Falar bem é uma arte e uma ciência que deveria ser ensinada nas escolas, pregada nos púlpitos, discursado nas praças, e rezado no recato da oração. Falar mal, é um trato com a língua viperina, com a semente do mal. Por isso, não se fala mal das pessoas,, e sim de suas más ações, do mau comportamento. No máximo, que fique claro.
Falar bem dos amigos é uma prática que deveria ser levada a sério, mas especialmente de quando se fala em tom de gratidão, em suave melodia de lembranças agradáveis. E eu tenho muitas, acreditem em mim. Boas lembranças de bons amigos.
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Falei do André Tissot, em postagem recente, e falei do Prefeito Arno Michaelsen, em outro ensaio, e falei de muitas pessoas já. Continuarem a falar, pois nem sei se gostam de ler, mas faz-me bem externar minha gratidão à quem me fez bem algum dia.
Trabalhei na antiga Sonelli, em Canela, em 1980, ou 81, não recordo direito, mas gerenciei um departamento naquela indústria, e tive dois grandes amigos lá dentro: Rodrigo e Maurício Oppitz.
Neste tempo, tive mais proximidade ao Maurício, com quem inicie (e mantenho) grande amizade. Maurício era diferente dos jovens bem nascidos de sua época. Veio de uma família de posses, mas nunca fez de sua condição financeira, motivo para espezinhar ninguém. Nenhum de seus irmãos fez isso. Eram jovens simpáticos, que sabia, aproveitar a vida, mas o trabalho próximo ao chão de fábrica os tornou humanos, verdadeiros, amigos de verdade, e isso eu pude comprovar muito, mas muitos anos depois. Cerca de trinta anos mais tarde, onde um e outro, eles, e eu, tomamos rumos diferentes na vida. O tempo nos separou por mais de três décadas. No entanto, quando nos aproximamos novamente, as histórias pareciam ter acontecido no dia anterior, tantas eram as lembranças e as prosa para botar em dia todas elas.
Nesse reencontro, eu morava em Florianópolis, e eles também. A velha Sonelli já não exista mais, mas os moços ergueram sua própria empresa, liderando o setor daquilo que produziam, e goravam o Brasil e o Mundo fazendo negócios, sempre bons negócios.
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Um dia, liguei para o Rodrigo, e perguntei se ele se ofenderia se eu oferecesse algum trabalho, na minha área, de Design, e o fiz, esperando uma negativa, pois pareceu-me por demais ousado, reencontrar amigos de juventude, e à queima-roupa, falar de trabalho. Surpresa minha: Ele concordou, e em pouco tempo, estava eu prestando consultoria e desenvolvendo projetos para o grupo que dirigem. Foram quase dois anos, onde conversávamos quase diariamente, e não só sobre trabalho, mas falávamos de literatura, de religião, de política, contávamos piadas, e falávamos da vida em geral.
O trabalho encerrou, mas a amizade apenas cresceu. E diariamente, desde então, recebo uma mensagem diária de saudação, louvor à D-s, e gestos de amizade, do Rodrigo, independente da condição econômica minha e dele serem absurdamente diferentes. Rodrigo não faz de seu status um abismo para tratar bem seus amigos. E eu, na condição de quem desenha e constrói coisas, procuro construir diariamente uma ponte para nossa proximidade afetiva, moral, espiritual, intelectual, e certamente também profissional.
Um dia eu estava escrevendo e ilustrando um livro infantil (Biluca Bimbão - O sapo que queria voar), e comentei com ele, sbore a dificuldade de ser escritor, e correr atrás do sustento ao mesmo tempo. Perguntou-me sobre o livro, e mostrei a ele o progresso do trabalho, em andamento. Perguntou-se quanto eu necessitaria para concluir o projeto. Expliquei então que como eu fazia toda a parte gráfica, ilustração, edição, seria o trabalho de tres a quatro meses, com dedicação exclusiva, e disse o quanto eu tinha de despesas para isso. Rodrigo apenas pegou o talão de cheque e a caneta, e perguntou-me: Posso parcelar em três vezes?
Assim, pude concluir a edição deste livro, o único infantil que fiz.
Peço sempre à D-s, em minhas orações, que meus amigos sempre tenham em mim alguém em quem continuem a confiar. É só o que me interessa. O resto é a caminhada rumo á eternidade. Um longo caminho, cheio de histórias por lembrar.
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