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terça-feira, 18 de outubro de 2016

Eu desafio...



Com tristeza e profunda preocupação, leio notícias sobre a morte de um menino de treze anos que, inocentemente, aceitou um estúpido desafio. Desesperador para uma sociedade que foi formada movida por desafios. Desesperador para os pais daquele menino. Desesperador para os pais dos outros meninos. Desesperador.

Somos movidos a desafios desde que fomos concebidos. Houve disputa já lá entre os espermatozoides. E eu cheguei primeiro (desculpem irmãos, mas não foi a vez de vocês). Foi uma disputa, claro, pela vida. Uma contenda saudável.

Diariamente compartilhamos desafios em favor de alguma boa causa. Um dia é um balde de água  gelada para despertar atenção à causa do combate ao câncer; outro dia é uma foto sem maquiagem, pelas moçoilas, para isso, ou aquilo. Bons desafios. Os estudantes, que acordam cedo e dormem tarde, para alcançarem boas notas, conquistarem posições de valor na sociedade, e assim por diante.
Bons desafios.

O assunto ainda é sobre revanchismo, moral, dignidade, ética, e humanidade.
O assunto é sobre o  revanchismo político que degrada os valores e desvia o curso da sociedade para lugares ermos e vales de sombras.

Revanchismo é o resquício das barbáries de tempos ancestrais, quando conquistadores embrutecidos dominavam certo território, impunham terror até que dobrassem todos os joelhos dos povos dominados à sua submissão. Homens, mulheres, meninos e meninas, até mesmo animais e casas eram brutalizados, para que ficasse bem claro aos demais quem estava mandando no lugar dali pra frente.
O revanchismo não é nem um pouco diferente disso. É o gosto de sangue da disputa e o cerrar de dentes dos brados de guerra dos vencedores, que ainda efervescem o espírito da conquista sequiosa de barbárie e aniquilação total dos vencidos.

Eliminar, definhar as forças dos vencidos é uma necessidade primária da vitória. Nos tempos antigos, quando um rei dominava certa cidade, ele reduzia tudo a escombros, e aplanava o terreno. Sobre esta nova planície, construía uma nova cidade, onde erguia templos, em homenagem aos seus deuses, e colunas, em homenagem à si próprio, e aos seus ancestrais. Assim foi construída a civilização. Grandes monumentos e cidades que nos maravilham pela beleza de sua arquitetura e cultura, foram construídos construídos pela brutalidade, e o sangue dos vencidos regou a argamassa das paredes para deleite dos vencedores.

Hoje, a revanche é igual, e não menos feroz. Numa prefeitura, varrer os cargos comissionados de pessoais fiéis aos vencidos, é até uma necessidade, como é um ato de generosidade fazer permanecer aqueles que os serviram às sombras. Traidores são sempre bem vindos à qualquer causa. Qualquer uma. Mas não é suficiente isso. Varrem também as oportunidades periféricas. Forçam empresários a demitirem seus desafetos. Tumultuam por intermédio de bajuladores que excedem-se à civilidade em nome do Partido e da vitória. Vituperam desafetos. Pisam nos vencidos. Cospem nos diferentes. Nutrem a barbárie.

O título  desta reflexão é: "Eu desafio..". Porque eu desafio os vencedores a que desafiem seus comandados, a justificarem diante de Deus a sua fé, posto que muitos compartilham aos quatro  ventos postagens de amor ao próximo, amor aos animais (que ao menos tratem tão bem os adversários quanto dizem tratar de seus cães e gatos).

Eu desafio os vencedores a se pronunciarem contra qualquer tipo de revanchismo sujo, e que em lugar de balançar bandeira diante das casas dos vencidos, que os abracem e os convidem para uma cuia de mate, um cafezinho com mistura, dois dedos de prosa, uma partidinha de futebol, e depois que plantem juntos um canteiro de hortaliças, que ajudem a reconstruir as casas devastadas nos municípios vizinhos, que saiam juntos, em grupos, vencedores e vencidos, visitando casa por casa, assim como fizeram na campanha, e recolham donativos para caridade; que abracem e beijem crianças, assim como fizeram na campanha, mas os filhos, mães e pais, avós, dos  vencidos.
Eu desafio Evandro, a quem não tive o prazer de conhecer pessoalmente em sua fase adulta, mas passei a respeitar e admirar, talvez porque fui grande amigo de seu pai, Odacir, e sou amigo de sua família, a que lidere a juventude para que transforme Gramado na cidade mais  feliz do Brasil.
Eu desafio o Fedoca, a quem sempre conheci como o sujeito mais simpático de nossa geração, a que erga a voz, não mais para desafiar o Pedro Bala, mas para que desafie Gramado a encerrar em paz este capítulo da historia.

Eu  desafio aos correligionários  destes dois líderes a que busquem seus adversários, seja do partido que for, e que construam uma nova sociedade baseada no  respeito às diferenças e não na força dos  vencedores.

Eu desafio aos vencidos a que estendam as mãos e recebam os abraços daqueles que ousarem ser dignos de serem chamados de vencedores, não por  causa de sessenta e dois votos a mais, mas por  causa daqueles que esperam que isso possa acontecer.

Eu desafio você a compartilhar esta mensagem pelas mesmas redes sociais que foram compartilhadas tantas asneiras, tantas ofensas, tantas barbaridades, tantas promessas, e que insistam, e insistam, até que o último abraço seja dado. Até que Gramado possa adormecer e acordar novamente em paz.

Em tempo:
Eu tenho moral para dizer isso tudo, porque já fiz o mesmo há bem pouco  tempo. E estou feliz pelo que fiz. E faria tudo de novo.
Pacard



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