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terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Gramado In Concert 2020 - Vozes, sons e tons na Cidade Jardim das Hortênsias



O burburinho festivo e educado da plateia disfarça o nervosismo atrás das cortinas. Ao fundo, ouvem-se sutis trinados e gorjeios acompanhados de toques em afinação dos violinos, e sublimes dedilhados roucos do piano, para os ajustes de última hora. Um assistente passa apressado com uma toalha branca e uma garrafa d'água em direção aos camarins. As luzes começam a apagar-se, deixando apenas uma última luminária feérica à entrada, para auxiliar à entrada de algum retardatário, que tropeça, envergonhado no primeiro degrau, e silenciosamente, tateando por entre as poltronas, vai procurando o seu lugar. As luzes do palco se acendem devagar, ao meio da cortina, que vai se abrindo como que em passe de mágica, e a orquestra já se encontra devidamente instalada. Homens, com seus sapatos de bico fino, bem polidos, fraques pretos cintilando, e mãos firmes e ao mesmo tempo trêmulas ao deslizar o arco sobre as cordas dos violinos, Violoncelos, e violas. Os oboés e trompetes perfilados ao fundo. Os surdos tímidos marcando o compasso, enquanto a pianista ajusta um último olhar à partitura. As mulheres, com seus longos e elegantes vestidos e cabelos soltos, abraçam seus instrumentos como antes abraçavam os filhos, e entregam-se à música como se amamentasse bebês.
Assim começa a sinfonia no elegante teatro, qualquer teatro que seja elegante, é assim que a sinfonia deve começar.

É certo que m festival de música é um pouquinho menos parnasiano, mas não menos romântico, melancólico, sereno, reflexivo e aprazível. Música erudita se encaixa com perfeição em Gramado. Sei do que estou falando, pois eu mesmo, com minhas parcas condições, já levei belíssimos recitais á Gramado, de modo particular. Hoje é diferente. Há um corpo de orquestras, maestros, músicos, instrumentos, e acima de tudo vontade, que parte de um Maestro, violinista, que por acaso e competência, ocupa o cargo de Secretário de Cultura de Gramado. Eu cobrei muito, e nem foi por minha causa ou cobrança, mas ele respondeu e correspondeu ainda mais. Se nada mais fizesse (mas faz), Allan Lino abraçou com alma sedenta o Gramado In Concert, já na sua sexta edição, e o transformou em uma porta internacional, onde maestros e solistas de brilho trans-oceânico brilhantarão o evento.

Gramado amanhece com alma de serenata e adormece com um berceuse de determinação. Isso não é política. Isso é arte. A mais bela de todas as artes.


Preview de Olinda Alessandrini

Maestro Linus Lerner

Professores de Oboé e Percussão

Alexandre - Contrabaixo


Apresentação de 2017, no III Gramado In Concert, com Maestro Leandro Serafim

Os artigos aqui publicados sobre o VI Gramado In Concert, tiveram apoio de  Bangalôs da Serra.


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