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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Quando a Liberdade de Expressão se choca contra a Expressão da Liberdade

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Imagem: Internet (Sócrates)
Diariamente recebo sugestões de pauta, que nem sempre são do interesse editorial deste espaço, e examino com muita cautela qualquer manifestação em temas de natureza polêmica. Certa ocasião, quando ainda tinha um semanário, um antagonista foi procurar o Ministério Público, para exigir que eu publicasse as matérias tendenciosas que enviavam para a redação do jornal, e eu, como Editor revisava-as uma a uma, e na grande maioria, descartava, e não as publicava. Ora! O fato muito indignou meus adversários, que acreditavam, pelo poder da Justiça, forçar-me a publicar aquilo que eu não desejava e não estava em minha linha editorial. Não se tratava de que eu concordasse ou discordasse, pois nem sempre estou de acordo com aquilo que eu mesmo publico,m as o faço, pelo interesse do debate. Pois bem! A resposta do Promotor, que também não achava que eu fosse a pessoa mais agradável do mundo, e que disse-me com claras letras, que lia tudo o que eu publicava, e que no dia que eu publicasse algo fora da Lei, ele me processaria, foi que: "Ainda que o Presidente da República caísse morto na porta da redação, se eu não quisesse publicar, eu não tinha essa obrigação, porque quem escreve, é responsável por aquilo que escreve, e não pelo que deixa de escrever (e publicar)".

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Os tempos aceleraram a liberdade, e o excesso de liberdade, a liberdade descontrolada, sem responsabilidade, acelerou a libertinagem, os excessos, e o desmazelo com o maior de todos os atributos inerentes ao Ser Humano: A fala! É através da fala que nos tornamos uma civilização atrás da outra. São as línguas que separam ou unem as pessoas, e depois destas, os costumes, o comportamento social, e por fim, as leis do país ou do lugar. Mas tudo começa com a fala, e a escrita é a forma de armazenar as palavras para não esquecê-las, e falar delas mais tarde. Então, a escrita é a fala três vezes: A primeira, ao pensar. A segunda, ao escrever, e a terceira, ao ler e transformar vocábulos gráficos, em sons, e sons em palavras.

Como uma casa é erguida sobre esteios, seguidos das paredes, e finalmente o teto, assim também as palavras constituem a casa do pensamento compartilhado, e como tal, segue certas regras de construção, para que umas palavras sejam atreladas a outras, e neste comboio de vocábulos, andando, como uma locomotiva, sobre trilhos, é que comunicam-se os seres racionais, a saber, o Ser Humano, a saber, você e eu. Esta comunicação compreende a estrutura do funcionamento da vida em sociedade, e para o bom convívio nesta sociedade, há padrões que facilitam o entendimento entre as pessoas, no convívio equilibrado, sustentado pela justeza do que é dito para que de justeza se firme como justiça, e para que como justiça, pelo mau emprego das palavras, seja transformado o viver em conjunto como punição pela desestruturação de um sistema, que bem funciona, quando funciona bem com todos.

Os tempos mudaram, acelerou-se o saber, a ciência (conhecimento) foi esquadrinhado (meticulosamente investigado), e a ânsia por falar, mais do que ouvir, invadiu o comportamento, antes formal, para o informal, e a Última flor do Lácio, inculta e bela", vulgariza-se como um trem descarrilhado, e arrasta pelo caminho, como um vendaval, varrendo a delicadeza, a elegância, o esplendor das citações vernaculares, respeitosas, ainda que no contraditório, que varrem os tribunais e as tribunas, onde quem as ocupa, imaginam-se diante de uma panteão de iracundos titãs à espera de afrontas para libertarem a fúria que queima em suas entranhas, e neste linguajar tosco e pueril, encontrarem suas vitórias diante de estupefatos  pares e magistrados, que cada dia mais encontram-se perplexos e inaptos a promoverem aquela justiça que estudaram durante a jornada acadêmica.

Em tempos de outrora, ainda que sob o frágil manto da precariedade de conhecimento, era o cuidado com a agressão fortuita, com o aparato verborrágico, até mesmo a manifestação acusativa em tribunais, lapidada com o cuidado em bater firme na ação do sujeito, sem pisar na dignidade, ainda que cercada de culpa, do sujeito da ação, e mesmo que resultasse sua retórica refinada em condenação, tais floreios exaltavam o respeito à dignidade humana, ainda que sob a batuta da correção aplicada. 

O mais se agrava quando as paixões viscerais que floreiam os discursos, e seu relato, e o hálito incandescente ultrapassa as fronteiras que a liturgia do ofício demanda, no ato de tais oratórias. Quando a Justiça se torna palco de espetáculos burlescos, e o defensor vitupera o acusador, ainda que ambos e todos vistam portentosas Togas,  descem, no âmago da oratória ao mundo das trevas, no tocante ao respeito mútuo, invocando forças estranhas ao ambiente sagrado da Justiça e da Ordem.

Quando mesclam-se desejos de expandirem à sociedade sua ansiedade por defesa de seus pacientes, ao suporte inevitável dos meios de comunicação, esta amálgama é o abrir das cancelas de uma loja de departamentos em dia de promoção e queda de preços das mercadorias. Há uma invasão de emoções que impede o pleno raciocínio, em detrimento da busca por resultados, em muitos casos, no desespero de causa, com um último estertor de possibilidades de reverter a culpa e retirar as sentenças pela inculpabilidade arremessada ao olor das ofensas pessoas e interpessoais.

Ninguém se livra das paixões, combustível para a animosidade, assim como ninguém também é inocente quando a causa primária cessa, e acontece o rescaldo dos ofendidos, buscando justiçar os ofensores. Eis o que ocorre todos os dias, em todos os tribunais. 

Por esta razão, gosto mais de escrever do que falar, porque no teclado, posso ser gago, como sou, porque o tempo de buscar a palavra que falta ao texto é o tempo da reflexão se é aquela mesma palavra que eu quero usar no ensaio. Erro menos quando penso mais. Erra mais, quem dispensa a liberdade de acertar, não pensando nas consequências dos erros. 
Portanto, Pense!


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