O
pensamento é a fonte de todos os bens e o manancial de
todos
os males, exceto aqueles que sejam inerentes às coisas
impensáveis
de mudar.
Ser
livre é dizer o que pensa sem pensar no que se diz para
pensar
na liberdade de pensar sem dizer o que se pensa apenas
por
pensar.
O
que nos mantém livres? O direito à liberdade, ou a liberdade
de
pensar.
Dá-me
um homem íntegro e um povo esperançoso, e em pouco
tempo
uni-los-ei por um ideal em ébrio êxtase e os destruirei
completamente.
Farei de suas vidas uma euforia, mas pô-los-ei
em
estase quanto ao progresso humano e ético. Sou a política
Sexo,
poder e fortuna. A má política não precisa de nenhum
destes
objetivos, pois os encontra numa só substância ataviada
ao
seu caráter e adornada com vestes nupciais, envolta em
perfumadas
sedas sob a tênue luz da vaidade, da cobiça e da
ambição.
Não
pense que sou contra a política nem contra os políticos.
Apenas
não consigo colocá-los à mesma mesa de festa sem que
se
embriaguem um ao outro e um ao outro se desmanchem em
paixões,
onde é sempre o povo o alvo inerte desta glutonaria
dialética.
O
Álcool torporiza a mente e desnuda o caráter. A política
torporiza
o caráter e desnuda o ego. Mas a má política
potencializa
tudo isso sob o argumento do bem comum. Lobo
em
pele de cordeiro.
Como
reclamar da justiça brasileira, se quem decide o ingresso
dos
ministros não é o concurso público e sim os políticos, e
neles
nós somos quem votamos?
Se
reclamarmos da
morosidade
e parcialidade da Justiça, reclamamos de nossa
própria
incapacidade de escolher nossos legisladores e
governantes.
Reclamamos
tanto da corrupção no governo e da
morosidade
do Estado, quando de fato nós é que nos
entregamos
ao ócio das tapinhas nas costas e da política do
“deixa
estar pra ver como é que vai ficar”.
Somos
como
passarinhos
diante da serpente, gritando, pulando, mas sempre
em
direção ao fim. A serpente não se move. Apena observa.
Fixa
o olhar e torporizam os sentidos da pobre vítima. Não tem
nem
garras como os felinos. Não tem pernas ou patas para
correr
atrás. Tem apenas o olhar e o tempo. São as vítimas
quem
correm para a morte espontaneamente. Somos nós que
corremos
para os braços dos políticos e somos nós quem nos
deixamos
acariciar pela sua cantilena envolvente. Podemos
voar
e ser livres, mas não temos a vontade e a iniciativa
necessária
para fazê-lo no tempo devido. Não precisamos
deles.
Não dependemos deles. São eles que dependem de nós.
São
eles que precisam nos buscar para que os mantenhamos na
arena,
e, no entanto entregamos nossos votos de forma tão
barata,
tão fácil, porque acreditamos que um voto não fará
nenhuma
diferença entre tantos mais. Acreditamos que é
apenas
um voto e daqui a dois anos teremos outro, e outro. É
de
graça. Não temos que pagar por ele. Será? Quanto então,
pagamos
de impostos, porque entregamos de graça nosso voto?
Ou
pior que isso: porque vendemos esse voto por tão pouco,
trocamos
pela nossa cobiça, enquanto deveríamos tê-lo
colocado
na caixa de todos, para servir a todos, e nós entre
todos?
Informação
ao leitor: Nenhum político sofreu maus tratos na composição destes
pensamentos. Todo o elenco recebeu sua comissão depois do expediente
como determinam os maus costumes em prática nos corredores e
banheiros de algumas repartições.
E
o povo reclamava. E o povo votava. E o povo pagava. E o povo sofria.
E o povo continuava a votar. No mesmo. E continuava reclamando...
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