AD SENSE

sexta-feira, 24 de março de 2023

Xujêra - O Gato Jaguara

Este gato (era uma gata, na verdade), existiu de fato. Em 2016, passei uns tempos em Gramado, com atelier a convite do centro de cultura. meu atelier era uma daquelas casinhas internas, dentro de um pátio, trancado por uma porta de ferro para o exterior.

Um dia, as faxineiras adotaram uma gata de rua, que ficou lá dentro (ela saía pra fazer bandalheira, pulando pelos telhados, mas voltava pra lá), a gamelinha dela comer ficava ao lado da minha porta.

Certo dia, cheguei pela manhã, e a gata veio correndo me encontrar, com ar de apavorada, e foi me conduzindo até sua gamelinha. parou e ficou miando pra mim, do tipo: "Me salva, olha á um monstro comendo a minha comida!"

Era um sabiá gordo, bonito, que comia a ração dela, e ficava provocando a gata. Quando eu cheguei perto, o sabiá voou e pousou no fio do varal. aí a gata foi comer.

Pensei comigo: "gato cagão! Eu nunca tinha visto isso!"

No dia seguinte, a mesma coisa.

Terceiro dia, ídem

No quarto dia, cheguei, e a gata tava se lembendo acomodada em frente à porta. e de um miado grave, cavernoso, e continuou a se lamber.

Aí olhei atrás dela, e vi um rastro de penas......


A desgramada da gata articulou aquilo tudo pra garantir o excesso de confiança do sabiá....

d dali por diante, dia sim, dia não, apareciam penas pelo gramado.

Daí criei este personagem do Gato Xujo, e agora tou pensando em dar sequência!



quinta-feira, 23 de março de 2023

O tição tirado do Fogo, a Vaca Vermelha, e Purificação do Homem


Imagem: internet

A glória de Deus é ocultar certas coisas; tentar descobri-las é a glória dos reis. (Provérbios 25:2 NVI). 

Está certo, eu não sou rei, nem mesmo sou adepto da monarquia como sistema de governo, porque não combina com meu pensamento democrático, pensar que alguém tenha um cargo vitalício por hereditariedade, como um atributo divino. Não mesmo! Mas "reis", aqui, tem um contexto de magnitude, isto é, somos criados pelo Rei do Universo, à Sua Imagem e Semelhança, então, há sim certa majestade neste indivíduo, que o diferencia de um tijolo, uma árvore, um gato, ou uma lagartixa. Nossa natureza majestática se faz notar exatamente por nossa necessidade de entender aquilo que vemos e compreender aquilo que não somos capazes de tocar, pela reflexão; de pontuar o intangível pelos fragmentos que nos são mostrados. Assim, buscar desvendar o que está oculto em parte, mas que deixa uma silhueta a nos instigar à puxar a ponta do lençol que os cobre, é próprio dessa Semelhança com O criador. Diz o Talmude, que D-us Se revela, Se ocultando, para que O busquemos a conhecer, e desta forma, nos surpreendamos pelo modo maravilhosamente simples que mostra Sua complexidade. Assim, se nem todos os teólogos ousaram navegar por águas com certa profundidade, é porque seus mapas estavam limitados ao tamanho do pergaminho que os continha, porém, quanto mais minucioso for um mapa (eu sei disso, porque desenho mapas temáticos), mais fragmentado será este espaço, dando margem à que outros pergaminhos isolados complementem o que falta no anterior. A Bíblia é assim. Uma única letra, um único ideograma pode revelar um imenso compêndio de informações, se o estudioso dedicado se detiver em isolar este ideograma (ou caractere), e buscar referências de contextualização sobre o mesmo. É o que faremos neste estudo.

Temos duas definições complementares para trabalhar a expressão: "Um tição tirado do fogo". A primeira delas (não na ordem cronológica) encontraremos em Zacarias 3:2, onde Jerusalém, isto é, o povo escolhido do Senhor é comparado à uma "Brasa viva", um povo que tem valor. Porém, o contexto desta reflexão estará melhor definido pelo texto de Isaías 6:6 , onde o relato nos diz que enquanto estavam diante do Trono do Altíssimo, os anjos O adoravam, proclamando Sua Santidade, e (vamos elucubrar um pouco aqui para imaginar a situação) num cantinho, envergonhado e tremendo, se encontrava o profeta, até que um anjo se volta para ele (costume até hoje utilizado no rito de recitação de "Kedushá" em sinagogas), e diz: "Venha, Humano, vamos juntos adorar O Senhor!" Ao que o profeta, em lágrimas, responde: "Como posso eu, um Ser Humano, de boca e pensamentos sujos, proferir louvores À Santidade do Eterno?" Então, diz o relato bíblico, que o anjo vai até o brasiero do altar, e de lá, com uma tenaz, retira uma brasa ardente, e com ela, purifica os lábios do profeta, isto é, faz com que o fogo que purifica o ouro, e extermina o pecado, faça esta purificação e transformação nos lábios impuros do Homem. Naturalmente, temos aqui uma metáfora poliedral, que nos mostra muitas faces de uma mesma expressão. Isso é deixado muito claro e poderíamos encerrar aqui, se não houvesse uma segunda lição no texto, tanto de Isaías, quanto de zacarias, de "Um Tição tirado do Fogo", e em ambas as situações, embora se apresentem com objetivos diferentes (um fala do pertencimento de Jerusalém ao Reino de D'us, e outro fala de um instrumento de purificação dos pecados do Ser Humano por intervenção dos anjos, embora percebe-se que o anjo não toma a brasa com a mão, mas usa um instrumento, um gancho, uma tenaz, um VAV (  ) , que entre seus significados, simboliza O Messias).

Aqui nesse contexto, quero mostrar que o profeta poderia ter sido levado até o braseiro para sua purificação, mas vamos elucubrar novamente, e imaginar que ele estava encolhido, mortificado de terror, paralisado, e nessa condição, estaria impossibilitado de mover-se em direção à sua salvação, e nesse caso, o que faz o anjo, senão, por autoridade divina, prover meio de que A Salvação chegasse até ele, o Homem. Em hebraico, este gesto de levar a Salvação, é chamado de Yeshuah )    , daí, em minha licenciosidade espiritual, posso perfeitamente imaginar que O Anjo que proveu tal gesto, tenha sido O Messias, pessoalmente. Mas vamos adiante.

O ponto aqui é que O "Tição" (Brasa ardente) foi retirado do braseiro, seu lugar de conveniência, para servir ao Ser Humano, onde quer, e como quer que este se encontrasse. Percebemos que não houve exigência formal de santidade (porque era impossível) para que recebesse o "Fogo Purificador", mas o próprio Fogo Purificador saiu de onde estava para servir ao Ser Humano, em seu propósito de santificação, isso só aconteceu depois de um gesto muito significativo do diálogo: O Ser Humano reconheceu sua condição frágil e impura, e com isso, demonstrou vontade intensa de estar entre os seres santos que adoravam O Altíssimo. Isso se chama de "Confessar os pecados!"

Segunda parte do título desta reflexão é meu assunto favorito, do Livro de Números, Capítulo 19, que é o tema da Vaca (Novilha) Vermelha, onde sabemos que, semelhante à Brasa retirada do Altar, também o animal do sacrifício era retirado do Arraial (no deserto), ou do templo (em Jerusalém). Em ambos o casos, nessa linha de pensamento, podemos entender que há sintonia no propósito didático (sempre bato na tecla que a Bíblia, os ritos, são antes de tudo, pedagógicos, sejam materiais ou metafóricos os seus ensinamentos). Tanto em um quanto o outro elementos de reflexão, temos a ideia de Um Messias que sai de Seu trono de glória, para trabalhar pela redenção do Ser Humano arrependido. Temos a noção plena de que nem sempre o status quo dominante (tradições costumes, denominações, instiruições) são o ambiente em que os corações são transformados, e somos levados a perceber que não é o Homem quem encontra meios de redenção, mas é D'us, pelo Messias, Quem provê recursos, ainda que Emanando dos Céus (metáfora ou não), que Se faz presente diante do trêmulo pecador que nem mesmo sabe que pode ser transformado. Aqui está a diferença entre crer ou não crer. O que não crê, por desconhecer, ainda que cumpra a vontade do Eterno, também está destinado à salvação, não por mérito do que faz, mas por estabelecimento primevo de que amar à D'us tem que necessariamente também amar o outro, e assim cumprindo, ainda que sem rótulo de religioso, possa asceder à salvação, pelo mérito do Messias, porém com o agravante da incerteza, da angústia pelo desconhecido vindouro, ao passo de que aquele que ainda que pecador, chega trêmulo por reconhecer-se nessa condição, na presença do Eterno, tem a possibilidade de fluir pela vida com mais leveza, e isso de fato aconteceu com o profeta Isaías, que terminou sua existência terrena, serrado ao meio, dentro de um tronco, por mando do rei Manassés, e este rei, pela brasa que foi tirada do Altar, ao fim da sua vida, reencontrou a paz, mediante seu arrependimento, e ambos se abraçarão no primeiro dia da eternidade. Tudo por causa de uma Vaquinha Vermelha, e de uma Brasinha Ardente, que foram retiradas de seu ambiente natural de redenção, para serem levadas ao lugar onde a Redenção era realmente necessária: O coração arrependido de um pecador. E poderíamos encontrar uma terceira definição para o Tição tirado do fogo: Alguém que estava destinado a ser consumido pelo pecado, mas que teve a lúcida experiência de arrepender-se no último instante, e voltar-se para os braços do Redentor.




quarta-feira, 22 de março de 2023

Amando pelo silêncio - O besteirol como afeto

Os bostinha*

Temos, a patroa, e eu, seis filhos: Três dela, e três meus, e ao todo, então, são três, porque, por essas virtudes da matemática do matrimônio (temos que ajustar essa palavra discriminatória, pois, por que não "patrimônio"?), os filhos dela são também, prazerosamente meus.

Sou, conforme já mencionei anteriormente, um "senhorzinho aposentado", portanto, afeto à emocionalismos lacrimosos que compensam os que porventura não manifestamos no apogeu da juventude, porque na nossa geração, "homem não chorava", pois tinha que parecer duro, respeitável, ter pulso firme, e desse modo, acumular lágrimas para o tempo em que as cãs sejam a marca de nossas virtudes, mas que nos liberam os canais lacrimais para chorosas reminiscências que se acumulam desde a alva ao crepúsculo de nossos dias.

Comum é que a idade seja inimiga da memória, porém, então, até o presente momento, ainda sou beneficiado com chispas luminosas de lembranças de avantajadas imagens, sons, e perfumes que adornaram minha juventude e maturidade, e que ainda guardados em frascos de cristal da mente, abrem-se a espargir entre os que se acercam de mim como um repositório de afeto que necessito compartilhar, e o faço, de modo bastante particular e criativo, a falta de modéstia me chama a dividir com quem me lê.

Meus três filhos foram, são, e continuarão sendo amados, e cada um a seu modo receberam tais manifestos de carinho de minha parte, porém, em todos eles, o bom humor sempre foi o selo deste relacionamento afetuoso. Ri e fiz meus filhos rirem muito das minhas palhaçadas, dos meus deboches, e a recíproca fez-se verdadeira, e ainda se faz até hoje.

Meu filho temporão, hoje com vinte e sete anos de idade, é presente de contínuo em nossa vida, porque trabalha em casa, com ponto no relógio e tudo o que um emprego convencional exige. É compenetrado, serio, exageradamente nerd, e umas duas ou três vezes aventurei-me a ver o que estava escrito naquela tela preta com milhares de símbolos e linhas, e sim, eu não entendi uma única vírgula do que estava lá. Assim, curvando-me à minha insignificante sapiência diante desse cabedal, entro cautelosamente algumas vezes do dia, em seu refúgio produtivo, e na maioria das vezes, ampla maioria, nada dizemos um ao outro, senão uma asneira, com ar de seriedade, com cumplicidade de que, um e outro sabem que a vida é esse contínuo de rir e viver, de rir e sonhar, de rir e produzir. Às vezes, entro e fico olhando serio, olhar firme, e ele nem levanta a cabeça, continua em sua pensativa faina, e o silêncio nos trai, e instintivamente rimos daquele silêncio, o que faz quebrar o encanto do inusitado, e respeitosa silenciosamente me retiro, a pensar na próxima investida, na próxima asneira, para fazê-lo rir, para que me faça rir.

Do mesmo modo, à distância, meus outros filhos também recebem minha visita virtual, com uma besteirinha, uma figurinha engraçada, uma frase sem nenhum sentido, mas que façam-nos lembrar que, mesmo longe, estamos aqui e ali, no coração uns dos outros, em afagos pelo pensamento, pelo bom humor. É mais fácil assim, suportar o ninho se esvaziando de nossas esperanças, e se enchendo pelas lembranças. Então, que sejam boas. Que sejam divertidas.


Quer rir um pouco? Adquira meu livro abaixo. Basta clicar na imagem para ser direcionado ao site e comprar o livro. Neste livro, eu conto 99 causos muito divertidos e humanos, de gente simples, adorável, e baratinho até.





De louco a tirano - A minoria esmagadora


Imagem: internet*

Me considero um rapaz (essa foi pândega, pois nem mais rapaz eu sou, porquanto sou um "senhorzinho aposentado" metido a escrevedor de coisas que alguns gostam, outros, nem tanto) afortunado, pelo fato de que os doidos que tentam travar meu ir e vir, são tão alucinados no vórtex do giro sobre seus próprios umbigos, que não tem alcance mental para sociabilizarem com outros celerados, e formarem um comitê de oposição à mim, e pela natureza de seus egos que os cega pela luz de sua estupidez, o alcance de visão é restrito aos seus próprios delírios.
Digo com isso que se os doidos que me odeiam fosse organizados e se comunicassem, tornar-se-íam poderosos, mais que já são, uma vez que um doido sozinho em uma reunião onde um grupo heterogêneo busca soluções para o bem comum, e quando estão quase chegando a um acordo, entra um maluco e estraga tudo, mija na jarra de refresco, porque não gosta deste sabor, e se não gosta do sabor, então ninguém tem o direito de beber.

Salomão dizia que uma única mosca que entre no barril de perfume, pode aprodrecer todo o conteúdo. Assim, como diz a reflexão do sábio, um barril inteiro de perfume é incapaz de perfumar uma mosca morta. Somos assim também. Somos dominados pelas moscas mortas, pela intransigência dos loucos, que não tendo ética alguma, não seguem regras de civilidade e decência, e põem-se nos espaços sociais, nas reuniões, nos ambientes coletivos, e envenenam de modo absurdo e inusitado (louco é sempre uma caixa de pandora), o ânimo dos que buscam dar equilíbrio ao bom andamento da vida em comum.

É fácil localizar tais indivíduos nas reuniões, pois embora não carreguem um crachá com sua condição, serão facilmente percebidos por seu sarcasmo, suas ironias fora de tempo, suas contradições à inovações, o modo com que se dirigem aos colegas, ao modo com que tentam diminuir a importância de novas iniciativas. São aqueles que certamente irão boicotar projetos, trabalhos, e acreditem: É certo como a Primavera, que "acidentes ou incidentes" poderão acontecer, e os dedos indicadores de tais criaturas, estarão apontados para você.

Dois doidos nunca formarão uma coligação, porque o ego de cada um brilha tanto, que ofusca o olhar, de um e de outro, assim, um louco não poderá nunca ser atraído pela luz alheia, como mariposa, porque a sua prórpia buscará desesperadamente por mariposas imaginárias, e é muito comum encontrar doidos falando sozinhos, e pinçando mariposinhas com os dedos pelo ar. Ainda bem que as mariposinhas imaginárias não são contagiosas, a não ser que seus doidos sejam  encapsulados com outra legião de perturbados, e lhes deem poder. Mas aí já é assunto para outra área do conhecimento: Ciências Políticas!

Fujo dos loucos, e fujo principalmente da possibilidade de que o louco seja eu, e que não atravanque o ir e vir dos que se julgam equilibrados. Se isso for verdadeiro, ao menos que minha loucura me preserve de mim mesmo, e me isole de abrir a boca no conselho dos sábios. Gosto de ser o ignorante do grupo, porque assim, só tenho o compromisso de aprender, e continuar calado para continuar ouvindo, e cumprir o adágio que diz: "O idiota, calado, é um sábio!"

Acho que seria muito legal saber um pouquinho mais sobre isso. Recomendo que leia esse livro (Ah, sou eu o autor, mas fazer o quê?) É só clicar na imagem, que será redirecionado à página de compra do exemplar.





segunda-feira, 20 de março de 2023

Medo da Inteligência Artificial? Invista da Inteligência Natural!



Tá com medinho da Inteligência Artificial? O antídoto é alimentar a Inteligência Natural. Comece a ler!

Lembre-se que ainda não inventaram robô que dê banho nas crianças. Nem que troque a fralda dos idosos. Nem que dê prazerosos momentos ao entardecer com uma xícara de chá, ou um mate, ou um cafezinho.

Ainda não inventaram uma inteligencia afetiva que empreste ombro, que diga palavras de consolo brotadas do coração. Ainda vai longe para que façam isso.

Ainda não inventaram uma IA que fale sobre a salvação, a ressurreição, a vida eterna. Então, largue o celular e volte a investir nas pessoas (mesmo que pra isso precise usar o celular).

quinta-feira, 16 de março de 2023

Falemos de Vida, e outras escolhas - Salmo 139

 Não vou comentar aqui absolutamente nada. Abenas reproduzirei o Salmo 139.



Senhor, tu me sondaste e me conheces.


2 Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.


3 Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.


4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.


5 Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão.


6 Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir.


7 Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?


8 Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também;


9 se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,


10 até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.


11 Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim.


12 Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.


13 Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe.


14 Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.


15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.


16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.


17 E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!


18 Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo.


19 Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio! Apartai-vos, portanto, de mim, homens de sangue.


20 Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.


21 Não aborreço eu, ó Senhor, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?


22 Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.


23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.


24 E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.




quarta-feira, 15 de março de 2023

Pilhôco, o cusco que falava

Imagem: internet

O nome do cusco era "Piloto", mas o Barduíno tinha adquirido a preço de promoção, de um mascate que passou pelo lugar, uma dentadura semi-nova, que era menor que a boca, o que obrigava o Barduíno a apertar os lábios e falar de boca fechada, para que a "perereca" não saísse voando mundo afora. Então, nesse desvio de diccção, chamava seu cãozinho, "Piloto", de "Pilhôco".

Barduíno era um bom sujeito, e bom parceiro de prosa, numa pescaria, por exemplo, ou lá no bolicho do Cebôla, e suas prosas se tornavam ainda mais interessantes, porque ele adicionava temperos ao causo, que se não fossem contadas por ele, que jurava serem verdades, passaria por lorotas, mentiras bem arranjadas, digamos assim. Tá bem, tenho que admitir: o ôme mentia e mentia a rodo, e pra carimbar as mentiras, constrangia a pobre da "Chelésche", ou, em dicçaõ normal, "Celeste", sua esposa, a confirmar suas façanhas. A cada lorota contada, apontava a mão, usando o palheiro como seta, para a Celeste e perguntava: "Não foi, "Chelésche", que acontecheu achim?" E a Celeste girava a cabeça, direcionando os olhos envergonhados, pros cantos e confirmava meio que de boca fechada, pra não se comprometer demais: "Foi, véio, acho que foi!" E Barduíno estufava o peito, assoprava o pito, vaidoso, e dava uma tragada recompensadora.

Certa feita, contava ele um feito, de uma caçada de veados, e na largada, assombrava pelo número de abates:
- Cachêi dijoito viado dipoish duma chuvarada aqui memo do lado de cája. Não foi, Chelésche, que eu cachei dijoito viado?
A pobre Celeste, encolhida, olhando pra baixo, respondeu:
- Óia, meu véio! Eu só me alembro de UM veado que tu caçou, mas foi lá pra baixo, perto do rio!
Com um olhar de iluminação e lembrança que voltava, Barduíno bateu  levemente à cabeça e falou:
- É mejmo, Chelésche! Dêche eu nhão me alembrava! Então chão DIJANÓVE!

Mas, pensam que parou aí? Não mesmo! Contente com o olhar crédulo da platéia, Barduíno continuou:

- Eu tinha um "cachôrro" que "falhava", o "Pilhôco". Foi "achim". Teve um dia, "dispôish duma chuvalhada", que a "Chelésche" tinha areado o chão, deixando tudo branquinho, eshpaiô unsh pelhêgo pra modi ninguém pijá no achuálio limpo, até que checáche. Então, o "Pilhôco" e eu, tava vortando duma cacháda de chabiá, e o "Pilhôco" entrou chaltitando facheiro no chão da"Chelésche", enchendo de rastro dash patinha chuja. Eo dei pito nele e diche:
- "PILHÔCO! CHAI DAÍ, Pilhôco! A Cheléste vai te chingá!"
O pilhôco nhão chaiu, e maish: Ficou dimpé nash patinha de tráish, botou ash patinha da frente na chintiúra, deu ume rebolhadjinha, e diche:
- EU NHÃO CHÁIO!

Eu arregalei osh jóio e chamei a Chelésche! Diche pra elha:
- "CHELÉSCHE! CORRE AQUI, CHELÉSCHE! O PILHÔCO TÁ FALHÂNO!"

"Cano a Chelhesche chegou, trupicou num pelego do chão, e levou um buléu bem  feio. O Pilhôco tomou um cagácho tão grande, que deu um pulo e caiu mortinho do chão.
Por muito pôco, a Chelésche nhão viu o Pilhôco FALHANO!"





O que faz a tua mão direita....

Evitem fazer alarde quando ajudarem alguém, não fiquem contando vantagem diante das pessoas, para  que sejam admirados e elogiados; aliás, s...