Muito contrário ao que se pensa, os animais rugem, vociferam, e mostram os dentes, não é quando desejam confronto, mas é quando se veem cercados por inimigos fortes, colocam-se no ataque, demonstrando que não querem briga, mas se a peleja vier, estão preparados para mostrarem toda a sua força e ferocidade.
Fedoca mostrou os dentes, e mostrou que podem estar afiados, quando respondeu com notável agressividade de modo genérico, aformando que "seu governo não é igual aos anteriores", ou especificamente, que os anteriores seriam com clara definição, Nestor e Pedro. governos que não tiveram, segundo a leitura e interpretação de Fedoca, a qualidade, e ainda sendo mais específico, a ética que supostamente, numa leitura imparcial de ambos, tenha seu atual governo.
Em resposta curta e muito direta, Nestor também expõe as garras afiadas e ruge, como o leão desafiado, dizendo que de fato, "em seus governos, a Prefeitura apenas adquiriu patrimônio, e jamais precisou vender, para honrar compromissos, ou fazer investimentos".
Um e outro expõem com bastante antecipação o ambiente que preparam para o embate em 2020. Nestor não responde como candidato, porque responde no momento à Justiça na condição de Réu, ainda que esta condição não o tire do embate, mas precavê a possibilidade de atuar apenas como líder partidário, em suporte a outro candidato dos PROGRESSISTAS. Nestor mostra que, apesar da eventual desvantagem jurídica momentânea, não vai permitir que Fedoca encontre facilidades na disputa, que não será nem um pouco diferente das que os antecederam, com bravatas, discórdias, e de um proselitismo feroz, pernicioso, onde cada força arregimenta valentia dos militantes, novamente jogando-os, eleitores e militantes, uns contra os outros. Sempre foi assim, e não será desta vez que vejo mudanças. Não nesse tipo de comportamento.
Eu vi e participei de muitas eleições em Gramado. Quase vi uma união de Nelson e Pedro, em certa ocasião, mas ao mesmo tempo vi que, ainda que os líderes se entendam e se respeitem, os apaixonados pela confusão e pelo ego exaltado formarem muros intransponíveis, e esta sonhada união nunca aconteceu. Por questão de poucas horas, por questão de poucos votos. Assim, ainda que dentro da mesma casa haja divergência de opiniões sobre este ou aquele candidato ou partido, tais divergências se dissipam após a eleição, por laços de afinidade. Eu mesmo, que não tenho partido, nem inclinação política, no tocante a Gramado, sou amigo de militantes de diversos Partidos, de diversas lideranças, e procuro deixar que minhas palavras sejam refletidas antes de manifestá-las aos leitores, mas sei que não é assim com todas as pessoas, e sei que a semente da ira é mais vitaminada que as pétalas da harmonia. Assim, faltando um ano para a eleição, muito antecipadamente, vejo posicionamentos afiados e a escadaria de egos cintilando para que subam nela, um e outro. Uns e outros, os que querem o poder em Gramado.
E o eleitor torna-se um títere, um boneco articulado, uma vaquinha de presépio, onde permanece na posição em que a colocarem. E as mãos que dispõem dos personagens deste presépio, que manipulam as cordas para movimentação das pernas e braços, e até mesmo da articulação das mandíbulas de madeira dos eleitores, são as vozes que se desafiam, que nos desafiam a compreender de que lado estaremos nos próximos meses e anos.
O papel desta coluna não é escrever para agradar aos políticos, mas para despertá-los a caminharem par e passo com os eleitores, ao mesmo tempo que permitir aos eleitores que questionem as verdades amalgamadas com as bravatas por trás dos leões que rugem. Eu estava silenciosamente observando a superfície das águas, quando fui despertado por leitores e pelos próprios políticos, que pediram que eu voltasse a escrever e livremente expressar minha leitura sobre a política em Gramado. Eu não posso mudar o mundo. Não posso mudar o Brasil, e nem mesmo posso mudar Gramado. E nem quero isso. Mas posso demonstrar que por trás de gestos aparentemente particulares, existem movimentos silenciosos que podem ser desvendados à luz do pensamento e da reflexão isenta. Gramado merece que seus cidadãos pensem, e merece meu respeito e gratidão, porque de alguma forma tenho contribuído para que isso aconteça. Fiz uma revisão do blog, desde que surgiu, em 2017, percorrendo o gráfico de leituras, que hoje chegam a 298 mil visitas, considerando que se trata de um espaço reflexivo, de linguagem, por vezes, difícil, mas que ainda assim, os 30 mil leitores de Gramado reputam como respeitável. É nesta respeitabilidade que atrevo minha ousadia em trazer ao lume da razão o comportamento político dos personagens que se expõem a tal, uma vez que sejam figuras públicas, e o fazem espontaneamente, seja por amor à Gramado, seja por amor ao próprio ego. Que seja então. Não é pecado apreciar seu nome em placas de bronze, contanto que sejam placas que façam memória à bons serviços. O povo merece isso.
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