Nunca fui tomador de cerveja, por não gostar mesmo. Não posso dizer que uma ou outra vez eu não tenha bicado uma cervejinha preta, se for bem docinha. Paciência. Sei que é uma heresia, entre os apreciadores dos finos maltes, mas fazer o que? A laranjada, pra mim, sempre foi mais gostosa, mesmo que cheia de química.
Mas, como o tempo passa, e tudo muda, eu também mudei: passei a gostar de cerveja, e essa, é amor antigo: a Spritzbier, ou Gengibirra, como os italianos a conhecem. Dessa, falo serio, eu sento pra conversar e tomar umas duas garrafas, se der no jeito.
Há dois anos atrás, resolvi iniciar um projeto de bebidas probióticas, e descobri que não existiam similares no Brasil, e embora tenha varrido centenas de páginas na internet, não encontrei nenhuma receita que atendesse ao que eu buscava. Assim, investi cerca de duas mil horas, e um certo tanto em dinheiro, contratei consultorias, obtive suporte de químico, biólogo, nutricionistas, e finalmente e cheguei à fórmula desejada, sabor ao alcance dos bons paladares, testes de maturação, e tudo o que faz de uma bebida, uma bebida. Criei a "Energy Flavor", um espumante à base de frutas, ervas sementes, raízes e flores. Encaminhei e recebi registro de marca, fiz rótulos, acertei fornecimento de vasilhame, e quando estava com tudo pronto para colocar no mercado, fui em busca de investidores para o projeto, porque aí era coisa de gente grande. Foi nesse tempo que uma pequena e bem organizada cervejaria que se disponibilizou para produzir minhas bebidas em larga escala, encerrou suas atividades, porque os proprietários encontraram outros planos para seus negócios, e manter uma cervejaria em funcionamento, não era um deles. Nasceu uma grande amizade, mas decidi não dar continuidade ao projeto naquele momento, pois eu também estava em transição pessoal, e resolvi deixar para o ano seguinte. Quando o ano seguinte chegou, trouxe um convidado indesejável à tiracolo, e todos os planos de todas as pessoas no mundo inteiro foram adiado por tempo indeterminado. Cest la vie, dizem os japoneses...ou os gauleses, sei lá. Mas, vamos ao Spritzbier então. Era disso que eu falava, quando desviei do assunto, sentimentalismo, sabe.
As famílias pobres do interior, da roça, da colônia, como se diz no sul,tinham uma vida bem difícil, e em geral,muitas bocas para alimentarem, mas nem por isso deixavam de lado a alegria e as festas, muitas festas. E festa, sabe como é, precisa ter muita bebida, e como sabem (vocês sabem, não sabem?) bebidas custam caro, a não ser que vocês mesmos as façam, irão gastar rios de dinheiro enchendo o bandulho dos convidados que, sim, vão às festas por causa das bebidas.
Assim, lembrando que quando terminar o isolamento, precisaremos nos humanizar novamente, e então, quem come, vai comer, quem dança, terá talco no salão, e quem bebe, vai precisar muito do banheiro, pois beber é diurético, e quando falo de beber, não, não estou fazendo nenhuma apologia à beberragem largada, sem alcoolismo, e muito, muito sabor e saúde nelas. E foi bem assim que achei que seria uma ótima ideia que eu mesmo tive, sozinho, de criar uma seção de gastronomia regional, onde vamos publicar receitas, entrevistas, dar indicações, e mostrar como a vida simples pode ser sofisticada.
A receita de hoje é a Spritzbier, então. Vamos à ela.
Ingredientes:
100g de gengibre descascado
2 kg de açúcar cristal (tem que indique que se use Demerara. É frescura. Use cristal que dá no mesmo)
3 limões frescos
8 litros de água
5 g de fermento biológico
Modo de preparo
Corte em pedaços bem pequenos e macere o gengibre
Ponha para ferver e marque 15 minutos após começar a fervura.
Coe o suco de limão, e adicione à água ainda quente
Dissolva o açúcar em uma vasilha à parte, com 500 ml de água. Deixe ferver até borbulhar, mexendo sempre.
Adicione a calda com os demais ingredientes, mexa bem, e deixe descansar por 24 horas.
Dissolva o fermento em 100 ml de água e deixe dissolver por 15 minutos. Depois, adicione à calda, que estará morna ainda, provavelmente. Mexa bem tudo
Coe a calda e coloque em uma bombona de água mineral limpa. Deixe descansar por 3 dias. Tampe a bombona com um plástico, para evitar contaminação.
Deixe em lugar escuro e com temperatura ambiente.
No sétimo dia, engarrafe, coando novamente.
Engarrafe, usando garrafas PET. Ao encher, deixe cerca de 3 cm abaixo do gargalo da garrafa,para permitir que tenha espaço de fermentação.
Guarde em geladeira ou em local escuro e fresco.
Mais três dias, estará pronta sua deliciosa spritzbier. Pode ser guarda até 30 dias em geladeira. A partir disso, ela se tornará mais amarga, e começará a formar uma pequena quantidade de álcool, insignificante, mas não perderá suas propriedades probióticas.
Tome cuidado ao abrir, pois a fermentação poderá deixar uma certa quantidade de pressão, e ao abrir, pode derramar, por isso, abra sempre dentro da pia.
Sirva gelada, e organize o acesso ao sanitário, pois é diurética, no primeiro dia, e no segundo dia, se beber demais, pode ser um pouco laxante, mas nada que te faça passar vergonha.
Bon Apetit, dizem os argelinos (lógico, na Argélia ainda se fala francês, ué).
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