muito mal feita, com recortes daqui e dali, e montam as mentiras, e caso sejam descobertos, podem declarar que aquilo foi apenas brincadeira, e que basta ver a má qualidade das montagens. Até lá, o incauto já pulverizou entre suas próprias redes e grupos, e você nunca vai descobrir, nem que criou, nem quem capilarizou, até porque você mesmo ajudou neste processo, e não poderá atirar a primeira pedra. O único sujeito de quem se tem notícia, que atirou a primeira pedra, embora tivesse mais quatro prontas pra façanha, foi Davi, que matou um gigante, e depois tornou-se rei.

 Aquele que conhece o inimigo e a si mesmo lutará cem batalhas sem perder; para aquele que não conhece o inimigo, mas conhece a si mesmo, as chances para a vitória ou derrota serão iguais; aquele que não conhece nem o inimigo e nem a si próprio será derrotado em todas as batalhas.

A questão aqui está em quem conhece a si mesmo, e não apenas o inimigo que intenta destruir.

O general chinês não esquece do líder,e diz:
Um líder lidera pelo exemplo, não pela força

É aqui que o caldo entorna. Aqui Sun Tzu é contradito por Maquiavel, que fala mais em força do que em exemplo, e é aqui que Maquiavel domina este cenário. Não reconheço liderança, nem em Fedoca, nem em Nestor. Ambos necessitam valer-se da força, do canetaço, da artimanha, para manterem seus domínios, a seu tempo e lugar. Maquiavel acrescenta:


A questão não está em saber se são ou não honestos, mas em esmagá-los antes que tenham oportunidades de se tornarem desonestos com sua própria causa. É aqui, que em seu tempo de comando, tanto Nestor quanto Fedoca, tornam-se cruéis no seu território, com seus próprios comandados. Nestor grita, esmurra a mesa, e aterroriza sua equipe. Tornou-se piada em cima deste comportamento. Fedoca, diferente de Nestor, usa a caneta e fortalece seus escudeiros para que o cerquem e o protejam, e promovam eles mesmos a crueldade necessária para manutenção do reino. Não estou aqui fazendo juízo de valor, até porque, eu já comandei comunicação em várias campanhas, e sempre procurei blindar o candidato de debates inócuos, de respostas ácidas, poupando-o de desgastes, para que tivesse cabeça fria e coração quente, na tarefa de buscar votos, fazer campanha corpo a corpo. É atribuição de seu entorno, de sua equipe, os atos desumanos e cruéis que acontecem em uma campanha, uma administração, em uma liderança. 

Estou eu incitando esse tipo de comportamento? De modo algum, acho-o abjeto, nojento, cruel. Estou apenas demonstrando que nossos gestores e candidatos, se desconhecem Maquiavel, ao menos já tiveram ou tem quem os convença, por estes métodos, em minha leitura, satânicos. Mas eficientes.

 Trate seus homens como filhos e eles o seguirão aos vales mais escuros. Trate-os como filhos queridos e eles o defenderão com a própria morte.

Bem, isso já é mais um conselho de como lidar com sua equipe, mas desconheço esta personalidade tanto em um quanto outro. Ambos tem passagens dignas de que caiam na vala do esquecimento, apesar de que ambos coloquem em seus jargões, o amor ao próximo, bastante adequado seria entender esta relação de proximidade e afeto que ambos possuem com suas equipes, e não falo aqui de grupos seletos, mas falo de rotinas, do cotidiano. Não é o que tenho ouvido de nenhum dos dois. Mas é parte da estratégia, estou vendo aqui. Sun Tzu ditou, e Maquiavel sublinhou. Lição de casa, cumprida.

A invencibilidade está na defesa; a possibilidade de vitória, no ataque. Quem se defende mostra que sua força é inadequada; quem ataca, mostra que ela é abundante.

Devo dizer que esta é exatamente a tática, e assumidamente a estratégia, de um e de outro lado nesse exato momento. Querem ver como isso acontece?

Toda guerra é baseada em dissimulação. Por isso, quando capaz, finja ser incapaz; quando pronto, finja grande desespero; quando perto, finja estar longe; quando longe, faça acreditar que está próximo.

Aqui começam a se definirem as estratégias, mas estas ainda não estão acontecendo. Quem mostra ser incapaz, é porque é mesmo incapaz. Quem mostra ser forte, é queque a sorte também faz a sua parte, mas não há nenhuma estratégia para garantir a força. O acaso é o maior conselheiro que vagueia pelas ruas quando não há comando do cérebro, e sim das paixões.

Quando o Fedoca vai á Câmara pedir que vote um empréstimo e a venda dos imóveis, ele não está fazendo teatro, porque ele realmente não viu nenhuma outra saída, quando as portas em Brasília começaram a ser fechadas em razão da troca de ideologia do Governo Central. E Gramado estava muito, muito, mas muito mal acostumado. Tido dependia de verbas de Brasília. Todos os Prefeitos (exceto o Nelson, que tinha seus agentes para esta tarefa) conheciam e conhecem muito bem os bons hotéis de Brasília, as preferencias das secretarias dos Ministros, e o caminho do Tesouro. Isso acabou. Gramado vai ter que ser mais Gramado que já foi um dia, e redesenhar-se nesta nova condição, mas enfim, Não há disfarce aqui. Tanto a Câmara não aprovou por maldade política, que aqui passa a ser politicagem, quando Fedoca contou com o ovo no traseiro da galinha, e anunciou as obras. Ambos mostraram fraquezas, se desnudaram, e expuseram as aberturas no muro por onde se infiltrarão guerreiros. 

Guerreiros vitoriosos vencem primeiro e, em seguida, vão para a guerra, enquanto guerreiros derrotados vão à guerra em primeiro lugar para depois buscarem a vitória.

Um desafio dificilmente pode ser vencido sem planejamento, investimentos em arsenal, suprimentos, e principalmente em soldados. Não apenas soldados de combate frontal (sobre estes falarei mais adiante), mas são preparados postos de comando, delineados mapas e delimitadas as operações e funções. Aqui entra o que já vejo acontecer, claro como a luz de uma manhã ensolarada: contrário ao senso comum da guerra moderna, onde primeiro entra a informação pelos subterrâneos, os fake news, a panfletaria (virtual), aliciando a população contra seus líderes (é assim que os americanos faziam e ainda fazem, jogando milhões de panfletos, em missão de preparo, orientando a população a que se proteja, que olhe seus governantes com outro olhar, enfim, começam por um aliciamento direto. Na segunda bateria, os panfletos já falam no poder de destruição que eles, inimigos dos governantes, mas aliados do povo a quem estão gentilmente dando avisos, farão desabar sobre as cidades quando forem atacadas. Colocam terror nas crianças, nos velhos, e inflamam os jovens a que se rebelem contra os governantes que os oprimem, segundo esta estratégia.

Qual é a tática empregada aqui? Enfraquecer o espírito, desabar o moral, e despencar a moral dos líderes locais. Quando o povo, que se não faz parte do exército, serve como escudo para o intento dos invasores, e esta prática é fortemente utilizada nos atuais embates no Oriente Médio, e no recente ensaio de anexação da Crimeia à Rússia.

Assim,a contra-informação em Gramado, através das ameaças de mercenários da palavra, sintetiza este tipo de terrorismo, vindo de todas as direções, e que causa perplexidade aos eleitores, posto que não sabem em quem acreditar, e principalmente, em saber quem serve a quem nessa situação.

 O combatente inteligente olha para o efeito combinado de energia e não necessita de tantos indivíduos assim. Daí sua capacidade de escolher os homens certos e utilizar da mesma energia combinada.

Uma batalha não necessita dispender grandes contingentes de recursos ou combatentes, se for generosamente avaliada, planejada, e houver inteligência capaz de  não deixar que as paixões partidárias tomem conta e quebrem a espinha da capacidade de antever resultados, que são impossíveis de serem avaliados quando as paixões dominam o front. Nenhum general que tenha submissão total ao seu líder maior, ao ponto de calar-se na mesa de planejamento, alcançará êxito nas batalhas. O fanatismo cega o entendimento, e o grande líder não tem a incumbência do planejamento minucioso, senão apenas de tomar as decisões quando lhe forem apresentadas soluções, e muitas vezes estas soluções podem ser divergentes. Aqui está a força do líder, em saber distinguir qual delas será a mais viável, e em ter a coragem de fazer o expurgo das obsoletas, ainda que advindas de seus aliados mais devotados.

Estude cuidadosamente o bem-estar de seus homens, não os sobrecarregue. Concentre sua energia e acumule sua força. Mantenha seu exército continuamente em movimento, elabore planos insondáveis.

Aqui erram dos dois lados, haja vista que um e outro tem continuamente exposto seus combatentes à exaustão cívica, obliterando, atrofiando o moral de suas forças. Exemplifico com o recente episódio da rejeição dos projetos do Executivo. Ora, nem Fedoca soube apresentar os projetos de forma negociável e  ajustável, nem soube a oposição esmiuçá-lo de forma a obter vantagens de negociação (e aqui estou falando de vantagens lícitas, ajustes pontuais), encontrando um ponto de comum interesse e benefícios à população. Nunca aconteceu isso. Os projetos são herméticos, intocáveis, e não há rodadas de negociação anterior aos debates públicos e acalorados, que chegam, como já era previsto, às raias da força bruta, eivadas de ameaças por populares inflamados, ou pela ação de policiais armados escudando os edis de serem trucidados pela turba enfurecida. Estou exagerando? Não! A massa é irracional. Basta que um grite: "Mata!" E que outro vocifera emendando: "Esfola!", que a pancadaria começa, e pancadaria de turba enfurecida é imprevisível. Muitas atrocidades já aconteceram em episódios onde um insufla o populacho contra seus adversários.

Ora, aqui erraram tanto Fedoca e seus aliados, que optaram pela pressão violenta contra o voto livre dos vereadores, quanto os vereadores em não transigirem no amplo debate à beneficiar as obras desejadas e necessárias. Aqui vamos encontrar estas duas forças ocultas agindo para que se estabeleça uma linha divisória plena, transformando Gramado mais uma vez entre os do lado de lá e os do lado de cá. E isso não é uma ação que acontece por acaso. Há agentes trabalhando essa dissenção incontrolável, mas manipulável.

Quando o general é fraco e sem autoridade, quando suas ordens não são claras e coesas, quando não existem regras fixas aos seus oficiais e quando as fileiras de homens são formadas de forma casual e desleixada, a consequência é a total desorganização.

Creio ser desnecessário explicar esta frase de Sun Tzu, haja vista que a explicação anterior claramente definiu isso. Acrescento no entanto que há uma clara distância entre um líder e um chefe, e esta definição pode ser encontrada nas traseiras de caminhões, facilmente. Por trás das duas lideranças, Nestor e Fedoca, consigo perceber uma névoa que flutua entre e atrás de ambos, e não vejo que ambos sejam estas lideranças pensantes. Não vejo isso. Vejo ambos como ativos e combativos guerreiros, expostos em demasia, ainda que pouco se manifestem, mas que não estejam sós. Por trás e junto de cada um, vejo sombras que se movimentam, e vejo que o embate duro não se dará apenas entre os peões do tabuleiro, mas entre estas sombras nefastas, e vejo, pela lógica de Maquiavel, aliadas às ideias de Sun Tzu, que talvez sejam estas sombras quem arregimentam os débeis para que se ocupem em espalhar a folheteria do terror.

 Existem cinco fatores que permitem que se preveja qual dos oponentes sairá vencedor: aquele que sabe quando deve ou não lutar; aquele que sabe como adotar a arte militar apropriada de acordo com a superioridade ou inferioridade de suas forças frente ao inimigo; aquele que sabe como manter seus superiores e subordinados unidos de acordo com suas propostas; aquele que está bem preparado e enfrenta um inimigo desprevenido e aquele que é um general sábio e capaz, em cujas decisões o soberano não interfere.

Bem, eu deveria cobrar por esta leitura, haja vista que não falo apenas do que está acontecendo, mas do que vai acontecer, com base nessa premissa acima. Faço quatro perguntas apenas, para que o leitor reflita e procure informar-se disso:

1 - Quem estará ao lado de Fedoca e de Nestor neste embate?
3 - Qual deles levantará o estandarte branco primeiro, em favor de uma nova leitura deste embate histórico que virá?
4 -Quais são os verdadeiros interesses, além do ego inflado de um e outro, a buscarem assentar-se na cadeira de Prefeito?
Dos cinco elementos, nenhum é predominante. Das quatro estações, nenhuma dura para sempre. Os dias, uns são longos, outros curtos. A Lua enche e míngua. Também são assim os períodos de uma guerra.

A guerra já começou e as destruições vindouras são inevitáveis.  Mas esta guerra terminará no dia da eleição? O vencido cederá à sua ira e reconhecerá que os poucos votos da derrota poderiam ter sido revertidos, se encontrar em sua busca de mágoas, pelo em casca de ovo? Poderá algum dia o eleitor terminar o dia da contagem dos votos, com um cordial abraço no vizinho, a quem jurou pesadas revanches, no calor da campanha? Perceberá Gramado que o tempo que se roga praga para um mandatário, além do tempo, do ano perdido em mastigar o ódio, pode ser multiplicado pelo prejuízo moral, ético, financeiro que foi registrado na contabilidade social?

A batalha foi encerrada, mas o rescaldo de uma guerra nunca será um jardim florido e uma praça repleta de canções. No fim de uma guerra, não há coretos com fanfarras. Há apenas gente destroçada em carrinhos de mão, juntando despojos aqui e ali, para recomeçar a vida, que poderia ter sido poupada.
A água não tem forma constante. Na guerra também não há condições constantes. Por isso, é divino aquele que obtém uma vitória alterando as suas táticas em conformidade com a situação do inimigo.

Para felicidade dos estrategistas, nada mudou em Gramado desde as primeiras eleições. Os movimentos são quase todos previsíveis, estatisticamente rotineiros.  Os conchavos, os acordos, as primárias, o corpo a corpo, as cédulas, os abraços, os jantares, os discursos, as carreatas e passeatas, as bandeiras nas casas, os tribunais de plantão, os ataques noturnos, panfletagem, grupos de whatsapp, áudios escandalosos,e finalmente, a boca de urna longe da urna, aquele último voto indeciso.

Aquele grupo que mudar esta lógica, sairá na frente, e um grupo já fez isso. Inverteu a baixaria. Toca o terror já de largada, e isso aí já entra no território de Maquiavel. Aterroriza, e enfraquece o moral, mexendo com a moral do adversário. É como cerveja no frango. Amacia a carne. Quebra a resistência do adversário. E depois parte para o ataque, quando percebe que há uma revigorada de ânimo.

Quebrando a resistência do adversário, que gasta tempo e energia, tentando consertas as difamações, enquanto o oponente se ocupa em espalhar flores livremente, vender suas propostas aos eleitores. Vencer a eleição.

Se o seu oponente é de temperamento colérico, procure irritá-lo. Finja ser fraco, que ele vai se mostrar arrogante, e vulnerável.

Barbaridade! Isso é infalível. Percebam por si próprios o que acontece quando alguém provoca um iracundo nas redes sociais.

O estrategista hábil é comparado a uma serpente encontrada nas montanhas. Ataque a cabeça e você será atacado por sua cauda; ataque a cauda e será atacado pela cabeça; ataque o meio e será atacado por ambos.

Um dos grupos tem um estrategista agindo às sombras. O outro está tentando descobrir o que faz neste lugar.

 Não devemos fazer alianças com aqueles que estão familiarizados com nossos métodos.

Por esta razão a UPG (se é que vai manter esse nome), vai mudar suas alianças (PSDBm por exemplo), fechar-se nos Progressistas (tanto que estão arregimentando mais e mais filiados a cada dia), e já mudou sua estratégia, como mencionado acima.

O governante esclarecido estabelece planos a seguir, e o bom general cultiva seus recursos.

Aqui já fala de grupos organizados. Primeiro é preciso estabelecer quem são estes governantes (comandantes da guerra)

O verdadeiro método, quando se tem homens sob as nossas ordens, consiste em utilizar o avaro e o tolo, o sábio e o corajoso, e em dar a cada um a responsabilidade adequada.

Em geral, o avaro é o financiador da campanha, cuida dos recursos, para que não escoem pelos dedos. O tolo, são os imbecis (in)úteis arregimentados para espalharem notícias falsas. O sábio é o conselho que analisa com frieza e apurado cuidado os erros do próprio candidato, e por fim, o corajoso, são aqueles que olham de frente os seus adversários, e saem em campanha, de porta em porta, a arregimentarem prosélitos e votos.

Seja sutil. Use seus espiões para cada tipo de negócio. Mas veja, tais espiões não podem ser geridos sem benevolência e frontalidade, pois sem ingenuidade mental não se pode ter certeza da veracidade de seus relatórios.

Se são espiões, não estão à mostra como laranja de feira. Agem nas sombras, silenciosamente e eficientemente.

Não ataque alguém só por estar magoado. Um general não deve colocar suas tropas em campo apenas para satisfazer seu próprio esplendor.

Esta premissa pode ser associada ao ataque do iracundo, o pavio curto. Mas o pavio curto deve ser do adversário e não de quem prepara o ataque. Todo pavio curto se expõe e é facilmente derrubado, por sua própria debilidade.

No meio do caos há sempre uma oportunidade.

É no caos que se conhecem os bons guerreiros, os bons generais, os bons líderes. E é sempre tática  das oposições, estabelecer o caos, para que possam mesclar-se aos descontentes e invadir os palácios.

Energia é o que tensiona o arco, decisão é o que solta a flecha.

Isso só um bom líder pode fazer. Saber armazenar a informação, planejar as ações, e tomar as decisões no momento e circunstâncias adequadas, são atributos de vitória antecipada.

Comandar muitos é o mesmo que comandar poucos. Tudo é uma questão de organização.

Aqui, ambos tem seus méritos. Ambos sabem usar o eleitor como massa de manobra para que possa atacar no momento certo.

 Velocidade é a essência da guerra. Tire proveito do despreparo do seu inimigo, transforme seu caminho em rotas desesperadas e ataque nos sinais de descuido.

Penso que estou vendo isso acontecer. Os Progressistas estão mais unidos, fato que não ocorria desde a eleição. Já o Governo está no limbo, Nenhuma decisão eleitoral é tomada, porque seu líder simplesmente ainda não decidiu se vai ou não vai competir novamente. Não é apenas o grupo que o apoia que fica sem chão, mas todos os que o elegeram, todos os que avaliaram seu governo e nele encontraram razões para continuarem apostando em sua liderança. Assim, Fedoca não trai a si apenas, mas trai seu eleitor mais fiel. E corre o risco de ver desmoronar em instantes seus projetos ainda inacabados.

Para conhecer o seu inimigo você deve tornar-se seu inimigo.

Nem é preciso comentar muito isso. Está em claras vias esta possibilidade, e os Progressistas estão examinando o desconhecido Fedoca há três anos, e posso dizer que já descobriram suas fraquezas. É em cima delas que irão trabalhar a campanha.

A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota.

Chegar lá e saber porque quer chegar, e ainda saber como chegar. Aqui os pilares da vitória.

Se numericamente és mais fraco, procura a retirada.

Em entrevista, Fedoca deu esta leitura.

Um general não deve empreender uma guerra num ataque de ira, nem deve enviar suas tropas num momento de indignação. Entenda que um homem que está enfurecido voltará a ser feliz, e aquele que está indignado voltará a ser honrado, mas um Estado que pereceu nunca poderá ser reavivado, nem um homem que morreu poderá ser ressuscitado.

Se ambos os lados tomassem esta premissa como sua, as eleições seriam realmente pelos motivos certos.

Deixe seus planos serem escuros e impenetráveis ​​como a noite e, quando você se mover, caia como um raio.

Bem. Isso é tão certo, que até aqui eu comentei sobre os erros e acertos de um e de outro, mas jamais revelaria quais seriam os melhores caminhos para uma vitória com ética. Ninguém me contratou para ensinar isso. Arrogância de minha parte? Sei lá. Os resultados de minhas campanhas dizem que meu bule tem café. Mas aqui sou apenas ensaísta, pensador, crítico.

Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso você deve enxergar o que não está visível.

Entendeu, ou quer que eu desenhe? E olha, que sou bom nisso, hem!

Derrotar o inimigo em cem batalhas não é a excelência suprema; a excelência suprema consiste em vencer o inimigo sem ser preciso lutar.

É pedir demais.

A vitória é o principal objetivo na guerra, mas o verdadeiro propósito da guerra é a paz.

Quando compreenderem isso, ah que mundo lindo pra se viver.

(Até aqui, eram pensamentos de Sun Tzu. Daqui em diante, as frases são de Maquiavel)

O primeiro método para estimar a inteligência de um governante é olhar para os homens que tem à sua volta.

Vou me eximir de ofensas, então não comentarei de nenhum dos dois contendores supra-citados. Tenho pesadas divergências a um e outro grupo, parcialmente.  Seria leviano de minha parte mencionar nomes e fatos. Resigno-me a dizer que ambos poderiam ser mais seletivos em suas escolhas.

O bem se faz aos poucos. O mal, de repente.

Repito: é o que está acontecendo com a coletânea de fakes e ataques nesse momento. Um e outro lado, em lugar de demonstrarem sua capacidade para encontrarem soluções, ocupam-se em destruir a imagem um do outro. E o eleitor é usado como massa de manobra para seus efeitos.

Antes de tudo, esteja armado

Bem, quem já sofreu graves ameaças e sofreu reveses, sabe o significado desta frase. Mas aqui armas também podem ser uma alusão à que estejam guarnecidos pela verdade acima de tudo. É a melhor arma que pode existir.

Os homens tem menos escrúpulos em ofender quem se faz amar do quem se faz temer, pois o amor é mantido por vínculos de gratidão que se rompem quando deixam de ser necessários, já que os homens são egoístas; mas o temor é mantido pelo medo do castigo, que nunca falha.

A ditadura da caneta, do soco na mesa, da fritura pelas beiradas, é uma marca ruim, uma cicatriz expostas, que dificilmente pode ser apagada por quem recebeu a dor da cicatriz. Mas é o método largamente usado, da ciência do morde e assopra, ou pior, joga vinagre da ferida.

Os homens em geral formam as suas opiniões guiando-se antes pela vista do que pelo tato; pois todos sabem ver, mas poucos sabem sentir.

O exemplo fala mais que as palavras. Exemplo é algo que deixa-se aos filhos, à comunidade e à história. E quem escreve a história não é quem a faz acontecer. São os observadores.

Os homens são tão simples que quem quer enganar sempre encontra alguém que se deixa enganar.

Nem sempre são enganados. Muitos sabem que estão sendo manipulados, mas o fazem por ganância, por necessidade de serem aceitos na plêiade dos que dominam, e se locupletarem por esta companhia, ainda que usem pescoços ou emprestem o próprio para esta escalada.

Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!

"Ruim com ele, pior com outro", é o que se diz quando a dor migra de uma perna para outra.

Eu creio que um dos princípios essenciais da sabedoria é o de se abster das ameaças verbais ou insultos.

Pois é. Que leiam isso então e retomem a auto avaliação de caráter e linguajar público.

É muito fácil um homem esquecer da morte do pai do que a perda da fortuna.

Gramado é uma cornucópia desejável até às últimas consequências.

Os que vencem, não importa como vençam, nunca conquistam a vergonha.

Ninguém vence com as mãos limpas. O que resta desejar é que a sujeira seja em pouca quantidade.

O tempo lança à frente todas as coisas e pode transformar o bem em mal e o mal em bem

Por esta razão, pessoas mudam de lado após as eleições. Nem falo de falta de ética, mas dissidências durante a campanha ou por divergências, acabam saindo de seus partidos e buscando outros caminhos. Gramado está repleta destes exemplos.

Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos.

O problema é que um leão aterroriza bem mais que lobos quando ruge. Há leões rugindo. Cuidado com eles.

Chegamos assim à questão de saber se é melhor ser amado do que temido. A resposta é que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar.

Nem é preciso dar exemplos também. O comportamento de governantes com suas próprias equipes de trabalho, dão-nos esta premissa, como verdadeira.

Todos os profetas armados venceram, e os desarmados foram destruídos.

Felizmente não sou profeta, mas todo cuidado é pouco.

É melhor ser temido do que amado. Creio que seriam desejáveis ambas as coisas, mas, como é difícil reuni-las, é mais seguro ser temido do que amado.

Gramado tem as duas situações. Cabe ao leitor avaliar cada uma delas e a quem endereçar o conceito.

As injúrias devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, saboreando-as menos, ofendam menos: e os benefícios devem ser feitos pouco a pouco, a fim de que sejam mais bem saboreados.

Isso todos sabem. Tocar o terror de largada. Já comentei no início. É o que está acontecendo.  Em eleição, a praxe é largar a baixaria da metade pro fim da campanha, e intensificar no último dia. Bem! Ou quem está fazendo isso desde já tem uma carta na manga e muita munição pra levar até o fim, ou está fazendo terrorismo agora, para enfraquecer o ânimo, minar o moral, e chegar com a cavalaria logo a seguir, ou então bateu o desespero e despejou tudo o que tinha às mãos agora, para demonstrarem que estão dispostos a qualquer coisa para chegarem ao poder (ou permanecerem nele).

O fim justifica os meios.

Crianças, não leiam isso sem a presença de um adulto eticamente esclarecido.

A primeira impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens que o cercam.

É difícil avaliar, pois em todos os governos há os quase gênios, e os completamente energúmenos. Talvez este equilíbrio lhes permita manter ocupados uns e outros para que na avaliação de seu desempenho, não sejam confundidos entre si.

Homens ofendem por medo ou por ódio

Ou pelos dois. Provoque-os e saberá. Exponha--lhes as partes íntimas, e saberá como irão reagir.

Quando os homens não são forçados a lutar por necessidade, lutam por ambição.

E quem não ambiciona ocupar um orçamento de 290 milhões. Pensem no poder que isso confere á quem tenha a chave deste cofre. E nem estou falando de corrupção. É poder mesmo, prestígio.

Aos amigos os favores, aos inimigos a lei.

Se der nomes, posso ser processado.  Pense você mesmo sobre isso.

Em política, os aliados de hoje são os inimigos de amanhã.

...E que bem conhecem as fraquezas de seus novos inimigos.

Para bem conhecer o caráter do povo, é preciso ser príncipe, e para bem conhecer o do príncipe, é preciso pertencer ao povo.

Entenda-se completamente o sentido plena da frase. Responda a si mesmo: O que é ser povo, e o que é ser príncipe em nossos dias?

Nada é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas. O reformador tem inimigos em todos os que lucram com a velha ordem e apenas defensores tépidos nos que lucrariam com a nova ordem.“

Todos os que buscam o poder, buscam deixar suas impressões para a história. Gramado está cheia de monturos soterrados pela troca de poder.









segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

O Mau Construtor e o Rei - Fábula Muito Real (com rei, príncipe e tudo mais)



Havia um velho construtor de casas que fora empregado durante a vida inteira de um Rei, e quando este morreu, continuou a trabalhar fielmente para o filho de seu empregador, que era agora o novo Rei daquele lugar.

Ao assumir sua posição, o jovem Rei chamou o velho construtor e ordenou-lhe que construísse uma casa bem grande, com muitos quartos, e todo o conforto possível. Deu-lhe quantia suficiente para construir mesmo um novo palácio, e o construtor começou seu trabalho. Desgostoso do novo Rei, o construtor pensava consigo: O bondoso Rei deixou uma fortuna e este moço já começa a gastar com futilidades. Imagine! para que lhe servirá um novo palácio, se este onde ele mora já é o mais belo de todo o continente?

E assim, seguindo este pensamento, comprou o material mais barato, visitou tudo quanto era liquidação, e adquiriu tudo de segunda e até terceira categoria de materiais. e deste modo concluiu rapidamente o palácio.

No dia seguinte ao término, comunicou ao assistente do rei que sua encomenda ficara pronta, e o Rei, então, imensamente feliz pela celeridade com que o velho homem havia construído o novo palácio, chegou cedo à casa, onde já o esperava, á porta, o velho construtor, com ar amargurado, mas respeitoso. Lá chegando, abraçou o velho homem, e recebendo deste a chave da casa, a devolveu, e disse:
- Ela é sua! Este foi um presente do reino pela dedicação com que você trabalhou par meu pai!

Gramado às vezes me parece ser terra de ninguém, onde os verdadeiros interesses da comunidade são pisoteados como moeda de barganha barata, para enaltecimento dos egos, de um e de outro lado. Se há bem poucos dias,o Executivo cantava vitória por ter "esmagado vergonhosamente a oposição em uma manobra "inteligente" do Prefeito fedoca", por outro lado, deitou-se a dormir mansamente, ignorando todas as regras de um embate: Não se tripudia sobre os vencidos, jamais. A própria Bíblia proíbe de dizer "bem feito" sobre a desgraça de um vencido. Mas fez.  E esqueceu que a vingança é um prato que se come frio, o que não foi o caso. Ainda no calor das celebrações, a oposição que havia engolido em seco a derrota, considerou uma vitória não ter sido colocado em votação o projeto do empréstimo e também da venda dos imóveis, e o colocou em votação já no ano novo, certa da rejeição, e ainda contando com o fato de que tal projeto não pode mais voltar à Câmara no exercício desse ano. Faz parte da política e é prerrogativa do Legislativo aprovar ou rejeitar as Leis, mas é componente necessário lembrar que um e outro não servem ao ego de um e outro, mas ao povo, que sente-se desamparado diante desse tipo de narcisismo e medição de forças em embates inócuos.

Gramado tem se´rios , graves problemas com o abastecimento de água, de saneamento, do hospital que continua pendurado, sem solução, das estradas que ainda não serão pavimentadas, de ser um ano eleitoral, onde muitas ações precisam ser evitadas para não incorrer em quebra da Lei Eleitoral. E o povo, ainda vai ser obrigado a votar nos mesmos candidatos, dos mesmos Partidos, que durante seus mandatos fazem esse tipo de coisas, um ao outro e ambos contra a população.

Em canal fechado, isto é, não eu trouxe os bastidores para o Blog, porque entendia colaborar mais se apenas provesse aconselhamento a um e outro lado. Mas e desde quando alguém que nem mora em Gramado tem café no bule para conselhar altas autoridades: Eu não tenho. E assim, faço uma melancólica leitura da afamada reunião onde Fedoca em poucos minutos, relata a notícia, convenceu sua oposição a retirar seu projeto, por falha inconstitucional. Retiraram, mas apimentaram a volta, e o troco foi pesado.

O resultado desse embate não foi apenas duas vitórias, de um e de outro lado, no espaço de duas semanas, mas isso é apenas um termômetro do que virá pela frente, onde teremos uma eleição muito, mas muito suja. Imprimam isso, porque eu sei bem do que estou falando. E você eleitor, eleitora, terá que votar em todos eles de novo. E vai empunhar bandeiras de ira, e ao final, quem vencer vai soltar rojões na frente das casas de quem perdeu. E vou ter que dar "Copiar+Colar" disso daqui um, dois ou três anos. Tudo igual. Não há nada de novo debaixo do sol.

Hoje o povo sentiu-se traído, e não estou fazendo juízo de valor. Estou apenas ouvindo áudios dos eleitores, e posso garantir que não são palavras de quem está conformado com o que aconteceu na Câmara há poucas horas atrás.

A palavra branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira. Na ânsia de mostrar veemência, um e outro lado, usa seu tempo na tribuna para vociferar paixões e inflamar contendas. E quem perde é o povo. mais uma vez.

Receberam, os eleitos, de um e outro lado, carta branca para edificar uma casa, mas um e outro, economizaram nos materiais e receberão de volta casa mal estruturada, que ao primeiro vento podem cair. E quem está nelas, é o povo, mais uma vez.




Radicci é o Iotti travestido de Gringo, ou o Iotti é o Radicci mostrando a cara (e às vezes coisa pior)?


Na foto, uma pessoa genial, simpática, exuberante, detalhista, animada, e o cara  do lado é o Iotti 

Ele assinou seu nome (no caso, sobrenome) nas páginas do melhor e mais inteligente humor do Rio Grande do Sul, e até mesmo em uma de suas melhores províncias, o Brasil. Tal como disse Tolstoi, ele imortalizou sua aldeia, seus tipos humanos, seus trejeitos e maneirismos, o sotaque italiano na crueza de sua originalidade, e fez-nos voltar aos tempos de infância, onde nossos vizinhos italianos, colonos, eram exatamente assim, do jeito esdruxulo e querido, acolhedor e divertido, que ele descreve. 
 Iotti saiu da casca e adentrou na alma de todos os que de alguma forma já deram risada do jeito grotesco que falam os gringos velhos de nossa infância. E fez isso com um talento único para expressar em cada tirinha, em cada quadrinho, ou traço de movimento e expressão (desculpe a redundância, mas é isso mesmo) que dispensa até mesmo algumas falas, mas que quando são acrescentadas, tornam impecável a mensagem do humor que só pessoas sérias possuem, porque humor não é brincadeira, e fazer humor com a seriedade que Iotti faz, bate a sensação de que somos bem representados na história desta terra abençoada pelos colonos que semeia a terra, e pelos filhos dos colonos, vagabundos, que trocam a enxada pelo lápis e saem fazendo troça dos noninhos e dos tchucos que esta Serra e esta Terra nos legaram.

Tive o prazer de uma entrevista do Iotti, e ainda de lambuja, acrescentou suas tiras para ilustrar este espaço (e quem sabe comova patrocinadores para que anunciem também, pelo elevado nível daquilo que estou publicando). Vamos à entrevista então. Em lugar de iniciar dizendo que é o Blog do Pacard, e ele o Iotti, basta ver a numeração e a resposta abaixo que irão entender. Ninguém é tão burro assim, sei lá, eu acho.
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1 - Como você se interessou por charges (cartoons)? 

Sempre gostei de desenhar. Desde criança . Então, foi uma coisa natural, uma continuidade.

2 - Você cursou desenho, artes, ou coisa pior, ou é autodidata?


 Autodidata não. Estudioso. Cursei Jornalismo da UFRGS FABICO só para deformação acadêmica.

3 - Você desenhou muito "para ganhar cliente, de graça", no início da sua carreira? 


Sim, as primeiras a gente dava de graça. Depois de viciado, o cliente tinha que pagar.

4 - Leon Tolstoi disse certa vez que se você quiser ser um autor de alcance universal, fale de sua aldeia. É o que voce fez. Isso foi de propósito, de caso pensado, em traduzir em humor o cotidiano do "gringón" da sua região, com seus trejeitos, maneirismos, e identidade cultural, ou foi alguma encomenda específica, a criação deste personagem o Radicci?


A pergunta já é a resposta. Exatamente assim que foi criado. Uma professora me disse essa frase do Tolstoi e me marcou muito. O Radicci foi uma encomenda do meu primeiro editor, Paulo Cancian, para o jornal PIONEIRO, em 1983. Os dinossauros ainda andavam pela terra.

5 -  Para quantos veículos você envia suas tirinhas atualmente?

 Três, Pioneiro, ZH e Diário do Sudoeste no PR.

6 - Você acaba de conquistar um prêmio por seu trabalho. Fale deste premio, e você recebeu outros prêmios?

 Foi o Prêmio ARI de Charge. Primeiro Lugar. Foi muito importante. As charges , bem como boa parte do Jornalismo, estão sendo atacadas, proscritas e nunca foram tão necessárias nesses tempos onde o obscurantismo tenta voltar. Ganho poucos prêmios por que participo de poucos concursos.

7 - Você tem uma equipe de trabalho, um atelier de criação, com roteiristas, desenhistas, tia do cafezinho, ou trabalha sozinho?

 Tenho todos esses cargos ocupados por mim. Também coloquei a minha mulher como editora gráfica e ghostwriter

8 - Radicci pode ser considerado um personagem voltado ao público infantil?

 Não, o Radicci não tem público específico. 

9 - Radicci tem um posicionamento político ou ideológico? Você utiliza o personagem para fazer protestos? 

Sim, o Radicci é um reacionário de grande potência. Uso as tiras não para fazer protesto, mas para escancarar essa realidade.

10 - Caso afirmativa a questão anterior, já teve algum tipo de censura, ou leitura negativa por parte de autoridades?
 
Sim, mas não prosperou nenhum processo. As duas vezes que fui interpelado judicialmente fui vencedor sem nenhum problema.

11 - Você tem outros personagens, excluindo a mulher, pai, e filho do próprio Radicci? 

Sim,já tive o Frederico e Fellin, um menino e um gato. Tenho também o Deus & o Diabo e a Jaquirana Air, um empresa aérea bagual. www.jaquiranaair.com.br

12 - Você já teve algum convite para trabalhar fora do Brasil?

 Só trabalho escravo ou outra hipóteses piores.

13 - Algum convite para exportar e traduzir o Radicci? 

Sim, uma vez. Lancei o Radicci na feira do livro de ROMA, traduzido, se isso é possível, e a edição esgotou.

14 - Você é natural de onde? 

Caxias do Sul RS Brasil Terra Via Lactea

15 - Você tem pública predileção por pescaria de trutas, e até algumas vezes tem usado o argumento dos pescadores em suas tirinhas. Que outras preferencias tem o Radicci (personagem agora), alem de se emborrachar de vinho?

 Menos,menos. Aprecio tudo que o Radicci aprecia ( menos o Mussollini! ) mas com moderação.

16 - Você já produziu alguma animação do Radicci? Pensa em fazer? 

Ainda não. Não fiz pois não sei como fazê-la mas aceitaria que alguém para essa empreitada.

17 - Como este blog tem uma grande afinidade com Gramado, tenho que perguntar se você já fez alguma coisa tendo Gramado como cenário, considerando a grande influência italiana no lugar? 

Sim, algumas tiras e charges. Sempre fazendo menção ao nível de excelência que o turismo chegou. Além das artes das 23 edições da Corrida pela Vida do ICI RS.

18 - Sendo você de descendência e acentuada cultura italiana, é preso a um único estilo, ou tem personagens alemães, portugueses, por exemplo? 

Tenho a Jaquirana Air, puro pelo duro. Tenho dois personagens para o mercado do EUA que ainda estão na plataforma de lançamento.

19 - Seu recente livro sobra a Jaquirana Air, parece que retrata bastante os costumes e linguajar próprio dos portugueses assimilados que vivem na Serra Gaúcha. Como você construiu seus personagens deste formato étnico e cultural? 

Como sempre faço. Observação, estudo e aumento da realidade.

20 - Que recursos você utiliza na elaboração de seus desenhos? 

Nanquim, bico de pena, pincel e, para finalizar, coloridos artificialmente no photoshop.

21 - Que recomendação o Radicci faria à você, nesta entrevista inusitada a um desconhecido, que talvez até lhe ofereça bala de maconha e que pode botar maconha na sua coca cola, se descuidar? 

Atenti ragazzi! Non me aceita nada dos outros, incluindo gerentes de banco!

22 - Nesta pergunta anterior, há um pitoresco do imaginário popular dos anos 70 sobre as drogas e seu uso, e com o advento da internet, casos absurdos caíram no imaginário do internauta desinformado, como o caso do sujeito que apareceu nu, em uma banheira cheia de gelo, sem um rim, e com um celular antigo ao lado. Você já utilizou esse tipo de fonte para trabalhar suas tiras?
 
Nossa! Essa eu nem sabia. Por isso non me tomo do copo dos outros!

23 - Papai Noel existe, ou é só teoria da conspiração inventada pelo coelhinho? 

Sim,existe. O problema que ele passa os outros onze meses fazendo bico. O coelhinho é quem controla tudo.

24 - Quer que eu pergunte mais alguma coisa, ou posso sair pra fazer meu lanche agora? 

Demorou! Tó só pelo pastel de queijo. Vamos embora!


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A Mulher virtuosa na política - Quem será esta mulher?



Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.
O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo.
Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.
Como o navio mercante, ela traz de longe o seu pão.
Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das empregadas.
Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.
Fortalece seu corpo, e os seus braços.
Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.
Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca.
Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.
Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de roupas quentes e nobres.
Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.
Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra (é um conselheiro).
Faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores.
A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro.
Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.
Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça.
Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.
Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!
Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada.
Dai-lhe do fruto das suas mãos, e deixe o seu próprio trabalho louvá-la nas portas.
Provérbios 31:10-31

Fiz questão de começar minha reflexão com um texto um pouco mais extenso, copiado da Bíblia, porque não vejo como selecionar uma parte como mais importante que a outra. O texto que fala da mulher virtuosa, a mulher empreendedora, competente, que dá orgulho ao seu marido, e alegria de tê-la entre as amigas, por outras mulheres.

Infelizmente os excessos, de um lado e de outro, tornaram a mulher, antes, um objeto de baixo valor, sempre em nome da religião, fosse qual fosse, outorgando ao homem poder e mando, naturalmente aceito com dócil submissão, haja vista a cultura do coitadismo impregnada, onde a mulher é a frágil porcelana a ser cuidada, e por esta razão, deve ser grata ao seu amo e senhor, seja ele seu pai, irmão, ou marido, contanto que seja um varão, um valente, uma autoridade diante de si, o próprio deus com mãos, para discipliná-la, pernas para andar á sua frente, e naturalmente, uma pingola para deliciar-se entre suas pernas. Esta era a visão corrente até o fim dos anos 50 do século passado.

Eis senão, quando, um grupo de mulheres decide que devem libertar-se do jugo masculino, e o fazem muito bem, e inicia a revolução sexual, isto é, sexo apenas consentido, e ainda por iniciativa da mulher, que por ter prazer, não se torna nenhuma puta. Aí o esquerdismo percebe este sentimento e mina os valores, atira gasolina ao fogo, e incendeia tudo, e você sabe que fogo não escolhe cor, raça, partido, religião, ou pela cor dos olhos. Fogo queima, e queima com fome. Queimou até mesmo o senso de pertencimento e equilíbrio entre Homem e Mulher, haja vista que D-s, diz o texto sagrado, criou Homem e Mulher, não Mulher para servir ao Homem. A incorreta tradução das bíblias ocidentais, chama a Mulher de "Adjutora, Auxiliadora", texto que não corresponde ao sentido hebraico da expressão. na tradução hebraica diz que D-s criou uma Mulher para confrontá-lo, isto é, para opinar e não submeter-se.

Então, já citei a Bíblia, já falei da natureza da Mulher e seu papel junto ao Homem e à família, e agora quero fazer uma breve leitura da Mulher na sociedade, através da política. Quero voltar a falar diretamente à Gramado, minha querência dileta. Fui buscar na memória, e encontrei grandes mulheres empreendedoras, provedores de riquezas à sociedade, cito algumas: Elisabeth Rosenfeld, Annelies Rosenfeldt Bertolucci, Maria Elisa Dias Cardoso, Ester Cardoso fauth, Nadir Michaelsen cardoso (óbvio que sim, acham que vou enaltecer outras mulheres sem falar de minha avó, mãe, e esposa?), Diva Masotti (a primeira vereadora ),   Flávia Bertolucci,  Marta Rossi, Silvia Zorzanello,e muitas, muitas outras, que enobreceram Gramado, mas que nunca foram prestigiadas como candidatas  à Prefeitas (aqui cabe o feminino). Nunca. Nenhuma.

Mas já vi mulheres esbravejando, vociferando desconjuras, berrando à todo pulmão os nomes de seus candidatos, em êxtase desgovernada, carregando bandeiras, pedindo votos, mas nenhum para si mesmas. Será então que perdem a coragem diante de um desafio desta magnitude? Será que as mulheres só são valentes com uma chinela na mão e a orelha dum pirralho malcriado na outra? Onde está o brio da Mulher guerreira, que parece ser guerreira apenas em citações de redes sociais e discursos de homens quando desejam ter o seu voto?

Gramado atingiu sua maturidade econômica, mas ainda não está nem perto de sua maturidade política, porque maturidade política não é um candidato vencer por meia duzia de votos, ou vencer de lavada. Isso é apenas estratégia. Maturidade política é ter tantos candidatos quanto seja o número de Partidos inscritos para o pleito, sem coligações, cada um com sua bandeira e sua frente de campanha. E com mulheres em peso de igualdade, onde disputam como majoritárias ou como vices, junto com um Homem, posto que subir não é rebaixar o outros (vide post anterior), mas elevarem-se como se escala uma montanha, um dando suporte ao outro. Mulher e Homem, sem prioridade.

Seriam as mulheres de Gramado, delicadas massas de manobra para candidatos que sabem como adulá-las para conquistarem seu voto, sua fidelidade e seus préstimos na maionese das reuniões políticas? Teria Gramado alguma mulher que veja-se digna de disputar o cargo de Prefeita, de virar a mesa nas convenções, e redecorarem o sisudo gabinete do cargo mais importante do município?

Não! Eu acho que não teriam esta coragem. para isso, precisam da autorização do Partido, que é comandado por homens. Claro, cada partido tem o seu departamento dedica às mulheres, e elas sentem-se importantes, porque lhes foi dada oportunidade de servirem ainda melhor aos seus amos e senhores, ose senhores da guerra, os iluminados, enviados do céu para governar. Mas elas são apenas criaturas frágeis, não entendem nada de política, e por isso, Vereadoras, e talvez, em partidos nanicos, Vice-Prefeitas. É acho que está bem assim. Mulher virtuosa, quem a achará? 

Pescoços ou Degraus? Tel - A milenar arte de subir sobre os escombros de quem desceu


Se eu não for por mim, quem será por mim?
Se eu for só por mim, o que serei eu?
Se não agora, quando?
(Hilel, o Ancião, 30 a.e.c)

Jerusalém é uma cidade que desperta nossas mais profundas inspirações e aspirações de natureza espiritual. Nem é preciso ser religioso, místico, ou sensitivo para perceber alguma coisa sobrenatural pairando por cima daquelas pedras milenares, pelas ruas estreitas de portas altas e tão antigas quando a própria existência da cidade, e pelos sítios arqueológicos, a maioria verdadeiros, outros nem tão confiáveis assim, mas ainda assim Jerusalém tem inspirado cânticos ao longo de mais de três mil anos em louvor à sua escolha, pelo D-s Criador do Universo. Parece tão distante do entendimento, imaginar que O Mesmo D-s que criou a imensidão do cosmos, quase infinito, tenha também orientado linha por linha, pedra por pedra, a construção daquele lugar. Esta é a visão mística, espiritual, religiosa do lugar.

Já a informação arqueológica nos diz que Jerusalém é um grande "Tel", e não, Tel (ou Tal) não é abreviatura de telefone, mas uma situação arquitetônica, de engenharia, na verdade, onde uma cidade que era dominada por outra, eram feitos de suas casas, monturos, e estes monturos eram espalhados, e sedimentavam a plataforma de outra cidade, que seria construída sobre aquele aterro. Jerusalém, em hebraico ירושלים  é na verdade um amontoado de 14 civilizações, a começar pelo atual Muro das Lamentações, o Kotel, que tem, abaixo de si, por cerca de 20 metros, as escavações que mostram o primeiro Templo, de Salomão (as ruínas que estão lá são dos muros de Herodes). Isso significa que depois de Salomão, temos aproximadamente seis ou sete aterros, o que significa que debaixo disso, ainda há mais seis ou sete (talvez mais) cidades soterradas, histórias perdidas, de pessoas vencidas.  Assim, o fim da história é o começo dela mesma.

A política é uma coisa muito, mas muito suja, e não, não são os políticos quem a emporcalham. Somo nós mesmos quem damos lavagem e nos esfregamos nessa porquice, quando reclamamos deles, dos maus, que fique bem claro, mas vamos lá, fazemos campanha, votamos neles, e ainda celebramos sua vitória, como se nossa tivesse sido, sobejando e pisoteando sobre os vencidos, que em muitos casos, são nossos próprios amigos, membros de nossa família ou congregação, colegas de trabalho. Começa aí a bandalheira da política, e vai além. Muito além.

A bandalheira começa dentro de nossa casa, quando nos aquietamos no comodismo de acreditarmos que se existem apenas dois ou três candidatos, é porque tenham sido estes, predestinados a perpetuar-se no poder, alternado-se entre um e outro clã, e não permitindo que haja alguma renovação na política e na forma de governar. Afunilamos nossas esperanças neste ou naquele, ainda que os desprezemos, e não abrimos espaço para outros que não circulam nas esferas do poder, e por isso tornam-se preteridos, e aqueles, preferidos, porque "conhecem política". Sim, conhecem política e políticos, mas desconhecem o povo. Desconhecem a ética. Pisoteiam antecessores, como se o que há de incompleto, seja por pequenez moral, e o que há de bom, é incorporado ao seu próprio trabalho, como se fossem louros seus.

Pisoteiam os feitos de outrem e sobre os entulhos constroem sua própria cidade, como se apenas e só apenas por seus méritos, algo de bom tenha sido feito pelos cidadãos. Desprezam o que lhes é diferente e tornam-se indiferentes aos que lhes são opostos. Manipulam e desfazem aquilo e aqueles que lhes é inaceitável, por não estarem atrelados às suas fileiras. São hipócritas, manipuladores, e disputam apenas quem é mais capaz de mentir e manipular a opinião alheia, e esta, sabe que está sendo manipulada, mas acomoda-se na ideia nefasta de que já que só tem esses, devem ao menos procurar algo de bom e adotar um dos lados.

Não sei se viverei para encontrar um candidato que não tenha rabo preso com este ou aquele grupo, mas que seja de fato comprometido com a população. Não sei se viverei tempo suficiente para encontrar um eleitor que diga: "Eu serei candidato, apesar de não ser político", para mudar e quebrar este paradigma de que só quem está em certa liderança seja capaz de confrontar os desafios que uma pequena República, chamada cidade, apresenta a cada dia de governo que virá.

Desafio você, meu querido leitor, minha perfumada leitora, a mudar em si mesmo, em si mesma, esta mentirosa verdade, de que só quem tem cheiro de bosta nas mãos é capaz de cuidar de uma fazenda. Não é. Ninguém nasce pronto para nada, mas aperfeiçoa-se naquilo para o qual foi chamado, e somente são chamados os bons, mas quando estes se escondem, os esdrúxulos tomam a frente. E governam você! Portanto, se você e eu somos governados por aqueles que só são capazes de construir uma cidade, destruindo a outra que estava lá, e não reagimos a isso, é porque merecemos o jugo que nos impõem os que sabem que os bons permanecem calados e os maus se apresentam para a conquista, porque sabem que existem batalhas cujos despojos são a cabeça dos fracos, dos tímidos, dos indiferentes.

Você não precisa tornar seu antecessor um incompetente, para que você seja reconhecido como alguém bom.  Sua obra não será mais grandiosa se você auto-elogiar-se ou pagar alguém para que o faça.  Pelo contrário: o auto elogio escancará ao mundo a sua estupidez, seu hedonismo, sua egolatria. Eis o mal dos maus políticos: o narcisismo! Então, eu, cidadão, você, pessoa de bem, precisa urgentemente rever seus conceitos sobra a arte e a ciência de fazer política, e começar a apoiar quem verdadeiramente seja capaz de comandar a sua vida, em dizer sobre qual rua você deve passar, em qual calçada pode pisar. Se der este poder a um hedonista, alguém que cultua seu próprio senso de estética e virtude, estará entregando a chave da sua consciência à esta pessoa, a este grupo, à este princípio sem princípios.

Somos tímidos, calados, indiferentes, ou temos mente capaz de discernir o certo do errado, o bom do mau, e o oportunista, do herói? Quem é você? Quem sou eu?

Quem sua cidade irá escolher? Alguém que pisa em pescoços para firmar sua autoridade, ou alguém, ainda sob as sombras, que poderá surgir ao amanhecer de sua inquietude, talvez você mesmo? Acha que não pode vencer grandes leões numa batalha corpo a corpo? Junte forças e perceberá que até mesmo os leões nunca caçam sozinhos. Perceberá que numa floresta há mais do que leões, e que numa civilização há muitos valentes dispostos a segui-lo, se seu caminho for direito, se sua determinação for transparente. A hora é agora. Não há ontem mais e ainda não aconteceu o amanhã, que você mesmo pode mudar.


domingo, 12 de janeiro de 2020

A Serenata de Joãozinho Morais - Crônicas de Gramado



Pois João Alves de Morais, ou Joãozinho Morais, era, se não estou enganado, o filho pimpolho da Tia Virginia de Morais, filha de Tristão de Oliveira, e irmã do já mencionado aqui neste espaço, por duas vezes, José Tristão, ou Zé Tristão.


CRÔNICAS DE GRAMADO - O LEGADO E CRIME DO ZÉ TRISTÃO PARTE 1



Mas é sobre o sobrinho de Zé Tristão de quem eu quero falar agora, o Joãozinho. Audacioso jogador do Centro Esportivo Gramadense, não saberia posicioná-lo em campo, porque tudo o que eu conheço de técnica de futebol, não passa de saber que tem onze em campo de cada lado, e uma bola, que não teve nada a ver com essa divisão, tomando coice pra todo lado (aliás, vegano não deveria torcer pra time nenhum, pois a bola é de couro). Mas Joãzinho batia um bolão, segundo seus contemporâneos, maioria já falecido, então não tenho como comprovar, mas também ninguém pode me desmentir, e segue o causo.

Joãozinho era muito melhor do que Neymar pra cavar falta, e mais esperto, porque enfiava, discretamente o dedo no furico dos melhores adversários, e a reação era imediata: o que teve a honra manchada, disparava atrás do baixinho, para meter-lhe uns tabefes, e não percebia que o juiz já prestava atenção à sequência, expulsando o agressor de campo. Depois outro, e mais outro, e finalmente, o time adversário estava desfalcado, e o Gramadense ia lá e metia gol atrás de gol. Depois, na hora da cerveja, era só risada, e ficava tudo certo.

Noutra feita, Orlando Morais, irmão de joãozinho, convidou o irmão, para pelarem umas varas de vime bem compridas. Depois de peladas, as varas ficavam naturalmente molhadas de seiva, e com jeito no braço, eram atiradas sobre a rede de alta tensão (atenção, piazada maleva, não façam isso sem a presença de um Joãozinho Morais), isso apenas para ouvirem os estouros causados pelo curto circuíto fechado pela condutividade dos minerais e água das varetas. A esta altura, já haviam se enfiado pelos matos, voltando a caçarem passarinho, bem longe dali.

Joãozinho tinha um coração de manteiga. Tinha mesmo. Como era padeiro, não faltava pão para os pobres que o procuravam. Minha avó passava lá e pedia para comprar pão amanhecido, mas quem diz que João a deixava pagar? Enchia um saco com pães do dia anterior e outros ainda quentinhos, e depois de bons momentos de prosa, entre dois grandes amigos, além de primos, minha avó voltava à nossa casa sorridente e orando pela bênção, enquanto Joãozinho enchia outras sacolas de outras pessoas, dia após dia. Vivia falido. Mas acho que terá ele um lugar na Eternidade. É o que eu acho.

Se Joãozinho será feliz na Eternidade, isso eu não sei dizer, mas o que sei dizer é que ele se divertiu muito na curta vida que esta existência lhe permitiu. E não era egoísta, não senhor, senhora ou senhorita. Joãozinho fazia questão de rir com os amigos. E este é o causo do título. 

Certa dia, Joãozinho convidou seus amigos: Almiro Drechsler, que tocava violino,  Gercy Accorsi, um grande Tenor, Adail de Castilhos, tocador de violão, e mais alguém, de quem não lembro o nome agora, para que o ajudassem em uma conquista de amor. Ocorre que havia uma belíssima veranista na Vila Planalto, nas proximidades do antigo Posto Ipiranga, da família Bezzi. Por aquelas imediações mais ou menos, que passava as férias em Gramado, com a família. Então a ideia de Joãozinho era bastante comum naqueles tempos: Uma serenata! isso mesmo, um recital de poemas, canções, por volta da meia noite, na janela da amada, para que ela acordasse ouvindo a voz de seu pretendente ao som de belas canções. Isso era uma serenata. Combinado então! Naquela noite fariam a serenata para a donzela (eu sei lá se era donzela, mas achei oportuno, para ilustrar a linguagem de época).

Meia noite em ponto, e começa p grupo a entoar melodias debaixo da janela da moça. Cantam uma, cantam duas e era chegada a vez do próprio Joãozinho declamar um poema à pretendente. Depois de um dedilhado de violão e algumas notas de violino, ele começa:

-" Ò minha amada querida,
amada do coração
sua puta ordinária
sua porca vagabunda
que nunca limpa a bunda
que tem bafo de leitão!"*

Nem é preciso que eu diga que quando ainda na parte da .."puta ordinária", o bando já havia se espalhado pelos banhados afora (era tudo banhado até quase no centro), rasgado terno de linho no arama farpado do potreiro, quebrado violão, pisoteando na bosta das vacas e banhado, enfim, um caos tremendo...enquanto Joãozinho permanecia na casa cantarolando asneiras e rolando de rir.

Acontece que como ele era padeiro e entregava o pão em todas as casas, ele sabia que naquele dia, naquela noite em especial,  não haveria ninguém em casa...


Poema fictício ilustrativo*
Foto montagem de internet


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Arno Michaelsen - O Prefeito Humano que Gramado precisa lembrar



Minha família havia atravessado uma grande tragédia, e voltava cabisbaixa para a terra natal, Gramado, início dos anos 60 do século passado. Minha avó foi trabalhar em um restaurante, do já inexistente "Motel balneário", também conhecido, na época, como "Tênis Clube", onde lavava pratos, fazia limpeza, e levava algumas sobras para nossa casa.

Meu tio, Esaú, ainda adolescente, foi fazer biscates com madeireiros, aplanadores de terras, coisas desse tipo. De vez em quando tomava umas cachaças, dava uns cascudos nos brigadianos, ia preso, minha avó chamava o Dr Celso Dalle Molle, advogado, que ia com ela na delegacia, e soltava o piá. Era uma rotina.

Meu outro tio, Samuel, um piazote ainda, também fazia pequenos biscates pelas fábricas de Gramado: Pelando vime, no Dinnebier, Moranguinho, pra fábrica de Doces, surrando e apanhando da piazada de rua, arrancando samambaia nos terrenos, enfim, também prosseguia na sobrevivência.

Minha mãe, a filha mais velha,foi trabalhar de babá nas casas das famílias Koetz (ela comentava comigo que as crianças eram extremamente bem educadas. Sabiam a hora de irem dormir, eram respeitosos, afáveis, e inteligentes. Vale citar nomes aqui: Orlando e Teresa Koetz, pais do Flávio, Paulo, Fátima, e Zena. Em sequência (ou ao mesmo tempo, isso eu não sei, foi também babá dos filhos do casal Marcílio e Irani Cardoso (Tio Março e Tini), Manoel Ignácio, Alexandre e Caetano. Tornaram-se estes, meu irmãos de alma, desde então.

Marcílio e Irani viam em minha mãe, Ester, mais de uma uma menina (com 17 anos) que cuidava de crianças, mas uma inteligência em busca de espaço. Tio Março, levou-a então, até o Prefeito, Sr. Arno Michaelsen, e apresentou-a, da seguinte forma:

- Arno! esta é a filha do Assis!
-  Filha do Assis? Então temos que conseguir uma oportunidade para esta menina.

E imediatamente a nomeou Professora da Escola da Curva da Farinha (ou foi na Piratini, disso não tenho certeza nesse momento).

Eu quis relatar este particular, para demonstrar que meus ensaios não são para enaltecer políticos ou escrever a história, mas para lembra, através da história, o grau de humanidade que alcançaram meus personagens.

Arno Michaelsen, foi o segundo Prefeito desde a emancipação de Gramado. Eram os primeiros tempos. As preocupações de um prefeito em 1960 eram diferentes dos desafios de hoje. Enquanto hoje, disputam os prefeitos, sobre quem asfaltou mais estradas, naqueles dias, a disputa era com a topografia, a sobrevivência. Abriam-se estradas contando apenas com um velho trator de esteira, e uma motoniveladora, comumente chamada de "Patrola". A Prefeitura era recém criada. Se há hoje vícios de continuidade, naquele tempo não havia sido ainda maturada a substância política tradicional em Gramado. Claro que haviam facções, preferências ideológicas, mas ainda prevalecia o discurso comunitário. Quando Arno nem pergunta a razão e diz que "temos que conseguir uma oportunidade para esta menina", ela faz uma leitura completa da situação, que já havia chegado aos seus ouvidos, e não tomou o precioso tempo da menina com perguntas estúpidas de embromação. Simplesmente decidiu: Vamos agir, pois o momento urge!

Naquele tempo, o Prefeito era uma Autoridade moral. Era, eu disse. Tomava decisões e assumia por elas. Nesse tempo, ainda não corria esgoto a céu aberto pelas ruas da cidade, talvez porque nesse tempo ainda não houvesse um serviço eficiente de saneamento e abastecimento de águas quanto tem hoje em Gramado.

Arno Michaelsen foi o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores de Gramado. Segundo os dados deixados pela falecida historiadora, Marília Daros Franzen, Arno nasceu em Nova Petrópolis, em 1929. teria completado então 100 anos, recentemente. Seus pais eram Theodoro Guilherme Michaelsen e Berta Kny. Em setembro de 1940, casou-se com sua companheira fiel, até o fim dos dias, Angelina Caberlon.

Bem poucos sabem, mas Arno também já foi cantor. Em um coral, mas foi cantor, No Coral Evangélico de Gramado. (A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, a Igreja do Relógio, também conhecida como "Igreja protestante").
Arno abriu, nos anos 5, uma Casa Comercial, e deu o nome de "Estrela". Vendia roupas, tecidos, e armarinhos, miudezas para costura. Mais tarde, o mesmo prédio serviu como restaurante, chamado, se não me falha a memória, de "Vera Cruz Churrascaria", ou algo assim. Já não existe mais. A churrascaria foi comprada pelo empresário Adail Bertolucci (Ex-Chocolate Planalto), e mais tarde ali foi construído um parque temático, da mesma empresa.
Em 1957, Arno presidiu o Centro Esportivo Gramadense. Participou ainda do grupo de bolão denominado "Vampiros,", na Sociedade recreio Gramadense, o principal clube social da cidade.



Vale lembrar que antes de ter sido Prefeito e Vereador por Gramado, Arno Michaelsen já havia sido Vereador pelo 5º Distrito de Taquara, e também Sub-Prefeito, pelo mesmo Distrito, que era Gramado, trabalhando, desde esse tempo pela emancipação política de Gramado. Tomou posse em novembro de 1955, como Presidente da Câmara, e começou então a preparar as novas leis municipais, através do Regimento Interno da Câmara e do Código de Posturas do Município de Gramado, sancionados em 1956.

Alguns nomes notáveis devem ser lembrados desta gestão, pessoas queridas por muitos que leem
meus ensaios e histórias. Alice Ilse de Castilhos, a querida Tia Alice, da Prefeitura, onde trabalhou até sua aposentadoria. Os irmãos Evanor e Luiz Maurina, e o saudoso amigo, Arlindo de Oliveira. Um dia vou contar episódios mais detalhados sobre Arlindo. Finalizo a equipe, com a queridíssima professora Cleci de Oliveira, que muitos lembram dela, do Cenecista.

Em 1960, Arno concede Cidadania ao pioneiro Leopoldo Rosenfeldt, pelo legado de seu trabalho. Para os neófitos da terra, são de autoria de Leopoldo, o Lago Joaquina Rita Bier (aquele dos espetáculos no natal Luz e tantos outros), o Lago Negro, o atual Centro Municipal de Cultura Arno Michaelsen, e o loteamento do Bairro Planalto. Coube a Arno ser o primeiro Prefeito a administrar o legado de leopoldo Rosenfeldt (que doou as terras dos lagos ao Município de Gramado.

A Educação era uma das prioridades do Prefeito Michaelsen, e eram fomentados treinamentos para professores da sede e do interior.
Nesta foto ao lado , um dos frequentes treinamentos, dos quais minha mãe, Ester Cardoso (hoje Fauth), participou em sua formação pedagógica.

Nesse tempo, a vizinha cidade de Canela já era conhecida pelas escolas, de natureza devocional,que recebiam alunos de vários municípios vizinhos, e até mesmo distantes. Gramado então, começava a despontar para seu próprio sistema educacional público. Deve-se ao Prefeito Michaelsen a eclosão deste movimento.




Carteira de Professora, em 1960









Escola Rural, no vale do Quilombo






Em 1961, Arno inaugura a nova sede da Prefeitura, em Gramado.

Em 1961, a Prefeitura doa ao  Estado um terreno com 3 mil metros quadrados, onde é construída a Escola Estadual Boaventura Ramos Pacheco, na então chamada Vila Floresta.

Arno promoveu, sob sua administração, o plantio de milhares de hortênsias,e oficializou, em 1961, a Festa das Hortênsias em Gramado. Vale saber que a Festa das Hortênsias, foi precursora de eventos como o Festival de Cinema, e por via indireta, a FEARTE - Feira Nacional (e internacional) do Artesanato.
Quero acrescentar que as obras e a construção de uma sociedade, não podem ser atribuídas a uma única pessoa ou grupo, mas ao conjunto crescente de pessoas e grupos que trabalharam em seu tempo e com os recursos que tinham disponíveis, e fizeram destes recursos o melhor que poderia ter sido feito, assim como uma corida de bastões, onde todos vences, e não apenas que chega ao final.

E, 11 de setembro de 1961, Arno, Prefeito, cria o Conselho Municipal de Turismo - COMTUR. Ainda neste ano, é inagurado o Instituto Bálneo e Lodoterápico de Gramado, de propridade da Família Nelz. Este Instituto internacionalizou Gramado, por receber pacientes, e também turistas europeus, que procuravam sua Lama Medicinal para tratamento de diversas doenças.

Gosto de lembrar que não foram as belas paisagens apenas que fomentou o Turismo em Gramado. Foram as pessoas, pelo seu modo de receber, de se envolverem com os visitantes, de se preocuparem com a boa alimentação servida, e especialmente por interagirem com os acontecimentos locais. Visitas importantes (e todas as visitas eram importantes), convocavam os habitantes para estarem lado a lado nos passeios, nas fotografias, nas atividades sociais.

Um dos principais atrativos da festa das Hortênsias, eram os carros alegóricos, enfeitas de hortênsias, levando as misses, Rainha e Princesas das festas, sendo aplaudidas pela multidão às ruas. Era um evento comunitário, feito para o povo, para os gramadenses, que naturalmente, atraía turistas, mas o objetivo era mesmo honrar o povo local.


Em 1962 é criada a taxa de Turismo de Gramado, através da Lei Ordinária 0.143/1962. Neste mesmo ano, inaugura-se a Praça do Rotary.

Em 1963, é inaugurada a Praça Leopoldo Rosenfendt, em homenagem ao Pioneiro do turismo.

No ano de 1931, Arno Michaelsen movimenta, junto com Walter Bertolucci, Deputado, suas influências, e inicia a construção da Estrada Gramado-Taquara. Até então a rota serpenteava várias localidades, e este trajeto encurtava consideravelmente a distância até a capital, Porto Alegre.



Em 1963, a Iluminação Pública de Gramado ganha novo visual, com equipamentos fabricados na própria oficina da Prefeitura, sob o comando de Arlindo de Oliveira.
Estes eram os equipamentos disponíveis para o desafio das terras rochosas que desafiavam a abertura das ruas que temos hoje em Gramado.

Gramado é a cidade mais florida do Brasil disso não resta dúvida. Mas as belas floreiras centrais, começaram na administração de Arno Michaelsen.
Desde minha infância, lembro de papoulas, Zíneas, Bocas-de-Leão, Cravinas, Cravos, Cravos-de-Defunto, Margaridas, e tantas outras, além da plantação dos frondosos Ligustros, à beiras das calçadas, que eram podados a cada dois anos. As flores dos ligustros enchiam as ruas de abelhas, na entrada da Primavera, e as matas eram povoadas de colmeias selvagens.
Também foi na gestão de Arno Michaelsen, a construção da Praça Major Nicoletti, hoje apreciada, utilizada, e fotografa por milhões de turistas, e enviadas ao mundo inteiro.

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No dia 25 de Julho de 1963, foi lançada a Pedra Fundamental da Escola 25 de julho, próxima ao lago Negro. Adivinhem quem era o Prefeito que cortou a fita?

Gramado tem estas virtudes. Às vezes, lembra dos seus, e quando lembra, os recompensa com lauréis. Em 1994, junto com o Prefeito Nelson Dinnebier, Dr Erico Albrechet, e outro personagem, que não lembro quem seja, Arno Michaelsen foi agraciado com o título de "Cidadão Gramadense". Tive o privilégio de escrever,a pedido, a biografia do dr Erico Albrecht, cuja história será ainda, se D-s me permitir, contada aqui neste espaço.
Muito há por falar-se de Arno Michaelsen, mas neste relato, fixei a premissa de sua obra mais importante, que foi, como segundo Prefeito de Gramado, sedimentar o trabalho bem orquestrado de seus pares: Walter Bertolucci, Oscar Knorr, Leopoldo Rosenfeldt, Carlos Nelz, Erico Albrecht, Almeri Peccin, José Francisco Perini, Orestes dalle Mole, Os Irmãos Cardoso, Josias Martinho, e muitos outros, a quem dedicarei, ao seu tempo, algumas páginas de memória.
Se Tio Março (Marcílio Cardoso) chegasse hoje e apresentasse Arno Michaelsen à mim, eu diria:
- "Arno Michaelsen? Temos que apresentar este grande homem aos leitores!"






Fotos e informações baseadas em pesquisas realizadas pela historiadora Marília Daros Franzen (In memorian), e materias cedidos por Darci Michaelsen, filho de Arno.*




AHAVÁ - Ser amado é ordem Bíblica? Não!

Acredito, por ouvir falar, pois não sou psicanalista ou assemelhado, que a frase mais ouvida nestes consultórios seja essa: "Eu não sou...