AD SENSE

domingo, 23 de outubro de 2016

Governo Fedoca: Estupendo ou medíocre



É verdade mesmo. Eu ponho títulos chocantes para despertar atenção para a importância do assunto, porque tenho a clara intenção de levar o leitor a refletir com a seriedade daquilo que exponho. Quando falo em refletir, e coloco uma dualidade distinta de possibilidades de desfecho do novo governo, isso não significa que eu esteja preconizando este ou aquele resultado, mas que diante de determinadas variáveis, posso ter uma leitura do espectro largo de possibilidades que de acordo com estas circunstâncias, seja direcionado a um ou outro resultado.
Por que uso os extremos, e não deixo margem para uma terceira via, que seria o mediano, isto é, o medíocre, penso que o mediano para Gramado, no estágio que chegou, deixa de ser mediano e torna-se leviano. Gramado não tem mais espaço para mediocridade,  e apostar num governo de padrão, e depois descobrir que o mais ou menos é menos, ou muito menos, pode custar muito caro para as gerações que se seguem.

Sinto-me muito à vontade em dizer isso hoje, e não antes da eleição, porque não passo a impressão que este ou aquele candidato sejam mais favoráveis ao excelente, e o contrário desfavoreça a um eventual desafeto ou preferência pessoal. Então, passada a fase da paixão, vamos começar a fase da reflexão, do "A priori", porque não acredito em reclamar daquilo que eu sabia e nada fiz para mudar. Começo por mudar a forma de reclamar, ou elogiar. no tempo devido, isto é, já. E também não me chamem de urubu, nem bajulador, quando eu criticar ou elogiar, se devido, mas um provocador apenas.

Nesta análise, minha provocação está em afirmar que Gramado é Gramado porque foi administrada com muito arrojo e competência nos últimos anos, mas que ao longo de sua historia sempre teve grupos de pessoas ou indivíduos, que souberam fazer a diferença, e não aceitar o razoável como se bom o fosse, mas buscaram o ótimo como condição mínima de empreender e alcançar. Então, por isso, Gramado tornou-se um desafio gigante, que Pedro Bala muito bem lembrou ao dizer que "administrar a miséria é fácil, mas administrar o sucesso exige experiência e competência" (SIC). Fedoca então foi mais convincente na busca do voto e isso coloca-o na condição de também corresponder no dia a dia do uso da poderosa caneta, que vai assinar decretos e vetar leis, regulamentar portarias, e promover a continuidade sem continuísmo, daquilo que o mundo de fora vê como sucesso na mais bela e desejada cidade do Brasil.

Quando fui líder estudantil, acariciei a possibilidade de tornar-me líder estadual dos estudantes secundaristas, lá nos anos 70. Conversando então com dois ex líderes, falei que eu tinha certo receio de, caso  vencesse a eleição, pudesse não ter suficiente maturidade e capacidade para administrar a entidade. A resposta veio pronta dos dois, quando em sonoro uníssono: "Se você tiver capacidade para vencer, terá capacidade para administrar". Felizmente escolhi outros rumos, para bem dos estudantes gaúchos e meu próprio e não continuei na política estudantil. Nesta análise, poderia dizer que se Fedoca venceu, isso o qualifica para governar com a média de qualidade que propôs oferecer.
Não concordo com isso. Já disse que Fedoca não esperava vencer, assim como Pedro não esperava perder. O que aconteceu foi inesperado, inusitado, e Fedoca foi dormir filho do ex-Prefeito e acordou Prefeito, e não só isso, o Prefeito que "derrotou o Pedro bala", conforme prometeu Evandro em seus arroubos ufanos pelos comícios inflamados durante a campanha.

Que tipo de governo vai  fazer Fedoca? Que tipo de relacionamento terão ele e seu vice, Evandro? Será um relacionamento cordato, ou as núpcias acabam assim que as ideias de um e outro se confrontarem, assim como os interesses de um e outro esbarrarem na única cadeira disponível? Será Evandro aquele dócil Vice-Prefeito que foi Fedoca em companhia do Nelson Dinnebier, ou em algum momento fará aflorar o caudilho que procurou ser como Vereador? Será que Fedoca continuará a ser aquele conciliador que é, na condição de advogado, ou em algum momento vai saber se impor para mostrar de quem é a foto na parede?

Por que eu uso a palavra "governar", em lugar de "administrar"? Porque o Prefeito não é um administrador apenas. É um governante. O administrador é regulado por normas técnicas. O governante é administrado pelo coração e pela razão, independente das funções e obrigações que a administração exige. As Leis que regem a política são diferentes das normas que regulamentam a administração. Na política não se trabalha com planilhas, mas com com diálogo, com ajustes, com acertos e sobretudo com calor humano. Trabalha-se com as diferenças, e sobretudo, administra-se o ego, porque muitas pessoas adormeceram cheios de boa vontade, e a adrenalina do poder os transformou em pseudo-messias, e aqui nem chego á questão da corrupção, pois aí seria dizer que todo político é corrupto, e eu sei que não é. Mas sei também que pela bajulação constante que recebe, por ser cercado de tantos interesses, e que pelo poder que possui de mudar a vida das pessoas, pelo sucesso de suas boas ações, inebria-se pela vaidade e apaixona-se pelo poder. É aqui que desanda o caráter e reveste-se de insensatez.

Quem será o Fedoca dentro de quatro anos? Quem será o Evandro, ao longo  destes quatro anos? Como será o  relacionamento dos interesses dos partidos deles, pois também quero lembrar que todo político é sustentado ideologicamente pelos partidários. E por fim, como estará a Gramado de que tanto temos orgulho? Será uma Gramado mais opulenta? Mais humanizada? mais opulenta e humanizada? Ou em nome da humanização, será deixado de lado o crescimento natural atrelado ao sucesso? E a oposição? Brotará um novo líder que faça frente ao poder que certamente crescerá dos novos governantes? Em que se firmará esta oposição para frear o crescimento do poder do PMDB e do próprio PDT, que recebeu o milagre da multiplicação dos votos, diante deste novo  quadro? E o PP, continuará sendo o PP (já escrevi antes que o PP nacional está com as pernas tremelicando) de tempos gloriosos? E Gramado, será a cidade dos sonhos, ou a geografia dos pesadelos de quem apostou no sucesso e pode ver seu capital se esvair pelo esquerdismo que volta a assombrar com esta vitória (não esquecendo que Fedoca sempre apregoou sua afeição com a Rosa Vermelha  da Internacional Socialista*, que é a materialização trotskista da política pós moderna. Temos muito o que pensar nestes quatro  anos.

* Internacional Socialista
A Internacional Socialista, ou II Internacional, é um fórum de ideias e discussões, que reúne 170 organizações partidárias afins de natureza social e democrática, de 120 países de todos os continentes. Lá estão representados partidos socialistas, social-democratas e trabalhistas. Sua atual organização é originária da II Internacional, que surgiu em 1889, em Paris, a qual, por sua vez, derivava da Associação Internacional do Trabalho, na verdade, a I Internacional, e formada em Londres por Karl Marx e Friedrich Engels, em 1864.
Esta reunia representantes do movimento operário europeu. Já a III Internacional foi formada em Moscou, em 1919, pelos bolcheviques, após a tomada do poder na Rússia, e dissolveu-se em 1943, sob influência stalinista. A IV Internacional foi fundada pelos trotskistas. Hoje a Internacional Socialista é presidida pelo ex-primeiro-ministro da Grécia George Papandreou. Tem como sescretário-geral Luis Ayala, do Chile, e o presidente nacional do PDT, deputado federal Vieira da Cunha, como um de seus vice-presidentes. Vieira é o segundo brasileiro a ocupar o posto. Antes, apenas Leonel Brizola havia alcançado tal posição.
(Fonte: http://www.pdt.org.br/index.php/hoje/internacional-socialista/)



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