AD SENSE

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

Radicci é o Iotti travestido de Gringo, ou o Iotti é o Radicci mostrando a cara (e às vezes coisa pior)?


Na foto, uma pessoa genial, simpática, exuberante, detalhista, animada, e o cara  do lado é o Iotti 

Ele assinou seu nome (no caso, sobrenome) nas páginas do melhor e mais inteligente humor do Rio Grande do Sul, e até mesmo em uma de suas melhores províncias, o Brasil. Tal como disse Tolstoi, ele imortalizou sua aldeia, seus tipos humanos, seus trejeitos e maneirismos, o sotaque italiano na crueza de sua originalidade, e fez-nos voltar aos tempos de infância, onde nossos vizinhos italianos, colonos, eram exatamente assim, do jeito esdruxulo e querido, acolhedor e divertido, que ele descreve. 
 Iotti saiu da casca e adentrou na alma de todos os que de alguma forma já deram risada do jeito grotesco que falam os gringos velhos de nossa infância. E fez isso com um talento único para expressar em cada tirinha, em cada quadrinho, ou traço de movimento e expressão (desculpe a redundância, mas é isso mesmo) que dispensa até mesmo algumas falas, mas que quando são acrescentadas, tornam impecável a mensagem do humor que só pessoas sérias possuem, porque humor não é brincadeira, e fazer humor com a seriedade que Iotti faz, bate a sensação de que somos bem representados na história desta terra abençoada pelos colonos que semeia a terra, e pelos filhos dos colonos, vagabundos, que trocam a enxada pelo lápis e saem fazendo troça dos noninhos e dos tchucos que esta Serra e esta Terra nos legaram.

Tive o prazer de uma entrevista do Iotti, e ainda de lambuja, acrescentou suas tiras para ilustrar este espaço (e quem sabe comova patrocinadores para que anunciem também, pelo elevado nível daquilo que estou publicando). Vamos à entrevista então. Em lugar de iniciar dizendo que é o Blog do Pacard, e ele o Iotti, basta ver a numeração e a resposta abaixo que irão entender. Ninguém é tão burro assim, sei lá, eu acho.
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1 - Como você se interessou por charges (cartoons)? 

Sempre gostei de desenhar. Desde criança . Então, foi uma coisa natural, uma continuidade.

2 - Você cursou desenho, artes, ou coisa pior, ou é autodidata?


 Autodidata não. Estudioso. Cursei Jornalismo da UFRGS FABICO só para deformação acadêmica.

3 - Você desenhou muito "para ganhar cliente, de graça", no início da sua carreira? 


Sim, as primeiras a gente dava de graça. Depois de viciado, o cliente tinha que pagar.

4 - Leon Tolstoi disse certa vez que se você quiser ser um autor de alcance universal, fale de sua aldeia. É o que voce fez. Isso foi de propósito, de caso pensado, em traduzir em humor o cotidiano do "gringón" da sua região, com seus trejeitos, maneirismos, e identidade cultural, ou foi alguma encomenda específica, a criação deste personagem o Radicci?


A pergunta já é a resposta. Exatamente assim que foi criado. Uma professora me disse essa frase do Tolstoi e me marcou muito. O Radicci foi uma encomenda do meu primeiro editor, Paulo Cancian, para o jornal PIONEIRO, em 1983. Os dinossauros ainda andavam pela terra.

5 -  Para quantos veículos você envia suas tirinhas atualmente?

 Três, Pioneiro, ZH e Diário do Sudoeste no PR.

6 - Você acaba de conquistar um prêmio por seu trabalho. Fale deste premio, e você recebeu outros prêmios?

 Foi o Prêmio ARI de Charge. Primeiro Lugar. Foi muito importante. As charges , bem como boa parte do Jornalismo, estão sendo atacadas, proscritas e nunca foram tão necessárias nesses tempos onde o obscurantismo tenta voltar. Ganho poucos prêmios por que participo de poucos concursos.

7 - Você tem uma equipe de trabalho, um atelier de criação, com roteiristas, desenhistas, tia do cafezinho, ou trabalha sozinho?

 Tenho todos esses cargos ocupados por mim. Também coloquei a minha mulher como editora gráfica e ghostwriter

8 - Radicci pode ser considerado um personagem voltado ao público infantil?

 Não, o Radicci não tem público específico. 

9 - Radicci tem um posicionamento político ou ideológico? Você utiliza o personagem para fazer protestos? 

Sim, o Radicci é um reacionário de grande potência. Uso as tiras não para fazer protesto, mas para escancarar essa realidade.

10 - Caso afirmativa a questão anterior, já teve algum tipo de censura, ou leitura negativa por parte de autoridades?
 
Sim, mas não prosperou nenhum processo. As duas vezes que fui interpelado judicialmente fui vencedor sem nenhum problema.

11 - Você tem outros personagens, excluindo a mulher, pai, e filho do próprio Radicci? 

Sim,já tive o Frederico e Fellin, um menino e um gato. Tenho também o Deus & o Diabo e a Jaquirana Air, um empresa aérea bagual. www.jaquiranaair.com.br

12 - Você já teve algum convite para trabalhar fora do Brasil?

 Só trabalho escravo ou outra hipóteses piores.

13 - Algum convite para exportar e traduzir o Radicci? 

Sim, uma vez. Lancei o Radicci na feira do livro de ROMA, traduzido, se isso é possível, e a edição esgotou.

14 - Você é natural de onde? 

Caxias do Sul RS Brasil Terra Via Lactea

15 - Você tem pública predileção por pescaria de trutas, e até algumas vezes tem usado o argumento dos pescadores em suas tirinhas. Que outras preferencias tem o Radicci (personagem agora), alem de se emborrachar de vinho?

 Menos,menos. Aprecio tudo que o Radicci aprecia ( menos o Mussollini! ) mas com moderação.

16 - Você já produziu alguma animação do Radicci? Pensa em fazer? 

Ainda não. Não fiz pois não sei como fazê-la mas aceitaria que alguém para essa empreitada.

17 - Como este blog tem uma grande afinidade com Gramado, tenho que perguntar se você já fez alguma coisa tendo Gramado como cenário, considerando a grande influência italiana no lugar? 

Sim, algumas tiras e charges. Sempre fazendo menção ao nível de excelência que o turismo chegou. Além das artes das 23 edições da Corrida pela Vida do ICI RS.

18 - Sendo você de descendência e acentuada cultura italiana, é preso a um único estilo, ou tem personagens alemães, portugueses, por exemplo? 

Tenho a Jaquirana Air, puro pelo duro. Tenho dois personagens para o mercado do EUA que ainda estão na plataforma de lançamento.

19 - Seu recente livro sobra a Jaquirana Air, parece que retrata bastante os costumes e linguajar próprio dos portugueses assimilados que vivem na Serra Gaúcha. Como você construiu seus personagens deste formato étnico e cultural? 

Como sempre faço. Observação, estudo e aumento da realidade.

20 - Que recursos você utiliza na elaboração de seus desenhos? 

Nanquim, bico de pena, pincel e, para finalizar, coloridos artificialmente no photoshop.

21 - Que recomendação o Radicci faria à você, nesta entrevista inusitada a um desconhecido, que talvez até lhe ofereça bala de maconha e que pode botar maconha na sua coca cola, se descuidar? 

Atenti ragazzi! Non me aceita nada dos outros, incluindo gerentes de banco!

22 - Nesta pergunta anterior, há um pitoresco do imaginário popular dos anos 70 sobre as drogas e seu uso, e com o advento da internet, casos absurdos caíram no imaginário do internauta desinformado, como o caso do sujeito que apareceu nu, em uma banheira cheia de gelo, sem um rim, e com um celular antigo ao lado. Você já utilizou esse tipo de fonte para trabalhar suas tiras?
 
Nossa! Essa eu nem sabia. Por isso non me tomo do copo dos outros!

23 - Papai Noel existe, ou é só teoria da conspiração inventada pelo coelhinho? 

Sim,existe. O problema que ele passa os outros onze meses fazendo bico. O coelhinho é quem controla tudo.

24 - Quer que eu pergunte mais alguma coisa, ou posso sair pra fazer meu lanche agora? 

Demorou! Tó só pelo pastel de queijo. Vamos embora!


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A Mulher virtuosa na política - Quem será esta mulher?



Mulher virtuosa quem a achará? O seu valor muito excede ao de rubis.
O coração do seu marido está nela confiado; assim ele não necessitará de despojo.
Ela só lhe faz bem, e não mal, todos os dias da sua vida.
Busca lã e linho, e trabalha de boa vontade com suas mãos.
Como o navio mercante, ela traz de longe o seu pão.
Levanta-se, mesmo à noite, para dar de comer aos da casa, e distribuir a tarefa das empregadas.
Examina uma propriedade e adquire-a; planta uma vinha com o fruto de suas mãos.
Fortalece seu corpo, e os seus braços.
Vê que é boa a sua mercadoria; e a sua lâmpada não se apaga de noite.
Estende as suas mãos ao fuso, e suas mãos pegam na roca.
Abre a sua mão ao pobre, e estende as suas mãos ao necessitado.
Não teme a neve na sua casa, porque toda a sua família está vestida de roupas quentes e nobres.
Faz para si cobertas de tapeçaria; seu vestido é de seda e de púrpura.
Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra (é um conselheiro).
Faz panos de linho fino e vende-os, e entrega cintos aos mercadores.
A força e a honra são seu vestido, e se alegrará com o dia futuro.
Abre a sua boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua.
Está atenta ao andamento da casa, e não come o pão da preguiça.
Levantam-se seus filhos e chamam-na bem-aventurada; seu marido também, e ele a louva.
Muitas filhas têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!
Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada.
Dai-lhe do fruto das suas mãos, e deixe o seu próprio trabalho louvá-la nas portas.
Provérbios 31:10-31

Fiz questão de começar minha reflexão com um texto um pouco mais extenso, copiado da Bíblia, porque não vejo como selecionar uma parte como mais importante que a outra. O texto que fala da mulher virtuosa, a mulher empreendedora, competente, que dá orgulho ao seu marido, e alegria de tê-la entre as amigas, por outras mulheres.

Infelizmente os excessos, de um lado e de outro, tornaram a mulher, antes, um objeto de baixo valor, sempre em nome da religião, fosse qual fosse, outorgando ao homem poder e mando, naturalmente aceito com dócil submissão, haja vista a cultura do coitadismo impregnada, onde a mulher é a frágil porcelana a ser cuidada, e por esta razão, deve ser grata ao seu amo e senhor, seja ele seu pai, irmão, ou marido, contanto que seja um varão, um valente, uma autoridade diante de si, o próprio deus com mãos, para discipliná-la, pernas para andar á sua frente, e naturalmente, uma pingola para deliciar-se entre suas pernas. Esta era a visão corrente até o fim dos anos 50 do século passado.

Eis senão, quando, um grupo de mulheres decide que devem libertar-se do jugo masculino, e o fazem muito bem, e inicia a revolução sexual, isto é, sexo apenas consentido, e ainda por iniciativa da mulher, que por ter prazer, não se torna nenhuma puta. Aí o esquerdismo percebe este sentimento e mina os valores, atira gasolina ao fogo, e incendeia tudo, e você sabe que fogo não escolhe cor, raça, partido, religião, ou pela cor dos olhos. Fogo queima, e queima com fome. Queimou até mesmo o senso de pertencimento e equilíbrio entre Homem e Mulher, haja vista que D-s, diz o texto sagrado, criou Homem e Mulher, não Mulher para servir ao Homem. A incorreta tradução das bíblias ocidentais, chama a Mulher de "Adjutora, Auxiliadora", texto que não corresponde ao sentido hebraico da expressão. na tradução hebraica diz que D-s criou uma Mulher para confrontá-lo, isto é, para opinar e não submeter-se.

Então, já citei a Bíblia, já falei da natureza da Mulher e seu papel junto ao Homem e à família, e agora quero fazer uma breve leitura da Mulher na sociedade, através da política. Quero voltar a falar diretamente à Gramado, minha querência dileta. Fui buscar na memória, e encontrei grandes mulheres empreendedoras, provedores de riquezas à sociedade, cito algumas: Elisabeth Rosenfeld, Annelies Rosenfeldt Bertolucci, Maria Elisa Dias Cardoso, Ester Cardoso fauth, Nadir Michaelsen cardoso (óbvio que sim, acham que vou enaltecer outras mulheres sem falar de minha avó, mãe, e esposa?), Diva Masotti (a primeira vereadora ),   Flávia Bertolucci,  Marta Rossi, Silvia Zorzanello,e muitas, muitas outras, que enobreceram Gramado, mas que nunca foram prestigiadas como candidatas  à Prefeitas (aqui cabe o feminino). Nunca. Nenhuma.

Mas já vi mulheres esbravejando, vociferando desconjuras, berrando à todo pulmão os nomes de seus candidatos, em êxtase desgovernada, carregando bandeiras, pedindo votos, mas nenhum para si mesmas. Será então que perdem a coragem diante de um desafio desta magnitude? Será que as mulheres só são valentes com uma chinela na mão e a orelha dum pirralho malcriado na outra? Onde está o brio da Mulher guerreira, que parece ser guerreira apenas em citações de redes sociais e discursos de homens quando desejam ter o seu voto?

Gramado atingiu sua maturidade econômica, mas ainda não está nem perto de sua maturidade política, porque maturidade política não é um candidato vencer por meia duzia de votos, ou vencer de lavada. Isso é apenas estratégia. Maturidade política é ter tantos candidatos quanto seja o número de Partidos inscritos para o pleito, sem coligações, cada um com sua bandeira e sua frente de campanha. E com mulheres em peso de igualdade, onde disputam como majoritárias ou como vices, junto com um Homem, posto que subir não é rebaixar o outros (vide post anterior), mas elevarem-se como se escala uma montanha, um dando suporte ao outro. Mulher e Homem, sem prioridade.

Seriam as mulheres de Gramado, delicadas massas de manobra para candidatos que sabem como adulá-las para conquistarem seu voto, sua fidelidade e seus préstimos na maionese das reuniões políticas? Teria Gramado alguma mulher que veja-se digna de disputar o cargo de Prefeita, de virar a mesa nas convenções, e redecorarem o sisudo gabinete do cargo mais importante do município?

Não! Eu acho que não teriam esta coragem. para isso, precisam da autorização do Partido, que é comandado por homens. Claro, cada partido tem o seu departamento dedica às mulheres, e elas sentem-se importantes, porque lhes foi dada oportunidade de servirem ainda melhor aos seus amos e senhores, ose senhores da guerra, os iluminados, enviados do céu para governar. Mas elas são apenas criaturas frágeis, não entendem nada de política, e por isso, Vereadoras, e talvez, em partidos nanicos, Vice-Prefeitas. É acho que está bem assim. Mulher virtuosa, quem a achará? 

Pescoços ou Degraus? Tel - A milenar arte de subir sobre os escombros de quem desceu


Se eu não for por mim, quem será por mim?
Se eu for só por mim, o que serei eu?
Se não agora, quando?
(Hilel, o Ancião, 30 a.e.c)

Jerusalém é uma cidade que desperta nossas mais profundas inspirações e aspirações de natureza espiritual. Nem é preciso ser religioso, místico, ou sensitivo para perceber alguma coisa sobrenatural pairando por cima daquelas pedras milenares, pelas ruas estreitas de portas altas e tão antigas quando a própria existência da cidade, e pelos sítios arqueológicos, a maioria verdadeiros, outros nem tão confiáveis assim, mas ainda assim Jerusalém tem inspirado cânticos ao longo de mais de três mil anos em louvor à sua escolha, pelo D-s Criador do Universo. Parece tão distante do entendimento, imaginar que O Mesmo D-s que criou a imensidão do cosmos, quase infinito, tenha também orientado linha por linha, pedra por pedra, a construção daquele lugar. Esta é a visão mística, espiritual, religiosa do lugar.

Já a informação arqueológica nos diz que Jerusalém é um grande "Tel", e não, Tel (ou Tal) não é abreviatura de telefone, mas uma situação arquitetônica, de engenharia, na verdade, onde uma cidade que era dominada por outra, eram feitos de suas casas, monturos, e estes monturos eram espalhados, e sedimentavam a plataforma de outra cidade, que seria construída sobre aquele aterro. Jerusalém, em hebraico ירושלים  é na verdade um amontoado de 14 civilizações, a começar pelo atual Muro das Lamentações, o Kotel, que tem, abaixo de si, por cerca de 20 metros, as escavações que mostram o primeiro Templo, de Salomão (as ruínas que estão lá são dos muros de Herodes). Isso significa que depois de Salomão, temos aproximadamente seis ou sete aterros, o que significa que debaixo disso, ainda há mais seis ou sete (talvez mais) cidades soterradas, histórias perdidas, de pessoas vencidas.  Assim, o fim da história é o começo dela mesma.

A política é uma coisa muito, mas muito suja, e não, não são os políticos quem a emporcalham. Somo nós mesmos quem damos lavagem e nos esfregamos nessa porquice, quando reclamamos deles, dos maus, que fique bem claro, mas vamos lá, fazemos campanha, votamos neles, e ainda celebramos sua vitória, como se nossa tivesse sido, sobejando e pisoteando sobre os vencidos, que em muitos casos, são nossos próprios amigos, membros de nossa família ou congregação, colegas de trabalho. Começa aí a bandalheira da política, e vai além. Muito além.

A bandalheira começa dentro de nossa casa, quando nos aquietamos no comodismo de acreditarmos que se existem apenas dois ou três candidatos, é porque tenham sido estes, predestinados a perpetuar-se no poder, alternado-se entre um e outro clã, e não permitindo que haja alguma renovação na política e na forma de governar. Afunilamos nossas esperanças neste ou naquele, ainda que os desprezemos, e não abrimos espaço para outros que não circulam nas esferas do poder, e por isso tornam-se preteridos, e aqueles, preferidos, porque "conhecem política". Sim, conhecem política e políticos, mas desconhecem o povo. Desconhecem a ética. Pisoteiam antecessores, como se o que há de incompleto, seja por pequenez moral, e o que há de bom, é incorporado ao seu próprio trabalho, como se fossem louros seus.

Pisoteiam os feitos de outrem e sobre os entulhos constroem sua própria cidade, como se apenas e só apenas por seus méritos, algo de bom tenha sido feito pelos cidadãos. Desprezam o que lhes é diferente e tornam-se indiferentes aos que lhes são opostos. Manipulam e desfazem aquilo e aqueles que lhes é inaceitável, por não estarem atrelados às suas fileiras. São hipócritas, manipuladores, e disputam apenas quem é mais capaz de mentir e manipular a opinião alheia, e esta, sabe que está sendo manipulada, mas acomoda-se na ideia nefasta de que já que só tem esses, devem ao menos procurar algo de bom e adotar um dos lados.

Não sei se viverei para encontrar um candidato que não tenha rabo preso com este ou aquele grupo, mas que seja de fato comprometido com a população. Não sei se viverei tempo suficiente para encontrar um eleitor que diga: "Eu serei candidato, apesar de não ser político", para mudar e quebrar este paradigma de que só quem está em certa liderança seja capaz de confrontar os desafios que uma pequena República, chamada cidade, apresenta a cada dia de governo que virá.

Desafio você, meu querido leitor, minha perfumada leitora, a mudar em si mesmo, em si mesma, esta mentirosa verdade, de que só quem tem cheiro de bosta nas mãos é capaz de cuidar de uma fazenda. Não é. Ninguém nasce pronto para nada, mas aperfeiçoa-se naquilo para o qual foi chamado, e somente são chamados os bons, mas quando estes se escondem, os esdrúxulos tomam a frente. E governam você! Portanto, se você e eu somos governados por aqueles que só são capazes de construir uma cidade, destruindo a outra que estava lá, e não reagimos a isso, é porque merecemos o jugo que nos impõem os que sabem que os bons permanecem calados e os maus se apresentam para a conquista, porque sabem que existem batalhas cujos despojos são a cabeça dos fracos, dos tímidos, dos indiferentes.

Você não precisa tornar seu antecessor um incompetente, para que você seja reconhecido como alguém bom.  Sua obra não será mais grandiosa se você auto-elogiar-se ou pagar alguém para que o faça.  Pelo contrário: o auto elogio escancará ao mundo a sua estupidez, seu hedonismo, sua egolatria. Eis o mal dos maus políticos: o narcisismo! Então, eu, cidadão, você, pessoa de bem, precisa urgentemente rever seus conceitos sobra a arte e a ciência de fazer política, e começar a apoiar quem verdadeiramente seja capaz de comandar a sua vida, em dizer sobre qual rua você deve passar, em qual calçada pode pisar. Se der este poder a um hedonista, alguém que cultua seu próprio senso de estética e virtude, estará entregando a chave da sua consciência à esta pessoa, a este grupo, à este princípio sem princípios.

Somos tímidos, calados, indiferentes, ou temos mente capaz de discernir o certo do errado, o bom do mau, e o oportunista, do herói? Quem é você? Quem sou eu?

Quem sua cidade irá escolher? Alguém que pisa em pescoços para firmar sua autoridade, ou alguém, ainda sob as sombras, que poderá surgir ao amanhecer de sua inquietude, talvez você mesmo? Acha que não pode vencer grandes leões numa batalha corpo a corpo? Junte forças e perceberá que até mesmo os leões nunca caçam sozinhos. Perceberá que numa floresta há mais do que leões, e que numa civilização há muitos valentes dispostos a segui-lo, se seu caminho for direito, se sua determinação for transparente. A hora é agora. Não há ontem mais e ainda não aconteceu o amanhã, que você mesmo pode mudar.


domingo, 12 de janeiro de 2020

A Serenata de Joãozinho Morais - Crônicas de Gramado



Pois João Alves de Morais, ou Joãozinho Morais, era, se não estou enganado, o filho pimpolho da Tia Virginia de Morais, filha de Tristão de Oliveira, e irmã do já mencionado aqui neste espaço, por duas vezes, José Tristão, ou Zé Tristão.


CRÔNICAS DE GRAMADO - O LEGADO E CRIME DO ZÉ TRISTÃO PARTE 1



Mas é sobre o sobrinho de Zé Tristão de quem eu quero falar agora, o Joãozinho. Audacioso jogador do Centro Esportivo Gramadense, não saberia posicioná-lo em campo, porque tudo o que eu conheço de técnica de futebol, não passa de saber que tem onze em campo de cada lado, e uma bola, que não teve nada a ver com essa divisão, tomando coice pra todo lado (aliás, vegano não deveria torcer pra time nenhum, pois a bola é de couro). Mas Joãzinho batia um bolão, segundo seus contemporâneos, maioria já falecido, então não tenho como comprovar, mas também ninguém pode me desmentir, e segue o causo.

Joãozinho era muito melhor do que Neymar pra cavar falta, e mais esperto, porque enfiava, discretamente o dedo no furico dos melhores adversários, e a reação era imediata: o que teve a honra manchada, disparava atrás do baixinho, para meter-lhe uns tabefes, e não percebia que o juiz já prestava atenção à sequência, expulsando o agressor de campo. Depois outro, e mais outro, e finalmente, o time adversário estava desfalcado, e o Gramadense ia lá e metia gol atrás de gol. Depois, na hora da cerveja, era só risada, e ficava tudo certo.

Noutra feita, Orlando Morais, irmão de joãozinho, convidou o irmão, para pelarem umas varas de vime bem compridas. Depois de peladas, as varas ficavam naturalmente molhadas de seiva, e com jeito no braço, eram atiradas sobre a rede de alta tensão (atenção, piazada maleva, não façam isso sem a presença de um Joãozinho Morais), isso apenas para ouvirem os estouros causados pelo curto circuíto fechado pela condutividade dos minerais e água das varetas. A esta altura, já haviam se enfiado pelos matos, voltando a caçarem passarinho, bem longe dali.

Joãozinho tinha um coração de manteiga. Tinha mesmo. Como era padeiro, não faltava pão para os pobres que o procuravam. Minha avó passava lá e pedia para comprar pão amanhecido, mas quem diz que João a deixava pagar? Enchia um saco com pães do dia anterior e outros ainda quentinhos, e depois de bons momentos de prosa, entre dois grandes amigos, além de primos, minha avó voltava à nossa casa sorridente e orando pela bênção, enquanto Joãozinho enchia outras sacolas de outras pessoas, dia após dia. Vivia falido. Mas acho que terá ele um lugar na Eternidade. É o que eu acho.

Se Joãozinho será feliz na Eternidade, isso eu não sei dizer, mas o que sei dizer é que ele se divertiu muito na curta vida que esta existência lhe permitiu. E não era egoísta, não senhor, senhora ou senhorita. Joãozinho fazia questão de rir com os amigos. E este é o causo do título. 

Certa dia, Joãozinho convidou seus amigos: Almiro Drechsler, que tocava violino,  Gercy Accorsi, um grande Tenor, Adail de Castilhos, tocador de violão, e mais alguém, de quem não lembro o nome agora, para que o ajudassem em uma conquista de amor. Ocorre que havia uma belíssima veranista na Vila Planalto, nas proximidades do antigo Posto Ipiranga, da família Bezzi. Por aquelas imediações mais ou menos, que passava as férias em Gramado, com a família. Então a ideia de Joãozinho era bastante comum naqueles tempos: Uma serenata! isso mesmo, um recital de poemas, canções, por volta da meia noite, na janela da amada, para que ela acordasse ouvindo a voz de seu pretendente ao som de belas canções. Isso era uma serenata. Combinado então! Naquela noite fariam a serenata para a donzela (eu sei lá se era donzela, mas achei oportuno, para ilustrar a linguagem de época).

Meia noite em ponto, e começa p grupo a entoar melodias debaixo da janela da moça. Cantam uma, cantam duas e era chegada a vez do próprio Joãozinho declamar um poema à pretendente. Depois de um dedilhado de violão e algumas notas de violino, ele começa:

-" Ò minha amada querida,
amada do coração
sua puta ordinária
sua porca vagabunda
que nunca limpa a bunda
que tem bafo de leitão!"*

Nem é preciso que eu diga que quando ainda na parte da .."puta ordinária", o bando já havia se espalhado pelos banhados afora (era tudo banhado até quase no centro), rasgado terno de linho no arama farpado do potreiro, quebrado violão, pisoteando na bosta das vacas e banhado, enfim, um caos tremendo...enquanto Joãozinho permanecia na casa cantarolando asneiras e rolando de rir.

Acontece que como ele era padeiro e entregava o pão em todas as casas, ele sabia que naquele dia, naquela noite em especial,  não haveria ninguém em casa...


Poema fictício ilustrativo*
Foto montagem de internet


sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Arno Michaelsen - O Prefeito Humano que Gramado precisa lembrar



Minha família havia atravessado uma grande tragédia, e voltava cabisbaixa para a terra natal, Gramado, início dos anos 60 do século passado. Minha avó foi trabalhar em um restaurante, do já inexistente "Motel balneário", também conhecido, na época, como "Tênis Clube", onde lavava pratos, fazia limpeza, e levava algumas sobras para nossa casa.

Meu tio, Esaú, ainda adolescente, foi fazer biscates com madeireiros, aplanadores de terras, coisas desse tipo. De vez em quando tomava umas cachaças, dava uns cascudos nos brigadianos, ia preso, minha avó chamava o Dr Celso Dalle Molle, advogado, que ia com ela na delegacia, e soltava o piá. Era uma rotina.

Meu outro tio, Samuel, um piazote ainda, também fazia pequenos biscates pelas fábricas de Gramado: Pelando vime, no Dinnebier, Moranguinho, pra fábrica de Doces, surrando e apanhando da piazada de rua, arrancando samambaia nos terrenos, enfim, também prosseguia na sobrevivência.

Minha mãe, a filha mais velha,foi trabalhar de babá nas casas das famílias Koetz (ela comentava comigo que as crianças eram extremamente bem educadas. Sabiam a hora de irem dormir, eram respeitosos, afáveis, e inteligentes. Vale citar nomes aqui: Orlando e Teresa Koetz, pais do Flávio, Paulo, Fátima, e Zena. Em sequência (ou ao mesmo tempo, isso eu não sei, foi também babá dos filhos do casal Marcílio e Irani Cardoso (Tio Março e Tini), Manoel Ignácio, Alexandre e Caetano. Tornaram-se estes, meu irmãos de alma, desde então.

Marcílio e Irani viam em minha mãe, Ester, mais de uma uma menina (com 17 anos) que cuidava de crianças, mas uma inteligência em busca de espaço. Tio Março, levou-a então, até o Prefeito, Sr. Arno Michaelsen, e apresentou-a, da seguinte forma:

- Arno! esta é a filha do Assis!
-  Filha do Assis? Então temos que conseguir uma oportunidade para esta menina.

E imediatamente a nomeou Professora da Escola da Curva da Farinha (ou foi na Piratini, disso não tenho certeza nesse momento).

Eu quis relatar este particular, para demonstrar que meus ensaios não são para enaltecer políticos ou escrever a história, mas para lembra, através da história, o grau de humanidade que alcançaram meus personagens.

Arno Michaelsen, foi o segundo Prefeito desde a emancipação de Gramado. Eram os primeiros tempos. As preocupações de um prefeito em 1960 eram diferentes dos desafios de hoje. Enquanto hoje, disputam os prefeitos, sobre quem asfaltou mais estradas, naqueles dias, a disputa era com a topografia, a sobrevivência. Abriam-se estradas contando apenas com um velho trator de esteira, e uma motoniveladora, comumente chamada de "Patrola". A Prefeitura era recém criada. Se há hoje vícios de continuidade, naquele tempo não havia sido ainda maturada a substância política tradicional em Gramado. Claro que haviam facções, preferências ideológicas, mas ainda prevalecia o discurso comunitário. Quando Arno nem pergunta a razão e diz que "temos que conseguir uma oportunidade para esta menina", ela faz uma leitura completa da situação, que já havia chegado aos seus ouvidos, e não tomou o precioso tempo da menina com perguntas estúpidas de embromação. Simplesmente decidiu: Vamos agir, pois o momento urge!

Naquele tempo, o Prefeito era uma Autoridade moral. Era, eu disse. Tomava decisões e assumia por elas. Nesse tempo, ainda não corria esgoto a céu aberto pelas ruas da cidade, talvez porque nesse tempo ainda não houvesse um serviço eficiente de saneamento e abastecimento de águas quanto tem hoje em Gramado.

Arno Michaelsen foi o primeiro Presidente da Câmara de Vereadores de Gramado. Segundo os dados deixados pela falecida historiadora, Marília Daros Franzen, Arno nasceu em Nova Petrópolis, em 1929. teria completado então 100 anos, recentemente. Seus pais eram Theodoro Guilherme Michaelsen e Berta Kny. Em setembro de 1940, casou-se com sua companheira fiel, até o fim dos dias, Angelina Caberlon.

Bem poucos sabem, mas Arno também já foi cantor. Em um coral, mas foi cantor, No Coral Evangélico de Gramado. (A Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil, a Igreja do Relógio, também conhecida como "Igreja protestante").
Arno abriu, nos anos 5, uma Casa Comercial, e deu o nome de "Estrela". Vendia roupas, tecidos, e armarinhos, miudezas para costura. Mais tarde, o mesmo prédio serviu como restaurante, chamado, se não me falha a memória, de "Vera Cruz Churrascaria", ou algo assim. Já não existe mais. A churrascaria foi comprada pelo empresário Adail Bertolucci (Ex-Chocolate Planalto), e mais tarde ali foi construído um parque temático, da mesma empresa.
Em 1957, Arno presidiu o Centro Esportivo Gramadense. Participou ainda do grupo de bolão denominado "Vampiros,", na Sociedade recreio Gramadense, o principal clube social da cidade.



Vale lembrar que antes de ter sido Prefeito e Vereador por Gramado, Arno Michaelsen já havia sido Vereador pelo 5º Distrito de Taquara, e também Sub-Prefeito, pelo mesmo Distrito, que era Gramado, trabalhando, desde esse tempo pela emancipação política de Gramado. Tomou posse em novembro de 1955, como Presidente da Câmara, e começou então a preparar as novas leis municipais, através do Regimento Interno da Câmara e do Código de Posturas do Município de Gramado, sancionados em 1956.

Alguns nomes notáveis devem ser lembrados desta gestão, pessoas queridas por muitos que leem
meus ensaios e histórias. Alice Ilse de Castilhos, a querida Tia Alice, da Prefeitura, onde trabalhou até sua aposentadoria. Os irmãos Evanor e Luiz Maurina, e o saudoso amigo, Arlindo de Oliveira. Um dia vou contar episódios mais detalhados sobre Arlindo. Finalizo a equipe, com a queridíssima professora Cleci de Oliveira, que muitos lembram dela, do Cenecista.

Em 1960, Arno concede Cidadania ao pioneiro Leopoldo Rosenfeldt, pelo legado de seu trabalho. Para os neófitos da terra, são de autoria de Leopoldo, o Lago Joaquina Rita Bier (aquele dos espetáculos no natal Luz e tantos outros), o Lago Negro, o atual Centro Municipal de Cultura Arno Michaelsen, e o loteamento do Bairro Planalto. Coube a Arno ser o primeiro Prefeito a administrar o legado de leopoldo Rosenfeldt (que doou as terras dos lagos ao Município de Gramado.

A Educação era uma das prioridades do Prefeito Michaelsen, e eram fomentados treinamentos para professores da sede e do interior.
Nesta foto ao lado , um dos frequentes treinamentos, dos quais minha mãe, Ester Cardoso (hoje Fauth), participou em sua formação pedagógica.

Nesse tempo, a vizinha cidade de Canela já era conhecida pelas escolas, de natureza devocional,que recebiam alunos de vários municípios vizinhos, e até mesmo distantes. Gramado então, começava a despontar para seu próprio sistema educacional público. Deve-se ao Prefeito Michaelsen a eclosão deste movimento.




Carteira de Professora, em 1960









Escola Rural, no vale do Quilombo






Em 1961, Arno inaugura a nova sede da Prefeitura, em Gramado.

Em 1961, a Prefeitura doa ao  Estado um terreno com 3 mil metros quadrados, onde é construída a Escola Estadual Boaventura Ramos Pacheco, na então chamada Vila Floresta.

Arno promoveu, sob sua administração, o plantio de milhares de hortênsias,e oficializou, em 1961, a Festa das Hortênsias em Gramado. Vale saber que a Festa das Hortênsias, foi precursora de eventos como o Festival de Cinema, e por via indireta, a FEARTE - Feira Nacional (e internacional) do Artesanato.
Quero acrescentar que as obras e a construção de uma sociedade, não podem ser atribuídas a uma única pessoa ou grupo, mas ao conjunto crescente de pessoas e grupos que trabalharam em seu tempo e com os recursos que tinham disponíveis, e fizeram destes recursos o melhor que poderia ter sido feito, assim como uma corida de bastões, onde todos vences, e não apenas que chega ao final.

E, 11 de setembro de 1961, Arno, Prefeito, cria o Conselho Municipal de Turismo - COMTUR. Ainda neste ano, é inagurado o Instituto Bálneo e Lodoterápico de Gramado, de propridade da Família Nelz. Este Instituto internacionalizou Gramado, por receber pacientes, e também turistas europeus, que procuravam sua Lama Medicinal para tratamento de diversas doenças.

Gosto de lembrar que não foram as belas paisagens apenas que fomentou o Turismo em Gramado. Foram as pessoas, pelo seu modo de receber, de se envolverem com os visitantes, de se preocuparem com a boa alimentação servida, e especialmente por interagirem com os acontecimentos locais. Visitas importantes (e todas as visitas eram importantes), convocavam os habitantes para estarem lado a lado nos passeios, nas fotografias, nas atividades sociais.

Um dos principais atrativos da festa das Hortênsias, eram os carros alegóricos, enfeitas de hortênsias, levando as misses, Rainha e Princesas das festas, sendo aplaudidas pela multidão às ruas. Era um evento comunitário, feito para o povo, para os gramadenses, que naturalmente, atraía turistas, mas o objetivo era mesmo honrar o povo local.


Em 1962 é criada a taxa de Turismo de Gramado, através da Lei Ordinária 0.143/1962. Neste mesmo ano, inaugura-se a Praça do Rotary.

Em 1963, é inaugurada a Praça Leopoldo Rosenfendt, em homenagem ao Pioneiro do turismo.

No ano de 1931, Arno Michaelsen movimenta, junto com Walter Bertolucci, Deputado, suas influências, e inicia a construção da Estrada Gramado-Taquara. Até então a rota serpenteava várias localidades, e este trajeto encurtava consideravelmente a distância até a capital, Porto Alegre.



Em 1963, a Iluminação Pública de Gramado ganha novo visual, com equipamentos fabricados na própria oficina da Prefeitura, sob o comando de Arlindo de Oliveira.
Estes eram os equipamentos disponíveis para o desafio das terras rochosas que desafiavam a abertura das ruas que temos hoje em Gramado.

Gramado é a cidade mais florida do Brasil disso não resta dúvida. Mas as belas floreiras centrais, começaram na administração de Arno Michaelsen.
Desde minha infância, lembro de papoulas, Zíneas, Bocas-de-Leão, Cravinas, Cravos, Cravos-de-Defunto, Margaridas, e tantas outras, além da plantação dos frondosos Ligustros, à beiras das calçadas, que eram podados a cada dois anos. As flores dos ligustros enchiam as ruas de abelhas, na entrada da Primavera, e as matas eram povoadas de colmeias selvagens.
Também foi na gestão de Arno Michaelsen, a construção da Praça Major Nicoletti, hoje apreciada, utilizada, e fotografa por milhões de turistas, e enviadas ao mundo inteiro.

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No dia 25 de Julho de 1963, foi lançada a Pedra Fundamental da Escola 25 de julho, próxima ao lago Negro. Adivinhem quem era o Prefeito que cortou a fita?

Gramado tem estas virtudes. Às vezes, lembra dos seus, e quando lembra, os recompensa com lauréis. Em 1994, junto com o Prefeito Nelson Dinnebier, Dr Erico Albrechet, e outro personagem, que não lembro quem seja, Arno Michaelsen foi agraciado com o título de "Cidadão Gramadense". Tive o privilégio de escrever,a pedido, a biografia do dr Erico Albrecht, cuja história será ainda, se D-s me permitir, contada aqui neste espaço.
Muito há por falar-se de Arno Michaelsen, mas neste relato, fixei a premissa de sua obra mais importante, que foi, como segundo Prefeito de Gramado, sedimentar o trabalho bem orquestrado de seus pares: Walter Bertolucci, Oscar Knorr, Leopoldo Rosenfeldt, Carlos Nelz, Erico Albrecht, Almeri Peccin, José Francisco Perini, Orestes dalle Mole, Os Irmãos Cardoso, Josias Martinho, e muitos outros, a quem dedicarei, ao seu tempo, algumas páginas de memória.
Se Tio Março (Marcílio Cardoso) chegasse hoje e apresentasse Arno Michaelsen à mim, eu diria:
- "Arno Michaelsen? Temos que apresentar este grande homem aos leitores!"






Fotos e informações baseadas em pesquisas realizadas pela historiadora Marília Daros Franzen (In memorian), e materias cedidos por Darci Michaelsen, filho de Arno.*




segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Porque os franceses (e os manezinhos da Ilha) odeiam os turistas - Em breve você também irá odiá-los (ou amá-los ainda mais)



São onze e meia da manhã, e você precisa chegar a tempo de buscar seu filho na escola, ou fazer qualquer coisa, que esteja situada nos extremos da Avenida das Hortênsias, entre Gramado e Canela (os canelenses dizem que é Canela e Gramado), liga seu carro, entra na rodovia e......as faixas da direita e da esquerda, estão tomadas por simpáticos turistas, que querem contemplar o modo de vida dos nativos, e andam a vagarosos 30 km por hora, quando estão acelerados. No lado esquerdo. E você quer ultrapassar, mas sua educação, seu trato refinado, sua hospitalidade, diz que os turistas estão lhe visitando, pagando suas contas, direta ou indiretamente, então, sim, eles tem o direito de atrapalhar sua agenda, sem problema algum.

Você, silenciosamente, tece elogios às mães destes pachorrentos, louva a honesta castidade de suas esposas e namoradas, tece louvores mentais `masculinidade dos próprios, e por fim, consegue uma brecha de descuido, para acelerar  até que encontre o próximo logo mais à frente.

Começa a refletir e descobre que o mesmo acontece com sua casa, antes um aprazível chalezinho, com um jardim de flores, e hoje, em razão da possibilidade de ganhos honestos, com a troca de mercadorias por cédulas, mesmo que eletrônicas, e vê que não tem mais flores para regar. Só conta pra pagar.

Sua mãe, coitada, faz tempo que implora para enfiar-lhe goela abaixo aquele bolo de cenoura que fez há duas semanas atrás, mas o turista pachorrento o impede de chegar à casa dela, e quando vê, as horas o agarram, o espremem contra a vida e suas apertadas circunstâncias, e a vida passou..atrás do pachorrento, o amado turista.

E pouco a pouco, começam a aparecer sutis piadinhas, memes, que, em função do engarrafamento, por falta de planejamento estratégico no tempo devido, a água que não corre mais nas torneiras, senão abaixo de muita pressão política e jurídica, o excesso de luzes, de gente estranha pelas ruas, da falta de tempo para ir à igreja, à sociedade, ao futebol com os amigos, para namorar, falta de espaço para que as crianças brinquem, você começa, pouco a pouco a criar certa antipatia velada pelo turista, que nunca poderá trazer à luz, porque ele já comprou a sua liberdade, definitivamente, Ele já comprou a sua alma, decididamente.

Os parisienses odeiam os turistas. Vou corrigir: os parisienses não odeiam os turistas e nem o dinheiro que eles despejam aos montes da Cidade-Luz diariamente. Os parisienses odeiam a falta de senso de ridículo que tem os turistas em achar que paris inteira está á sua disposição. De achar que os nativos lhes devem louros, e que devem estar sempre limpinhos cheirosos (a segunda parte até é assim mesmo), sorridentes, dispostos a entender os grunhidos que os turistas acreditam que seja francês, inglês ou portunhol, achando que falam francês com Charles Aznavour ou Edith Piaf.

Os parisienses não são os únicos a olharem para os maus turistas, de costas, com desdém, e esta cultura já começa a chegar no Brasil, começando por Florianópolis, que é uma cidade que sempre gostou de ser pequena, mas que por culpa se sua exuberante natureza, agigantou-se. Atraiu dinheiro, obras, cultura, empregos.  A cultura de paris começa a entrar de mansinho nos pensamentos de quem gostaria de caminhar com a família num fim de semana, sem ter que prender pulseirinha e cordão no pulso dos filhos, com medo de perdê-los na multidão, em sua própria cidade.

Não, o título é apenas uma metáfora, pois você sabe que são os turistas quem pagam o padrão de vida cujos altos custos tornaram-se necessários para que você pague as contas do cartão de crédito que antes não existiam. Você come melhor...Melhor? Será mesmo que no restaurante de três estrelas, cm talheres de ouro, a lasanha é melhor que o capelete da sua avó? Será que o bufê quilométrico das churrascarias é mais prazeroso que o churrasco na pilha de tijolos que seu pai fazia para acompanhar a salada de maionese de sua mãe? Será que o bufê de sobremesas é capaz de confrontar o pudim de sua mãe? Eu acho que não é. Então, a SUV que está na sua garagem, te leva mais longe que te levaria um carro menos suntuoso, e pra que, se a casa dos seus amigos fica a poucas quadras da sua casa?

Os parisienses odeiam o que os turistas fizeram com a doce vida de Paris. Um dia, você também vai procurar outro modo de vida, antes que a vida escoe pelo ralo das frestas por onde passa o brilho da falsa prosperidade.

Então, o problema dos parisienses, dos manezinhos da Ilha, e de sua própria cidade, nunca foram os turistas, mas a sua própria ânsia de torná-los dependentes dos seus mimos,para que abram a carteira e banquem os sonhos que você já se perdeu em buscá-los.


Bruno Irion Coletto - O Cérebro ativo da diplomacia política em Gramado



Ele é de baixa estatura, tímido, fala baixinho, mede cada palavra, fala com polidez, como se calculasse o comprimento da linha, para que a frase inteira caiba no mesmo espaço. Não sei se seria comparável a outro eminente advogado, baixinho, baiano, chamado de "Água de Haia", um verdadeiro gênio político e diplomático, Rui Barbosa.

Não se trata apenas de inteligencia inata, mas de perspicácia edificada por metodologia científica (sim, a política pode ter ciência acoplada), em um cenário que beira a estagnação moral, que é a política local e nacional. Ainda assim, tem projeto político, no calibre de sua capacidade, ética e perspicácia, para tornar mais republicana a política brasileira, a começar por sua aldeia*, Gramado.

Bruno Irion Coletto, o Dr. Bruno, nos dois sentidos, Professor universitário, Advogado, Mestre em Direito, em New School for Social Research, NYC, USA, Mestre, em 2013, formando-se ainda em Estudos Avançados em Economia, Ciências e Política, pelo The Phoenix Institute, Notre Dame, em 2013, e Doutorando pela UFRGS,  atualmente,é filho de dois notáveis gramadenses: O Engenheiro Alemir Coletto, e a Artista Plástica Débora Irion, cuja bagagem cultural enriqueceu o jovem Advogado a trilar por caminho distinto, mas igualmente notável, do Direito, perseguindo de forma apaixonada o caminho da Política, enquanto instrumento de crescimento da civilização. Em resumo, É bacharel, com láurea, em Ciências Jurídicas e Sociais - Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É Advogado e Sócio Senior de Coletto, Gregoski & Gavronski Advogados Associados. Foi Professor de Direito na Uniritter. Foi Procurador-Geral do Município de Gramado/RS. Aliás, Bruno tem dois Mestrados: um em direito e um em ciência política.

É uma bagagem que qualquer pai deseja para seus filhos. Mas deixo o orgulho dos Irion/Coletto à parte, e persigo apenas um feito de seu trabalho pela política gramadense, que se eu não vier à público fazê-lo, dificilmente haverá qualquer espécie de reconhecimento dos beneficiados (a própria Sociedade) em direção ao seu trabalho.

Para efeito de informação, vale lembrar que a Câmara de vereadores de Gramado, sempre trabalhou em um arranjo onde o Vereador mais votado seria, automaticamente eleito o Presidente da casa por dois longos e penosos anos, dependendo de quem fosse a eminencia parda ao alcance do cargo. 

Considerando que esta última composição contemplava o vereador Ubiratã, como o mais votado, mas havia também Luia Barbacovi, que calçou as sandálias da humildade ao ser preterido candidato a Prefeito, por uma grotesca traição (fato que não tem bandeira em Gramado para acontecer), havia um ponto cego na composição da oposição (adoro rimas fortuitas, gratuitas), que poderia colocar em risco a força da UPG, em estado quase líquido, pronto a evaporar-se, e isso só não aconteceu, graças à astúcia, a perspicácia pol´tica do jovem Presidente do PP, Bruno Irion Coletto, que desenhou um mapa político que teve força e forma pelos quatro anos que se seguiram, fracionando e pulverizando os egos na Câmara, e alternando o poder, dando oportunidade a quem dificilmente encontraria guarida sob a batuta dos que estavam acostumados a mandar e desmandar, como se ainda vivessem num tempo feudal, despótico, oligárquico.

Assim, começando por Luia, o injustiçado, seguindo-se pela Vereadora Manu, que era independente naquele momento, isolada em seu Partido, Republicanos, Ronsoni, cujo maior sonho confesso, era ser Presidente da Câmara, e eu já confessei, mas vou lembrar outra vez: eu estava preparado para deitar e rolar nos eventuais deslizes de Ronsoni, e dou a mão á palmatória: quebrei a cara! Como disse Miron esta semana, e eu, antes disso (ver a matéria aqui), Ronsoni surpreendeu até á si mesmo, a conduzir responsavelmente, de forma republicana, a casa Legislativa da cidade mais linda do mundo, depois de Haifa, em Israel,  que é Gramado. E agora, a jóia da coroa, a cereja do bolo )falando carinhosa e respeitosamente) encerra o capítulo do quarto Presidente, isto é da quarta Presidente, Rosi Ecker Schmitt, )Progressistas), seu início de mandato, tendo como suporte os dois Presidentes anteriores, Luia e Manu. 

Haverão palmas e menções, mas quero antecipar os aplausos a quem idealizou, desenhou, escreveu, construiu, matou no peito a ideia, o Doutor Bruno Irion Coletto. Sem trombetas, sem alardes, silenciosamente, mansamente, inteligentemente, e coroada de sucesso. E por não ter nascido emGramado, pois muito bem merece, a honra de receber o título de Cidadão Gramadense. Mas nem precisa, pois nascer, viver, trabalhar e honrar o chão que o acolheu e ainda acolhe, é um certificado ainda maior.

Não me surpreenderia vê-lo candidato a Prefeito de Gramado. Agradável surpresa. Substancial possibilidade.




domingo, 22 de dezembro de 2019

Netos de Férias na Casa do Vovô - Um Seminário de Sobrevivência e Diversão



Fim de ano, tempo de fazer uma faxina nos armários da vida, e jogar fora aquilo que não serve mais: mágoas, inveja (que todo mundo tem, até eu tenho. Tenho inveja de mim mesmo do tempo que sou feliz), e essas bobajadas todas que escrevem nos cartões de felicitações. Mas a questão não são as festas, nem o tipo de celebração, e sim, o que acontece no intervalo entre elas e o reinício das aulas, que é quando o país retoma à vida: os Netos!

Quando a gente envelhece, paz e quietude são aquilo que desejamos ter. Besteira! Ou temos paz e quietude, ou temos netos com saúde. As duas coisas não coexistem. Ou será que dá pra conciliar? Vejamos o que acontece quando eu recebo netos aqui no estabelecimento.
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Como vivo sozinho, e não tenho serviçais que todos tem, tipo, "a Tia da Faxina", a "Tia do Cafezinho (este luxo é para a cidade), a "Tia da Cozinha", "A Tia Camareira, etc", as coisas são administradas da seguinte forma (segue o check List):

1 - A comida não vem pronta. Aqui não se come "Fast-food". Então, as cenouras, as batatas, a cebola, a moranga, precisam ser descascadas, e não possuímos descascadores automáticos, portanto, é feito na faca, bem afiada.

1.1 - É proibido cortar os dedinhos. Portanto, é necessário um intenso curso, com direito à palestras minuciosa aliada à exercícios práticos, de como se descasca legumes sem decepar dedinhos.

1.2 - A comida pode ser comida de qualquer jeito, mas alguns alimentos ficam mais palatáveis, se forem cozidos. Talvez seja até uma superstição, mas a experiência me ensinou que feijão, batatas, brócolis, e até o bife, ficam melhores quando passados por temperaturas mais elevadas, adicionadas de sal, temperos, e água. Tentem fazer isso, pra saber como é, e depois me digam.
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1.3 -A comida não sai voando da panela pro prato, então, há boas práticas em servir a mesa, para que seja mais confortável e divertido o ato desnecessário, mas importante de comer.

1.4 - Nada mais legal que terminar de comer e sair correndo para brincar. Supimpa mesmo, mas, os pratos não se lavam sozinhos, e o velho vovô é um só, meio apatetado, desnorteado com estas rotinas, assim, é necessária a formação de um "Conselho de Higienização", que após, demorado "Brainstorming", decidirá o melhor método para que pratos, talheres e panelas voltem a ser limpos, e repousem em seus respectivos nichos dos armários. Que ótimo. Agora..hmm, agora comer mais um pouco, pois faltou a fruta, afinal, já faz meia hora que comeram aquelas migalhas no prato, e ninguém sobrevive com tão poucas calorias, fibras, e vitaminas. Ninguém!

1.5 - Hora de tirar uma sesta, afinal, velho é velho. Mas, antes disso, certificar-se de checar os itens de segurança e sobrevivência, enquanto dorme:
1.5.1 - Wifi ligado (ok)
1.5.2 - Portão trancado (ok)
1.5.3 - Umas frutas de "estepe", caso bata vontade de mandar alguma coisinha doce pro banduletinho (0k)
1.5.4 - Carregadores de celular à mostra (ok)
1.5.5 - Kalashnikok do lado da cama para emergências, do tipo: Briga entre irmãos, acordarem o vovô por futilidades, etc (ok)

2 - Lazer da tarde
2.1 - Fazer um bolo, juntos ( a receita é a do pacotinho, mas os ingredientes precisam ser adicionados na bacia, e isso tem que ser supervisionado pelo vovô.
2.1 - Sorteio pra quem liga e pra quem desliga a batedeira orbital.
2.1.1 - Mostrar a Kalashnikov pra quem fizer birra por ter sido roubado no sorteio. Quase sempre funciona.
2.2 - Mostrar novamente a Kalashnikov para quem insistir em comer o bolo ainda quente.
2.3 - Servir o bolo com sucos e umas frutinhas para acompanhar. Fazem bem pra pele.
3 - Diversão
3.1 Delimitar o espaço para uso do Skate
3.2 - Proibir de se machucarem
3.2.1 - Mostrar o Kalashnikov pra quem se machucar
3.2 - Fazer pausa pro lanchinho da tarde.
3.3 Aventura pela selva bruta (Na verdade é apenas caminhar uns metros pela estrada, cercada de mato, e caso não resida na Mata Atlântica, feito eu, mostrar um pezinho de capim crescendo na calçada, pode ser considerado território selvagem. Eles são tontinhos e nem entendem muito essa questão de territorialidade.
3.4 - Se teimarem que o capim não é uma floresta, mostrar, na telinha do celular, uma foto bem produzida do kalashnikov.

4 - Hora da janta. E quem diz que a comida se faz sozinha? Pão não nasce  em trepadeira junto á janela. Então, bora fazer um pão. Mas antes lavarem bem as mãozinhas. Se acharem ruim..Kalashinkov atrás da porta.

5 - Hora feliz! Podem brincar dos smartphones. Internet liberada!
6 - Hora do banho. Pra quem não gostar, sabonete em formato de kalashnikov. Funciona.
7 - Lanchinho, leve. Frutas. Uma fatia (no caso, um pedaço imenso) de bolo. Azar se ficou batumado. o gosto é o mesmo (que um sabonete).
8 - Misteriosamente o wifi desaparece. deve ser conspiração, porque o wifi dos vizinhos ainda está aparecendo, mas é protegido com senha. Egoístas! Hora do Plano B
9 - o Plano B
9.1 - Decifrar uns códigos secretos anotados em uns livros de um espião misterioso chamado: "Monteiro Lobato"
9.2 - Se for pronunciado em voz alta o texto misterioso, até dá pra entender o mistério.
10 - Palestra sobre Filosofia. Tema: Oncotô, quemcossô, proncovô?
10.1 - Debate sobre a infinitude do Universo, nosso lugar dentro do Infinito, e nosso destino final.
10.1 - Case, com  empreendedores do passado, tipo Daniel, o Visionário; Davi, o Conquistador das Galáxias, Yeshua, O magnifico,  que defendia as criancinhas do kalashnikov.
10.2 - Sair de fininho, porque já dormiram.

Contrate a Palestra: O sapo que Queria Voar (para adultos)

O Shabat: Um Tempo de Encontro com Deus, na Perspectiva de Heschel e Jesus

  Ilustração: Seaart AI   O Shabat: Um Tempo de Encontro com Deus, na Perspectiva de Heschel e Jesus Paulo Cardoso* 1. ...