AD SENSE

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ele (ou ela, eu sei lá)

Publicado no livro "Estado de Alerda, Pacard, 2014, Amazon.com)

Era tão feio que se sentava ao espelho e se achava mais feio ainda. Era mais feio que ele próprio. E mais baixinho também.
Era tão burro que conseguia trocar seu próprio nome com o de seu irmão, mesmo sendo filho único.
Era tão baixinho, que se sentava no chão e ainda assim as perninhas ficavam balançando.
Era tão medroso, que saltava de susto, toda vez que respirava.
Era tão pão duro que quando bebia água ainda lambia o copo para não deixar sobrar nada.
Era tão fofoqueiro, que falava mal até de si mesmo.
Era tão corrupto, que de todo dinheiro que ganhava, roubava de si mesmo uma parte.
Era tão incompetente, que emprestava dinheiro e pagava juros ao devedor.
Era tão mentiroso, que de tanto que mentia, mentia sobre o que mentia. Aí falava a verdade. E isso o entristecia.
Quando viu que tinha tantas virtudes, se aliou a um partido e saiu candidato.
E foi eleito!
Quando tomou posse, não sabia onde estava. Não sabia o que fazia lá. Não sabia o que dizer. Foi logo esquecido. Menos na folha de pagamento
Recebia salário pelo cargo. Recebia jeton. Recebia por fora e carregava por dentro. Da cueca. E passou a ser chamado de
"Seu dotô".

* Qualquer coincidência é mera semelhança.

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