Saúde, Segurança, Mobilidade Urbana, Turismo, Agro Negócio Familiar, Saneamento, Cargos Comissionados, e outras ladainhas nesta melodia, a que dão nome de "Renovação na Política Gramadense".
Com o devido respeito, mas nenhuma admiração aos candidatos medíocres (apenas aos medíocres, portanto se você não é candidato e nem medíocre, pule essa parte), este ensaio não é para ofender ninguém nem criticar a falta de orientação programática em mais uma campanha que promete ser tão medíocre quanto foram tantas outras campanhas anteriores.
O que se percebe é que os eleitores (sim, você e eu), só temos interesse nos candidatos à Prefeito e seus respectivos vices, mas que, tão logo passa a eleição, só lembramos dos Vereadores, quando estes votam medidas impopulares, e geralmente as medidas impopulares são provenientes do Executivo (é o que fazem crer os opositores quando mobilizam protestos e injúrias pelas redes sociais).
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A falta de conhecimento político dos candidatos e sua posição geográfica, quando em campanha, é tão gritante, que candidatos decoram palavras de ordem, e vomitam discursos do gerador de lero-lero, onde falam em: "Renovação da política, Gestão dos recursos públicos com eficiência, Um olhar pelo cidadão, uma Renovação na Economia (sem dizer como será feito, nem justificar a razão desta renovação)", e tantos outros jargões repetidos pelo país inteiro, que só falta sequer o punho cerrado e cantarolar: "O povo unido jamais será vencido!".
Tenho vontade de fechar a janela e desligar o mundo, quando vejo tanta casca no prato e tanto miolo de fruta no lixo. É esta a percepção que tenho quando vejo nas redes sociais produções bem elaboradas de vídeo, que me faz pensar que os candidatos de verdade são os marqueteiros, e não os fantoches que se mostram, bem iluminados, bem maquiados, bem acompanhados, em um belíssimo cenário de fundo, que é Gramado, fico pensando em votar no cenário (se eu votasse em Gramado, óbvio), porque o cenário tem história, tem atualidade, e promete continuar naquele lugar, se os personagens humanos não o destruírem em sua ânsia por galgarem o topo do poder, e do brilho, em algum momento de enxaqueca ou cólica cerebral, e enfiarem um trator e amontoarem entulhos para construírem uma "nova civilização", e que nela ergam totens e obeliscos em sua própria honra e louvor, tal como faziam os faraós, e todos os conquistadores da antiguidade. A antiguidade nos encontrou, e todos os que derrubaram cidades, o fizeram na promessa de "renovar, inovar, construir o futuro", tendo o passado apenas como retórica para agradar velhinhos e saudosistas.
Fico pasmo em ver a absoluta ignorância estampada nas redes, de conteúdo amorfo, vazio,que falam em "renovação da política", quando não sabem diferenciar "política de políticos". Confundem a troca de nomes no parlamento ou no executivo, com troca de métodos e objetivos.
São, de fato, pessoas diferentes, principiantes, alguns, veteranos em não serem eleitos, mas insistentes, outros, o que é nobre, pois não desistir faz parte do alcançar. O que não tem nada de diferente é o notório "Eu amo Gramado", "Gramado está no meu DNA", mas não dizem que tipo de projetos irá empenhar-se por aprovar para ampliar o número e a qualidade das creches, o transporte público, o plantio de hortas comunitárias, a redução efetiva de cargos comissionados, a redução dos custos da máquina pública (mas é mais que dizer que vai lutar por isso, é dizer "como" fará isso.
Não vejo(com exceção de alguns poucos instruídos, que oferecem soluções),candidatos com metas concretas, que não seja repetirem feito papagaios que aprenderam a falar ouvindo disco de vinil, com rombo que faz saltar a agulha, e repetem feito mantras (tipo de reza oriental onde as palavras se repetem indefinidamente)as suas promessa para conquistarem a confiança dos eleitores. Não vejo mesmo.
O que vejo, ainda que iniciando, são candidatos que buscam lá do berçário, a sua biografia medíocre, tentando demonstrar "como são espertos, como são legais com as pessoas, como são valentes, como conhecem gente importante", mas que se os chamarem a uma apresentação formal de um único projeto, que o resuma, na sua essência, em apenas cinco minutos de explanação, mas que nesse ínterim, não usem o superlativo sobre si mesmos, nem divaguem ou fujam do assunto. Experimente fazer isso, e se tal candidato conseguir atravessar os cinco minutos neste formato sugerido, considere então, a possibilidade de votar nele.
Não vou trazer à baila a questão da honestidade, pois vou partir do pressuposto que todos sejam honestos. Esta tecla vou deixar que outro bata nela por mim.
Experimente procurar nas redes sociais as propostas dos candidatos, e deixe de lado os "selfies", os biquinhos por trás das máscaras, ou as difamações ao governo, ou se deste, aos seus opositores.
Experimente sugerir um tema de trabalho, uma proposta, ao candidato, e combine com mais dois ou três amigos, que sugiram propostas opostas à sua, e depois façam um encontro das respostas, e perceberão que a cada um ele fez uma proposta diferente e muitas vezes contraditória, e depois novamente confrontem o candidato, e perceberão que ele é tão vazio e evasivo quanto bagre ensaboado e sua cabeça oca.
Claro que não são todos assim. Claro que há pessoas de rara inteligência e com bem elaboradas propostas, e bem intencionados, que irão ingressar na política para que os maus políticos percam o assento.
É claro que existem pessoas que não irão ingressar na política para obterem sucesso, mas para que a comunidade seja bem sucedida por causa do seu ingresso na política.
O bom político não entra na vida pública para se dar bem, mas para servir bem.
São os bons serviços dos homens e mulheres públicos que já passaram por Gramado, que motivaram e enriqueceram, não apenas a cidade, o município, mas a essência e o bom caráter dos bons cidadãos que compõem a população de Gramado.
Então, quando aparecer quem não conhece e não ajudou a construir o que já tem, e tentar dizer que "a política precisa ser renovada em Gramado", pergunte logo: "E o que significa renovar, e onde erraram mais do que acertaram os nossos políticos que escolhemos durante tantos anos nesta cidade?"
Se você acha que renovar é apenas mudar os nomes, então você, que já votou tantas vezes, é um otário, porque seu voto foi jogado no lixo, e nada do que você aproveitou dos projetos por estes votados, e executados, tenha algum valor, sim, mude os nomes, ainda que sejam vazios.
Eu penso que um dia teremos um modelo de democracia onde somente integrarão os quadros públicos, pessoas ilibadas, experimentadas, e criativas, e fanfarrões, tagarelas, e narcisistas, fiquem atrás do cordão da tietagem, e deixem que for de competência trabalhar.
Ainda há tempo de não ser rebanho de vaidosos, e começar a prestar atenção naquilo que prometem os candidatos, e você só tem UM voto, e ninguém tem direito a saber em quem você votou. Mas você saberá, quando se passarem mais quatro anos e você esperar com ansiedade o momento da volta de quem lhe passou a conversa, para lhe passar a conversa mais uma vez.
Felizmente este é apenas um ensaio teórico, pois com certeza não existem candidatos vazios em Gramado. Todos, com absoluta certeza, possuem uma bagagem de projetos de dar inveja ao mundo. O difícil será escolher os nove melhores. Tomara. Tomara mesmo.
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