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sexta-feira, 6 de março de 2020

Preguiça mental, o tempo, e a verdade - Porque eu escrevo e porque muitos leem o que eu escrevo




Às vezes faz-se conveniente, o inconveniente de justificar o que se faz, para que, uma vez feito, torne-se compreensível e justificável. De tudo o que eu tenho escrito e publicado (e olha que lá se vão mais de mil ensaios em três anos, apenas no Blog), até a presente edição, não recebi nenhuma contestação ou corrigenda ética de nada que eu escrevi, com exceção de deslizes de digitação, ou alguma eventual concordância que passou batido, nenhuma expressão, ainda que mais contundente, foi rebatida na condição de infame. nenhuma. Isso deve-se principalmente à postura que mantenho, intrínseca, que torna desnecessário o patrulhamento vernacular ou ético, uma vez que esteja contido em essência e não como cosmético no meu modo de ser, falar ou escrever. Uso meu livre arbítrio com responsabilidade para que não me sobrepuje nenhuma arbitrariedade por algum mal feito. Simples assim.

Muito do que eu escrevo é de difícil interpretação para quem usa leitura dinâmica, para quem fotografa mentalmente um quadro de texto, e insere no subconsciente algumas palavras-chave, e destas, formula sua linha de raciocínio dentro daquilo que eu escrevi. Porém, quando chegam na metade do texto, e descobrem nele alguma relevância lógica, percebem que precisam retomar a leitura desde o início, palavra por palavra, vírgula por vírgula, e assim seguem até a última sílaba, voltando, relendo, estruturando sua linha de pensamento, que, por estas sortes que a gente tem na vida, acaba sendo bastante parecida com minha própria forma de pensar e colocar as coisas.

Há porém os que reclamam do tamanho dos meus textos, e ameaçam mesmo que não irão mais ler o que eu escrevo, se eu não mudar minha forma de escrever. ora! Se eu não fosse eu, não escreveria desta forma, pois para mim, escrever não é fazer relatório.

Meus temas vão muito além de relatar, contar os fatos, pois eu não faço jornalismo e sim análise dos fatos que o jornalismo publica. Enquanto o jornalismo convencional informa que choveu, eu quero saber como as pessoas se comportam, como percebem a chuva, como convivem com a água que cai do céu, como sobem ou descem o morro e o que pensam enquanto sobem e descem o morro, apesar da chuva. Eu sou o sujeito que, insatisfeito em beber a água do coco, quero saber como ela foi parar lá dentro. Então, eu escrevo para todos, mas sei que o meu universo dos "todos" é fracionado entre os que muito leem, os que pouco leem, os que leem títulos e correm para as imagens, e aquelas que nem sabem o que significa uma interpretação de texto.

O que eu escrevo é para as pessoas que caminham além do horizonte, e não acham que montanha seja obstáculo, mas oportunidade de ver o mundo lá do alto. Escrevo para os que desejam mudar a sociedade, e construírem uma civilização, mas sabem que apenas olhando a chuva nada poderão fazer quando vierem as tempestades.

Então, eu não escrevo muito. São eles quem conseguem ler pouco, e entenderem menos ainda.  Não se compreende o conteúdo de um livro pelo título da capa impresso em letras douradas. Eu escrevo para que se montem bibliotecas e não tirinhas de almanaques. Escrevo pela ânsia de cumprir o mandamento bíblico de buscar a Sabedoria onde quer que ela esteja. E se ainda não a tenho, muito a desejo. Por isso eu escrevo do jeito que escrevo. para aprender com meus erros de sintaxe, e corrigi-los, se for possível.


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