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domingo, 8 de março de 2020

Das passarelas ao Estábulo- Marlene Kaiut, uma das 10 maiores influenciadoras do Brasil - Entrevista Exclusiva


Ela profere mais de quarenta palestras anuais. Só nestes dias em que conversamos para a entrevista, ela estava com dez palestras agendadas. Ela fala para mulheres empreendedoras do agro negócio em cada um dos 19 estados brasileiros, mais a Capital Federal. Fala com a mesma desenvoltura à empresários, fabricantes, universitários, economistas, e novos empreendedores. Entre mais de novecentas mulheres empreendedores, foi escolhida a número um, no seu Estado, o Paraná. É uma das celebridades do TED-X.  Um livro será lançado em breve, com textos das "Dez maiores influenciadoras do Brasil", sendo que Ela será uma destas co-autoras. Seu nome é Marlene Kaiut, em entrevista exclusiva ao Blog do Pacard!

Das passarelas ao Estábulo
Sua história é bastante conhecida, mas não custa contá-la mais uma vez. Aos vinte e quatro anos de idade, seu esposo tomava conta de uma pequenina fazenda, com um plantel de sessenta vacas leiteiras. Os prejuízos se acumulavam mês, até que um dia foi preciso mudar a filha, de uma escola particular, para uma escola pública. Até aqui, nenhum demérito, pois pública ou privada, qualquer escola é sempre uma escola. Porém, a menina começou a ser discriminada pelos colegas, sofrer maus tratos, porque não pertencia àquele ambiente. Bullying direto. "Você não pertence à esse lugar", diziam, e batiam nela. Marlene viu que precisava reagir, pela filha, por sua dignidade. Conversou com o esposo, que, desanimado pelo baixo rendimento do agronegócio, decidiu trabalhar como empregado e vender as vacas. Davam muito prejuízo, e não interessavam mais à ele. Foi aí que Marlene reagiu.
- Vou tocar a fazenda! - Disse ela ao marido.
- Boa sorte! Respondeu. E assim começou a jornada da jovem, com 24 anos de idade. Foi até a estrebaria, onde estavam sessenta vacas, e deu ordem ao empregado, que a acompanhasse na vistoria do lugar. Precisava tomar pé da situação, entender o negócio, saber como se cuida e ordenha uma vaca. Não sabia. Até aquele momento, o pouco que ela ganhava, provinha dos desfiles que fazia, e quase nada sobrava, pois o que uma modelo do interior ganha, trabalhando no interior, não paga nem as despesas pessoais. Então, a partir daquele momento, os desfiles seriam trocados pela estrebaria. Sua platéia eram as vacas leiteiras, que após uma vistoria com pente fino,foram resumidas à quarenta vacas. As demais, não davam leite algum. E o empregado, o que entendia de vacas? Torceu o nariz. Não aceitava ordens de mulher! Deve ter nascido do traseiro de um homem, imagino, mas enfim, o homem achava que mulher não sabia, não deveria, e não poderia dar ordens a um homem. E ela concordou com a exigência dele. Pediu, gentilmente que ele juntasse o bilhetinho azul que havia caído de seu bolso, e quando ele se abaixou para juntar o bilhete, ela viu uma grande oportunidade de empreender um considerável chute no traseiro do varão. De uma simplicidade quase ingênua, Marlene se mostra uma pessoa parecida com milhões de outras pessoas, comuns, que conta com entusiasmo de suas conquistas pessoais, de seus carros velhos, e dos carros novos. Conta da discriminação e conta da superação, sem pausas, sem folhas dobradas na história.

Ela resolveu um problema, mas continuou com outro: Não entendia nada! Então, contratou outro moço, que aceitou ordens dela, e gentilmente proferiu as palavras mágicas que comovem qualquer empregador: "Quero somar, me esforçar, e aprender com você!" Somar, ok, estava bem, esforço, era a palavrinha doce a ouvir, mas a parte de "aprender com ela", complicou um pouco, pois foi ele quem ensinou tudo o que sabia sobre vacas à sua jovem empregadora. A parceria deu certo. A empresa cresceu, ela descartou as vinte vacas secas, e hoje tem um plantel de trezentas vacas de qualidade, seja produzindo leite, prenhes, ou à espera de ocasião propícia para entrarem em ação. Sua equipe atual triplicou: Ela, com mais dois assistentes, para cuidades das trezentas vacas, porém, como tudo é moderno, automatizado, "não há muito esforço físico", diz Marlene, e quando eu viajo para as palestras, os dois assistentes dão conta do trabalho.

A coisa apenas começa aqui, pois depois de receber um prêmio de Mulher Empreendedora em seu estado, foi concorrer em Brasília ao prêmio nacional, e aí começaram as palestras, os seminários, e os estágios. Marlene tem hoje uma lista de espera de mais de dois mil candidatos ao estágio gratuito, sendo que oferece apenas quatro vagas, com alojamento, alimentação, e instrução, totalmente gratuitos. Escola técnicas, Universidades, Associações, Sindicatos, Cooperativas, são os seus anfitriões no Brasil. Já recebeu convite para palestras na Alemanha, mas por estar com um bebê recém nascido, na ocasião, precisou recusar. Suas palestras são concorridas. Os auditórios estão sempre lotados. Com elegância e domínio de palco, ela fala, de um modo típico do interior do paraná, com o "erre" puxado, e começa sendo aplaudida da entrada ao "Gran-Finale". Não se considera uma celebridade, embora o seja, e no dia seguinte, sua platéia são suas vaquinhas, onde Marlene se encontra consigo mesma, necessária, cuidadora, e vencedora.

Religiosa e um tanto eclética, Marlene, Católica, devota de Maria Aparecida, frequenta, quando pode, uma igreja Luterana, por sua afinidade com a Pastora da Congregação.

Esta entrevista está solicitada há muitos meses, pois Marlene responde a mais de dois mil emails diários. Seu dia termina além da meia noite, respondendo mensagens, emails, organizando os temas das palestras, administrando sua empresa, e guardando a família.  Na fila, estavam mais de trinta entrevistas a serem respondidas, o que faz-me sentir certa dose de vaidade, envelopada por gratidão à Marlene.

Pacard - O que te motivou, deu coragem, para assumir um negócio que não tinha experiência, e que até aquele momento, só se mostrara deficitário?
Marlene - Eu estava em desespero, porque tinha tirado minha filha do colégio particular, colocado em escola pública, e ela esta sofrendo bastante no colégio, então foi nesse momento em que eu disse: Eu vou fazer alguma coisa por ela. Na verdade, ela estava lendo um livro, quando cheguei na escola, e passou um menino, que deu um tapa no livro dela, dizendo: "Aqui não é teu lugar. Você é lá da escola de rico, lá da escola evangélica e aqui não é teu lugar". E ela chorou muito, sabe, aquele dia. Então eu pensei: Eu tenho que fazer alguma coisa para mudar isso daí! E nesse mesmo dia, eu fui numa reunião da comissão de crédito, com meu esposo, resolvi acompanhá-lo nesse dia, e foi ali que tomei a decisão que iria tocar a leiteria. E meu marido tem um modo diferente de agir, não tem paciência para esse tipo de trabalho, e decidiu parar, desanimou mesmo. Foi desanimando com o estresse, e por fim, não quis mais.

Pacard - Como foi sua relação com a equipe de trabalho de seu esposo (um único funcionário)?
Marlene - Ele não aceitava receber ordem de mulher, e quando falou isso, eu dei a conta pra ele, na mesma hora, contratei outro em seguida, que nunca teve problema em receber ordem de mulher, e falou ainda assim pra mim: "Eu tenho certeza que vou aprender muito com você!" - Quando na verdade, eu não sabia fazer nada e fui eu quem aprendi muito com ele. Então ele me ensinou a dirigir trator, tirar leite, fazer trato, dar medicamento, então ele me ajudou muito e sou muito grata a este colaborador.

Pacard - Como seus clientes e fornecedores receberam sua presença, na condição de empresária, em uma atividade preponderantemente masculina, o mundo do agro-negócio?
Marlene - Ah, foi difícil, no começo, sim. Sofri bastante preconceito. Até quando eu fui comprar um trator, calçando um chinelo simples, e fiquei esperando por meia hora, na loja, até que um vendedor foi me atender. Com olhar de desdém, me perguntou o que eu queria, e ao responder que queria comprar um trator, ele perguntou (com ar de deboche) se eu tinha como pagar pelo trator. Mas ainda existe esse machismo, porém hoje as pessoas me tratam super bem, porque elas sabem que eu sou bem sucedida e porque eu entendo do negócio. Hoje tem ainda, mas muito menos. antes era bem mais.

Pacard - Quanto tempo demorou para que você percebesse resultado de sua iniciativa? Para que você percebesse a reação à sua presença e método de trabalho, e obtivesse lucro no negócio?
Marlene - Assim: O leite, ele é lento, ele não te mostra resultado de um dia pro outro. Mas com três meses, eu já tinha um resultado totalmente diferente, de célula somática, contagem bacteriana, aumento de produção, mas eu levei cinco anos para conseguir pagar todas as dívidas acumuladas, porém, a partir de um ano eu já vi retorno de produção, e desde o terceiro mês, eu já fui pagando as parcelas, porque eu tinha refinanciado todas aquelas dividas, e hoje, lógico, eu tenho dívidas enormes, porque minha leiteria cresceu muito, e eu tive que investir bastante. Eu investi nestes últimos três, ou quatro anos, mais de dois milhões, mas hoje eu consigo levar tudo certinho, tudo em dia, sempre com uma parcela adiantada.

Pacard - Sua cidade, Carambeí, PR, uma pequena cidade com perfil adequado para o Turismo. Você tem algum projeto voltado ao Turismo Rural, uma vez que tornou-se nacionalmente conhecida, e recebe tantas pessoas em sua propriedade?
Marlene - Não tenho (ri, com timidez) Não me envolvo com aquilo que não entendo, e sei muito pouco sobre isso. Não que eu tenha medo, pois sempre amei desafios, mas hoje eu tenho uma vida muito corrida, tenho uma vida bastante agitada, tenho um pai para cuidar (seu pai sofreu um derrame em agosto de 2019), ele não anda mais, perdeu os movimentos, então, nós somos em seis irmãos, e cada dia nos revezamos para que cada dia fique um cuidando dele, dar banho no pai, porque minha mãe está com sessenta e seis anos, e meu pai com setenta e um. Então a gente se desdobra, e eu sou a que menos consigo ficar com eles durante o dia, depois das três e fico até dez da noite para ajudar.

Pacard - Você profere muitas palestras? Já levou suas palestras ao exterior?
Marlene - Eu faço mais de quarenta palestras por ano, e já fui convidada à levar minhas palestras à Frankfurt (Alemanha), e também na Colômbia, mas nesse tempo eu ainda amamentava meu bebê, e o meu marido achou que seria meio complicado que eu viajasse só com o bebê pra lá, e acabei não indo. Mas terão outras oportunidades. Mas eu já viajei por dezenove estados, mais Brasília, e já ministrei palestras em muita, muita, muita cidades. Passei muito conhecimento, e claro, que aprendi muito também.

Pacard - Você acentua seu trabalho, na condição de "Mulher empreendedora" ou como um "Ser Humano" empreendedor?
Marlene - Agora, para esse "Mês da Mulher" (março), há previsão de que eu fale para mais de cinco mil pessoas, nas minhas palestras. Então estou com a casa cheia (risos). Onde há inscrições abertas, estão "bombando", e onde são fechadas, sempre casa cheia. Então, acho que são as duas coisas: Mulher e Ser Humano. Agora, no mês de março, eu foco mais a mulher. Eu faço palestras para Universidades, para alunos, bancos, cooperativas, a convite de SEBRAE, SENAR, Sindicatos, então, meu público é bastante misto.

Pacard - Seu trabalho tornou-se um modelo, uma instituição de sucesso empreendedor, e desta forma, atende também estagiários. Você tem convênio com governo, instituições, escolas?
Marlene - Aqui vem alunos do Brasil inteiro. Já recebi até um moço da Alemanha. Eu tenho uma fila de mais de dois mil alunos para fazer estágio aqui comigo, mas só consigo receber quatro alunos por mês, porque tenho alojamento aqui na leiteria mesmo, tem banheiro, tem quartinho, as refeições são feitas aqui em casa, os alunos não tem custo para virem aqui, e eu os recebo, porque eu amo ensinar. Esta foi uma das minhas metas: construir do "zero", quero fazer com quarto, onde eu consiga receber alunos.

Pacard - Sua empresa produz apenas leite, ou também beneficia e produz derivados?
Marlene - Não! Eu só entrego leite puro, "leite cru", como dizem aqui. Dia sim, dia não, a Cooperativa vem recolher o leite.

Pacard - Quantas pessoas são necessárias para manutenção da empresa?
Marlene - Três pessoas, que somos, eu, que dou "mamá" dos bezerros, faço toda a parte da limpeza, e tiro as folgas dos funcionários. Nós, no caso, em três, cuidamos de trezentos e vinte animais.

Pacard - Quais foram os principais desafios que você encontrou quando começou, e quais ainda tiram o seu sono, quando aparecem?
Marlene - O maior desafio é encontrar mão de obra qualificada, bons funcionários, comprometidos, que queiram trabalhar de verdade e mostrarem resultado., porque a maioria deles só quer que chegue o fim do mês para ganharem seus salários. É indiferente, se o empregador tem lucro, se não tem, isso não importa. O que a maioria quer é seu salário garantido e nada mais. Esse foi pra mim o maior desafio, pois quando eu comecei, aos vinte e quatro anos, eu tinha um corpo escultural, muito bonito, que chamava à atenção de todo mundo, então as mulheres dos funcionários tinham muito ciúme de mim. Então era difícil trabalhar junto com os homens, por questão de ciúme das esposas. Nossa! isso era muito chato mesmo. Isso acabava comigo. Mas ainda hoje eu adoro desafios, então, o grande desafio não é você chegar ao topo da empresa, mas chegar lá e conseguir manter-se nesta posição, porque pra descer, cair, é muito fácil. Então é complicado você manter o seu patrimônio.

Pacard -Antes de ser pecuarista, você foi modelo fotográfica. Fale sobre isso.
Marlene -  Eu fazia diversos desfiles, desde meus dezesseis até os vinte e três, vinte e quatro anos, mas falar, assim, que eu ganhei dinheiro, não. Eu nunca consegui ganhar, sabe? Tipo, tudo o que eu ganhava, girava em custos. Custos de ônibus, para me deslocar até os locais de desfile, porque eu não tinha carro também, E mesmo logo depois, que tu tive carro (risos) era uma "Saveirinho" muito velha, e às vezes eu estava "toda produzida" para sair para aqueles desfiles maravilhosos, assim, e precisava empurrar o carro, ficava toda suja, e tinha que trocar de roupa, me produzir de novo. Logo depois, consegui comprar meu primeiro carro, usado, mas bom, uma "Strada", mas boa, que não me deixava na mão, daí, quando consegui pagar aquela, comprei outra, semi-nova, que paguei à vista, mas sofri um acidente, que deu perda total do carro, aí acabei comprando meu primiro carro "zero", um New Fiesta, que era lançamento. Depois disso, comprei a caminhonete dos meus sonhos, uma Ranger, usada, mas semi-nova, e há pouco tempo atrás, comprei uma Ranger nova. Fiquei realizada.

Pacard - Como é sua relação com D-s (Deus) no seu dia de trabalho?
Marlene - Sou grata à D-s diariamente por todas as coisas que faço. Nada faço sem Ele.

Pacard - Já caiu a ficha do que se transformou a sua vida depois que você se tornou uma celebridade? Não por sua beleza apenas, mas pela forma inteligente de encarar uma causa perdida.
Marlene -  Eu não me considero uma celebridade. Eu me considero uma pessoa qualquer como qualquer outra pessoa (risos de modéstia). mas eu nunca imaginei que eu chegaria tão longe, sabe? Eu fui muito longe. Eu ganhei um prêmio. Entre 951 mulheres, eu fiquei em primeiro lugar, no Paraná, e representei o paraná, em Brasília, lá eram mais de onze mil mulheres, e eu fiquei em segundo lugar, no nível nacional. Claro que sou muito grata á D-s pelo que aconteceu, mas nada veio de mãos beijadas. Tive que trabalhar muito para que isso acontecesse. Hoje eu tenho uma vida muito confortável, financeiramente, mas também tenho uma vida muito agitada. Meus minutos são valiosos. É uma correria danada para conseguir manter tudo isso, porque eu tenho três filhos, também, marido, trezentas e vinte vacas pra cuidar (40 palestras anuais, 3 a 4 mil emails e mensagens por dia), mas eu amo tudo isso daí. Fui eu que escolhi isso, e está indo super bem.

Pacard - Se você tivesse que recomeçar do zero, o que mudaria?
Marlene - É difícil eu dizer o que mudaria, porque tudo o que eu fiz, sempre deu super certo, fiz com muita cautela, eu trabalhei muito pra isso, sabe? Eu começava às quatro e meia da manhã, e até hoje, isso, tem dias que chega a meia noite e eu ainda estou respondendo emails, mensagens, perque eu recebo todos os dias cerca de três a quatro mil mensagens. Então eu fico das dez à meia noite todos os dias respondendo emails.

Pacard - Você tem notoriedade e popularidade suficientes para engajar-se na vida política. Pensa nisso?
Marlene -  Ai, ai, ai! Olha que pergunta difícil você me fez! Nossa! O povo da minha cidade (a minha cidade é uma cidade pequena) me cobra muito isso, querem muito que eu entre na política, mas eu não tenho nenhum tipo de interesse. Esse ano fui convidada pelo atual Prefeito e mais cinco pessoas, para candidatar-me à Vereadora, e também fui convidada para concorrer à Vice-Prefeita, mas eu não aceitei, eu não quero me envolver na política. Eu teria que deixar de lado em parte meu trabalho, e não é meu perfil, eu sei que a gente não consegue mudar o mundo da política, porque infelizmente a nossa política é muito suja: ou você entra lá dentro e fica suja igual á política, ou você sai fora, porque os bons, não estão na política.

Pacard - Para que não sejamos injustos, uma vez que homenageamos as mulheres, através desta entrevista, cite os homens que justificam o seu tempo em refletir sobre o que fizeram e como podem ampliar seus exemplos, quando fala aos jovens.
Marlene - Esta pergunta cai como uma luva pra mim!  Um deles é meu pai, muito trabalhador,
sempre teve uma vida muito sofrida, sempre lutou muito, sempre foi muito pobre e teve apenas o básico para nossa família. Tive tempos muito difíceis na infância, mas meu pai e minha mãe sempre fizeram de tudo para que nunca faltasse comida em nossa casa. Outra pessoa que eu admiro demais, foi o "Oppa" (avô, em alemão), o avô do meu marido. Ele faleceu há um ano atrás, então é uma pessoa que deixou um grande exemplo para todos nós aqui, uma pessoa a quem só tenho coisas boas por dizer dele. Ele tinha três desejos a realizar antes de falecer: Passar as terras para o nome do meu esposo, e conseguiu realizar cinco anos antes de falecer. Outro grande desejo, era nos ver casando, pois éramos casados havia 15 anos, mas não tínhamos realizado uma cerimônia religiosa. E ele viu. Em janeiro de 2010 nos casamos, e eu trabalhei e economizei o ano inteiro para fazer uma festa inesquecível, uma mega festa. Era um sonho. dele e meu. E o terceiro desejo dele era ver nosso nenê, que completou dois aninhos em novembro próximo passado, andar. E o primeiro par de botinhas ele fez questão de comprar, para que o nenê tomasse gosto de cuidar das vacas, trabalhar com leite. Era um sonho dele, pois ele foi pecuarista, e queria ver a continuidade. Passou para meu esposo, e por estes caminhos, meu esposo passou pra mim. Então, o último desejo dele, era ver o nenê andar, e quando foi nove e quarenta da noite, o nenê andou da cozinha até o quarto do Oppa, andando sozinho e quando chegou na frente do Oppa, caiu, mas o Oppa o segurou e disse a ele:
- Agora que você descobriu pra que tem suas perninhas, ninguém mais te segura!
E quando foi dez e vinte da noite, o Oppa faleceu.

Pacard - Imagino que seu público seja basicamente feminino, mas em uma palestra para empreendedores, homens, o que você diria aos homens?
Marlene - Pôxa! É uma pergunta difícil, Paulo (risos). Eu nunca dei palestra a um público exclusivo masculino, mas se acontecesse, eu diria a eles que mulher é um Ser Humano muito ímpar, muito inexplicável mesmo. O que ela quer, ela consegue, então no dia em que eles deixarem que as mulheres entrem junto, abram estas porteiras e deixem as mulheres trabalharem junto, de igual para igual, com eles, o que elas querem, elas conseguem. As mulheres estão tomando cada vez mais seus espaços, e hoje temos mulheres em todas as profissões, até mesmo no agronegócio.

Pacard - Um dos males do século, talvez o maior seja a depressão, um certo desânimo por parte dos jovens do interior, que abandonam a vida no campo, migrando para as cidades, onde acabam sentindo o vazio deixado por uma saudade que não pode mais ser resgatada. Passam o resto da vida no concreto, com olhar perdido no entardecer. Como define isso?
Marlene - Que pergunta interessante essa! Eu vejo que eles tiveram (e tem) uma vida muito sofrida, e se espelham muito nos seus pais, e dizem: "Meu pai trabalhou a vida inteira e não teve resultado, não conseguiu ir pra frente, e é mais fácil vender as terras e tocar nossa vida na cidade!" Mas eu discordo plenamente, porque na agricultura, na pecuária, sabendo trabalhar na terra, você pode ter excelentes resultados. São diversas as coisas que você pode fazer no meio rural. Não é só leite e lavoura. Tem montes de coisas que podem ser feitas no meio rural. Então, que eles repensem dez vezes antes de irem para a cidade, que deem continuidade às atividades os pais, e que façam melhor, porque é
possível dar continuidade e vencer com isso.

Pacard - Fale sobre suas palestras. Como pode ser contratada?
Marlene - As pessoas que quisrem me chamar para uma palestra, podem contatar direto comigo, pelo Instagram, Messenger, ou pelo email: marlenekaiut@hotmail.com. Podem me chamar, que farei de tudo para corresponder à expectativa e oferecer o melhor de meu trabalho. Inclusive, vou te dar uma informação em primeira mão: Fiquei muito orgulhosa por ter sido convidada por uma editora bastante famosa do Mato Grosso,se chama "Elas no Agro", que irá publicar um livro com e eu estarei escrevendo nove páginas deste livro, que dará espaço às vinte mulheres que mais influenciam o agro no Brasil. Serei a única paranaense.

Pacard - Como sua empresa atua no conceito de Sustentabilidade?
Marlene - Recém implantamos, em um investimento de quase trezentos mil reais, um sistema de Energia Solar, que abastece a fazenda inteira. Somos uma propriedade autossustentável, então.



sexta-feira, 6 de março de 2020

Preguiça mental, o tempo, e a verdade - Porque eu escrevo e porque muitos leem o que eu escrevo




Às vezes faz-se conveniente, o inconveniente de justificar o que se faz, para que, uma vez feito, torne-se compreensível e justificável. De tudo o que eu tenho escrito e publicado (e olha que lá se vão mais de mil ensaios em três anos, apenas no Blog), até a presente edição, não recebi nenhuma contestação ou corrigenda ética de nada que eu escrevi, com exceção de deslizes de digitação, ou alguma eventual concordância que passou batido, nenhuma expressão, ainda que mais contundente, foi rebatida na condição de infame. nenhuma. Isso deve-se principalmente à postura que mantenho, intrínseca, que torna desnecessário o patrulhamento vernacular ou ético, uma vez que esteja contido em essência e não como cosmético no meu modo de ser, falar ou escrever. Uso meu livre arbítrio com responsabilidade para que não me sobrepuje nenhuma arbitrariedade por algum mal feito. Simples assim.

Muito do que eu escrevo é de difícil interpretação para quem usa leitura dinâmica, para quem fotografa mentalmente um quadro de texto, e insere no subconsciente algumas palavras-chave, e destas, formula sua linha de raciocínio dentro daquilo que eu escrevi. Porém, quando chegam na metade do texto, e descobrem nele alguma relevância lógica, percebem que precisam retomar a leitura desde o início, palavra por palavra, vírgula por vírgula, e assim seguem até a última sílaba, voltando, relendo, estruturando sua linha de pensamento, que, por estas sortes que a gente tem na vida, acaba sendo bastante parecida com minha própria forma de pensar e colocar as coisas.

Há porém os que reclamam do tamanho dos meus textos, e ameaçam mesmo que não irão mais ler o que eu escrevo, se eu não mudar minha forma de escrever. ora! Se eu não fosse eu, não escreveria desta forma, pois para mim, escrever não é fazer relatório.

Meus temas vão muito além de relatar, contar os fatos, pois eu não faço jornalismo e sim análise dos fatos que o jornalismo publica. Enquanto o jornalismo convencional informa que choveu, eu quero saber como as pessoas se comportam, como percebem a chuva, como convivem com a água que cai do céu, como sobem ou descem o morro e o que pensam enquanto sobem e descem o morro, apesar da chuva. Eu sou o sujeito que, insatisfeito em beber a água do coco, quero saber como ela foi parar lá dentro. Então, eu escrevo para todos, mas sei que o meu universo dos "todos" é fracionado entre os que muito leem, os que pouco leem, os que leem títulos e correm para as imagens, e aquelas que nem sabem o que significa uma interpretação de texto.

O que eu escrevo é para as pessoas que caminham além do horizonte, e não acham que montanha seja obstáculo, mas oportunidade de ver o mundo lá do alto. Escrevo para os que desejam mudar a sociedade, e construírem uma civilização, mas sabem que apenas olhando a chuva nada poderão fazer quando vierem as tempestades.

Então, eu não escrevo muito. São eles quem conseguem ler pouco, e entenderem menos ainda.  Não se compreende o conteúdo de um livro pelo título da capa impresso em letras douradas. Eu escrevo para que se montem bibliotecas e não tirinhas de almanaques. Escrevo pela ânsia de cumprir o mandamento bíblico de buscar a Sabedoria onde quer que ela esteja. E se ainda não a tenho, muito a desejo. Por isso eu escrevo do jeito que escrevo. para aprender com meus erros de sintaxe, e corrigi-los, se for possível.


Cinco ideias para conquistar seus eleitores, sem precisar mentir


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Imagem: Picryl
Começa, o leitor mais inquisitivo, a imaginar que eu parto do princípio que todos os candidatos em campanha mintam, certo? Errado! São incontáveis os candidatos bem intencionados que percorrem o país em busca de votos, percorrem seus estados, seus municípios, seu bairro, e até mesmo sua rua, tentando convencer os eleitores que eles, candidatos, representam o último bastião da liberdade e da democracia ao alcance do voto, e que o mundo será dividido no "antes" e no "depois" que eles, eleitos, começarem o processo de transformação da sociedade. Todo político honesto deseja transformar a sociedade, e que seja a partir do seu mandato, sob sua influência pessoal. É assim que funciona o pensamento político dos candidatos.

Assim como um recém formado Bacharel de Direito, imaginar que esteja esperando por ele um grande júri popular, e que ele, do alto de seus recém adquiridos conceitos acadêmicos do Direito, possa defender o indefensável, diante de uma plateia entorpecida pela sua homilética, inebriados pela sua oratória eloquente, mas que ao cabo de dias, horas, talvez, descobrem que antes de enfrentar um grande júri, terão que despachar petições intermináveis nos balcões dos cartórios forenses, e sei lá quantos atendimentos gratuitos terá de fazer, antes que um primeiro caso de briga por qualquer "dá cá uma palha" precise de defesa ou de um "Habeas Corpus". Na política é  igualzinho.  Assim como numa corrida de maratona, onde arrancar voando na largada é contraproducente, também na carreira política, menos é mais, e desejar é mais que alcançar, mas ensejar para continuar, é a premissa que vale para fortalecer o passo, para que caminhe seguro, para que chegue aos objetivos, e saiba antes quais são estes objetivos, que estude as possibilidades, que trace estratégias para ter e saber o que fazer condo chegar à tribuna. Então, vou simplificar as sugestões:

1 - Avalie sua saúde física, mental ética, moral e espiritual, antes de pensar em uma aventura eletiva.
Digo aventura, porque sem preparo, na incerteza, e sem estribo físico, moral espiritual, não passa disso mesmo: uma roleta russa, em uma arma com uma bala a menos, apontada sobre sua cabeça.
De nada adianta o candidato pensar em ingressar em uma campanha política, sem estar fisicamente preparado, pois ele não irá buscar votos apenas para si próprio, mas fará parte de um conjunto de pessoas que estarão trabalhando umas pelas outras, no contexto de unidade partidária, e todos dependem de todos nesta jornada. Um único deslize morar da parte deste candidato, poderá desmoronar o resto do grupo, da coligação, ou do Partido.

2 -Avalie seu território, mapeie seu bairro, sua rua, conheça bem as pessoas, e mais que isso, com bastante antecedência, faça-se conhecer, torne-se conhecido, para que não seja atacado, desprezado, pisoteado, por conta da ideologia que você prega. Faça uma análise do perfil das pessoas a quem pedirá votos, e cuide em não pisotear nas crenças pessoais destas pessoas, não apenas religiosas e políticas, mas de costumes e tradições.

3 - Prepare-se intelectualmente para responder à todas as questões levantadas pelos eleitores. Se você representar a situação no governo, procure conhecer, por suas lideranças no Executivo, os desafios encontrados, as soluções oferecidas, e aquilo que ainda resta por fazer. Procure falar a linguagem destas pessoas, sem perder o seu modo de falar, isto é, fale de uma forma que seja compreendido, quando for questionado, e jamais, eu disse jamais defenda com veemência as suas ideias enquanto estiver no território do eleitor, ou seja, evite discussões, evite debates inócuos, e prossiga oferecendo de maneira criativa, mas também metódica,  o desafio e junto, a solução que esteja ao seu alcance resolver. Estude minuciosamente a cartilha de seu partido, pois dez em cada dez candidatos desconhecem com profundidade a cartilha que rege os princípios partidários, e não é incomum que em suas campanhas defendam ideias de modismo, mas frontalmente contrárias às letras miúdas das cartilhas ideológicas dos Partidos Políticos.

4 - Prometa tudo, mas tudo o que pode ser feito dentro de seu limite de capacidade, e não aquilo que dependa dos outros para ser cumprido. De nada adianta a um candidato a vereador prometer melhores escolas, se ele desconhece a real situação da educação, e se desconhece o limite imposto pelo cargo, sabendo que sendo eleito, terá que seguir os protocolos próprios de uma administração. Assim também, o candidato à Prefeito, não poderá garantir a construção de ruas e pontes, se não souber como encontrará recursos para esta execução, e deve saber que sem apoio do Legislativo, não vai fazer muita coisa. Exemplo pra isso não falta.

5 - Jamais, repito, jamais fale mal de seu adversário, na ânsia de adular seu eleitor, pois ainda que simpatize com sua plataforma e pessoa, você não conhece a ligação daquela pessoa com seu oponente, e ainda que seja a seu inteiro favor, você corre o risco de que este eleitor seja ético, e não aceite o tipo de ilação e maledicência que muitos candidatos expõem em seus discursos, uma vez que estejam vazios de propostas.

quinta-feira, 5 de março de 2020

Festival do Japão em Gramado - Resgatando as culturas das etnias


Quando eu falo que Gramado não cansa de reinventar-se, que tornou-se muito mais que o quinto destino do mundo na preferência turística, surge um novo projeto que tem o tempero pronto para transformar-se em um mega evento, e atrair outros eventos desta natureza, redimensionando Gramado também neste quesito.

Parece um pouco de hedonismo meu dizer que eu acredito nesse tipo de evento desde 1991, quando criamos a Semana Alemã de Gravatal, e em sequência foi também realizada a Semana Italiana, no pequenino município de Gravatal, em SC, e a partir deste, seguindo a linha etno-cultural da imigração em Santa Catarina, seguiu-se um crescimento nesta direção neste Estado.

Não é, no entanto, novidade, que cada município, de uma forma ou de outra, resgata sua cultura ancestral, como forma de perpetuar as raízes de sua gente. Assim são os Kerbs, na região alemã do Rio Grande do Sul, as festas típicas italianas na região dos vinhedos, e em cada região, segundo suas raízes, segue o festejo destas culturas.

Gramado, há muito tempo, abriu mão de sua identidade ítalo-germânica, para pulverizar-se em um conjunto universal de culturas, criando com isso, uma nova cultura autóctone, que mescla não apenas um modo de agir, de falar, de comer, festejar e trabalhar. Soma-se a esse conjunto cultural adventício, um novo evento, que se de um lado, não traduz um tipo de comportamento e grupo específico no município, de outro, oferece-se como sede de um evento que poderá tornar-se um novo divisor de fronteiras entre Gramado e o mundo: O Festival do Japão!

Pouco posso falar sobre a ligação de Gramado com esta cultura, pois não nenhum grupo nipônico estabelecido que justifique um evento regional em Gramado, mas reconhecidamente Gramado recebe a tradicional Festa do japão, que já realizou nove edições em Porto Alegre, reunindo, na condição de Capital do estado, os representantes japoneses do Rio Grande do Sul. Hoje, porém, tal como nasceu o Natal Luz, pelas ruas de Porto Alegre, e sendo levado pelo maestro Eleazar de Carvalho à Gramado, segue os mesmos possíveis passos, o Festival do Japão.
Vou transcrever aqui a proposta do programa do evento.

Segundo Andre Kabutomori, responsável pela organização do evento, o Festival do Japão RS já recebeu 500 mil visitantes desde a sua primeira edição, sendo 95% do público não descendentes de japoneses. O evento promove uma exposição e experiência da cultura japonesa ao público gaúcho, cujo objetivo é aproximar a cultura japonesa dos gaúchos, além de manter as tradições dos nossos antepassados para as futuras gerações.

Imigrantes Japoneses no Rio Grande do Sul

Em dados recentes, o Brasil é o país que abriga a maior comunidade japonesa fora do Japão, somando mais de 1,9 milhão de japoneses e descendentes até da quinta geração. Apesar dos grandes desafios enfrentados, os imigrantes japoneses superaram e prosperaram contribuindo para o desenvolvimento econômico-social em diversos estados brasileiros; destaque o sudeste brasileiro São Paulo e Paraná onde há maior concentração de japoneses. No estado do Rio Grande do Sul a comunidade japonesa é modesta com estimativa de 5 mil habitantes nas principais regiões como Porto Alegre, Gravataí, Ivoti, Itati, Santa Maria e Pelotas.

Atrações previstas

O palco principal exibe performances artísticas exclusivas no RS! - Cantores internacionais e locais apresentando composições próprias, músicas folclóricas, pop, além de performaces únicas; - Taikô e instrumentos típicos japoneses; - Danças tradicionais japonesas; - Cerimônia de abertura; - Esportes como artes marciais (aikidô, judô, karatê-do, kenjutsu), sumô e beisebol.



Esportes e Lazer

Por toda a história do povo e da cultura japonesa, história, os esportes sempre se apresentaram como fortes ferramentas de integração dos povos, além de serem importantes elementos culturais. No Japão, se desenvolveram muitas artes marciais, além dos tradicionais sumô e gateball, que transmitem, em sua prática e filosofia, as diversas características do povo japonês. Hoje, as artes marciais já estão difundidas em vários países, marcando forte presença no Brasil. Da mesma forma, no Japão se popularizaram esportes ocidentais como baseball, softball, futebol, tênis e tênis de mesa. Não há mais fronteiras quando tratamos de esportes, que já se tornaram atividades de lazer comuns a diversos povos.

Cultura e Bazar

Oficinas e exposições para que o público entenda melhor sobre a cultura e experiencie das artes: - Exposição temática; - Oficina de origami e jogos japoneses; - Experiência de vestir kimono e cerimônia do chá; - Exposição de bonsai, ikebana e outras artes japonesas. Lojas e bazar para que o  público leve para casa um pedaço do Japão: - Produtos da colônia japonesa; - Produtos importados japoneses; - Artesanato japonês.



Gastronomia

Diversos restaurantes compõem na praça de alimentação, com cardápio variado e restrito da culinária japonesa: - Sushi e temakis; - Bentô tradicional (marmita japonesa); - Yakisoba, ramen, udon; - Harumaki e tempurás; - Takoyaki; - Doces japoneses; - Salgados japoneses.



Anime Buzz

O Festival do Japão RS divide o espaço e a organização do evento com o Anime Buzz. Dessa forma, há um encontro entre a cultura tradicional e a cultura pop japonesa em um único local! As principais atrações do Anime Buzz são: convidados especiais, concurso cosplay (fantasia), concurso animekê (karaokê com músicas de desenhos e séries), arena de games, card-games, RPG, oficinas/palestras, exposições, feira, gincanas, show de bandas, grupos de k-pop e fã clubes em espaços temáticos.


A estimativa é de cerca de 10 mil pessoas circulando no dia do evento. O Festival é realizado em espaço aberto e durante o dia, com diversas atividades e apresentações, o que atrai muitas famílias. O público jovem é atraído, principalmente, pelo Anime Buzz.
Local do evento: Rua Coberta e Sociedade Recreio Gramadense

O festival será realizado em dois espaços, as atrações serão alocadas na Rua Coberta pois é um espaço aberto que permite a circulação de um intenso fluxo de pessoas, já o Anime Buzz acontecerá no Recreio Gramadense, pois o mesmo conta com amplo espaço para sediar o evento. Fazemos parcerias com órgãos públicos. A segurança com a Polícia Militar, a limpeza e o controle do trânsito com órgãos responsáveis e o recolhimento de alimentos com o Banco de Alimentos.

Retorno filantrópico aos gaúchos

O evento é aberto a toda população, tendo entrada franca. São realizadas campanhas de arrecadação 1kg de alimentos não perecíveis em parceria com o Banco de Alimentos, sendo solicitada apenas a doação de 1kg de alimento por pessoa. Já foram doadas 49 toneladas de alimentos a diversas entidades beneficentes.




Os organizadores então em busca de patrocínios, com retorno em diversos níveis. Quem desejar estampar sua marca no evento, deverá contatar com:

ASSOCIAÇÃO DO FESTIVAL DO JAPÃO RS
 www.festivaldojapaors.com.br
contato@festivaldojapaors.com
festivaldojapaogramado
ANDRÉ KABUTOMORI
andrekabutomori@gmail.com
+55 11 95610-7971


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Manual de Sobrevivência do Eleitor - Como Escolher o Candidato Certo


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Imagem: Getty

Este ensaio é dedicado mais ao candidato que ao eleitor, ainda que o candidato também seja um eleitor, e como tal, não posso discriminá-lo. Assim, levarei ao meu leitor algumas observações que eu consideraria no momento em que eu tenho dois votos - Prefeito e Vereador, e desejo não desperdiçá-los por quatro longos anos, sem a possibilidade de tirar disso a melhor oportunidade para afinar a orquestra do próximo pleito.

1 - Não existe o "candidato certo", mas o candidato adequado à ocasião, ao cargo, ao momento, e disponível para ser votado. Assim, comece desde já a escanear (fazer uma varredura), passar um pente fino, nas opções disponíveis. Ah, ainda não começou a campanha, e nem todos estão homologados pelos partidos, certo? Errado! candidato que é candidato, já está em plena campanha. Você os identifica pela incomum amabilidade, por puxá-lo para um abraço, por perguntar sobre a família, a saúde da sua mãe, a próstata do seu pai, por abanar a cabeça do seu cãozinho, e em seguida esticar a mão para cumprimentá-lo. Assim, do nada, no vazio.

2 - Um provável candidato é aquele mocorongo que assoava o nariz na manga, peidava em público, mas hoje se veste com roupa de grife, usa tênis importado, se atrapalha no Galaxy Samsung de última geração, para anotar seu número, e fica enviando conselhos de almanaques com fundo da Madre teresa de Calcutá na sua timeline do Facebook, não sem antes curtir tudo e todos que passam pelo caminho. Fala de tudo, e de todos, fala mal do Bolsonaro, Fala mal do Lula, fala mal do Doria, fala mal do Trump, tudo ao mesmo tempo, apenas para mostrar que está em dia com o mundo e que conhece tudo sobre geopolítica internacional. Só não sabe o que isso significa. Mas depois que for eleito, vai contratar uma assessoria que o instrua nisso também.

3 - Outro tipo de candidato a candidato de fácil identificação é aquele que passa, de um instante a outro, a frequentar todas as missas, os cultos evangélicos, e compartilhar mantras. É o candidato a candidato eclético, embora também não saiba o que isso queira dizer. tanto faz. E olha que pode ser eleito.

4 - O candidato atleta não perde uma pelada, nenhum jogo de várzea, campeonato de bolão, vôlei, dominó, nada, nada. E patrocina as camisetas e bonés de um, e também o uniforme completo do grupo da terceira idade, apenas em troca de selfies com os macróbios. Fuja desse também. A não ser que seja você mesmo este candidato. Ainda assim, se puder, fuja, enquanto ainda dá tempo.

5 - Há o candidato frustrado com o jeito que vive, com o que ganha, com sua insignificância existencial. Assim, decide passar a frequentar reuniões políticas do bairro, e se assenta na primeira fila de reuniões do Partido. De todos os Partidos, até que seja percebido por um membro do Diretório e seja convidado a concorrer pelo partido. Aceita na hora, nem pensa duas vezes sobre o caso. E em seguida passa a ler tudo o que aparece de política, para situar-se na hora da campanha. Só não lê a cartilha do seu Partido, que precisa fazer esforço para lembrar qual seja. Aliás, esta é uma boa pergunta para ser feita à todos os candidatos: "Você conhece as diretrizes de seu Partido?" Ah, faça essa pergunta e você verá como fogem do seu território como se tivessem visto um fantasma. Aproveite a ideia e fuja deste também.

6 - O candidato chegou batendo palmas no portão da sua casa? Meta-lhe os cachorros imediatamente, pois só estranhos batem palmas à porta das pessoas. Quem conhece a sua casa e sua família, chama pelo nome de alguém da família, no mínimo.

7 - O candidato veio sozinho, ou no máximo com alguém do seu bairro, ou trouxe junto um pichurú de gente para bater retrato, catar pelos cantos uma criancinha para jogá-la ao colo e dê-lhe retrato, e outro em seguida com um galão de álcool para desinfetar as mãos, em nome da prevenção contra o Corona Virus? Corra o quanto puder. Não pare até que não veja senão a poeira da estrada atrás de si.
8 - O candidato já chegou na sua casa pedindo café? Biscoitos? Aquele torresminho amigo? Quem sabe a belezura queira ainda um pudim, melancia, salada de frutas? Ele vem pedir voto, apresentar suas propostas, ou encher o bandulho ás suas custas?

9 - Se você, candidato, se enquadra em algum destes itens, melhor rever seus métodos, pois estarei aqui para desnudar seus passos e produzir memes com seus deslizes. Sem falar mal de ninguém. Apenas mostrando que eu estava certo.

10 - E se mesmo assim, você votar nele, não vá descontar no Facebook, no Twitter, nas paredes de casas abandonadas,  nos muros a sua mágoa. Candidato com estes perfis que forem eleitos, merecem eles picharem o seu muro, beberem o teu café, comerem o teu pudim, e não levantarem a tampa do seu vaso quando forem mijar na sua privada; E se fizerem cocô, tomara que não desça, nem empurrando com garrafa de coca cola na ponta dum cabo de vassoura.



Você desapega do que é inútil?


Conhecido meu se desfez de um patrimônio considerável, doando a maior parte do que tinha em um lugar, para mudar radicalmente de vida. Para resgatar o relacionamento familiar. E neste esvaziamento patrimonial, desapegou-se de objetos que faziam parte de sua história, de suas vivências, de um testemunho de tudo quanto fizera ao longo de décadas, ou quase uma vida inteira. Desfez-se de um dia para outro, de coisas que antes considerava-as intocáveis, relíquias de memórias em três dimensões, que custaram uma pequena fortuna, mas mais que dinheiro, demandaram milhares de horas de envolvimento e fadiga.

De um dia para outro, esvaziou um passado de mais de meio século, para reconstruir um futuro absolutamente incerto e cheio de poréns, vírgulas, e "portantos". Ele fez isso, me acreditem. E não caiu uma única gota de lágrima. Não houve nenhum tipo de arrependimento. Não chorou o luto dos bens que se desfez e da solidão que lhe concedia liberdade. Nada disso trouxe qualquer tipo de arrependimento. Concedeu-lhe uma nova leitura, esta é a conclusão que chegou. Porque teve a ousadia de desapegar-se do que era inútil, e ocupando o vazio guardado para a releitura de sua vida. Desapegou-se, e ainda dormiu o sono dos justos, em paz. Fez, literalmente aquilo que Jesus disse que devia ser feito: deu mais da metade dos bens aos pobres. E não acha que tenha feito favor algum, pois se deu é porque tinha demais, guardou demais, comprou demais, gastou demais, e viveu menos do que deveria poder ter vivido.

Digo sempre que D-s  criou o Ser humano (e até a grande maioria dos animais) com os sentidos principais, direcionados ao futuro. Os olhos, a boca, o nariz, os ouvidos, os pés, os órgãos reprodutores, o sorriso, as lágrimas, tudo voltado para frente, para o amanhã, para a eternidade. O pouco que restou, voltado ao passado, é o excretor, o que esvazia a sujeira, o que é execrável, ainda que necessário, e muito necessário, porque promove o expurgo daquilo que deixou de ser útil. Somos, portanto, desenhados para o amanhã, com estrutura e massa para hoje ainda, mas nada que compense deve estar direcionado para o dia de ontem, por mais prazeroso que tenha sido. Somos o futuro que caminha sobre o presente, abandonando o passado.

O passado são as linhas tortas que foram endireitadas para que não perdêssemos o eixo da vida. As coisas inúteis e fúteis devem ficar no passado. A história é a única herança que nos deve restar, como ensinamento e identidade, mas jamais como depósito de entulhos que nos acorrenta no tempo. O passado é a dor, o presente, o lenitivo, e o amanhã o perfume. Sei que amanhã não me pertence, que ontem se foi, então é hoje que devo jogar no escuro as amarras do tempo. Desapegar do que é inútil. Reconstruir o que me torna vivo. Na terra é também assim. Rasga-se a terra com as plantas mortas e ervas daninhas, e semeia

Meu conhecido compreendeu isso, e caminha com uma tela em branco e um pincel sem tinta, redesenhando a vida em pinceladas que não serão guardadas, para que delas não sinta saudade. Saudade é, disse alguém, aquilo que fica daquilo que não ficou. Esperança é aquilo que precede, aquilo que virá, digo eu. Vida é isso. Vida são os passos dados com os pés voltados para frente, na direção do olhar, do perfume, da beleza das cores. Vida é o que acontece daqui por diante. No trato cm a terra acontece algo parecido. Rasga-se o chão, aterram-se as ervas daninhas, aduba-se o novo solo, e deitam-se as sementes para a nova safra, e o que nasce dali nada tem a ver com o que dali foi tirado. É assim que se renovam as coisas, é assim que se renova a vida.

O Amor na Política, faz sentido?


Afinal, o que é a política, senão a essência mesclada na expressão de poder, da sociedade em que se vive? Pode, no entanto,  o amor, um sentimento pessoal ou interpessoal, interferir no cotidiano coletivo de uma sociedade, de uma civilização? Onde fica este sentimento banalizado ou idolatrado, no trato com a coisa pública? Por que o político fala mais em realizações materiais, e poupa divagações que possam ser interpretadas como vazias, populistas, piegas, como falar em amor, por exemplo?

Creio que a resposta pode ser mais uma sequência de perguntas, que nem os próprios políticos sejam capazes de definir: Mencionar o amor como plataforma de uma campanha pode cair no ridículo, e ele ser tratado por doido, sonhador, vazio. Uma campanha política, pela natureza de sua tradição, deve contemplar elementos sólidos, e no máximo, ideológicos, posturais, pragmáticos, exequíveis. Então, ainda que imateriais, os movimentos políticos são sempre racionais, e o amor não é racional. Será? vamos entender o amor no seu significado através dos tempos.

Quando falamos de amor, tomamos como referência, não a palavra, mas o sentido dela, que se traduz, na maior parte das vezes por sentimento afetivo, por algo que proporcione prazer, e que, segundo o senso comum, proporcione recíproca, isto é, que saiba e possa devolver no mesmo grau de intensidade, o ato de afeto ao favorecido. Nessa leitura, quem recebe amor, torna-se devedor à quem dá esse amor. Então, na política, já há outro tipo de dívida entre eleitor e eleito, que não necessariamente implicam em sentimento de afeto. Assim,, se amor é gratidão, e gratidão é dívida do coração, há o agravante que o eleitor torne-se devedor ao eleito, quando o contrário deveria ser melhor empregado, mas sendo a eleição nada mais que a escolha dos representantes da coisa pública, que devem à si próprios o cuidado com aquilo que pertence a si próprios, compartilhada com os demais, e assim, não deveria ser visto como gratidão, nem de um lado, nem de outro, o ato de eleger-se alguém, mas apenas um cumprimento de rodízio de tarefas para os cuidados e a gestão da sociedade.

Se analisarmos o amor, a partir do idioma e do entendimento filosófico grego, fracionaremos o termo em quatro palavras: Eros, Fileos, Ágape, e Storge, onde Eros é o sentimento físico e afetivo de intensidade quase mensurável, entre um homem e uma mulher (hoje a sociedade exige que vá-se além disso, o que não é a pauta desta reflexão); o Fileos é o sentimento de irmãos, de amigos, de uma fraternidade ou grupo afim;  Ágape é o sentimento de bem querer universal, da humanidade, de D-s pelo Ser Humano, e vice versa, e por fim, Storge é aquele sentimento, necessidade do filho pela mãe. Isso era o amor na Grécia, e nenhum destes adjetivos complementares estava inserido no discurso da "Polis", da coisa pública. A República estabelecia normas e protocolos do homem e sua convivência social, mas afeto era algo desnecessário à causa social e dos negócios de estado.

É no judaísmo que iremos encontrar uma definição que se ajusta perfeitamente ao ideal do Homem Público (atenção analfabetos intelectuerdas: "Homem", no sentido antropológico): A palavra "Ahavá", que traduz-se por "Doar-se", comprometer-se, envolver-se. Então, aquilo que chamamos apenas, e para tudo, de "amor", que por pulverizar-se desta forma, se esvazia no excesso de conteúdo, e quando chega aos corações, pouco resta para o destino que deveria ser dado á palavra. Assim, no hebraico, a palavra Ahavá implica em uma doação contínua e se endereço pessoal, que pode ser aplicada à política, o genuíno ato de doar-se por outrem, esvaziar-se para preencher outro vazio, desprender-se do manto para que outro seja aquecido.

Amor deveria ser a regra de ouro da verdadeira política, e sendo um adjetivo, na ação torna-se um verbo, e de verbo passa a ser a ação por inteiro. Amar e promover amor não significa distribuir flores ou pegar criancinhas ao colo para ganhar o voto das mamães, mas prover às mamães que tenham segurança para que o colo dos filhos sejam pelo prazer e não pela defesa. Para que o prato à mesa seja farto, e nele nada falte, posto que divinamente distribuído. Para que o debate seja um digno espetáculo de propostas, e não um festival de pancadaria moral.

Amor na política faz com que a política seja mais política e menos os políticos. Mais a causa e menos o causador. Mais o povo e menos os que se valem do povo. Ou não?


quarta-feira, 4 de março de 2020

Tramela, Bago, e Jiringonça - Lorotas do Apolônio Lacerda)


Jiringonça era um faz-tudo, porque o próprio nome, apelido, ou título nobiliárquico assim o declarava. Mexia com geringonças e reciclados, e não raro, descobria um liquidificador descartado, cujo motorzinho ainda funcionava, e o transformava em um aparador de grama, ou ventilador de parede.
Tramela era outro gênio dos parafusos, e atendia à domicílio, consertando e instalando fechaduras. Habilidoso, era ele capaz de abrir um cadeado emperrado usando apenas um grampo de cabelo, e um tijolo grande. Com o grampo, ele furungava no buraquinho do cadeado, até ouvir um "clac", abrindo o emperrado. Já o tijolo, servia como banquinho. Nada mais.
O terceiro era o bago. bago não tinha nenhuma habilidade para inventar ou consertar nada, e nem precisava, pois o bago era o Bago e há quem, nesse mundão velho, não tenha ouvido falar do Bago? Não há. Você mesmo que lê isso, já ouviu falar do Bago. Se não agora, dentro de alguns minutos, sim. Bago não precisava de apresentações nem atributos, pois Bago era o atributo em pessoa, uma lenda viva, um ícone.

A afinidade dos três, era a ciência. Não a ciência em si, mas a pseudo-ciência, à qual chamavam de "Ciênciamento Periférico", ou uma gama de conhecimentos não avalizados pela ciência convencional, mas que preenchiam os vazios de entendimento que a própria ciência não explicava. Os paradoxos e os paradigmas da quadratura do círculo, ou dos triângulos de quatro lados, por exemplo, preenchiam grande parte do tempo de Tramela e Jiringonça, entre um martelinho com limão e uma isquinha de jiló, no boteco do Talarico, ao fim da tarde. Já o bago, meio torto, num tragoléu bagual, apenas arregalava os olhos inchados, coçava o rego, para depois cheirar, e ouvia a tudo em silêncio. Ele não duvidava de nada, não era incréu de coisa alguma, e meditava atentamente às conclusões dos companheiros, porque, na sua humildade, entendia não possuir argumentação suficiente para as vírgulas que se metesse de pato-a-ganso em debater com os rábulas. Ouvir era suficiente. Alimentava a alma e tinha-se na conta de feliz pelo conhecimento adquirido com os amigos, dos quais sentia muito orgulho.

Certa ocasião, a prosa enveredou para a ciência da mente, e Jiringonça explicou como funciona o entrelaçamento quântico dos neurônios, das sinapses, da transmutação e transubstanciação galática do microcosmos que comanda a mente humana. Gesticulava, desenhava com o dedo indicador, molhado em cachaça, no balcão do boteco, e um círculo de pessoas à sua volta nem respirava para ouvir o desfecho daquilo que era mais que uma aula: era um seminário de metapsicologia aneurísmica quântica que estavam tendo ali, ao vivo, com aquele sábio. Coisa pra contar aos netos em quinze gerações adiante, pensavam.

- O poder da mente é incalculável! - Dizia, gesticulando e girando o indicador, apontado para o alto, e acima da cabeça.
- Pelo poder da mente, podemos tudo e qualquer coisa. E vou dar um exemplo aqui e agora!
Dito isso, afastou com os dois braços, empurrando delicadamente para trás as pessoas, e fixou o olhar numa rosquinha que estava á mostra dentro do balcão, e misteriosamente: PUF! A rosquinha desapareceu, e ele lambeu os beiços. A seguir, para estupefação de todos, olhou para uma fatia de torta, e: PUFT! A torta desapareceu, mas deixou um resíduo no canto do beiço, que já lambia o restinho de glacê que ficara do lado de fora.
- Impressionante, berrou Bago, já entorpecido pela manguaça! Qualquer um pode fazer isso? - Perguntou.
- Certamente, respondeu Jiringonça! Tente você meu amigo!
Bago esfregou as mãos, e olhou atentamente para um imenso frango assado na assadeira giratória que estava na frente da porta, e: PUFT! Uma galinha a menos na máquina, e Bago, lambendo os beiços, chupando um ossinho, e batendo na pança. Continuou, olhou para uma imensa torta de chocolate sobre o balcão, e: CATAPAF! Em uma fração de segundos, a boca toda lambusada de merengue! Mas não ficou satisfeito, e foi descendo pro bucho uma Coca litrão, um bule de café, e uma salada de frutas, e seria maiss, se não tivesse passado na sua frente, Tetéu, a sobrinha do bodegueiro, moçoila casadoira, atenta à moda e bem empacotada, um pitéu, por assim dizer. Bago não teve timidez, e encarou a moça, de cima abaixou, tres vezes, e: CATAPIMBA! Caiu mortinho, esturricado, duro!

Foi aquele gritedo, aquele rebuliço no lugar, e veio correndo, o talarico, com uma toalha no ombro e perguntou o que havia acontecido. Quem respondeu foi o Tramela, que não tinha aberto a boca naquele dia:

-Também! O ôme bebe que nem um leitão, come que nem um avestruis, não deixa a bóia abaixar pra digestã (acentuou o "ã" final), e cai na esbórnia? Só podia dar nisso!







Falando mal da vida alheia - Faz bem difamar na política?

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Imagem: Pinterest

Politica é a arte de pecar em nome do povo.  Eu explico: existe uma expressão, com duas palavras, no idioma hebraico, chamada de "Lashon Hará", que se traduz por "Língua Viperina", ou "Língua maledicente".  É, na Torá (Pentateuco), o pecado passível de punição imediata, nos tempos bíblicos (e talvez ainda hoje, sob outro aspecto), com a lepra, não a hanseníase, conhecida hoje, mas uma espécie de psoríase, senão a própria, ou parecida, que deixava a pele totalmente branca, e a pessoa que cometia lashon hará somente era curada após confessar seus pecados, buscar arrependimento e pedir perdão às vítimas, e ter passado por uma quarentena de no mínimo uma semana, isolada do arraial, do convívio com a sociedade. Sabemos então, que o resultado imediato da língua venenosa, era o sofrimento como punição de quem o praticava, mas antes disso, a vítima também sofria os danos de uma língua incapaz de exercer seu livre e responsável arbítrio.
Lashon hará não era apenas mentir, mas falar com intenção destrutiva de alguém, ainda que o que fosse dito expressasse a verdade. Não era o mesmo que fazer ou promover justiça, pois a justiça, em caso de contenda, era invocada por intermediação de um juiz, que aplicava as sanções correspondentes ao malfeito, na proporção do reparo do dano causado, e nada mais além disso.

Na política, a língua venenosa é uma instituição, ao ver de muitos, necessária ao bom desempenho nas urnas, pois ela arvora-se a responsabilidade de espalhar as interpretações dos erros alheios (nem estou falando de mentiras, pois estas tem legislação própria, de injúria e difamação, que levam à punição dos faltosos por regras prescritas na Lei do país), sob a invocação do alerta ao eleitor sobre seus oponentes, e na esperança (ou certeza) de que eles possam de um lado, julgar, condenar, e punir os denunciados, negando-lhes o necessário voto, já por outro lado, dando ao delator o benefício do voto retirado do delatado.

É assim, sempre foi assim, e sempre será assim, que se faz campanha: falando mal dos outros. Triste sociedade que clama por justiça e justeza no trato com as coisas públicas, mas abre a válvula de despressurização do ódio guardado, para vociferar nas campanhas, destruindo com os pés e a língua o que de bom possa restar nos candidatos, e estes, fazendo o mesmo contra seus adversários.

Trata-se portanto de completa hipocrisia, você eleitor, não apenas aderir à injúria contra quem se opõe ao que o seu candidato propõe, como ainda participar, avantajar, compartilhar, pisotear, nas ideias e mesmo nos erros de quem está listado fora de seus planos de escolha.

Quais critérios posso observar diante da necessidade de definir minhas escolhas, se todos falam mal de todos, em lugar de concentrar-se nas propostas que precisa apresentar? Fazer ouvidos de mercador! É isso que procuro fazer nas minhas escolhas. Só que nem sempre fui assim, é claro. Eu também já interpretei em algum tempo, a necessidade de derrubar uma casa para construir outra no mesmo lugar, ainda que sabendo que um dia esta mesma casa poderia ser derrubada, no momento em que eu agisse da mesma forma.

O caráter é uma casa, e o uso do caráter para filtrar as minhas ações é uma casa de portas abertas, por onde tudo o que sai, também pode entrar. Assim, se meus convidados forem a justiça, a verdade, o altruísmo, o bem olhar ao que é do outro, ainda que diferente de mim, minhas atitudes serão pautadas pela edificação deste bom caráter, e a edificação de um bom caráter passa pelo olhar nobre que tenho em relação ao outro.

Desta forme, sim, é possível ser eleito sem precisar lavar a boca com sabão, ao final da campanha. É possível atravessar uma campanha se precisar atravessar a rua, evitando encontrar quem eu usei o pescoço para subir. É possível ser ético e político ao mesmo tempo. É possível sobreviver á língua venenosa, e evitar a peçonha, a nossa própria peçonha, a mais venenosa de todas.

Ainda acredito que seja possível que um candidato tenha mais propostas a realizar do que maldades à delatar de seu oponente. Acredito que se há um malfeito público, deva ser denunciado á justiça, e não, grupos de whatsapp não substituem o rito de julgamento justo, onde quer que seja, e seja o que for o crime cometido. Ainda acredito que existam candidatos com civilidade e dignidade capazes de confrontar ideias com propostas e não com cortina de fumaça, que escondem sua insignificância política.

terça-feira, 3 de março de 2020

Benício e Gabriela - Capítulo 3 - O Rito



O Superintendente Laerte era um homem amável, e ao mesmo tempo firme. Era um pouco gordo, e caminhava com passos resolutos de quem era acostumado a exercer autoridade onde quer que estivesse. Seu óculos redondo, tipo casco de tartaruga viviam engordurados, o que o fazia constantemente limpá-los com um lenço de seda bordado com suas iniciais: LPR (Larte Perez Ramires). Grossas sobrancelhas emolduravam os olhos, e uma calva adentrava pelo crânio lustroso e branco. Sabia tratar com as pessoas, e as examinava com olhar curioso, sorrindo com o olhar, enquanto rabiscava à lábis em um bloco de papel. Escrevia nomes, anotava palavras, reforçava uma e outra letra ou palavra, e girava na cadeira com envelhecidos estofados de couro.
- Você sabe porque está aqui, não sabe, rapaz?
- Penso que sei, senhor!  Recebi uma promoção e devo ser treinado para exercer a nova função. Estou certo, senhor?
Larte riu e olhou sobre os óculos engordurados.
- Passou perto, rapaz. Sim, você recebeu a promoção, e será treinado, mas não apenas para as vendas, como te falaram, e seu treinamento vai muito além disso. Você foi avaliado durante muito tempo, e seu comportamento, principalmente, pesou em seu favor, e você foi um dos selecionados...
- Há mais candidatos, senhor? - Perguntou, surpreso Benício.
-Esta informação deve ser confidencial, rapaz. Sim, há outros, mas não direi mais nada. Contente-se em ser um deles.
- Obrigado, senhor! Não perguntarei mais nada.
- Você será encaminhado à sala de reuniões agora. Vá. Conversaremos mais tarde.

Um corredor mal iluminado serpenteava a planta do pavilhão, com uma sequência de portas de madeira. Em cada porta, havia uma pequena placa indicativa, com apenas números. Ao final, na porta número doze, havia uma placa que dizia: Auditório B. Entraram ali. Era a sala de reuniões. Uma grande mesa retangular estava meticulosamente organizada, com dez cadeiras, sendo quatro cadeiras de cada lado, e uma cadeira em cada ponta da mesa. Em cada lugar, havia um livro com capa de couro aveludado preto, e na capa, uma estampa de um monograma, que se assemelhava ao alfabeto hebraico, a letra "Záin", equivalente à sétima letra em sequencia, Vav", que simboliza a comunicação. Por fim, o livro da ponta oposta, estampava em cor de prata, a letra hebraica Tzadik, que simboliza "Justo".
e que simboliza a "Sétima Dimensão. Era isso que explicava a nota de abertura do livro, logo à primeira página. O livro das pontas tinha a capa semelhante, mas na cor vermelha, e ambos tinham caracteres diferentes estampados. O livro da ponta frontal, em relação ao observador que entra, estampava a letra " Tzadic" - Justo.
Todas as cadeiras eram formais, lisas, sem ornamentos, e estavam cobertas por uma capa de veludo de cor azul intenso, que iam até o chão, como mantos refinados.
Um perfume de Sândalo tomava conta do ambiente, e um silêncio ensurdecia a sala, ouvindo-se apenas o ritmado compasso do coração acelerado de todos os convidados. Benício era um convidado, e embora estivesse preparado para absorver cada palavra do que ali seria ensinado, não era sem uma forte expectativa que procurava o seu lugar à mesa, onde pequeninas placas de metal gravado indicava onde cada um deles deveria assentar-se. Foi bem mais tarde que descobriram que seus lugares à mesa seguiam ordem alfabética e cronológica, Assim, Benício assentava-se ao lado de Alexander, e precedia Daniel, Francis, e assim por diante.

Um pequenino sino de prata anunciava a chegada do Presidente da corporação, ladeado pelo superintendente Laerte, e a assistente Noemi. Naturalmente que conto de maneira coloquial, mas naquele ambiente, eram: Digníssimo Senhor Presidente, Finéas de Albuquerque Medeiros; Senhor Laerte de Alvarenga Peixoto; e Senhorita Noemi Steinberg. Não eram apenas estes que eram tratados por esta formalidade. Também os convidados, eram tratados por: "Senhores", "Mui Dignos", etc.

- Cavalheiros. eminentes convidados, eu vos apresento o Digníssimo Senhor Doutor Finéas de Albuquerque Medeiros, Diretor geral da Corporação "Capello ", que fará a abertura os trabalhos. Todos de pé, por gentileza, para entoarmos o Hino da Pátria.
Nesse instante, entra um quarteto de cordas para tocar o hino, enquanto dos cantam. Benício canta também. Ainda bem que sabia o hino de memória.

Aquilo tudo, aquele ritual, era muito novo para Benício. Era muito novo para todos, devo dizer. E digo ainda que, se não estivesse aquilo acontecendo na sua frente, consigo mesmo, ele não poderia acreditar, se ouvisse contar. Era muito bizarro, às vezes escapulia um pensamento desse tipo, que era logo dissipado pelo senso ético e de gratidão que preenchia sua mente. Mas ele tinha que ser sincero consigo mesmo: Aquilo mais parecia um rito secreto do que uma reunião de treinamento para sua nova função. Parecia uma fraternidade, isso o fazia tremer, porém era um caminho sem volta, e não havia até aqui nenhum motivo para que de fato voltasse atrás, e também porque, parecia isso á ele, que retroceder seria fatal para seu emprego, o emprego de sua esposa, e para a sua permanência naquele lugar.
A sineta toca novamente, e a um gesto e mão de Noemi, todos se assentam. Em seguida, entram os copeiros, elegantemente uniformizados, com bandejas, travessa e taças, e um a um, recebem seus pratos, talheres, copos, e uma refeição à base de vegetais, saborosamente perfumados, começa a ser servida, um a um. O Presidente ergue as mãos, faz uma prece, e deseja bom a petite à todos, que começam a devorar os alimentos comandados pela gula, uma vez que recém levantaram do refeitório, onde tomaram o desjejum, como faziam todos os dias, com exceção da sala onde comeram, que era isolada do grande salão de refeições dos empregados da fábrica. A comida, porém, era a mesma, de boa qualidade.
Apenas Benício não comia nada. Delicadamente tomou um suco de laranja que fora servido, e observava à todos, tentando entender o sentido do que estava acontecendo. Tinha perguntas, que não ousava fazê-las, senão aos seus próprios pensamentos:
- Qual a razão daquele ritual?
- Por que foram convidados a comer uma segunda vez, se haviam saciado a fome poucos minutos antes:
- Quem eram aquelas pessoas, e por que era necessária aquela pompa toda?
Seus pensamentos foram cortados ao meio pela voz de Noemi, que agradece pela presença de todos, e declara encerrada a reunião. Todos foram dispensados para voltarem às suas casas, e retornarem à fábrica no dia seguinte.
- Não esqueçam de apanharem os livros à sua frente, e ao lado há um estojo com uma caneta-tinteiro para cada um. A tarefa será escreverem três páginas no livro, com páginas em branco, e trazê-las consigo no dia seguinte. Sugerimos que caminhem pelos lugares onde se sintam bem, e escrevam suas impressões sobre o que irão encontrar. Bom dia à todos!

Continua.......






domingo, 1 de março de 2020

Em quem eu não votaria de jeito nenhum


É muito óbvio que não sou irresponsável em dar nomes. isso seria uma bofetada em mim mesmo. Isso eu não faço. Porém,eu direi por metáforas, por desenvolvimento de ideias, quem não receberia meu voto, caso eu votasse em algum lugar.

Vamos ao caso. Eu não votaria em quem trata pessoas como coisas, e coisas como preciosidades em uma administração. Eu não votaria em quem dá mais valor à impostos e taxas do que à memória das pessoas, porque memórias, já diz o nome, é de pessoas, de vidas, e não de coisas, pois mesmo que você entre em um museu, e ali encontre coisas, estas coisas pertenceram à pessoas, e estas pessoas são vivas na memória de quem as sucedeu. Assim, ainda que sejam lembradas por coisas, serão coisas de estima de pessoas, e pessoas precedem as coisas.

Eu não votaria em quem ama mais o cargo do que quem o possa ascender à ele. Eu não votaria em quem acha que política seja um feudo onde apenas os fortes podem dominar. Não acho que alguém deva dominar, e muito menos ser dominado. Não acho que força sirva para dominar, mas para amparar. Não acho que tratar pessoas como bois de canga seja o modo de governar, nem acho mesmo que bois devam receber jugo, muito menos pessoas serem subjugadas.

Eu não votaria em quem não tenha olhos para ver coisas louváveis no adversário, nem palavras gentis para descrever quem é seu oponente. Eu não votaria em quem seja agressivo ao falar, porque odeio violência, e espinho na voz é chibata nas mãos. Eu não votaria em quem faz da chibata seu instrumento de persuasão.

Eu não votaria em quem usa a primeira pessoa do singular  com mais frequência do que a primeira pessoa do plural. Eu não votaria em quem faz da política uma carreira, uma profissão, e não uma oportunidade de servir, de ensinar, de liderar, de promover pessoas, e não servir-se delas para promover a si próprio. Eu não votaria em quem levanta a voz, senão para cantar. Eu não votaria de modo algum.

Eu não votaria em quem manipula, em quem não contribui para  o bem estar do povo, seja no poder ou fora dele. Eu não votaria em quem troca abraço por cimento e ferro. Eu não votaria.  De modo algum, eu votaria em alguém assim.

Eu não votaria em quem acomodasse os compadres políticos por mérito de campanha, ocupando funções importantes para a administração, mas que servem apenas como espiões para levarem intrigas entre servidores antigos, ou simpatizantes do oponente vencido.

Felizmente, estou falando de um candidato fantasma, que não existe. É só pra deixar o leitor atento. Só por isso.


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As "Marionetes" das campanhas eleitorais - A "compra de votos", e Como fugir das armadilhas nas eleições

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Imagem: internet
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Parece que irei me repetir, ao falar sobre as alfinetadas, marretadas e luvas de pelica na política, e aqui detenho-me à política gramadense, que é a que melhor conheço, embora talvez não seja a melhor, reconheço. Mas procurarei ser original, o tanto quanto seja possível, apesar de estar tratando do Ser Humano, esse monte de barro, que pensa que pensa, completamente previsível, dia e noite, no seco ou no molhado. Sim, falarei disso, mas falarei exatamente de quem querem que se comporte dessa maneira e desfiar barbáries em nome da Democracia, eleitor: Você!

Como funciona uma campanha eleitoral?
Bem, há dois modos de responder isso: Do modo certo, ou do modo que funciona. E qual é o modo que funciona? Isso eu já ensinava em desenho de perspectiva. Eu era aquele professor que rasgava os protocolos e ia direto ao ponto. No caso, ao ponto de fuga, e aqui, ao ponto de encontro, o quiasmo de um módulo de convicção de prosélitos através da argumentação, ou, como muitos preferem, um atalho mais curto e perigoso, o da masturbação ególatra. O método é alisar um prosélito até que ele ejacule a própria estupidez, e não apenas vote em tais candidatos, como ainda saia feito louco,  espumando pelo canto da boca, berrando aos quatro cantos da terra, em busca de mais estúpidos, que votem em seu novo deus. E porque, pra que fazem isso? cargos! Emprego, nem tão bem remunerado que valha a pena das amizades que perdeu, das pauladas que tomou, das chacotas que suportou pelo seu candidato. Achou exagero, caro leitor, cheirosa leitora? Não é exatamente assim que acontece até mesmo com pessoas próximas de você? (Não vou citá-los, porque meus leitores não são estúpidos. Meus leitores não são massa de manobra, bonecos dançantes de borracharia, vaquinhas de presépio. Meus leitores raciocinam, mesmo porque eu escrevo difícil, para que raciocinem mesmo. Coloco palavras difíceis, rebuscadas ou refinadas, extra vernaculares, para que interrompam a linha de leitura corrida e retomem a pensar no sentido do que eu escrevo, pensarem no que eu quis realmente dizer.

Primeiro, constroem-se bases de manipulação. Você, eleitor, é instado a filiar-se aos partidos ainda antes da campanha começar. E por que fazem isso? Fazem nitidamente para expô-los publicamente ao compromisso de não terem a opção de refletirem sobre todas as opções que poder]ao surgir durante a campanha. Você agora filiou-se, e terá que, por compromisso partidário, venerar seus candidatos, criar vínculos com estranhos a quem nunca viu antes, abraçar quem te sacaneou nos negócios, isso porque agora você perde a sua identidade e torna-se o zumbi dos Partidos. Você deve obedecer ao comando dos estatutos e quem interpreta estes comandos, e os direciona á você, são os que o abraçam, dão tapinhas nas costas, inflam seu ego, elogiam seus talentos, e imediatamente viram as costas parque há outros na fila para receberem os cafunés, porque a fila da estupidez dá a volta na esquina.

Você é cooptado a participar de comitês. Chamam você para rodas de conversa, para "ouvirem suas opiniões", quando na verdade querem apenas sua presença e comprometimento antecipado, para fortalecerem suas estatísticas e planejamento dos passos seguintes. A honestidade do eleitor é sua ruína também. Mas, nos últimos anos isso tem mudado. Os estrategistas descobriram um modo de enganar as pesquisas, e todos os institutos falharam, um após o outro. Então, quando uma pesquisa é publicada, acreditem em mim, há uma forte possibilidade de que seja distorcida, para motivar os indecisos. Estes, porém, ainda são a parte mais sensível e confiável de uma campanha. É com estes que eu falo.

Os indecisos não participam de reuniões e comícios, que aliás, com o advento das comunicações e redes sociais, comício é a parte mais inútil de uma campanha, pois só frequentam comícios os simpatizantes dos candidatos e partidos que os organizam, e alguns infiltrados dos oponentes. Ninguém mais. Comício é para fazer barulho, igual ao rufar dos tambores anunciando os ataques. Comícios, passeatas, caminhadas, carreatas, foguetórios (que felizmente o bom senso proibiu o uso de fogos barulhentos em Gramado), mas nada disso traz votos. O que traz voto mesmo é a convicção do eleitor, e o que decide uma eleição tão igualitária como tem em Gramado, é a falta de perspectiva ou opções para os indiferentes, que ou votam ao acaso, ou anulam seus votos, ou votam em branco.

Então, já que é tão complicado conseguir votos, como fazem para conseguirem o seu voto?
Estamos atravessando a fronteira da ética, da informação, do voto consciente.  Certo, então vamos pensar que todos os políticos são indecentes? De modo algum! Só os imprestáveis! Mas como descobrí-los? Aqui está uma coisa que vai incomodar o meu leitor, quando eu revelar. Vai incomodar, e também confortar aos que primam pela seriedade: A compra de votos!

Eis o título deste ensaio:
"As "Marionetes" das campanhas eleitorais - A "compra de votos", e Como fugir das armadilhas nas eleições".

Você realmente acha que eu vou enumerar políticos que compram votos? Errou feito. Não vou, simplesmente porque, embora tenha ouvido falar que existam, e não duvido disso, vou falar dos eleitores que tentam comprar votos dos candidatos. Isso mesmo!

Vou revelar o que vi em campanhas ao longo de minha participação nas mesmas: Enorme quantidade de eleitores que descaradamente, enviavam mensagens, bilhetes, recados, oferecendo votos por valores específicos, em troca de azulejos de banheiro, tratamento dentário, tijolos, cobertura de puxadinhos, e até alguns mais ousados. E se testemunho que vi isso ser pedido, testemunho da mesma forma que jamais vi decisão que favorecesse esse tipo de procedimento. Então, por que conto isso? Para demonstrar que se há políticos que não nos representam, é porque talvez representes tais eleitores. Vai saber?  Aí então, quem tem moral para cobrar seriedade de alguém, quando já chega rindo naquilo que deveria chorar ao desnudar a verdade?

Você, eleitor, leitor, leitora e eleitora, representa os olhos, os braços, os ouvidos e os ágeis pés da verdade, e a quando a verdade abraça o povo, acontece o milagre da Democracia. Daqui por diante, suas crianças serão beijadas, ganharão colo, suas costas criarão calo de tantos tapinhas, você saberá que não tem tempo feio para ortodontistas, que capricharam nas porcelanas para que você receba mais sorrisos, e os aviários já começam a estocar frangos para as galinhadas diárias da campanha.

Talvez eu nem deva mencionar que a campanha tem espasmos, altos e baixos, onde notícias implantadas levantas fofocas, ilações, e desviam a atenção quando determinado candidato se encontra na dianteira. Amantes, orgias, fraudes, podem ser criadas neste tempo, não porque isso vá machucar a moral de candidatos, mas para que você fique completamente confuso, e entre um e outro, escolha o que faz doer menos.

Se tenho um conselho? Lógico que tenho! Escolha propostas, veja quem são as companhias destes candidatos, veja com quem se aliarão e como se alinharão durante a campanha. Avalie quem gastará seus ouvidos com sujeiras do adversário, e quem irá otimizar o tempo e a campanha em oferecer propostas vencedoras para Gramado, e não dê atenção às hienas periféricas com golpes baixos. Não cobre dos políticos a verdade, cobre de você mesmo. Promova a verdade. Corra atrás da verdade. Vivencie a verdade, e vote em paz.

Envie para este blog tudo o que encontrar travando a verdade. Somos parceiros. Sem tapinhas nas costas.
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804 - O Número do Senhor X (Decifre isso)

  804 – Reflexões sobre um Plano Silencioso Introdução: Nem toda mudança começa com uma revolução. Às vezes, ela começa com um número. 80...