AD SENSE

segunda-feira, 27 de março de 2017

PDT e PCO propõem guerra civil?





O título assusta, e fiz de propósito, para assustar mesmo. Leiam e pesquisem o assunto e me digam se estou errado em caminhar por esta senda analítica. Pensem comigo.

Leio que o ex-Governador, Ciro Gomes, do Ceará, anuncia aos quatro ventos que, diante da eventualidade de ser chamado a prestar contas de algo à justiça federal, especificamente ao Juiz Moro, que o Oficial de Justiça, e os policiais que o acompanhariam, seriam recebidos "à bala" (SIC), isto é, propõe a desobediência civil, e mais que isso, oferece resposta que se acompanhada por outros revoltosos, daria início a uma guerra civil,  uma revolução fratricida, onde "bala" é munição de arma de fogo, isto é, tiros de um lado, e em resposta, tiros de outro lado também.


Não vou nem colocar em análise quem tem mais bala e munição pra gastar nesta declaração de guerra, mas posso apontar quem perde: a Democracia! E exemplo disso não falta.

Não suficiente um doido, entra o segundo, pronto a levantar trincheiras, o Presidente do PCO, Rui Pimenta, que promete arder com seus comandados em Curitiba, no dia 3 de abril, data prevista para a tomada de depoimento de Lula, junto ao Juiz Moro. Resumindo: um e outro, se aliam a Stédile, que em outros tempos já berrou aos quatro ventos que se Lula for preso, vai começar um quebra-quebra de proporções titânicas.

Vamos acrescentar aqui mais dois malucos, que ameaçaram enviar tropas para invadir o Brasil, caso houvesse impeachment.Não enviaram, mas certamente seria uma boa ocasião para que se aproximassem das fronteiras e promovesse algum estrago, em nome da "libertação da América bolivariana".

Pensar que o perigo passou é pensar pequeno. Junta-se então terroristas revestidos de poder de Chefes de Estado, a pseudo-idealistas, e coronéis que voltam das tumbas, dispostos a mandar seus jagunços para o front, certamente teríamos uma situação apropriada para que os tanques e caminhões dos militares voltem às ruas e reescrevam a historia de um modo pouco democrático, mas muito efetivo.

Fico a pensar então, por que um partido que está relativamente acomodado e tem mantido saudável relacionamento com as forças políticas contemporâneas, chame para sua elite um coronel que nadou por vários partidos, e assentou seu estandarte no único partido remanescente do caudilhismo no  Brasil?

Será que vão tirar Brizola e Getúlio vargas do descanso eterno, para estamparem flâmulas em pontas de mastros, para arregimentaram incautos para uma luta de resistência em nome da nova "Legalidade"?

Fico a pensar. Me digam se estou muito errado.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Manual de um Golpe de Estado(Crianças, não façam isso sem a presença de um adulto)


Imagens disponíveis na internet

Golpe de Estado a caminho na Venezuela

Será hoje, 24 de março, ou amanhã, o possível fechamento do Congresso Nacional da Venezuela. E no dia 30, a declaração de Ditadura integral no país. Pelo menos é o que circula em grupos de whatsapp por lá, informando ainda que acabou a gasolina no país,  e a população precisa buscar alimentos em Rondônia, no lado brasileiro, o que já é sabido por todos.

Como se prepara um golpe de Estado? 

Esta pergunta é simples, mas a resposta é complexa. Atribui-se falta de inteligência à ditadores que se instalam no poder e lá permanecem ou tentam permanecer às custas do sofrimento do povo. Mas não é bem assim que acontece. Um golpe de Estado exige preparação, planejamento, acordos internos e externos, infraestrutura, e paciência. Nenhum golpe acontece da noite pro dia, e se assim às vezes parece ser, na verdade houve muito tempo de planejamento, costura de alianças, e distribuição de benesses, bem antes disso acontecer.
É possível um golpe de "Estado", em um Município?
Sim. Um golpe não significa necessariamente uma ditadura aberta ou a quebra da legalidade. É perfeitamente possível que aconteça um golpe, isto é, um conjunto de manobras para a manutenção e perpetuidade do poder por determinado grupo de governantes. Nesse caso é um golpe institucional, dentro da legalidade, mas completamente fora da moralidade.
Como ocorrem os golpes?
Geralmente começam nos braços do povo, mas nem sempre seus ditadores são populistas. No primeiro caso, um golpe militar pode acontecer por uma situação extrema, como quebradeira, falta de definição clara das instituições, em um momento onde a sociedade se encontra desmobilizada, e a baderna se instala pelas ruas,promovendo a insegurança coletiva, a falta de suprimento das necessidades básicas, como alimentação, medicamentos,combustíveis, e a partir disso, os quebra-quebra em supermercados, lojas, hospitais, etc. É aqui que entram as Forças Armadas em ação, e de forma ostensiva, tomam pontos estratégicos, como vias e acessos de mobilidade urbana,escolas, para conter os estudantes, estações de água, energia, abastecimento, hospitais, e  principalmente, fronteiras. Para que tenham tranquilidade em suas estratégias, fecham jornais, emissoras de rádio e TV, bloqueiam internet, e cerceiam a liberdade de imprensa. Estes são os golpes militares. 
Já os golpes civis,geralmente opostos aos militares, seguem o caminho inverso, tomando ruas, os mesmos lugares estratégicos, mas principalmente chamando atenção da imprensa internacional e local. Precisam da opinião pública, e do senso de humanidade dos militares, que permanecem como observadores, de prontidão, mas sem interferência direta. Contam ainda com o senso de civilidade dos governantes, que no geral, são defenestrados mais por incompetência política ou administrativa, corrupção, e fraqueza moral, do que por atos de violência direta. Nestes casos, em determinado momento chega-se a um ajuste de contas onde os governantes são retirados pela pressão, ou então saem pela porta dos fundos, liberando os palácios, onde se instalam os novos mandatários provisórios. Daí pra frente,o Estado regride, a economia desaba, e durante muito tempo podem ocorrer trocas de governantes, para acomodação das diversas correntes que contribuíram para o sucesso do golpe, os Partidos e os Sindicatos, que querem agora a sua fatia de poder. O novo governo ou conjunto deste, tem que negociar com sindicatos os cargos, as benesses possíveis, e a formatação das políticas de Estado.
Como surgem os ditadores?
Nenhum ditador sobe sozinho, às suas expensas. Sempre que um nome se projeta como libertador, ou soberano, atrás de si se arrasta um rabo imenso de conspiradores e conspirações tramadas há muito tempo. Em todos os casos, o golpe é precedido por uma sequência de ataques ideológicos para enfraquecer as bases de sustentação da legalidade política, e o resultado disso é vendido ao povo, que faz como um bando de flamingos no cio, enfileirados, virando a cabeça de um lado a outro, até que são devorados pelos jacarés, que os atacam por baixo, enquanto olham pra cima.
E um golpe em um município, é possível?
E como! Sempre que se ouve falar de golpe, imagina-se a presença de tanques de guerra e carros militares nas ruas, um ditador com quepe alto como os nazistas usavam (leia-se Pinochet). Mas eles se atualizaram. São elegantes, bem falantes (isso quase todos são. Hitler, Mussolini e Fidel Castro hipnotizavam multidões  quando falavam). Mudaram a abordagem de ataque. Enquanto os ditadores anteriores acentuavam o nacionalismo, a xenofobia, as causas sociais (Trump está ind na contramão da história), os modernos ditadores distritais servem-se do descontentamento natural do povo com seus governantes. 

Todo governante que permanece certo tempo no poder, arregimenta inimigos, e tudo o que fez, é lançado por terra, como se durante os cinco mil anos de civilização fossem anos de trevas, e uma luz salvadora fosse projetada sobre um líder que se evidencia, e deste líder viriam todas as soluções para os problemas do município, e principalmente para a prosperidade tão desejada, e muitas vezes desapercebida, por já existir, mas que agora, com este novo libertador, a paz reinaria imediatamente após sua vitória e posse.

Triste engano. Só que daí já é tarde. Seus fanáticos militantes descobrem que até a bailarina faz cocô, quanto mais o seu herói, que, não precisa mais nada exceto manter-se na legalidade para que permaneça com a caneta na mão, seja ela de esquerda ou de direita. Não precisa mais agradar o povo, pois a estrutura administrativa e gestora existente é capaz de manter-se funcionando sem grandes decisões de risco. Então, o ditador só precisa de uma forma de perpetuar-se no poder, e começa a fortalecer o Estado, isto é, sua estrutura administrativa, a criar vínculos de favorecimento de grupos, e estabelecer comandos específicos, benesses, cargos inovadores que enalteçam o ego dos assessores, e gerar polêmicas pontuais que desviem a atenção do principal.
Como reconhecer um ditador?
Pelo populismo. Todo ditador adora multidões, porque sabe manipular as palavras de tal modo que exerça, pela oratória eloquente, poder pontual, isto é, que é diante destas multidões que percebe seu carisma de motivador e acelerador das massas de manobra.

A multidão é acéfala. Sempre. Multidão não pensa. Apenas age. Quem pensa é quem planeja, quem desenha estratégias, e não necessariamente o ator-ditador, que também é manobrável e manobrado. Hitler não seria quem foi, se não tivesse Goebbels atrás de si. A ditadura militar no Brasil só se manteve enquanto Golbery do Couto e Silva esteve lúcido e ativo no planejamento das ações.  Da mesma forma, os estrategistas nada são sem seus títeres para manipularem diante das massas alucinadas. O silêncio dos pensantes é o grande perigo das turbas ruidosas. É no silêncio dos olhares diagonais que o diorama dos  generais de configura.

*Nota do editor
Nenhum ditador foi maltratado para a composição desta reflexão. Não tente fazer isso em casa com a família. Os resultados podem ser desastrosos. E para complementar, esta é uma elucubração fictícia e ninguém nesse mundo se encaixa no perfil do que foi  descrito aqui. Qualquer coincidência é mera semelhança.


quinta-feira, 23 de março de 2017

Steampunk, Vintage, e a saudade da casa da vovó

Chintz fabric: Boho chairs                                                                                                                                                                                 More:
Desde o início dos anos oitenta, já era corrente a percepção que a forte tendência a partir daquela década, seria na direção da volta ao passado romântico e acolhedor, através da máquina do tempo que todos temos, chamada saudosismo.
Cool Steampunk Clocks for Home Decor:
Fonte: Pinterest

A desenfreada violência urbana, a corrupção descontrolada que tem nos políticos o seu expoente visível, é a mais sensível. Assim como uma lâmpada que é acesa e mostra a sua luminosidade, mas depende da energia invisível que vem pela fiação que a conduz, proveniente de uma fonte de energia, também as consequências de ações distantes no tempo e no espaço, podem influir no modo de vida contemporâneo, ou mesmo futuro.
Ca.1890, FRENCH ''VERTICAL STEAM BOILER CLOCK'': From the Industrial Series of clocks. The boiler has pipes and gauges, and the 8-day platform clock and aneroid barometer are set in the side of the round boiler. The fly-ball governor at top is driven by a separate movement. Clock not working. Height 14''.:
Fonte: Pinterest

Um destes agentes que desencadeiam mudanças no comportamento do mundo, é a política e seus políticos, mas mais que a política, enquanto arte e ciência de debater ideias, são as políticas de governo e de Estado, quem tratam de ações imediatistas e casuísticas, sem preocupação com o que possa acontecer lá adiante.
A French Industrial Steam-Engine Form Weather Station  France  circa 1870  A good French industrial series gilt and silvered brass miniature steam-engine form weather station with a large flywheel and piston, the brickwork furnaces housing the timepiece and barometer in drums flanking a central thermometer, raised on rouge marble plinth.        The series of French Industrial clocks were made at the end of the 19th century in response to the ongoing Industrial Revolution and the public fascinati:
Fonte: Pinterest

Nesta linha de raciocínio, volto aos anos oitenta, quando as tendências apontavam para um retorno ao natural, ao antigo, ao saudosismo e ao aconchego da infância, seja ela vivida ou imaginada. Eu posso lembrar da casa decorada e com cheiro de camomila daquela vovozinha caprichosa, construindo lembranças, embora tenha vivido num casebre pobre de uma avó que pouco se preocupava com o cheiro da camomila. O fato aqui é o que menos importa, mas as consequências e os efeitos que a violência urbana, o acelerado do tempo, possam provocar em meus sentimentos, e por conta deste vazio de lembranças que sirva de lenitivo para minhas ansiedades pelo incerto futuro, aquele salto no desconhecido, que levo a cabo todos os dias.
The Steampunk Home: Maggi Massimo is Magnifico!:
Fonte: Pinterest
É assim que se redesenha o mundo. É assim que são aplanadas as ruínas daquilo que foi tombado, para dar lugar ao novo mais confortável.
How to Organize Your Kitchen Instantly with an Old Footboard:
Fonte: Pinterest

Porém, se tecnologia e arquitetura podem mudar, existe uma coisa que não muda nunca, desde que o Homem foi criado: as necessidades intrínsecas, os sentimentos. Estes são únicos e inexoráveis. Saudade, solidão, tristeza, insegurança, prazer, alegria, vaidade, medo, coragem, e por aí adiante, são valores ou curto-circuítos da alma que passam de pai pra filho de geração em geração.
30 Fabulous DIY Decorating Ideas With Repurposed Old Suitcases:
Fonte: Pinterest

Desta forma, as tendências apontadas para uma busca ao antigo, ao natural, ao saudável e ao romântico, tomam forma e força com o advento de estilos, antes vistos apenas no cinema ou nos livros antigos. Dois destes estilos, são o Vintage, que dá aquele ar da casa da vovó dos anos 40 e 50, e o outro, o Steampunk, que lembra a oficina do vovô,e não concorrem, mas se complementam na composição de ambientes e estilo de vida, que não precisa perder o conforto da tecnologia, mas podem aliar isso à beleza e curiosidades das coisas e traquitanas que tornam adultos em crianças, buscando o colo da vovó.
Steampunk é um subgênero da ficção científica, ou ficção especulativa, que ganhou fama no final dos anos 1980 e início dos anos 1990. Trata-se de obras ambientadas no passado, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na História real (ou em um universo com características similares), mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. É um estilo normalmente associado ao futurista cyberpunk e, assim como este, tem uma base de fãs semelhante, mas distinta.
O gênero steampunk pode ser explicado de maneira muito simples, comparando-o a literatura que lhe deu origem. Baseado num universo de ficção cientifica criado por autores consagrados como Júlio Verne no fim do século XIX, ele mostra uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época. (Fonte: Babylon).
Décor do dia: cozinha leve e retrô. Tons pastel clareiam e dão ar antigo ao ambiente:
Fonte: Pinterest

Com o advento  destas tendências, de produção bastante artesanais, tanto o vintage quanto o steampunk, aquele cantinho com um relógio antigo mostrando as engrenagens, transformado num abajur, ou aquela geladeira de 1952, pintada em Vermelho-Ferrari perolizado, com um pinguim em cima, classificada ainda como Retrô, podem dar o clima para o chá da tarde, em companhia agradável, talvez a própria vovó ou o vovô, deixando que eles contem suas historias e ofereçam um cafuné na cabeça do cãozinho, que se chama totó.


quarta-feira, 22 de março de 2017

Entre o Sonho e o Tempo


"Fui pequeno quando nasci. Tornei-me grande ao me ver pequeno diante do mundo. Hoje sou do tamanho do meu sonho."

A primavera foi-se tão rápido. Nem permitiu que ele visse todas as flores que cruzaram seu caminho. Deveria tê-las catalogado, uma a uma. Mas o perfume não seria possível. Claro, havia como roubar das flores a fragrância e a indelével maciez das pétalas. Mas então teria que interromper seu ciclo de vida. Mas pra quê? Vida tão curta. Tantos caminhos por andar, mundo tão grande por se deixar acontecer. Não. Deixou as flores onde estavam. Haveria nova primavera. Viriam novas e repetidas primaveras.

Quanta certeza disso. Então, silenciosamente, ele parou, olhou o mundo do alto de uma árvore bem alta e sentado horas a fio num galho confortável, ele concluiu:
Fui pequeno quando nasci. Tornei-me grande ao me ver pequeno diante do mundo. Hoje sou do tamanho do meu sonho.

Deixou o entardecer chegar, desceu da árvore, e silenciosamente, partiu junto com a primavera.

Foi buscar novas flores. Respirar outros perfumes. Sentir brisas de além do horizonte. Continuar a viver, onde quer que houvesse vida e sonhos para se deixarem viver por ele.
Serenamente então viu-se seu vulto andarilhando rumo ao poente...


Procuro por herois



Sou palestrante e gosto de pensar que minhas palestras possam ter sabor de motivação para quem as prestigia. Gosto de pensar que ficar jogando vinagre na ferida não facilita a cura. Só faz assepsia. Muito bem. Assepsia está em curso no Brasil. A turma do fumacê está desentocando ratos, aranhas e baratas de cantos escuros, de onde apenas saem vermes, insetos e políticos de má qualidade. Então, é vinagre na ferida do Brasil, porque ardeu muito e vai arder muito mais ainda. O mundo viu, e embora sendo o mundo um lugar tão contaminado quando o Brasil, esta foi a nossa vez de gemer pelas feridas abertas. E gememos forte.  Os vizinhos escutaram e agora conhecem a nossa fraqueza, o nosso medo de injeção. Viu o nosso traseiro desnudo sendo esfregado pelo algodão embebido em álcool para desinfetar a picada da agulha curativa. Sim senhor. O mundo já sabe que somos fracos pra dor.

A vantagem é que o mundo também já sentiu a mesma dor, e até pior que a nossa. A civilização européia foi moldada no fio da espada e no calor da febre da Peste Negra, da Peste Bubônica, da inquisição, de duas guerras mundiais, do Império Romano e tantos outros impérios ao longo de tantos séculos. Então, sim, eles sabem gemer no tom certo. Tem o timbre adequado para o choro convulso. Tem a têmpera da espada que corta e mata. Tem a finesse de saber chorar em silêncio, mas também tem a ousadia de gritar em praça pública.

Eis a questão: saber gritar em praça pública. Até pra isso é preciso coragem, sabedoria, planejamento. Até para fazer panelaço, é mister (necessário -  é que resolvi falar mais erudito). Até nisso temos que educar-nos para que a bateção de panelas seja favorável às reivindicações. No ritmo certo, com a voz de comando adequada, e principalmente com os objetivos bem alinhados. Isso o que buscamos: objetivos alinhados. e quais são estes objetivos?

Nos dias de antanho, a mãe desejava para a filha nubente, que o noivo, seu futuro genro, fosse  um moço decente, honesto, respeitador, bom pai,e trabalhador. Já o pai, desejava para o filho que ele fosse másculo, viril, dominador, bem de vida, e que gerasse um filho homem, que daria continuidade ao seu bom nome.

Ora! Um e outro desejavam e projetavam no  filho, genro, nora, netos, tudo aquilo que entendia como objetivo de vida para sua prole. Mas e desde quando ser honesto, viril, dócil, decente, e outras virtudes, são de fato virtudes? Não são apenas elementos mínimos necessários para que a civilidade prospere? Onde ficam então os sonhos, as realizações, onde fica aquela velha força de vontade da juventude, quando queríamos mudar o mundo? Curar as feridas da sociedade?Onde ficou aquela rebeldia sem causa, que já era em si uma causa, quando precisamos bater panelas? mas bater panelas pra que? o que queremos alcançar com o barulho das multidões?

Pois, apesar da minha profunda mágoa e ira com os que praticam as coisas que abalam a minha confiança nos governos, ainda acredito na resiliência das pessoas, ainda que mergulhadas na fervura deste imenso panelão de discórdias.

Ainda sou daquelas pessoas que oro pelo meu país, pelo governo que temos, independente quem seja, acima deste, há Um Governo maior, a quem posso recorrer. Uma Instância Superior. E acredito que a resiliência não acontece sem vontade de mudar. A mudança então é agora. As forças do mal se arregimentam para votos de currais, para perpetuidade no poder, e o povo, como cordeirinhos que mesmo sentindo o cheiro do abate, deixa-se levar ao matadouro, sem reação, sem plano de fuga, sem determinação para promover as mudanças.

Triste país que precisa de heróis. Mas precisamos de heróis.Muitos. Talvez uns duzentos e vinte milhões deles. Talvez este herói seja eu mesmo. E talvez também possa ser você. Ou nós dois juntos. Ou juntos conosco os outros duzentos e vinte milhões. Aqueles das escolas arruinadas, das ruas inseguras, da falta de pão à mesa, dos hospitais superlotados e do Congresso exaurindo gordura. 

Não sei quem são os seus heróis, mas sei que é urgente que apareçam. Não temos mais tempo para nos tornarmos derrotados e infelizes.

Meu herói nesse momento chama-se trabalho. Dignidade. Emprego para todos. Saúde em abundância.Mesa farta, e sono tranquilo. Creio que vá gostar deste herói também quando o encontrar por aí.



terça-feira, 21 de março de 2017

O Inimigo Oculto



Aquela brincadeirinha bobinha de fim de ano, chamada "Amigo Secreto", ou "Amigo Oculto", é um convite à mediocridade adulta. Um convite à falsidade continuada, e acima de tudo, um incentivo ao deboche ou à falsidade social. Explico.

As  pessoas passam o ano se pisoteando no trabalho. As empresas até incentivam estas disputas, porque inescrupulosamente acreditam seus gestores, que a competição "saudável" favorece os números da empresa. Favorece também os números de outras empresas, como consultórios de psicologia, farmácias, laboratórios que vendem antidepressivos, e até mesmo funerárias, tamaho o rigor, a intensidade com que se embrenham em amontoar méritos corporativos, mesmo que fazendo calos nos pescoços daqueles que sentam-se ao seu lado. e então, num gesto de generosidade, o dono da corporação junta os vassalos em sua casa de campo, ostenta seus cavalos de raça, suas árvores frutíferas bem cuidadas, e sua valorosa churrasqueira, onde prepara um dos bois criados no pasto da propriedade. Enquanto isso, embasbacados, os servidores rebuscam-se em elogios preparados desde priscas eras, onde competem mais uma vez em babação e puxação de saco.
É nesse momento que os dentes, milimetricamente enfileirados pelo ortodontista, sorriem dois palmos, e chamam a equipe para o momento do ridículo "Amigo Oculto". Gritinhos de euforia turbinados pelo uísque falsificado injetado em garrafas de Jack Daniels de 18 anos são fartamente despejados em copos enormes, para que ajude a fluir o "eu interior" do sizudo supervisor, e se transforme na Madre Teresa, pelo espaço de algumas horas, ou enquanto durarem os estoques de Jack Daniels fajuto.

Mas não posso criticar a tentativa, mesmo que ultrapassada, dos gestores, em criar ambiente de motivação às suas equipes. Cada dia mais os meios conhecidos se tornam obsoletos diante da concorrência de mercado, seja pelo público interno (funcionários), como externo (concorrentes da empresa). A motivação verdadeira é mercadoria em falta. Estamos perdendo todos os dias, para concorrentes cada vez mais fortes, cada vez menos éticos, cada vez mais invisíveis, até que em determinado momento descobrimos que o maior concorrente que temos somos nós mesmos. 
Estamos perdendo nossa capacidade de competição, porque o primeiro inimigo dorme na mesma cama, e não estou falando do cônjuge, mas de nossos medos, de nossa falta de confiança, de nossa incapacidade de acompanharmos as flutuações do humor da política e do mercado. 

Estamos perdendo nossa confiança, em troca do fácil acesso às respostas por meio do Google, que produz em nós uma letargia e falta de incentivo à busca de respostas com mais profundidade, aquelas que são empíricas, que advém de nossa capacidade de assimilação das experiências, e que por isso, mais maduras e com mais sabedoria.

Estamos perdendo a corrida do tempo para o relógio a nos acelerar no desenfreado vazio que nos lança com força brutal contra as tendências, que nada mais são do que o pensar coletivo que mata o pensar individual. Não uso a roupa que gosto porque outros também não usam aquela que gostariam de usar. Não sento na cadeira que acho confortável, porque suas linhas não se acomodam aos padrões das vitrines nas feiras de lançamentos. Não prossigo na religião de meus antepassados, porque é moderno transigir, mesmo que as transições nos devolvam ao vazio existência, em nome da civilização e do politicamente correto, como se politicamente correto também não fosse um modismo que castra o direito de seguir as convenções, como se convenções fossem um câncer social e que a medicina convencional não pode  oferecer nenhum lenitivo para a dor existencial que se aloja na ânsia por acordar de um pesadelo sem fim.

O inimigo oculto é o amigo fingido, e o amigo oculto é o inimigo disfarçado.  Se um e outro são o inverso de si mesmo, o que resta para a verdade?




segunda-feira, 20 de março de 2017

Acreditei no Brasil. E agora?



O grande empecilho de uma carreira não é a concorrência, nem a falta de capacitação. O grande inimigo do sucesso em tempos de crise é o orgulho ferido, misturado com a falsa esperança que um raio de luz vindo do céu poderá acelerar a volta do sucesso, sem que muito sol a pino passe em nossos dias, até que o mundo volte a funcionar, e isso não sem os esperados e inesperados, mas indesejados estragos que todas as crises se comprometem em oferecer aos que ousam atravessá-las cm a cabeça erguida.
O problema do recomeço é o esforço inversamente proporcional ao sucesso que obteve antes da queda. Quanto mais alto voou, mais arrastada fica a nova decolagem. Quem já decolou como águia e aterrizou como um pato, não consegue administrar o recomeço sem o aperto da vergonha, por que passam aqueles que precisam redimensionar seus sonhos, enquanto atravessam o corredor polonês no vale das tentativas e erros, que o recomeço exige.
O mundo está virado de cabeça pra baixo. A Primavera Árabe, que prometia dar um fim na tirania de uns poucos ditadores, arrefeceram a esperança da tão sonhada democracia, em troca do terror diuturno do Estalo Islâmico, ou dos bombardeiros russos, ou ainda dos medievais fanáticos do Boko Haram, que tentam transformar a África em califados e feudos, arrastando o mundo árabe para a idade das trevas, mas não sem antes bater o ponto no Inferno de Dante.

Acreditando estarmos livres e vivendo num país democrático, acordamos estarrecidos com escândalos atrás de escândalos, de tal monta, que desenterra os pavores noturnos, e o angustioso medo de dormir, porque o castigo do sono pode ser um acordar ainda pior. Passamos a temer a noite e empreender a luta de Jacó contra o sono, para que ele não nos faça chegar ao amanhã desconhecido.
O amanhã, antes dito como esperança, torna-se nosso algoz. A angustiosa madrugada insone nos açoita. As divagações com o travesseiro são o libelo acusatório de nossos erros, e o primeiro canto dos pássaros apenas nos fazem lembrar que aquilo que fora esperança de um novo dia, revela-se apenas agora, como outro dia.Apenas um dia a mais.
Porém, este novo mundo depois da Primavera Árabe não é o mundo dos fracos. A lei do mais forte começa a ser cobrada pelos tribunais da sobrevivência. E o senso de manter-nos vivos e dignos aperta nossa garganta até que o fôlego que resta exala o grito de libertação. E vamos em frente. Recolhemos as forças, respiramos fundo, e enfrentamos co corredor polonês dos olhares, dos risinhos, das ironias. Mas aquilo que não nos mata, dizia Nietzsche, nos fortalece. E uma vez que os risinhos nos condenam, são os risinhos também que nos absolvem e nos libertam. E respiramos fundo, e seguimos em frente.
Seguir em frente é o refrão necessário ao Brasil.Os políticos e o governo, ao se aliarem com os empresários, e desta amálgama fazerem brotar as monstruosas aberrações como filhos espúrios cuja placenta é de estrume, cujo cordão são dutos por onde escoam as sujeiras do poder, onde o poder é a muleta para o genocídio sob a chancela da Justiça, agora revestida de injustiças, emergem vorazes como leviatãs que devoram seus filhos para satisfazerem suas panças gelatinosas e suas mentes viscosas, desesperados por devorar mais e mais.
Passei por muitos vales e subi muitas montanhas. Desci e subi muitas vezes, mas o que vale recordar é que também ajudei muitos a subirem, e não recordo que tenha empurrado alguém ladeira abaixo. Isso não significa que desafetos sempre trinfaram sobre minha perplexidade, mas que se despencaram, o fizeram por conta da própria incompetência, posto que já tenho a minha incompetência para administrar, e pior que isso, administrar o estrago da incompetência que o sistema deteriorado que mantemos tem despejado em nossos ombros dia após dia.
Andamos quase em círculos em busca de alternativas que nos permitam legarmos aos que nos sucedam motivos suficientes para que leiam nos anais da historia os nossos erros, mas contabilizem a razão daquilo que efetivamente fomos capazes de acertar. Eu, pelo menos, caminho nesta direção;
Estou disponível a novos desafios. Minha idade, cinquenta e nove anos, não é um peso, mas uma mola propulsora, porque se força física pode vir a faltar-me, compenso em força moral e boa memória para vivenciar outra vez aquilo que fiz de louvável.



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sábado, 18 de março de 2017

Nadir, meu Biscuit de Porcelana



Já escrevi e publiquei muitas breves biografias. Nenhuma de desafeto. Desafeto não é para ser lembrado de forma negativa, e caso nada de bom tenha para ser lembrado, melhor deixar que o esquecimento mesmo o guarde em suas lembranças. Então, lembranças devem ser boas e de quem temos admiração.

É mais comum lembrar-nos de quem já não pode mais agradecer pelo que escrevemos. Então,  quero escrever para quem ainda é capaz de sorrir e até se defender de algo que venhamos a dizer pelo involuntário desejo de dourar a realeza mais que o rei. Assim escrevo sobre quem merece minhas boas lembranças: Meu bibelô, meu biscuít de porcelana, minha princesa de olhinhos amendoados, e a minha paixão por apenas trinta e oito anos. "Três-oitão" mesmo, sim senhor. Arma de peso, porque manter uma paixão no mesmo calibre por tanto tempo, é tarefa de profissional no amor.

Não. Não sou piegas, nem douro pílula. Não estou afirmando que durante trinta e oito anos foram pétalas de rosas que alcatifaram nossos caminhos. Não foi assim, Muitos espinhos e desafios a cada dia. A cada dia, novos leões mordendo os ânimos, e a cada dia o problema do dia. Humor, muitas vezes, péssimo, meu e dela.E do mundo contra nós. E mesmo assim, trinta e oito anos, sim senhor, ao lado de minha guerreirinha impoluta, digna, linda, e cheia de opinião.

Eu a conheci num baile de Kerb (festa alemã comemorativa da igreja luterana local). Estava no lado oposto do salão, lotado. Olhando pra mim. E eu pra ela. Falei pro amigo que estava comigo:
-"olha lá a menina com quem eu vou me casar!"
- "Tu é doido?" Respondeu-me rispidamente. Olha o tamanho do alemão ao lado dela! (O cara media 2,05 m, literalmente, era seu primo, que a acompanhava, além da irmã, grávida, e do cunhado. Bem coisa de Kerb mesmo).
- "Já vi, e calculei tudo!" Respondi, gesticulando. "Olha o tamanho da caneca de chopp na frente dele, recém servida. E não é a primeira! Esse cara vai ter que mijar aquele chopp em algum momento!"

Eu estava certo. Pacientemente esperei, sem perdê-la de vista, e percebendo que o mesmo acontecia da parte de lá. Até trocava de lugar para testar se era comigo mesmo. Era! Valia à pena o risco, pois naquele salão eram contumazes as brigas entre gramadenses e os locais. E eu nunca briguei na vida, então, uma cadeirada mal direcionada e seria o meu fim. Mas ela valia à pena até mesmo uma cadeirada mal direcionada. Esperei. E num piscar de olhos, olhei para a mesa dela e, BINGO! O alemão foi mijar o chopp, que à esta altura eu já considerava um aliado na minha estratégia. 

Nem esperei mais nada. Voei para a direção dela, e em um minuto apenas, estávamos dançando, ou melhor dizendo, ela dançava, e eu pisoteava os pés dela e babava em cima do ombro da delicada criaturinha cheirosa. Cinco longo minutos se passaram até que eu tivesse coragem para declarar meu eterno e incondicional amor à ela, e convidá-la a namorar comigo.

- "Sim!" Foi a resposta.
- "Você fala sério?"
- " Sim, falo! E você não fala serio?"
- "Seríssimo! Estamos namorando então?"

- "Estamos!"

Olho respeitosamente e pergunto:
- "A propósito, qual seu nome?"

Vou encurtar, porque vinte dias depois noivamos. Tres meses depois (deste encontro), casamos. E lá se foram trinta e oito anos atrás. Casamos ali, na Sociedade Esportiva e Recreativa Tiro ao Noivo, com toda pompa e circunstância de um saboroso churrasco, que à época ainda era confiável, e o Tony Ramos era apenas um galã de novela, e não de novilha. 

Trinta e oito anos, e tenho que confessar que casei por puro interesse. E continuo interessado. Tive lucro com a pessoa. Lucrei trinta e oito anos de cuidados com minha saúde, bem estar, meu trabalho, mas sobretudo, lucrei três lindos rebentos, que por sua vez me deram de lucro até aqui quatro criaturinhas que me desmoronam de emoção em cada abraço que recebo. Então, escrever uma breve biografia de uma pessoa íntegra e competente, é uma tarefa não apenas prazerosa, quanto necessária, e mesmo que piegas seja, pieguismo é minha ferramenta de demonstrar gratidão.

Por que estou escrevendo isso exatamente hoje, se não é aniversário dela, e nosso aniversário de casamento já passou? Porque para dizer que sou grato, orgulhoso e feliz por ter esperado aquele alemão enorme mijar aquele chopp, não preciso de datas. Sou grato à condição diurética do chopp, isso tenho que reconhecer. Apenas então lembrar o quanto sou amado por esta pessoa tão linda.



sexta-feira, 17 de março de 2017

Sua Excelência...o Traque!




Usei um termo em desuso, para não chocar as novas gerações mais pudicas, porquanto há inúmeros adjetivos mais chulos que também caracterizam o escape flatulento  da gaseificação intestinal. Mas é disso mesmo que eu preciso muito falar nesse momento. É uma questão de contribuição elucubrativa ao enriquecimento dos costumes e da natureza do próprio supracitado, não por questão de ciência, mas por justiça ao feito mesmo.

O Traque (aqui uso inicial maiúscula, por estar tratando do sujeito e não apenas da ação ou do verbo) tem sido amplamente debatido ao longo dos séculos pela ciência, pela ética, e até mesmo pelos meios jurídicos. Existem leis em certos países que absolutamente proíbem a liberação do traque em certo locais. Multa e prisão são as penas imputadas sem piedade a quem descumprir a legislação e burlar os costumes, soltando traques em público.

Aos mais jovens, vou traduzir. Estou falando de Pum, Peito, Gases, Fedido, Cabuloso, e assim por diante. São mais do que liberações intestinais. São verdadeiras cédulas invisíveis, mas perceptíveis e audíveis de identidade, especialmente da identidade ética do seus responsáveis. Podem ser ainda informantes, X-9, Dedos-duros do caráter, da educação, e sobretudo da dieta alimentar da pessoa.

O traque é quase uma impressão digital das vias inferiores, pois denunciam seus autores com requintes de informações, que podem ser chamados de "DNA Gasoso", tantas são as informações que um bem definido traque pode oferecer.

Traque é coisa que passa de pai pra filho. Nossos traques estão na família há muitas gerações. E com o passar dos anos vão sendo aprimorados pela mistura de famílias. Um verdadeiro tesouro genético-intestinal.

Não sei se alguém já se dedicou a uma pesquisa mais aprimorada, por exemplo, das variações sonoras do dito cujo. Vou tentar aqui descrever algumas.Por exemplo:

O Cantor de ópera - É aquele traque guardado a noite inteira (ou pelo menos durante o longo despertar da madrugada, para não tomar tabefes do cônjuge) e liberado de uma só vez ao assentar-se na louça pela manhã, aquele que sai junto com o xixi. Esse tipo de traque lembra em todos os detalhes um cantor de ópera, cantando uma ária extensa. Começa num Dó sustenido, sobe duas oitavas, estica as cordas vocais do Fredolino até a exaustão, e sai como um sonoro gorjeio seguido de um assovio numa escala continua e crescente, até que alcance uma frequência audível apenas por animas. Não é raro que cães desatem a uivar em uníssono a uma distância de duzentos ou trezentos metros do local do feito, atirando-se contra a parede e esfregando as patinhas nas orelhas, como que limpando numa contínua e sôfrega massagem auricular.

O Escandaloso - É aquele indivíduo que, após perceber que a perna do portador foi erguida, grita igual ao Tarzan quando enfrenta uma macacada, e sai em disparada ao vazio, chutando porta, hemorroidas, beirais e corredores, e lança-se no vazio do infinito, abraçando narinas da multidão, e fazendo tremular vidros e cortinas do ambiente onde foi liberado. Esse tipo de Traque geralmente é seguido de brados de vitória, como: UIAAA! É HOJJEEE! SAI DE BAIXO QUE AÍ VEM CHUVAAA!, e coisas desse tipo.

o Tímido - É aquele que esconde-se o quanto pode, e só sai a campo quando o ambiente estiver absolutamente liberado. Esse tipo só é detectado pelo elemento surpresa, em circunstâncias muito específicas. Mas é  o mais comum, mesmo discreto.

O Econômico - É aquele Traque que vai saindo aos poucos, para que o prazer da libertação seja prolongado por mais tempo.

O Serelepe - É aquele brincalhão, que vem cantarolando, começa e para, recomeça e para.  Sai aos gritinhos, um agora, outro daqui a pouco, enfim, um bobo alegre.

O Criançola - O Traque Criançola é aquele que não pode ver água, que quer sair fazendo bolinhas.

O Desastrado - Esse, coitado, é um infeliz, descontrolado. Acredita apenas na alma, mas esquece o corpo, e pronto. Surpresa! Acha que é apenas um traque, e vem acompanhado de todo o pessoal da limpeza. E quando isso acontece na louça, está bem, tranquilo. Mas quando acontece na rua? Ai, misericórdia! Nem é bom comentar.

o Ciumento- O Traque Ciumento é aquele que que só quer ser cheirado pelo autor, que também é chamado de Egoísta. Não divide o prazer com os outros. Solta debaixo da coberta e se enfia lá até gastar cada molécula da substância em benefício do seu nariz. Acredita até na teoria que cheirar traques cura câncer.

O Traque Altruísta- É o contrário do Ciumento. Esse é aquele traque que já estragou muitos relacionamentos. Daquele tipo que quando o marido solta, enfia a cabeça da mulher embaixo da coberta pra cheirar junto.

O Fantasma- É aquele Traque que surge do nada em meio a reuniões fechadas, elevadores, onde NINGUÉM sabe de onde surgiu. Esse é caso de chamar um exorcista ou fazer uma oração, algo desse gênero, para quem acredita.Nunca é demais saber disso. Elevadores são um perigo.

o Político - É aquele Traque que promete ser um terremoto e acaba sendo um aguaceiro, um churrio, um desarranjo.

Personalizado - É aquele Traque ao estilo do autor. Pensa por exemplo do traque do Trump. Certamente é diferente do traque da bailarina ninfeta do Bolshoi no colo do bailarino, no auge do Lago dos Cisnes.


Enfim, Traque é muito pessoal. Dia desses te convido a conhecer os meus.



quinta-feira, 16 de março de 2017

Teoria do Descontentamento




Teoria do descontentamento nada mais é que a disposição de sentir-se infeliz, magoado, frustrado, por não lograr êxito nos planos que traçamos, nos sonhos que acalentamos, e no dispendioso tempo que investimos em empreender aquilo que desejamos.

A frustração é o bem necessário ao aprimoramento dos recomeços. É  construir reconstruções sobre civilizações vencidas, sobre os despojos dos erros ou acertos que ainda não aconteceram nas tentativas de galgar o sucesso.

O descontentamento não é o choro convulsivo da derrota, mas as interrogações acerca dos pontos frágeis dos passos em falso sobre as pedras soltas do caminho. É perceber ao longo da caminhada que nem tudo que é verde pode ser floresta, e nem tudo que é escuro está relacionado à noite, mas que mesmo no escuro da noite mais escura, seremos capazes de encontrar uma faísca de inspiração que nos permita compreender que aquilo que pareceu um erro, foi um ensinamento. Aquilo que pareceu dor, foi o alívio. Aquilo que pareceu fracasso, foi a arrancada para o sucesso.
(Continua após o comercial)


Caminhar em frente é tropeçar, pois ninguém tropeça parado. Ninguém erra dormindo. Ninguém deseja aquilo que já tem. Então, o descontentamento pelo tropeço é a pitada que faltava para o passo firme. É o combustível para a reta final. É a certeza de que a bandeirada da vitória pode estar atrás da próxima curva.

Tenho errado mais do que acertado nas coisas que pensei para o futuro, pois parte destes futuros que sonhei já se tornaram passado, e não encontrei meus sonhos em nenhum deles. Sou néscio, por isso? Não creio. Sou apenas alguém a quem o descontentamento e a ânsia pelo sucesso se entrelaçam cada vez mais forte com o medo do fracasso, porque na juventude, todas as ânsias são por chegar em algum lugar o mais cedo possível, mas na idade madura, chegar é algo que não pensamos mais, senão que apenas nos disponibilizamos para a vida, para que nos presenteie com a paz de espírito.

O descontentamento com paz é saber que a caminhada terá valido à pena, se as penas tiverem sido cumpridas ao longo dos desvios que a vida nos ofereceu.E desta forma, nenhum descontentamento terá sido em vão.




Laodicéia é aqui - A hipocrisia que rasteja pelas igrejas

  "A igreja de Laodicéia é mencionada no livro bíblico do Apocalipse como uma das sete igrejas da Ásia Menor. Ela recebe críticas sever...