AD SENSE

sexta-feira, 3 de março de 2017

PP de Gramado jogando a toalha?



Os rumores prenunciam os fatos. Onde tem fumaça tem fogo. Eu poderia citar muitos comparativos que deem um comparativo ao que prenunciam os ventos advindos dos corredores do PP, onde os fantasmas acordaram e as correntes não deixam ninguém dormir no castelo.

O Presidente da Câmara demite a Procuradora, causando um rebuliço e revolta sem tamanho entre seus pares. Vereadores se digladiam entre si dentro do próprio Partido. Não existe um caminho comum, uma estratégia, um entendimento, entre os partidários, especialmente os vereadores, que em teoria, deveriam representar metade dos eleitores de Gramado, menos sessenta e dois votos. Mas não é o que está acontecendo.

Ao que se comenta nos bastidores, não existe mais diálogo entre tais vereadores.Não vou citar nome, porque não tenho interesse, até porque nem todos os vereadores envolvidos, mesmo tendo sido procurados, quiseram se manifestar. Direito respeitado. mas também direito respeitado do eleitor, do militante que sofreu na derrota, e que esperava do seu representante uma postura digna de abraçar a causa que prometeu em campanha. Mas que causa? De fato, quais vereadores ofereceram causa alguma, exceto a de continuar no passo que já vinham andando? e depois se chateiam quando são chamados de continuístas, interesseiros. Não os chamo de nenhum adjetivo. Apenas analiso sua postura acovardada e mesquinha, brigando por motivos estúpidos e se curvando ao acaso das propostas que poderão surgir do Executivo.
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Certamente não há nenhuma necessidade de ter algum tipo de inteligência no Executivo, em confrontar ideias e atitudes de sua oposição fraca, pífia, enfadonha. Aliás, enfadonha não é, uma oposição que tropeça nos próprios passos em salão sem percalços, é risível, pândega, pobre.

Fedoca não parou de vencer. Continua vencendo a cada trapalhada que cometem seus opositores. E ri-se disso. E rindo-se disso, ri-se ainda mais do povo, que não tem mais voz no comando de sua cidade. Não tem voz do Executivo, porque loteou cargos a estrangeiros, e não tem voz na oposição, quem em lugar de manifestar-se com convicção, gasta sua energia em embates de arrabaldes, por mesquinhos interesses pessoais.

O que vai acontecer com o PP, se não houver uma virada de página nesse tipo de postura? Provavelmente será extinto, e seus vereadores, terá oportunidade de ingressarem em novas siglas, observando-se a Lei Eleitoral para que não percam seus cargos por traição, embora isso já esteja acontecendo.

O PP sempre foi o elo forte desta aliança que formava a UPG. Hoje está se mostrando fraco e sem comando. Eis aqui o brilho que se esvai do "Cartão de Visitas do Rio Grande".

Depois reclama-se que os jovens percam seu interesse pela política. Isso não é política. É uma bolha que se esvai na primeira brisa, ao primeiro pingo de chuva que cai. E olha que vem temporal pela frente. O país atravessa uma crise, onde sessenta milhões de pessoas estão com as contas atrasadas. Gramado está na ponta mais alta da pirâmide das necessidades. O primeiro corte a ser feito. O glamour pode acabar, mas as pessoas não podem ser descartadas. E daí? Qual o projeto que tem para Gramado, quando a crise os alcançar?


quinta-feira, 2 de março de 2017

O Primo Rico e o Primo Pobre



Nos anos 60 e 70 havia um quadro de humor na TV Globo, com os atores Brandão Filho e Paulo Gracindo., onde em situações hilariantes, um primo miserável (Brandão Filho), faz uma visita ao primo milionário (Paulo Gracindo).

O pobre é incisivo em expor sua debilidade, suas necessidades, sua miséria, enquanto o rico, cego pelo brilho da fortuna, só consegue entender aquilo que sua mente tem a oferecer: o deslumbramento.

O que parece uma grosseria, aos olhos do expectador, onde o rico demonstra insensibilidade diante do assédio nada sutil do pobre, na realidade mostra uma inteligente crítica da condição humana diante do hedonismo da glória, onde o conceito de necessidades de um e de outro é distanciado por uma densa espuma de valores, que abafa o som da voz do suplicante miserável, ao atravessar esta cortina, e ao chegar aos ouvidos do deslumbrado primo, soa como um derramamento de elogios à sua própria fortuna e modo de viver.

Interessante como o rico fala de lagosta, e a devora diante do pobre, que saliva e brilha o olhar, mas que no momento derradeiro de satisfazer-lhe a fome, o rico lembra que está de dieta, e impõe ao pobre suplicante aquilo que o impede de devorar a iguaria. E o pobre se resigna à sua condição miserável, enquanto passeia pelo palácio do rico, que também o impede de assentar-se em seus luxuosos sofás, porque suas roupas estão sujas.

Era um quadro de humor, mas que retrata tão bem a Natureza do Ser Humano. Retrata com tanta sabedoria o ângulo de visão de um e  outro diante de suas necessidades pessoais. O primo rico, deslumbra-se em admirar e apresentar ao pobre a sua nova limusine dourada, enquanto o olhar do pobre está atento à geladeira do rico.

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Nós somos todos os dias Primo Rico e Primo Pobre, quando desnudamos nossas ansiedades em busca de soluções para nossos problemas, nossos desafios, e o fazemos através da humilhante condição de vítimas de nossa pequenez, enquanto focamos na geladeira, em lugar de focarmos na limusine, e isto fazemos, porque damos mais ouvidos para nosso estômago do que para nosso cérebro.

Somos Primo Pobre quando deitamos no Primo Rico a responsabilidade de atender nossos fracassos, enquanto nós próprios não tivemos capacidade de acreditar nos nossos sucessos.

Somos Primo Pobre mendigando ao Primo Rico um pouco da coragem que precisamos para descer um degrau abaixo e nos humilharmos completamente, em lugar de fortalecermos nossas pernas para que os degraus do nosso próprio sucesso sejam propulsores de nossas próprias conquistas.

Somos Primo Pobre quando a autocomiseração, piedade de nós mesmos, excede a autodeterminação, e quando ambas se confundem no compasso trôpego de nossas ansiedades quando fitamos a geladeira, enquanto o Primo Rico se deslumbra com a limusine com cheiro de nova.

Somos também o primo Rico, quando aqueles que nos buscam, e o fazem porque direcionam alguma confiança em nossa capacidade de supri-los, mas ainda assim nosso coração descompassa mais acelerado para nossa limusine, em lugar de ouvir o ronco vazio de seu estômago quando fita nossa geladeira.

Somos Primo Rico que desdenha o primo Pobre quando necessitamos tê-lo ao nosso alcance para que nosso ego não se definhe pela nossa medíocre ambição, mas que nos locupletamos quando seus gemidos ecoam pelo vazio de nosso caráter, que vê na pobreza apenas um espetáculo deprimente, e não uma oportunidade de enaltecermos a razão pela qual nos tornamos ricos.

Diz o Talmude que somos "Fiéis Depositários da fortuna de D's", e que como tal, estamos sujeitos à demissão por justa causa ao menor deslize, e não  pode haver maior deslize a um Fiel Depositário do que não corresponder à confiança nele depositada na guarda dos bens alheios.

O infiel depositário torna-se iníquo quando enrijece seu olhar em direção à limusine, quando ao seu lado há um Primo Pobre ansioso para que abra aquela geladeira e disponha a mesa para uma ceia com um irmão.

Que primo sou eu? Pobre, que sonho com o banquete da geladeira, ou rico, que me farto com a vaidosa paixão pelo brilho da limusine, que nada faz senão levar-me para longe de mim mesmo, e do pobre que me molesta, cobiçando a minha geladeira?


Justiça suspende cobrança de R$ 624 mil feita pelo TCE ao ex-prefeito de Gramado



O ex-prefeito de Gramado, Nestor Tissot, ganhou na Justiça a antecipação de tutela para suspender a cobrança, no valor de R$ 624.704,10, que estava sendo feita a ele, pelo Tribunal de Contas do Estado, em relação ao ano de 2009.  Mesmo tendo aprovado as contas do ex-prefeito, o TCE fez apontamentos contra Nestor Tissot.
Segundo os advogados do ex-prefeito, “os apontamentos não possuem fundamentação jurídica e, por isso, estão sendo contestados na justiça”. Atuam na defesa do ex-prefeito os advogados Marcos Pons e Bruno Coletto.
O teor inteiro da decisão da Juiza Aline Ecker Rissato é o seguinte:
“Vistos. Trata-se de ação anulatória de ato administrativo do Tribunal de Contas do Estado do RS ajuizada pelo ex-prefeito Nestor Tissot que, em tal condição, sofreu imposição de multa e glosas em suas contas da gestão. Refere que as contas foram aprovadas, com tais apontamentos.
Foram esgotados os recursos na esfera administrativa, sendo notificado para pagamento do valor de R$ 624.704,10. Pediu, a título de antecipação da tutela, a suspensão da exigibilidade das certidões que embasam a cobrança.
Da análise das alegações e documentos juntados, bem como das decisões no âmbito administrativo, verifica-se que há fundamento suficientemente hábil a confortar a pretensão inicial, a menos a título de cautela, diante da evidente urgência, já que houve a notificação para pagamento, sendo iminente o risco de inscrição em dívida ativa.
O autor, na condição de gestor do Município de Gramado, teve suas contas de 2009 aprovadas pelo Tribunal de Contas, com imposição de multa e glosas por suposto pagamento de vantagens a servidores a título de gratificação, diárias sem comprovação de pernoite, passagens aéreas com superfaturamento, além de irregularidades na prestação de contas do convênio etc.
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Pois bem. A probabilidade do direito, ao menos em uma análise inicial, beneficia o autor, sendo a urgência, como já mencionado, evidente. Quanto aos valores pagos aos servidores a título de vantagens, há demonstração de que o autor teria tomado as providências que lhe cabiam para a busca do ressarcimento aos cofres públicos do que indevidamente teria sido pago, com devolução mediante desconto em folha de pagamento (la. 136/139).
Pelo que se tem, em uma análise preliminar, não teria havido desídia por parte do autor que, dentro das atribuições que lhe cabiam, tomou as providências necessárias no âmbito administrativo. No que tange às diárias, da mesma forma, restaram devidamente comprovadas pelas notas fiscais acostadas ao feito, observando-se, ainda, que, em se tratando de viagem para fora do Estado, como demonstrado, não há falar em figura do pernoite, uma vez que se trata de valor fechado para o total da viagem.
Em relação às alegadas irregularidades na prestação de contas do convênio, os valores foram a ele destinados, não havendo nenhuma espécie, em cognição sumária, de desvio ou ilicitude. Ora, as notas fiscais n.ºs 173, 182, 192775, 3556, 794 e 172 (fls. 103/108) são claras ao demonstrarem a destinação específica do convênio firmado.
Assim, demonstrada a boa-fé do autor na destinação dos valores ao convênio firmado, o que é fundamental para a promoção da cidade no nordeste, tornando evidente o turismo da localidade. A probabilidade do direito, ao menos em uma análise inicial, beneficia o autor.
A urgência, como já frisei, é evidente. Diante do exposto, preenchidos os requisitos do art. 300 do NCPC, defiro a tutela provisória pretendida e, em consequência, determino a suspensão da exigibilidade das certidões objeto do processo de contas nº 004868-0200/09-0, certidões nº 1086/2016 e 1087/2016. Intime-se o demandado. Cite-se. Oficie-se, comunicando-se o Município de Gramado para ter ciência.”



Fonte
http://www.caiquemarquez.com.br/justica-suspende-cobranca-de-r-624-mil-feita-pelo-tce-ao-ex-prefeito-de-gramado/

quarta-feira, 1 de março de 2017

Índio quer apito


Reza a historia, escrita pelos  colonizadores, que ao aqui aportarem, aquelas criaturas esdrúxulas, embrulhadas em trapos fedorentos e cheias de penduricalhos, ao serem avistados pelos nativos, após farejarem-se mutuamente, constataram que a coisa poderia ser resolvida sem gente perfurada. Pelo menos não muito, porque pelo mau cheiro que sentiram, os nativos perceberam tratar-se de carne estragada. Não dava pra comer. Carne congelada e descongelada muitas vezes. maturada fora do vácuo. Não própria para consumo. Sem carimbo do CIF. 

Por outro lado, os MST da época, descobriram que poderiam  levar vantagem na coisa, pois as terras não eram assim lá tão valorizadas. Não havia o INCRA, o ICMBio, o IBAMA, o PT, o PMDB, etc, e entraram de sola com a negociação direta. Sem rodeios. E acertaram em cheio na receita. Foi lá que começou a negociata.
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No início, eram espelhinhos, colares de metal, panelas, bacias, milhagens de caravela, pontos no cartão, etc. Mas a coisa foi sofisticando, e os salamaleques descambaram para coisas mais notáveis, tipo: verbas da Coroa para adquirir novos escravos, ou então estabelecerem uma nova província, enfim. Modernizaram a coisa, e temos então até hoje estes hábitos de reatar namoro, entregando flores à moça, mas sem esquecer de levar um agradinho pra sogra também, pra garantir a mão da moça.

Falando nisso, achei bem decente da parte do primo desviado do trabalhismo, uma visitinha de cortesia, levando um regalo pro recém chegado governante. Isso é fazer a boa política com civilidade, sem perder a tradição, e quem sabe assegurar que possa, em breve reatar o velho namoro dos filhos de Vargas... Essas coisas acontecem. E seja em espelhinhos, bugiganguinhas, ou verbas a fundo perdido, um regalo é um regalo e é a melhor forma de reatar um namoro. Só falta chegar no apito.

Coisas que sua geração não viu em Gramado




Deu pra ver que estou puxando assunto com quem tem menos de quarenta anos, certo? Menos de quarenta, e o pai ou mãe por perto pra explicar algumas coisas que vai ficar boiando. E vou além: com quem tem menos de quarenta, nasceu e cresceu em vila pobre, e se divertiu às pencas atirando bosta nas casas. Pronto. Se identificou, né? Então posso prosseguir, pois é com você mesmo que estou falando. Com o cara que teve que catar jasmim de cachorro para que sua mãe fizesse chá, e o obrigasse a tomar, com objetivo de "sair o sarampo".Parece nojento? Na época também parecia. Felizmente, não passei por isso, mas você passou, que eu sei que quem tem mais de quarenta, passou. 

Sua geração também não viu a série "Perdidos no espaço", e nunca soube o que era ficar com pescoço esticado espiando o céu para ver se a fabulosa "Dama Verde" iria aparecer, direto de uma galáxia, para pular na sua cama, que era afofada com colchão de palha. Nunca fez isso né? Nem eu.

E por falar em colchão de palha, fala sério, você não faz a menor ideia do que seja mijar na cama, e cama com colchão de palha, não é mesmo?  Não. Não faz. Tá certo. Deixa assim.

E chamichunga, heim? Por acaso você já foi chupado por uma lesma preta que só saía com fósforo aceso? e o lugar preferido, sendo a virilha, já pensou como era sentir uma chama bem pertinho da zona de recreação, pra espantar chamichunga?

E homens usando chapéu, mulheres usando eslaque, garotos usando calças curtas, e meninas usando saia plissada. Serio mesmo que você viu? Isso em que filme? Sério. fala a verdade. Nunca viu.

Sua geração não viu Gramado como apenas uma cidadezinha qualquer, pacata e divertida. Nunca viu uma gincana, onde apenas membros da comunidade participam, ou no máximo algum primo que mora fora e os visita. Sua geração nunca viu um concurso de beleza de mocinhas do interior, ou dos estudantes. Não deve ter visto isso, porque sua geração abominou a valorização da mulher enquanto bela, e passou ao politicamente correto, onde mulher não é objeto de apreciação, e se quiser pode ter até cabelo no saco.

Sua geração nunca participou de uma festinha de garagem. Nunca chamou professor de "senhor", nem professora de "senhora". Sua geração transformou a cerimônia do senhor  e senhora, em "tio e tia". 

Sua geração não sabe o que é um velório dentro de casa, na sala de visitas. Você, ali, os parentes, os amigos, o defunto, como centro das atenções na salinha, mascando discretamente um toco de vela, onde à sua volta reina a dor, o silêncio, mas que saindo dali, na cozinha, lá pela madrugada, não podem faltar cucas, café, bolinho frito e mais uma sopa bem boa. Mas "oh! onde já se viu, um morto dentro de casa" Mas ué? até poucas horas antes era a casa dele, pombas! Então porque assim que esticou as canelinhas, já tem que ser corrido a vassouradas pra capela mortuária, e correndo o risco de ser confundido com outro, e chorado por estranhos? Até vejo a cena:
Capelinha vazia, uma pessoa de longo vestido preto ao lado do caixão, abraçando outra pessoa de vestido preto que choraminga com elegância, aí chega um bêbado, que entra por engano e por não estar enxergando direito, vê aquele objeto comprido enfeitado, ali no meio da salinha, pensa que é uma festinha de aniversario, porque confunde o ataúde com um bolo, vai lá e tenta tirar uma das pessoas de vestidão preto pra dançar, toma um fora, porque era um padre, enfim. Fica muito impessoal esse negócio de velório fora de casa. Mas isso, a sua geração não viu.

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Sabe o que mais sua geração passou batido?  Serenatas ao luar.A geração abaixo dos quarenta anos só vê aglomeração em batida policial, carnaval, e panelaço. Bem, tá certo. A geração anterior era proibida de fazer panelaço. Dava cana e pau de arara. Tá. Pula o panelaço então. Vamos passar pra TV em preto e branco. Isso sua geração nunca viu. Mas aí você perdeu o melhor, pois em Gramado, havia apenas dois aparelhos receptores coloridos, e um deles foi colocado na praça para que todo o povo pudesse assistir ao vivo a transmissão da Festa da Uva de Caxias do Sul, isso porque o Ministro das Comunicações, Higino Corsetti, era caxiense. 

Ah, lembrei que também sua geração não é capaz de dizer de pronto quem é o Ministro das Comunicações? Não né? Ahh, mas o nome de todos os Ministros do STJ você sabe, não sabe? E por que isso? Porque dá-se importância ao que não se pode ter. Entendeu a sutileza? Heim? Hum?




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Carnaval e chá de losna


Nem é preciso. Não tenho a menor necessidade de dizer que eu odeio carnaval. Nunca gostei de carnaval. Mesmo quando era jovem, ia aos bailes nos clubes Recreio e Minuano, para não me afastar do grupo de amigos, pois onde um ia, todos iam, ou nada feito. E eu nunca fui um estraga-prazer de amigo meu. Ainda mais quando gentis senhoritas tornavam-se mais desinibidas nestas noites.

Aí começava o problema. Bêbado é nojento. Mas mulher bêbada, é insuportável. Não sou machista, não. Mas mulher, no meu entender, era aquela criatura doce e cheirosa, por quem vivíamos nos arrumando e perfumando, antes de procurá-las. Mas mulher e bafo de cachaça, são uma combinação impensável. Homem, não sei. Nunca tive essa preocupação de pensar como seria o bafo dum cachaceiro, porque beijar homem nunca foi a minha preferência. Se cachaceiro, menos ainda. Então, a grande decepção sobrava mesmo para as mulheres. Mulher gambá era decepção pura. E carnaval era uma porta aberta para essa liberdade social, onde ninguém recriminava ninguém, pois no carnaval, ninguém é de ninguém. Pelo menos essa é a vontade que tem muitos que não conseguem pegar quem seja capaz de raciocinar, no restante do ano.

Mas há um certo movimento de pessoas que raciocinam, em descrever a gritante diferença entre os gravíssimos problemas que envergonham os brasileiros que se abstiveram dos prazeres etílicos, e conseguem ainda raciocinar algumas palavras, traçando comparativos entre os milhões de foliões que pipocam as panças e bundas pelas avenidas superlotadas, e o vazio das mesmas ruas quando deveriam estar lá protestando e levando sua indignação pela roubalheira, corrupção, descaso da Justiça, e desrespeito com a coisa pública, no pior momento da história do país.

Estive no exterior muitas vezes, e apesar de todos os problemas que enfrentava para sobreviver, eu ainda tinha certo orgulho de ser brasileiro. Suportei com um sorriso amarelo, lá em Israel, quando o garçon soube que eu era brasileiro, e berrou a plenos pulmões:
- BRAZILE! BRAZILEE! MARRADONAA! BRAZILEE!

E levantou o volume de:
- AI SE TE PEGO! AI MINHA NOSSA!....

Hoje, sério, eu teria vergonha de voltar naquele lugar, e ter que ouvir:
- BRAZILE? GOVERNO? JUSTIÇA? PREVIDÊNCIA? CONGRESSO? POLÍTICOS?

Não. Tão cedo eu não quero voltar naquele restaurante. E olha que lá servem o melhor falafel do mundo. Mas por caridade. Maradona, Sertanojo, Carnaval... Não foi este o Brasil que eu sonhei.

Acho que é isso que está me obrigando a tomar chá de losna. Só pode ser.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Guerra aos Corretores!



Pronto! Comecei mal. Não tenho nada contra os simpáticos e bem falantes agentes de negócios imobiliários, ou de valores da Bolsa de Valores.Não, não. Minha bronca é contra os corretores ortográficos automáticos dos aparelhos de celular,  aqui vulgarmente chamado de "smartphones", ou "Mobile", a quem as vozes robotizadas dos call centers chamam de "Mobáile".

Eu gosto muito de escrever. Um dia ainda quero aprender a fazer isso. Se não tivesse que correr atrás das contas e outras firulas bobas, tipo, credores, comida, remédios, ah, eu passaria muitas horas do dia escrevendo. E as outras horas seguintes, comendo uva. Se sobrasse algum tempinho, então, e faria o resto tudo.

Mas eu gosto de escrever, e quem escreve, pode errar, e sim senhor, eu erro muito. Mas como eu erro. Passo muito tempo abrindo o arquivo original e corrigindo virgulas aqui e ali. Porém, de uma coisa eu tenho certeza: Os meus erros são os meus erros. De ninguém mais.Não admito corretores, embora às vezes eles, tá, nos ajudam, pelo menos indicando que ali há algo estranho à gramática. Porém, no celular, ah, sim, minha vitória e domínio são quase absolutos. Ali não entra corretor ortográfico.Eu me recuso a admitir que um chinês empacotado dentro do meu aparelho telefônico venha me ditar erros, alguns até que envergonhariam Camões, ao ponto dele querer arrancar o olho que lhe restou, tamanha vergonha que sentiria.

E essa ojeriza vem de priscas eras, quando ainda o corretor era uma fitinha branca, que a gente colava na letra errada e escrevia por cima,à máquina.(Pronto! Pra que fui falar em máquina? Bateu saudade da minha velha e boa Lexicon Olivetti azul-calcinha). Desde aquele tempo eu matutava muito antes de enfiar o dedo com vontade nas teclas para extrair alguma coisa que pudesse parecer um texto inteligível.

De toda forma, acho que devem-se aos corretores incontáveis namoros desmanchados, negócios desfeitos, e explicações em casa. Já por outro lado, você sempre pode ter também em quem colocar a culpa. Bota a boca em alguém, e fica observando a reação. Se perceber que o caldo por entornar, meta a culpa no desgramado do corretor, ué. Pode dar aquela cantada despretensiosa, e se o vento virar, você escreve mais uns absurdos e mete a culpa no chinês que pensa que sabe traduzir e aprimorar a última flor do lácio. E se ela não entender nada de lácio,  vai ler a parte da flor e digitar aquele pontinho de interrogação. Aí você larga aquele GIF de filhotinho de panda mamando no colo duma chinesa. Dá sempre certo.



O que faz a tua mão direita....

Evitem fazer alarde quando ajudarem alguém, não fiquem contando vantagem diante das pessoas, para  que sejam admirados e elogiados; aliás, s...