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segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

A Máquina de fazer solidão, e a Religião Pós-Moderna




A ativista e atriz norte-americana dizia que agradecia à D-s porque não haviam inventado ainda uma máquina que lave e vista as crianças. Repeti isso muitas vezes, e em algumas delas, esqueci de fazer justiça à autoria da frase, que, não sendo minha, e ainda que não soubesse a origem nem autoria, deveria ter a decência de dizer assim: "Alguém, que não lembro quem foi, disse tal coisa...". Faço isso agora. Pronto. Consciência limpa, sigo minha reflexão.

Máquinas. Elas estão em todo lugar, espalhadas por toda parte, e nós mesmos somos uma máquina poderosa, pois para ser uma máquina não temos, necessariamente que sermos feitos de aço, plástico, ou alumínio. Basta que exerçamos funções dinâmicas e mecânicas, e de certo modo também, repetitivas, que nos assemelharemos a uma máquina. Mais complicada, sofisticada, frágil, e humana, Mas, uma máquina. cheia de fluidos adiposos, gosmenta, fibrosa, calcinada, peluda ou pelada, enfadonha, agradável, sofredora e simpática, antipática, apática, ou fleumática, agressiva, passiva, compassiva, ativa, vegetativa, com iniciativa, ou amorfa. Assim são também muitas máquinas. Hoje, sete biliões delas, ainda vivas. Amanhã também sete biliões, ainda vivas, mas outras que já foram vivas. Ainda assim, máquinas.

Há máquina pra tudo. Máquina de cortar grama, cabelo, abrir estradas, fechar buracos, cavar poços, construir paredes, máquinas que fazem outras máquinas, e que também as destroem. Todas são máquinas. Tem um preço, um custo, e um valor. Existe a moda das máquinas, a máquina da moda, e a tendência de máquinas. Máquinas únicas, máquinas de montão. Maquinas que carregam pessoas. Máquinas que fazem solidão. Esta máquina custa caro, porque é preciosa. Vale muito e serve pra tudo, até mesmo para fazer solidão, como já diz o nome. Assim, irei chamá-la de "Máquina de fazer solidão!".

A grande Máquina de Solidão, ao que simplificarei aqui por MS-1, cabe na palma da mão, mas abre portais para o universo. O mundo torna-se o quintal da casa dentro dela. Rompe barreiras de línguas, costumes, crenças e ideologias. Torna covardes em valentes e valentes em escória. Veste o ego com manto brilhante, e escreve seu nome em letras douradas. Faz você voar pelos lugares mais distantes, lança você ao estrelato. Você passa a ser único. Apenas você e outros sete biliões de únicos verdadeiros. E sendo único, entre tantos, você se torna transparente, invisível, imperceptível. Por mais que escreva seu nome com giz de gelo em lousa de fogo, você ainda será o vapor que sublima em cada letra escrita. A MS-1 cumpriu sua tarefa. Te esvaziou. Agora, você precisa se reconstruir, e busca um lugar onde outros vazios se preencham. Você procura respostas, fórmulas, chaves, e encontra um ponto de partida. É apenas um ponto, uma pequena vírgula, quem sabe, que é um ponto que chora, e a vírgula transforma-se num apóstrofe, um ponto que chora e deseja voar. Inspira em um fôlego, expira, aspira, respira, e ouve as vozes chamando. Caminha e ouve mais forte, mais alto, algumas gritam, até choram, oram, imploram, exploram, e libertam. Você entra e sente a alma mais pura, madura,  mais leve, mais solta. Avança e volta, indecisão, renovação, ebulição, comunhão, visão, profetiza, ameniza, realiza. Invade sua alma, esvazia sua dor, amor é tudo o que sente invadindo seu peito.

Suas mãos se erguem para o alto ao ouvir os cânticos, a oratória que desliza sobre suas dores, a mão que tira o luto, que afaga o ego, que esvazia as lembranças. O lugar cheio de efeitos, de graves e agudos, de voltas e falsetes, de perfume forte se mesclando com perfume barato. Mãos abraçando o vazio, olhares ainda mais vazios, cheios de D-s, vazios de si próprios, inebriados, ébrios, solenes, derramando almas sobre o auditório tecnológico. O deus das franquias franquia linimento lenitivo entre abraços dados por braços que não sentem mais dor. Dor, enquanto é dor, é a infelicidade criativa. Quando esta se apaga, outros criam e recriam, enquanto você apenas dorme de olhos abertos, cantando com a voz embargada no coro dos libertos pela hipnótica canção do preletor. Cheio de tecnologia. Em seu favor. Só faltou D-s. Mas D-s aí. Faz parte.

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