Nem em sonho que eu vou usar este espaço sagrado do pensamento, para oferecer denúncias futriqueiras de que este ou aquele Partido Político, ou Cidadão, estejam metidos em notícias mentirosas, ou pra ser mais contemporâneo, em "fake news". Mas exatamente o que são as fake news, e como são prospectadas, como elas se multiplicam, e qual o métido mais eficiente de torná-las acreditadas, ainda que absurdas?
Vamos combinar que notícias mentirosas existem já desde o primeiro capítulo da Bíblia, quando uma serpente, servindo de caixa de som para o senhor dos infernos, deu credibilidade a uma ilação, usando como fonte O Próprio Criador, e por esta base, encontrou a pessoa mais adequada (as opções eram poucas, mas por análise do comportamento de Eva, o departamento de RH das trevas concluiu que ela preencheria os requisitos para a função, e poderia começar imediatamente, desobrigando-a dos formulários padrões da empresa, partindo para o front, o "botton-up", a ação. O resto você já sabe, e ainda que não acredite no relato bíblico, vai acreditar nos efeitos em sua própria pele, quando encontra um candidato que quer colocar sua criancinha no colo, custe o que custar, e como a combinação de candidato-criancinha tem magnetismo próprio, câmeras e celulares aparecem assim, do nada, do "ex nihill", para registrar e espalhar a efeméride pela plêiade de curiosos, desocupados, que em lugar de trabalharem para não ter que enfrentar o SUS mais adiante, escolhem exercitar os polegares ao fazer correr as imagens na telinha do smartphone, e mais que ver, curtir, e passar adiante, precisam antes compartilharem com pelo menos 5 grupos diferentes, que começam tudo de novo e fazem o mesmo.
Notícias sensacionalistas nunca vem com advertência de: "Leia e delete! Esta mensagem se autodestruirá em dois minutos". Não. Isso só acontece em filmes com Tom Cruise e Sean Conery (ainda que na versão Roger Moore, Daniel Craig, Pierce Brosnan, e outros), em que um gravadorzinho de fita começa a derreter, assim, do nada, que é quando de fato começa o filme.
Notícias sensacionalistas, e em muitos casos, antigas e mentirosas, vem com selinho de: "Não deixe de compartilhar esta mensagem, até que ela chegue no Luciano Huck". Hoje tem também outro Luciano, destinatário de pedidos de emprego: Luciano Hang!
Mas, e Gramado, o que tem a ver com isso? Pois Gramado é o foco dos meus comentários, então devo dizer, consternado, que estes movimentos noturnos e soturnos de derramamento de panfletos, a poucas horas que antecedem a eleição, são tão antigos quanto a própria existência do Município, senão ainda antes. Darei apenas um exemplo com citação de nomes, porque são parentes meus, e ambos já não tem como ler o que escrevo: José Tristão, irmão de Manuel de Oliveira, irmãos, um do outros e outro do um, se odiavam. José odiava Manoel, e não contente com o ódio próprio, espalhava ilações sobre o próprio irmão do seguinte modo: Escrevia bilhetes, difamando o irmão dizendo: "Manoel, bandido! Manoel Ladrão! E enfiava os bilhetes debaixo da porta do Forum ou da delegacia de Polícia. Evidentemente que era desmascarado, pelo primor da letra que tinha, e a coisa terminava virando chacota, não gerando consequência a um ou outro. Caíam no pitoresco apenas.
Mas durante as campanhas políticas, as gráficas de fundo de quintal, lavavam a égua, de tanto reproduzirem notícias difamatórias de um e outro candidato, de um e outro Partido, e de um contra o outro, ao mesmo tempo. Sem mencionar o tipo de trabalho, eu mesmo já vi uma determinada empresa reproduzir aos milhares, e ao mesmo tempo, material difamatório de candidatos oponentes. Houve ainda um fato bastante conhecido, onde um candidato a Prefeito tinha uma vantagem considerável sobre seu oponente, quando pouco antes do amanhecer, as casas amanheceram forradas de fac-símiles de documentos que se ocupavam em demonstrar que houvera fraude em uma obra pública, e que, ainda que inocentado no Superior Tribunal de Justiça, muitos anos depois, naquele momento serviu para reverter a eleição a favor de seu oponente, e o candidato difamado por via indireta, sofreu uma derrota histórica de apenas 11 (isso mesmo, onze) votos.
Em uma eleição mais tarde, e preocupado para que o fato não se repetisse, um político da velha escola, procurou-me para alertar-me de que seria necessário uma vigília, que de fato aconteceu, de centenas de militantes, na madrugada do pleito, porque "os opositores eram sujos, e tinham o costume de espalhar panfletagem sórdida às vésperas da campanha". Relatei o fato ao coordenador da campanha, que riu aos frouxos, e me contou que ele, o político preocupado com a panfletagem, havia sido o mentor das piores panfletagens políticas, em anos passados. Enfim, tudo farinha bichada do mesmo saco.
As fake news foram aprimoradas, pelo menos na velocidade dos bits, e hoje há tanta mentira pulverizada com jeito de verdade, pelas redes sociais, que existem profissionais do submundo especializados em montar notícias falsas com aparência de verdadeiras, e pode-se perceber nitidamente que são as mesmas notícias, em sites que você nunca ouviu falar, ou ainda pior, em sites com os mesmos nomes de veículos poderosos da imprensa brasileira ou internacional, mas que sutilmente tem um pontinho a mais, ou um hífen, ou até mesmo uma palavrinha no endereço, que engana facilmente o leitor a abrir o link, e perder seu tempo, lendo besteira, e pior que isso, compartilhando estupidez.
As lendas urbanas sempre fizeram parte do imaginário humano. No início da internet, o pavor está voltado à terrível notícia de um homem que teria sido encontrado inteiramente nu, em uma banheira com gelo, num canto de uma praça, cm um telefone celular antigo, ao lado, e sem um dos rins. E as pessoas espalhavam isso. Por anos.
Em Gramado, as fake news são menos criativas. tratam, geralmente de fatos verdadeiros, mas incompletos, distorcidos, que mostram gravações de servidores manipulando o sistema de processamento de dados da Prefeitura, ou espalha prints dos boletos dos servidores mais bem pagos, ou ainda documentação incompleta, de documentos internos sobre aquisição de bens, e assim por diante.
Como os tempos mudaram, falar mal da família, arrumar amante, não funciona mais, pois telhado de vidro é coisa que aumenta cada dia mais, e parece que houve certo amadurecimento do eleitor em relação à interferência na vida pessoal dos que pleiteiam cargos no Poder Público de Gramado.
As fake news de hoje são muito mais no campo ideológico, do que de criminal, embora opiniões de método também sirvam para insuflar a raiva contra os desafetos, como a venda de terrenos por um, ou a compra de terrenos por outros. Aqui trata-se muito mais de opinião e preferência de gestão, do que tema de submundo da verdade. Ainda assim, o Ser Humano, seja ele político, ou normal, tende a enfraquecer a lavoura do vizinho, imaginando que com isso estará vitaminando a sua própria lavoura. Não está. Envenenar o quintal alheio não faz crescer as suas próprias cenouras.
Teria eu, humilde escriba e provocador do pensamento alheio, uma alternativa para avançar no crescimento moral, pular a etapa das ofensas, e construir a Gramado mais humanizada, que todos (ou quase todos) desejam? Bem, não tenho todas as respostas, mas estou á procura das melhores perguntas, então, antes de espalhar uma notícia, eu perguntaria à pessoa envolvida, qual a sua posição acerca daquela questão? Pelo menos eu tenho feito assim, e o que percebo, é que muitas vezes as pessoas optam pelo silêncio, e esperam para lerem o que eu escrevi sobre o assunto. Muitas vezes, não escrevo nada, pois minha intenção não é difamar ninguém, mas oferecer soluções para o bem estar comum. Nem sempre reconhecem isso, mas isso não muda a minha percepção da necessidade de atirar adubo em lugar de pesticida na lavoura alheia, se o caso for atirar alguma coisa. Mesmo que o adubo seja esterco animal. Se forem dejetos humanos, torna-se fake news.
Devo confessar que, meu sonho, é ver uma campanha onde ninguém desmerece o oponente. Apenas ocupa-se em promover sua própria plataforma. Talvez alguns nem tenham plataforma ou propostas, daí a necessidade de sujar o quintal do outro.
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