Foto: Divulgação
Eles vem de muitos lugares. Vem do Brasil, e vem do mundo. Vem como notas soltas esperando sua vez na fila das partituras para libertarem as almas, flutuantes e efêmeras vibrações sob forma de canções, melodias, trinares, e gorjeios.
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O que mais emociona nesse ambiente musical, não é apenas o estilo, a afinação, a concentração dos musicistas, isso também, mas a solidariedade. O paradoxo de uma música que já foi chamada de elitista, se mostra na origem de muitos dos artistas desse tipo de evento.
Alguns chegaram a Gramado por meio de economias pessoais, advindas de pequenos trabalhos, concertos, eventos, casamentos, aulas particulares. Outros, nem isso conseguiram, e contaram com a ajuda de mecenas, pessoas que voluntariamente ajudam, desde o custeio de refeições e hospedagem, a ajuda financeira mesmo. Há, naturalmente alguns expoentes, que já atravessaram o pântano das incertezas, e alcançaram certo estrelato, o que não chega nem perto do tipo de notoriedade pública que atingem artistas em outras áreas, em outros estilos, como o sertanejo, o rock, ou estilos próprios de público de massa, e ainda assim, mesmo junto de alguma banda que acompanha estes estilos, possivelmente iremos encontrar musicistas eruditos, abrilhantando os espetáculos.
Nem sempre o cachê é alto, ao contrário, na grande maioria dos casos, são irrisórios. Um violonista ecléticos, tocando três horas por noite, em um barzinho, ou restaurante, ganha no mínimo o dobro de um solista, de uma soprano, de um instrumentista erudito. Um não tem menos valor que o outro, mas no mercado, valem muito menos, falando financeiramente.
Gramado é uma cidade que inova sempre. Surpreende a si mesma sempre. Qualifica-se sempre, e o Gramado In Concert foi criado para motivar a boa música, de qualquer estilo, mas esta sexta edição coroou a vontade de três maestros e um grupo de competentes musicistas e profissionais,que contaram com o apoio de empresários e cidadãos gramadenses, que cooperam para que o evento
Todo recital é uma dor e um prazer que se fundem. Uma ânsia de começar e a euforia do terminar. O aplauso é o lenitivo para esta dor. O aplauso continuado, de pé, é a válvula de pressão. O frenesi das palmas e "bravos" é o alimento do artista. E um evento onde mestres e alunos se encontram em curta temporada é o espetáculo dentro do espetáculo.
Neste encontro que oportuniza a jovens de muitos lugares fruírem da companhia de outros iguais e juntarem das diferentes semelhanças, encontram-se também as culturas, o modo de falar, a troca de impressões sobre o que ouvem, gostam, comem, vestem, de como vivem, sentem, acreditam, e até mesmo, novos romances podem brotar. Então, mais que um evento de música pela música, o que já seria o bastante para encantar os ouvidos, há o encontro de gente jovem com gente que já foi jovem. O encontro daqueles que desejam aprender, com a boa vontade dos que podem instruir. Que modelo para ser imitado em outras situações. Que modelo para inspirar outros eventos, e que tais eventos levem à Gramado mais que consumidores de hotéis, lojas e restaurantes! Que lição de humildade, o encontro do que busca a perfeição com o que conhece atis atributos de arte.
Fica o desafio para que o Natal Luz, o Festival de Cinema, o Festuris, e tantos outros, abram suas portas para Gramado, para o interior, e por que não, uma parceria com outros municípios, que sejam levadas mostras e oficinas de integração regional?
Este, em minha humilde leitura, é o verdadeiro sentido do turismo e da cultura: Integrar e transformar, unir, educar, instruir, repartir, e edificar. Esta é a cultura que eu gosto de pensar e sonhar.
Parabéns, Gramado! Parabéns Secretário Allan Lino! Parabéns à equipe e aos participantes deste evento, que terá neste espaço, em minhas letras, o respeito que lhe é merecido, sempre. Ainda que de forma crítica, ainda que de maneira elogiosa. Silenciosa, jamais!
Os artigos aqui publicados sobre o VI Gramado In Concert, tiveram apoio de Bangalôs da Serra.
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