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Imagem: Pinterest
Politica é a arte de pecar em nome do povo. Eu explico: existe uma expressão, com duas palavras, no idioma hebraico, chamada de "Lashon Hará", que se traduz por "Língua Viperina", ou "Língua maledicente". É, na Torá (Pentateuco), o pecado passível de punição imediata, nos tempos bíblicos (e talvez ainda hoje, sob outro aspecto), com a lepra, não a hanseníase, conhecida hoje, mas uma espécie de psoríase, senão a própria, ou parecida, que deixava a pele totalmente branca, e a pessoa que cometia lashon hará somente era curada após confessar seus pecados, buscar arrependimento e pedir perdão às vítimas, e ter passado por uma quarentena de no mínimo uma semana, isolada do arraial, do convívio com a sociedade. Sabemos então, que o resultado imediato da língua venenosa, era o sofrimento como punição de quem o praticava, mas antes disso, a vítima também sofria os danos de uma língua incapaz de exercer seu livre e responsável arbítrio.
Lashon hará não era apenas mentir, mas falar com intenção destrutiva de alguém, ainda que o que fosse dito expressasse a verdade. Não era o mesmo que fazer ou promover justiça, pois a justiça, em caso de contenda, era invocada por intermediação de um juiz, que aplicava as sanções correspondentes ao malfeito, na proporção do reparo do dano causado, e nada mais além disso.
Na política, a língua venenosa é uma instituição, ao ver de muitos, necessária ao bom desempenho nas urnas, pois ela arvora-se a responsabilidade de espalhar as interpretações dos erros alheios (nem estou falando de mentiras, pois estas tem legislação própria, de injúria e difamação, que levam à punição dos faltosos por regras prescritas na Lei do país), sob a invocação do alerta ao eleitor sobre seus oponentes, e na esperança (ou certeza) de que eles possam de um lado, julgar, condenar, e punir os denunciados, negando-lhes o necessário voto, já por outro lado, dando ao delator o benefício do voto retirado do delatado.
É assim, sempre foi assim, e sempre será assim, que se faz campanha: falando mal dos outros. Triste sociedade que clama por justiça e justeza no trato com as coisas públicas, mas abre a válvula de despressurização do ódio guardado, para vociferar nas campanhas, destruindo com os pés e a língua o que de bom possa restar nos candidatos, e estes, fazendo o mesmo contra seus adversários.
Trata-se portanto de completa hipocrisia, você eleitor, não apenas aderir à injúria contra quem se opõe ao que o seu candidato propõe, como ainda participar, avantajar, compartilhar, pisotear, nas ideias e mesmo nos erros de quem está listado fora de seus planos de escolha.
Quais critérios posso observar diante da necessidade de definir minhas escolhas, se todos falam mal de todos, em lugar de concentrar-se nas propostas que precisa apresentar? Fazer ouvidos de mercador! É isso que procuro fazer nas minhas escolhas. Só que nem sempre fui assim, é claro. Eu também já interpretei em algum tempo, a necessidade de derrubar uma casa para construir outra no mesmo lugar, ainda que sabendo que um dia esta mesma casa poderia ser derrubada, no momento em que eu agisse da mesma forma.
O caráter é uma casa, e o uso do caráter para filtrar as minhas ações é uma casa de portas abertas, por onde tudo o que sai, também pode entrar. Assim, se meus convidados forem a justiça, a verdade, o altruísmo, o bem olhar ao que é do outro, ainda que diferente de mim, minhas atitudes serão pautadas pela edificação deste bom caráter, e a edificação de um bom caráter passa pelo olhar nobre que tenho em relação ao outro.
Desta forme, sim, é possível ser eleito sem precisar lavar a boca com sabão, ao final da campanha. É possível atravessar uma campanha se precisar atravessar a rua, evitando encontrar quem eu usei o pescoço para subir. É possível ser ético e político ao mesmo tempo. É possível sobreviver á língua venenosa, e evitar a peçonha, a nossa própria peçonha, a mais venenosa de todas.
Ainda acredito que seja possível que um candidato tenha mais propostas a realizar do que maldades à delatar de seu oponente. Acredito que se há um malfeito público, deva ser denunciado á justiça, e não, grupos de whatsapp não substituem o rito de julgamento justo, onde quer que seja, e seja o que for o crime cometido. Ainda acredito que existam candidatos com civilidade e dignidade capazes de confrontar ideias com propostas e não com cortina de fumaça, que escondem sua insignificância política.
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Politica é a arte de pecar em nome do povo. Eu explico: existe uma expressão, com duas palavras, no idioma hebraico, chamada de "Lashon Hará", que se traduz por "Língua Viperina", ou "Língua maledicente". É, na Torá (Pentateuco), o pecado passível de punição imediata, nos tempos bíblicos (e talvez ainda hoje, sob outro aspecto), com a lepra, não a hanseníase, conhecida hoje, mas uma espécie de psoríase, senão a própria, ou parecida, que deixava a pele totalmente branca, e a pessoa que cometia lashon hará somente era curada após confessar seus pecados, buscar arrependimento e pedir perdão às vítimas, e ter passado por uma quarentena de no mínimo uma semana, isolada do arraial, do convívio com a sociedade. Sabemos então, que o resultado imediato da língua venenosa, era o sofrimento como punição de quem o praticava, mas antes disso, a vítima também sofria os danos de uma língua incapaz de exercer seu livre e responsável arbítrio.
Lashon hará não era apenas mentir, mas falar com intenção destrutiva de alguém, ainda que o que fosse dito expressasse a verdade. Não era o mesmo que fazer ou promover justiça, pois a justiça, em caso de contenda, era invocada por intermediação de um juiz, que aplicava as sanções correspondentes ao malfeito, na proporção do reparo do dano causado, e nada mais além disso.
Na política, a língua venenosa é uma instituição, ao ver de muitos, necessária ao bom desempenho nas urnas, pois ela arvora-se a responsabilidade de espalhar as interpretações dos erros alheios (nem estou falando de mentiras, pois estas tem legislação própria, de injúria e difamação, que levam à punição dos faltosos por regras prescritas na Lei do país), sob a invocação do alerta ao eleitor sobre seus oponentes, e na esperança (ou certeza) de que eles possam de um lado, julgar, condenar, e punir os denunciados, negando-lhes o necessário voto, já por outro lado, dando ao delator o benefício do voto retirado do delatado.
É assim, sempre foi assim, e sempre será assim, que se faz campanha: falando mal dos outros. Triste sociedade que clama por justiça e justeza no trato com as coisas públicas, mas abre a válvula de despressurização do ódio guardado, para vociferar nas campanhas, destruindo com os pés e a língua o que de bom possa restar nos candidatos, e estes, fazendo o mesmo contra seus adversários.
Trata-se portanto de completa hipocrisia, você eleitor, não apenas aderir à injúria contra quem se opõe ao que o seu candidato propõe, como ainda participar, avantajar, compartilhar, pisotear, nas ideias e mesmo nos erros de quem está listado fora de seus planos de escolha.
Quais critérios posso observar diante da necessidade de definir minhas escolhas, se todos falam mal de todos, em lugar de concentrar-se nas propostas que precisa apresentar? Fazer ouvidos de mercador! É isso que procuro fazer nas minhas escolhas. Só que nem sempre fui assim, é claro. Eu também já interpretei em algum tempo, a necessidade de derrubar uma casa para construir outra no mesmo lugar, ainda que sabendo que um dia esta mesma casa poderia ser derrubada, no momento em que eu agisse da mesma forma.
O caráter é uma casa, e o uso do caráter para filtrar as minhas ações é uma casa de portas abertas, por onde tudo o que sai, também pode entrar. Assim, se meus convidados forem a justiça, a verdade, o altruísmo, o bem olhar ao que é do outro, ainda que diferente de mim, minhas atitudes serão pautadas pela edificação deste bom caráter, e a edificação de um bom caráter passa pelo olhar nobre que tenho em relação ao outro.
Desta forme, sim, é possível ser eleito sem precisar lavar a boca com sabão, ao final da campanha. É possível atravessar uma campanha se precisar atravessar a rua, evitando encontrar quem eu usei o pescoço para subir. É possível ser ético e político ao mesmo tempo. É possível sobreviver á língua venenosa, e evitar a peçonha, a nossa própria peçonha, a mais venenosa de todas.
Ainda acredito que seja possível que um candidato tenha mais propostas a realizar do que maldades à delatar de seu oponente. Acredito que se há um malfeito público, deva ser denunciado á justiça, e não, grupos de whatsapp não substituem o rito de julgamento justo, onde quer que seja, e seja o que for o crime cometido. Ainda acredito que existam candidatos com civilidade e dignidade capazes de confrontar ideias com propostas e não com cortina de fumaça, que escondem sua insignificância política.
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