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Não. Eu não errei a digitação do título desta reflexão. O leão "ruge", mas nesse caso, os leões "urgem", de "urgente", de "são necessários com brevidade", no sentido de que Gramado urge de novos leões, se quiser fazer as mudanças apregoadas, por todos os candidatos, que prometem tais mudanças desde que ouvi falar de política pela primeira vez. Todos prometem mudanças, e alguns
ousam prometer mudanças radicais, mudanças monumentais, seja no aspecto urbanístico, administrativo, social, e até mesmo comportamental. E de fato, todos fazem certas mudanças, no modo de atendimento ao cidadão, na modernização, em obras pequenas ou grandes, ou negativamente, sem citar casos, que não é o escopo da leitura.
Nós mudamos continuamente. Não nascemos com raízes, nem temos a massa, o peso, e a solidez quase imutável de uma rocha, e por isso mudamos. Nossos gostos mudam. Nosso comportamento muda, como mudamos de casa, de cidade, de roupa, como mudamos de partido político, ou de preferência eleitoral.
O primeiro erro, pela minha leitura, é pensar que somos casados com nossas convicções, pois até os casamentos podem terminar em divórcio, porque uma, ou ambas as partes, passam a discordar de coisas que antes os unia. Partidos são assim. São criados em momento de crise ou oportunidade de benefícios ideológicos (fico por aqui nesse tocante), para formarem novos ajuntamentos, e participarem do processo seletivo e eletivo de sua localidade política. Assim pensando, somos livres para decidir pelas nossas escolhas, embora este não seja um caminho tão simples, pois ainda que alguém tenha mudado de opinião ou linha ideológica, virá sempre outro alguém a constrangê-lo acerca desta mudança. Neste livre pensar, somos dominados pelas conveniências alheias, e mais uma vez percebemos que não somos nós quem decidimos as nossas escolhas, assim também, no oposto disso, também somos nós quem decidimos pelas escolhas alheias. É uma troca de vinganças, onde eu não sou livre, e por esta razão eu freio a liberdade do outro, não porque discorde de seu pensamento, mas porque se eu não sou livre, quero que ele também não o seja.
A Democracia que pregamos pode ser, sob a capa de liberdade, uma falsa ideia, que é dominada pela política de bom relacionamento, ou pela má política do constrangimento. Nossa Democracia permite que votemos e nos encantemos com pessoas que nunca vimos antes, mas passamos à elas uma notoriedade que nunca teriam, se não fosse nossa própria ânsia por fortalecer os leões que rugem por nós, quando nós, às ocultas, desejamos ser os leões que rugem por elas, ou em desafio à elas.
A política em Gramado não é diferente da política do resto do Brasil, e ouso dizer, que de grande parte do mundo, onde o velho coronelismo, o velho caudilhismo se perpetua, não porque tenha propostas avantajadas para os eleitores, mas porque fomos capazes de desmascarar as propostas avantajadas dos oponentes. Ora! Se os políticos são os mesmos, ou mantém a mesma cantilena, os eleitores também não mudaram em nada, apenas trocaram de pessoas, com CPFs novos, porém, suas características são conservadoras e conservadas, e não é que faltam pessoas capacitadas para mudarem esse tipo de política, mas porque faltam eleitores renovados que poderiam mudar estas práticas.
Deste modo, urgem leões que conjuguem suas vozes de leões no modo imperativo: "Que rujamos nós", para que não rujam eles. Que rujamos hoje para que não silenciem eles amanhã. Que se desejamos mudanças, primeiro definamos quais mudanças queremos, e que ato contínuo, sejamos nós estas mudanças, pois quem ruge por primeiro, e se ainda conseguir rugir por último, rugirá melhor. Afinal, leões não são eternos, e precisam gerar filhotes para que rujam por eles. Gramado sempre teve este problema: Leões velhos e banguelas, sempre enxotaram e devoravam os leõezinhos enquanto ainda miavam.
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