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terça-feira, 25 de outubro de 2016

Lorotas do Valdemar - O caso da Kombi

*Esta é uma singela homenagem ao querido amigo, que já descansa, pelas preciosas lorotas que contava para enriquecer nossas lembranças. À medida do possível, vou contar outras que ouvi pessoalmente, ou versões que ouvi de outros amigos do Valdemar, velho companheiro de pescaria e entardecer nos bons tempos do Artesanato Gramadense.
Na foto tirada por Elisabeth Rosenfeld, em 1975, em sentido horário: Pacard, Gelson Oliveira, Samuel Isaac, Luisão Bertolucci e Valdemar

O caso da Kombi

Valdemar não poupava causo. Lá pelas quatro e meia da tarde, lá estava ele, sorrateiro, chegando de mansinho no local onde trabalhávamos. Nosso horário de encerramento das atividades era às 18 horas. Ele deveria encerrar às 17 horas. Disse bem: Deveria!
No sul costumamos dizer que quando alguém está atochando, está “queimando campo”. E os adjetivos acessórios são relacionados ao tema: fumaceira, largando fumaça, etc. Por vezes, quando ele chegava, sutilmente um abria a porta. Era um código nosso para comentar que alguém está exagerando no tamanho do feito. Contanto lorota. E para cada assunto, Valdemar tinha uma lorota na ponta da língua.
Pois numa dessas, Valdemar contou que certa feita fora a um baile de interior. Lá os bailes acontecem nos clubes das colônias, na roça, onde as pessoas simples, brejeiras até algumas, levavam a família inteira aos bailes. As mulheres chegavam a levar os bebês, e enquanto os maridos ficavam jogando cartas ou tomando cerveja pelas mesas e contando vantagens, na companhia dos amigos, as mulheres, submissas, amamentavam os bebês e ficavam olhando com olhar perdido para o salão. Madrugada adentro.
Iam também, naturalmente, as moçoilas mais afoitas, em busca de romances. E atrás das afoitas, compareciam os galalaus, em busca de farra simplesmente. Valdemar, solteiro, era um deles.
Segundo contava ele, era um insaciável. E nessa fome toda, contou uma coisa bem corriqueira, simples e comum, para não dizer vulgar. Coisa que acontece a todos o tempo todo. E também, porque não, com ele. Aconteceu. Foi, segundo ele próprio e mais sete testemunhas ( infelizmente todas no repouso eterno), num baile de sábado à noite, no Salão da Linha Furna ( ou linha Quinze, isso não lembro direito), que ele tava que tava. Encontrou uma velha namorada, solitária, e zás!!! Consolou a moça. Mal se despediu, e encontrou a segunda amiga...zupt!!! Lá foi ela pra fritura. E assim, uma a uma, foram sete, na mesma noite. Resultado: um priapismo que o deixou envergonhado. Não havia mais jeito de acalmar os ânimos do seu coleguinha. O que fez então? Deitou-se ao lado da Kombi que o levara ao baile, estacionada na margem do rio, E ali, deitado de bruços, urinou no rio, por cima da kombi, sem molhar o veículo. Mas mesmo assim, continuou em situação vexatória. Foi aí que buscou a solução definitiva: Mergulhou no rio.
De longe, seus amigos ouviram o som de uma brasa se apagando na água, um chiado fino e uma nuvem de vapor subindo rumo à escuridão do universo.

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