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quarta-feira, 26 de abril de 2023

A Ditadura, Os Estudantes, Gramado, e Eu

Foto: Silvano Haas (Entrega do Troféu Ilha de Laytano, e o dia do meu primeiro discurso à todos os alunos, no Cine Embaixador, Dezembro de 1976) Sou o primeiro, assentado, à esquerda. Ao meu lado, Nailor Balzaretti, Professor Francisco, ao seu lado, não sei quemm é, Dante de Laytano, Irma Peccin, Marilia Daros Franzen, Esdras Rubim, de pé, o Diretor José Staudt, e dormindo, lá no canto oposto, Romeu Dutra.

Pois confesso o que já é amplamente despercebido: esta é a primeira vez que eu escrevo sobre os tempos de Movimento Estudantil em Gramado, e meu estado de coisas neste ambiente sinistro e maravilhoso.

Meu intróito neste ambiente da política estudantil começou lá por 1976, quando cursava alguma coisa entre o Ginásio e o Científico, não lembro direito, e isso nem importa também, mas o que interessa é que minha turma na escola noturna era bem pequena, uns dezoito ou vinte alunos no máximo, gente boa demais, amigos até hoje (os que ainda perambulam pela vida), onde não éramos amigos apenas, mas quase irmãos mesmo, tamanha a amizade do grupo.

Foi nesse tempo, que o Grêmio Estudantil Machado de Assis estava em processo de organizar a eleição para o comando da entidade, e nesse tempo, os Grêmios Estudantis eram o último redutos da juventude para extravasarem sua ânsia pela política nacional, posto que era proibido aos estudantes a manifestação na política partidária, e nesse tempo, os Diretórios Acadêmicos Universitários estavam fechados pelo governo militar, e a UNE estava lacrada e cercada por soldados armados até os dentes, à espera de algum "fura-fila" que ousasse romper o lacre e entrar na sede da entidade, e enfiá-lo num camburão para levá-lo a um passeio pelos porões do DOPS (Delegacia da Ordem Política e Social, o departamento de repressão e em muitos casos, senão a maioria, tortura e pau-de-arara mesmo), para uma nada gentil conversa com algum delegado cercado com umbando de sádicos, que não tinham a menor ideia a respeito dos debates políticos que perseguiam, mas tinham a força e o prazer de divertir-se com os gritos dos torturados. Assim, os estudantes universitários trancavam suas matrículas nos cursos, e se matriculavam no Ensino Secundário, para arregimentarem prosélitos, e disfarçadamente manterem o movimento estudantil vivo.

Foi nesse ambiente que eu comecei. Eu não era e nunca fui ativista político. Não sabia nada da política nacional, além do que ouvia pelos amigos, geralmente em rodas de piadas, onde o estúpido era o general de plantão no poder, e a piada girava em torno de ideologia política, as mesmas de anos anteriores, onde só se trocavam os personagens. Este era meu conhecimento da política, nada mais. Não fazia a menor ideia do que fosse o movimento estudantil, e muito menos tinha pretensão de envolver-me com isso. Porém, como sempre fui comunicativo (alguns antagonistas davam o nome de "inxerido e petulante". Vá lá que seja, assim eu era, e por ser inxerido e ansioso por pertencer ao grupo, já que eu era péssimo no futebol, fator que favorecia o fortalecimento de amizades, e por ser um perna de pau, eu não era convidado para formar time com ninguém, e por isso e outras coisas mais, tornei-me um excluído social. Então, a única forma de entrar em uma porta quando não abrem pra você, é meter o pé e entrar assim mesmo. Isso te torna inxerido e petulante. Que seja.

Como dizia, o Grêmio Estudantil nesse tempo, estava sendo movimentado para a eleição, e era sempre a chapa da situação quem vencia, porque seus integrantes faziam parte, tanto dos movimentos esportivos da cidade, quanto da elite política, que os motivava a que se mantivessem no comando da juventude de cabresto. E fui então procurar o então presidente da entidade, um sujeito maluco de atar em poste, cujo prazer era vestir-se de Papai Noel, próximo ao Natal, e sair com uma vara de vime de dois metros de comprimento dando varadas nas pernas da piazada, por onde passava. Esta era a liderança da juventude política deste tempo e lugar.

Num desses ímpetos arroubos de humildade invasiva, fui procurar o maluco e disse a ele que eu gostaria de ser incluído na próxima chapa, num cargo, tipo qualquer mesmo, para pertencer ao grupo, participar, correr de um lado a outro nos eventos da entidade, enfim, queria estar junto deles, e ele me respondeu, com ar de superioridade:
- "Fica tranquilo, vamos te arrumar um carguinho na chapa (que tinha cerca de 30 pessoas)!!
Ah, como eu fiquei feliz, e fiquei à espera de ser chamado, o que nunca aconteceu.

Entre muitos amigos, eu era (e ainda sou) grande amigo de um sujeito de baixa estatura, de fala mansa, observador, meio debochado, mas um excelente estrategista político, que durante os intervalos das aulas, quando todos ficavam tagarelando e andando de um lado a outro, ele sentava-se, de pernas cruzadas, e lia o jornal atentamente: o Eduardo Barros! Então, cheguei pro Edu e disse que deveríamos montar uma chapa para concorrer, e que ele, Eduardo, deveria ser o Presidente, e que eu o apoiaria, buscando votos dos alunos. Minha esperança era pelo menos ter um lugar no grupo para colaborar, nada mais. Eduardo olhou pra mim com a cara seria e disse:
- "Sim, vamos formar uma chapa, mas o presidente vai ser tu!"
- "Eu?" Fiquei estupefato, aquilo era irreal, eu não tinha a menor condição de vencer uma eleição com mais de mil alunos, um desconhecido, insignificante, pobre, filho de mãe solteira. Nem pensar!
Eduardo insistiu e disse: 

-"Monte a chapa! Escolha alguns membros, poucos, e vaou te inscrever como candidato!"

E assim foi. Mas um dos segredos de vencer uma eleição, é ter aliados, e como a chapa da situação já estava formada, contando com mais de 40 pessoas, naturalmente já haviam escolhido todos os formadores de opinião, líderes, e alunos mais populares, para composição desta chapa, e desse modo, ninguém queria entrar na competição contra eles, e eu ia de pessoa em pessoa, até que finalmente consegui formar um grupo mínimo, com os componentes exigidos pelos estatutos, elegíveis, isto é: Presidente, Tesoureiro, Vice Presidente, e Secretário. E lá fomos nós: Presidente, eu, Paulo Cardoso; Vice, Marlene de Oliveira; Secretária, Edelgarth Ramm, e Tesoureiro, Sergio Teixeira, que era o mais maduro do grupo, e trabalhava em um banco, então ninguém melhor para cuidar das finanças do grupo.

Começamos o périplo pelas salas, pelos corredores, pela calçada da frente, apresentando nossas propostas, mas sem nenhuma esperança de vencermos, apenas pela adrenalina da campanha já estaria bom. Minha avó, muito religiosa, dizia: 

- "Não posso orar para que venças. Mas oro para que tenhas sabedoria!"

Chegou a eleição, e minha pequena turma foi proibida de abandonar a sala para votação, pois estavam em prova. O professor era a favor dos oponentes. Acontece. Perdi 17 votos então. Em outra sala, ao lado, também não recebi nenhum voto, porque a líder de turma era uma freira que me odiava, porque descobriu que eu não era católico, depois que eu havia feito diversas vezes a leitura dos Evangelhos na missa, a convite dela, porque gostava da minha dicção, e aí disse que iria me incluir na liturgia, que eu achei interessante, pois a grande maioria dos meus amigos era católica, eu era amigo dos padres, e não via nenhum problema de estar entre amigos, contanto que não tivesse que fazer coisas contra os meus princípios, as ler um trechinho da Bíblia, por que não? Mas quando contei isso, a freira botou os óculos de ver a verdade e me viu como o anticristo, o que alimento nela ódio infernal e perpétuo. Assim, nesta sala também, não recebi nenhum voto. Tristeza, pois voto é voto. E a terceira sala onde não recebi nenhum voto, foi a sala do meu oponente. Lá também eram unidos, e me deixaram no esquecimento. Então, já perdi cerca de 60 votos nestas três salas. E foi só, pois venci por larga margem em todas as demais salas, fazendo 832 votos contra cerca de 300 do meu adversário. Foi uma lavada! Porém, ainda faltava uma coisa: Compor a equipe de gestão, eu precisava de uns vinte integrantes mais ou menos, e naturalmente, o primeiro convidado foi o Eduardo Barros, que não aceitou, apenas se dispôs a companhar-me como conselheiro. E foi. E como fiz para juntar esse grupo todo? Simples: Matar dois co...(ops, não pode né)brócolis com uma tesourada só! Convidei todos os integrantes da chapa derrotada para trabalheram comigo, e apenas dois não aceitaram, incluindo o candidato a presidente e outro amigo meu, que não sentiu-se confortável em aceitar. Assim, acabei com a eventual oposição, e ao mesmo tempo formei uma equipe experiente para a tarefa.

Vou pular a parte da gestão, e voltar à política nacional. Pois logo no inicio do ano seguinte, veio o convite da UGES (União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas) para que eu fosse com eles, participar de um congresso nacional de estudantes, em Curitiba, e não é preciso dizer que me senti o verme do cocô do cavalo do bandido lá entre aquela militância profissional universitária fantasiada de secundarista, mas mesmo assim, fiz meu discurso, no último dia. Confesso que não lembro de uma palavra que disse, de tanto que eu tremia, porque havia um sujeito rechonchudo, crespo, com óculos tipo fundo de garrava, empunhando um gravador, com microfone apontado pra mim. Não era um estudante nerd que queria repassar as conversar para tirar lições, nem um jornalista, cobrindo o evento. Era um agente da DOPS, com o pé que era um leque para pegar no pulo um incauto que deixasse escorregar uma palavra solta de interesse dos generais.

Conheci, neste encontro, os ex-presidentes da UGES, entre eles um que me tornei amigo e era grande admirador, Alfeu Bisaque Pereira, que tornou-se Juiz de Direito e hoje advoga, lá no interior do Rio Grande do Sul. Outro, de quem me tornei rival, Gilberto Barbosa de Oliveira, o Gica, baixinho e bem falante, um orador aguerrido. E outros de vários estados do país. E para cada grupo de cada estado, um agente da DOPS de tocaia.

Voltando à Gramado, a principal atribuição do Grêmio Estudantil não estava ligada á política nacional ou partidária, embora, endo eu militante da oposição aos militares, sem estar filiado ao MDB, tornei-me o queridinho dos palanques e poucos dias depois houve eleição, onde o candidato deste partido venceu, coincidentemente com o mesmo número (ou muito próximo disso) de votos de diferença do candidato da ARENA, e claro, o guincho das raposas velhas me emboscou, pegou pela vaidade de um menino de 18 anos, ainda deslumbrado pelo fulgor da vitória esmagadora. Tornei-me um ícone da juventude opositora, sendo que, mesmo estando no que chamavam de "esquerda nacional", até hoje eu nem sei o que quer dizer "esquerda ou direita", e nem faço questão de aprender. mas fui rotulado de "esquerdinha, comunista, socialista, gremista (sim, isso eu sempre fui, gremista, etc). E neste rufar de tambores, fui levado para a Secretaria de Turismo, na condição de aspone do secretário (isso eu já contei antes).

Porém, o título de líder dos estudantes não foi benéfico pro meu mandato. Por exemplo: como fazíamos muitos eventos esportivos e sociais entre os estudantes, escolha de rainha, princesas, campeonatos, teatro, etc, cada vez que havia um evento, eu era obrigado a apresentar-me ao delegado de polícia local, mostrar à ele os cartazes, os quais ele olhava contra a luz, dobrava ao meio, examinava com lupa, pra ver se não havia nenhum manifesto comunista criptografado no desenho. Penso que nunca encontrou nada, pois me mantive fora do camburão, cuja sorte de conhecidos meus, fora de Gramado, não era a mesma. Nesse tempo, eu não tinha carteira de identidade. Não era comum tê-la, e meu único documento era a carteira de Presidente dos Grêmio Estudantil, e é com ela que eu ía à Porto Alegre, e uma vez, atravessei um piquete de estudantes que confrontava a polícia de choque em frente  à Assembléia Legislativa, e no bolso, a carteirinha azul... adrenalina pouca é pra fraco, minha gente.

Mas querem saber se eu senti os efeitos da ditadura na minha vida? Ah, como senti! Por não pertencer à elite do comando econômico local, ao ser eleito, fui cooptado por empresários ligados aos militares, que me ofereceram empregos dos sonhos, com salarios dos sonhos, mas havia uma condição: eu deveria "mudar a camiseta", aderir ao partido deles! Ora, diga isso a um jovem aclamado pelos seus, no auge da glória de vento, para que el se torne um traidor de suas ideologias e de seus amigos, e espera a resposta que terá. Não aceitei! Certo, então. Nunca fui preso, mas nunca mais tive oportunidade de um bom emprego,de bom estudo, de uma carreira. Claro que tive bons empregos, fiz carreira em outra direção, mas sem dever favor nenhum aos que me perseguiam. Tomei conhecimento, muitos anos depois da exist~encia de um "Caderno Preto", onde constava a lista de pessoas com quem não se podia fazer negócios, e a pessoa abriu o caderno, mostrou o meu nome, riscou ele, porque naquele momento eu havia entrado nos interesses do grupo, aind que fosse por capacidade profissional e não ideologica e não tive que me ajoelhar, mesmo proque as pessoas eram outras nesse tempo e o passado foi guardado no passado, mas ninguém me contou sobre o livro. Eu vi!

Um dia, alguém me perguntou: 

- "Paulo, por que tu nunca "deslanchou" em Gramado? (Deslanchar, era circular nas rodas altas , enriquecer, coisas assim). Respondi: Porque tenho caráter e não negocio com meus princípios!

sábado, 8 de abril de 2023

Os vazios de nosso envelhecer - Os desafios do Século XXI


Amadurecer é como fogo em madeira verde: Muita fumaça e pouco calor. Os anos passam, e assim, como a lenha verde, que evapora toda a água e transforma-se em brasa, também a maturidade acontece, e nossas ações são desejadas, porque podemos servir com toda força que mescla juventude e experiência. Os anos passam, e assim como a lenha que é brasa viva, nossa utilidade é necessária para o desenvolvimento da sociedade. E por fim, poucas brasas, aconchegando-se na cinza, para perdurar seu calor, é o que resta do calor que um dia derreteu o aço. Então, as primeiras gotas de chuva açoitam as cinzas e acertam as brasas, que sublimam em um vapor branco e suave, que em nada lembra a densa nuvem das primeiras chamas, lá no princípio da vida adulta.

É no envelhecer que se percebe que ser ignorado já não importa mais. Já não se luta mais por espaço no mundo. Já não se desejam mais conquistas, fama ou poder. Basta a quietude das manhãs, quebrada pelo vento e pelo trinar do passaredo. Basta o ruidoso canto do crepúsculo retinindo nos ouvidos, ora surdos, ora sensíveis a qualquer estampido repentino.

É no envelhecer que se percebe que aquilo que pensamos ser sabedoria, torna-se impertinência para quem, em nosso entender, necessita de conselhos, e que no calor de suas próprias chamas, foge da pretensa sabedoria de quem não foi capaz de driblar a juventude, e como castigo, envelheceu.

É no envelhecer que a solidão torna-se a melhor companhia dos dias, e a dor, a parceira fiel das noites. É no envelhecer que ouvimos o silêncio como se fossem gritos de desespero, ou paradoxalmente, como uma sinfonia lenitiva. É no envelhecer que cada silêncio é organizado e saboreado. 

É no envelhecer que nos tornamos transparentes, translúcidos, irritantemente insignificantes. É no envelhecer que descobrimos que o tempo acelera morro abaixo. O Século XXI é o século dos silêncios encapsulados entre  nuvens quânticas, onde cada ponto que brilha, encerra um ponto que se apaga. O silêncio neste andar dos primeiros passos do século em curso é o combustível para o reflexivo caminhar da solitude anciã.

É no envelhecer que somos capazes de discernir as diferenças entre o que é aventura, e as consequências de aventuras inconsequentes. É nas consequências das grandes descobertas e invenções dos séculos recentes, que chegamos ao Século XXI com a mais completa das incertezas: Quando  nos tornaremos sombras liquefeitas pela sociedade que ajudamos a moldar à nossa imagem e semelhança?

Quando nós, enquanto já sombras inertes projetadas pelas luzes que nós mesmos acendemos e as utilizamos como se fossem nossos próprios brilhos, e por fim, descobrimos que não havia em nós brilho algum, assim como não há corpo em uma sombra, que depende de outro corpo e de outra luz que se projete sobre uma superfície, e nem mesmo esta superfície podemos ser, senão a falta de brilho que desliza se contorcendo entre a planura e depressão do chão que não sente mais nosso peso ao andarmos?

O Século XXI multiplicou os desafios de adaptação aos tempos em quantidade infinitamente superior aos séculos precedentes. A tecnologia tornou-se parte de nosso DNA, o que não traz nenhuma novidade à quem conhece os escritos sagrados do profeta Daniel, que dizia: "Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará."Daniel 12:4. Assim, o que não é novidade, não deixa de ser espantoso, de causar estupefação, por ver profecias se cumprindo diante de nossos olhos, em nossas casas, em nós mesmos. Somos a geração que sabe, ao mesmo tempo, que dias maus sempre chegam no entardecer da vida, também sabe conviver com a vida digital, aquela vida paralela que se oculta e se mostra atás de pontos luminosos em nossa tela de computador, e as chamamos de "Redes sociais", de portal virtual de acesso às vidas de pessoas que não podemos tocar, abraçar, sentar para tomar um mate (ou café, ou suco, ou água, ou dividir uma fatia de bolo, um biscoito, um pão), mas podemos conhecer-lhes a alma, os sentimentos, podemos compartilhar orações, desejos, disseminar a raiva, odiar o ódio, ou fazer valer a nossa vontade. Ainda que sejamos velhos, somos vivos e podemos viver cada centelha de vida que carregamos em forma de corpo, de alma, de sentimentos.

O Século XXI em sua essência é exatamente igual ao Século X antes do cristianismo, ou ainda antes, alguns séculos ou milênios, porque também por este mesmo mundo, perambulavam pessoas que tinham fome, sede, amor, compaixão, ódio, ganância, medo, ou coragem. Casavam e tinham filhos. Lutavam suas lutas e morriam suas mortes, e no seu entardecer eram reverenciados como sábios, e isso sim, perdemos, porque o multiplicar das ciências popularizou e capilarizou a sabedoria falsa, chamada de conhecimento, de ciências, de entendimento. Essa é a única diferença de nós com aqueles que viveram muito tempo antes: O tempo que tinham livre tornava-se o sol que amadurecia o conhecimento, e assim, digerido lentamente, era transformado em sabedoria.

Sabedoria não é dominar o átomo ou a pólvora, mas saber empregar um e outro conhecimento para o bem maior, o bem estar de cada ser vivo, de cada ser pensante, rastejante, ou emissor de oxigênio, metano, ou carbono, a saber, dos Homens, dos animais, dos vegetais, e até mesmo dos minerais, que juntos sustentam o ciclo da vida.

O Século XXI está passando tão rápido, e ainda nem esfriou o perfume do século XX. Os ventos ainda nem dissiparam os olores da morte, das guerras, da fome, das pestes, antes, fizeram de tais odores, sementes que brotam e rebrotam a cada dia, hoje, com o domínio do saber que fertiliza tudo, para o bem e para o mal.

O Século XXI voa para trás, mas para nossa esperança, forma o vácuo que puxa o futuro com mais celeridade, e neste futuro antagônico, que traz ao mesmo tempo, e pelo Mesmo Personagem, a esperança e o desespero, é o lugar onde, no tempo presente, podemos ainda refletir sobre O que Foi, O que É, e O Que Será. Ainda se pode refletir sobre Quem queremos ser nesse abraçar de tempo e de esperança.


segunda-feira, 3 de abril de 2023

Pétalas - Pacard

1 – Os Ventos
Sempre ouvi dizer que a sabedoria morava junto ao silêncio, e resolvi então buscá-la.
Levantei bem cedo, pois o primeiro silêncio anda junto da aurora. Andei no rumo do sol e perguntei à brisa que me acompanhava:
- Conheces a sabedoria?
- Dela ouvi falar!- Respondeu-me. 
- Por que a buscas nesta hora do dia, em que melhor é vagar sem saber onde chegar?
- Porque sei que a posso encontrar e desejo dela sorver graça para minha vida – argumentei esperançoso de pudesse forçar o vento a me conduzir a um ponto de partida.
- Ventos não andam em busca de abstrações! – Disse-me, com ar de melancolia. Somos a abstração que se pode sentir sem tocar. Somos a metáfora de D-us, porque não nascemos onde nos possam dar nome. Não andamos por caminhos pré-estabelecidos, e desaparecemos sem que nunca tenhamos sido tocados. Somos como o espírito vivo, embora caminhemos como a morte.
Ninguém nos pode guardar. Sabem quem somos só depois que passamos. Somos o passado como vozes do presente. Nos podem ouvir, até mesmo há quem procure traduzir nossas canções, mas frear nosso curso não há quem consiga.
Somos o acalanto dos órfãos. Somos o bálsamo dos que queimam. Somos sopro de  D-us dando vida. Somos a própria vida.
Enquanto o sol mais alto surgia, devagar como o tempo, a brisa desapareceu. Aborrecido por não ter minha pergunta respondida, retirei-me dali, arrazoando com meus pensamentos, trôpego pela embriagante musicalidade da manhã, foi quando percebi que tivera minha primeira lição: "A sabedoria é como a brisa mansa. Vem, anda junto e se vai. Dela ficam em poucos, as marcas. Dos que se deixam acarriciar por sua suavidade, como que pelos dedos da brisa nas folhas das árvores".

2 – As árvores
Continuei a caminhar e encontrei uma grande árvore. Já alto o dia, queimavam-me os raios do sol altivo e imponente, como um velho mestre a impor disciplina ao aluno displiscente. Sentei-me à sombra e com jovial ociosidade fitei o cintilar entre as folhas, como se o olhar do velho professor buscasse me encontrar entre as frestas de meu esconderijo.
Era uma castanheira, frondosa, forte, abraçando em círculo com seus braços longos tudo o quando pudese abraçar, como uma mamãe pássaro a envolver seus pintos sob pequeninas asas, mas que se multiplicam de tal modo que nenhum deles perde seu aprisco acolhedor sob a mais intensa chuva ou causticante sol.
Ao lado da castanheira, uma araucária alta, coroada de belas copas ostentando pinhas e balançando uma a uma como troféus por sua imponente forma.
Pousou entre as folhas da castanheira um pequenino pássaro. Quase ao meu lado. Arredio, ligeiro, atarefado em observar tudo ao seu redor como um guradião atenta para o perigo que ronda seu tesouro.
- Conheces a sabedoria? – Perguntei ao pardal.
- Como ela é? Tem forma? Sabor? Cor? Pousa em que árvore? Constrói ninhos? Encontra sementes para seus filhotinhos? Banha-se nas fontes e bebe nas folhas? Quão alto voa? Brinca nos ares e voa em bandos? Procura o sul sem repouso em vôos sem descanso? Canta ao amanhecer e repousa com o crepúsculo? Foge dos predadores com astúcia? Etc, etc, etc?
Disse isso e voou dali pousando nos galhos, longe das folhas espinhentas da araucária.
Fiquei estarrecido com tantas perguntas, e enquanto ainda tentava assimilar a primeira delas, acompanhei instintivamente o ir e vir daquele passarinho, até que ele voasse para tão alto e eu não o visse mais.
Assim como chegou, se foi, sem me responder. Apenas fiquei observando o balançar das folhas de ambas as árvores pela brisa que passava, e acompanhar pássaros que iam e vinham, pousando numa e outra árvore. Na castanheira, entre as folhas. Na araucária, sobre os galhos.
Saí dali e contineu a andar. Foi quando percebi que a sabedoria estivera comigo outra vez e eu não havia percebido.
Concluí que como as árvores também podem ser as pessoas: assim as pequenas como as imponentes. Naquelas, cujas folhas pendem para o chão e se deixam soprar pela brisa, outras se podem achegar e construir seus ninhos. Embora imponentes e altivas, suas folhas sempre estão voltadas para baixo, humildes. As demais, cujas folhas também são voltadas para cima, são espinheiros, que não permitem a ninguém se aproximar. Tornam-se intocáveis e inatingíveis.
Olhei para trás, e pareceu-me por um instante ter visto olhos cintilarem entre as folhas que arrazoavam com o vento e os pássaros a respeito da sabedoria.

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José Lewgoy, Caçador de Nazistas em Gramado - Sequência do caso do Encouraçado Graff Spee*


José Lewgoy - Ator brasileiro, gaúcho, Judeu, e apaixonado por Gramado

Publiquei, há algum tempo atrás, a história sobre os inomináveis energúmenos que intentaram prestar uma homenagem ao nazismo, criando um monumento com uma parte do casco de um encouraçado alemão que afundou na costa brasileira, mas que pela obviedade do absurdo, teve a ideia abortada, e nunca mais falou-se no assunto.

A grande questão é: Por que Gramado seria um suposto reduto de simpatizantes desta monstruosa ideologia nesse tempo, e ninguém ter tomado conhecimento disso então?

Ora, porque assim como a Alemanha inteira acolheu a barbárie do Shoah (Martírio, Holocausto), com os sentidos amortecidos pelos duiscursos patrióticos de um monstro, alimentado e sustentado por outros monstros, percebe-se que sua especialidade é esconder um elefante dentro de um carrinho de mão, e ninguém perceber que o peso do carrinho excede à normalidade do volume. Assim também, as coisas que se faziam, eram geralmente às sombras, como foi o caso do casco do encouraçado (leia aqui) que ause virou munumento à estupidez.

Mas a história continua, e também esta chegou à mim por um velho amigo, que optou pelo anonimato, que relata a presença de agentes da Mossad, o serviço de inteligência de Israel, e do Instituto Wiesenthal, que caçava criminosos de guerra pelo mundo inteiro, tendo, inclusive, uma célula em Porto Alegre, que por sua vez, tinha ampla intimidade com Gramado, permitindo auxiliar com discrição na busca destes criminosos. 

Relata uma fonte que um destes agentes, ou colaboradores do Instituto Wiesenthal (ou da própria Mossad), teria sido o ator José Lewgoy, fato que não foge do contexto, uma vez que Lewgoy era apaixonado por Gramado, conhecia bem as pessoas e os lugares, e não seria de estranhar que tenha mesmo participado desta atividade, no período em que era assíduo local. Não há relatos de sucesso ou não em sua atividade, até porque estas prisões, geralmente, não aconteciam à luz do dia, para evitar batalhas jurídicas e para que não fossem alertados outros que poderiam estar próximos.  Para conhecer um pouco mais sobre os métodos empregados nestas caças aos criminosos nazistas, vale a pena assistir o filme: "Operação Final", na Netflix, onde a Mossad descobre que o carrasco Adolf Eichmann está foragido na Argentina, com outro nome, e vivendo como um pacato cidadão do interior.

Conheci, certa ocasião, uma família, proveniente de uma cidade na fronteira do Brasil com o Paraguai, e numa conversa descontraída, a moça, de aparência indígena, filha adotiva de um casal de alemães, contou-me que era filha adotiva do médico de Hitler. Não sei dizer se era do médico que atendia pessoalmente o monstro (o tal que injetava uma mistura de bosta humana com esperma de cavalo no satânico führer), ou de Mengele, que anos mais tarde apareceu morto em Praia Grande, interior de São Paulo. Esse fato apenas acrescenta a forte presença de fugitivos nazistas na América do Sul, o que é de conhecimento geral. Apenas demonstro aqui, que uma pequenina cidade com aparência alpina, invadida por turistas, não ficaria imune, tanto aos próprios, quanto aos simpatizantes locais, que de uma forma ou outra, se infiltraram nas tomadas de deciões políticas e sociais da comunidade. Claro, que isso é elucubração minha, pois, com exceção da história do casco do encouraçao, das corujinhas iluminadas, e do que percebi nas conversas com Hunsche, o resto é vaga imaginação de quem conta histórias, e preenche os vazios com possibilidades. Eu não creio em bruxas, mas que elas acham que existem, ah, acham sim!

segunda-feira, 27 de março de 2023

Recordando o dia em que transportei muamba

No retratinho acima, a mana, que era gerente da boca no cafofo, contendo indivíduo

Sou favorável à verdade, ainda que nua, e éxatamente este o cenário que irei descrever. Isso foi no dia em que fui fazer uma visita à maternidade, e de pronto fui incumbido de presenciar o lance. Vi tudo! Tudinho mesmo. O bagulho apareceu, assim do nada, e despudoradamente peladaço, meio azulado, e silencioso. Foi sinistro. A médica olhou pras enfermeiras e as enfermeiras olharam de volta. Arregalaram os zóio, deram um assobio de espanto, e decidiram: Vamos tem que dar o bagulho! E deram, oxigenaram o lance e mudou de cor. Ô! isso sim foi sinistro, até porque eu já tava me acostumando com a ideia de ser papai de um Smurf. Não era. Era apenas um bagulhinho com preguiça de respirar. Respirou. A médica deu outro assobio de alívio. As parça assobiaram também. Foi lindo. Se empolgaram e assobiaram "ticotico no fubá". Eu não sabia a letra, daí não assobiei junto. Até porque fiquei lá dando bitócas na chefona da boca, a dona do bagulhinho. Mas alegria de pobre dura pouco, pois assim que fizeram os experimentos com o rosadinho, ex azulzinho, tipo: beliscar as bochechas, dar petelecos na bundinha, examinar o enorme saco, o tililico, juntarem pelos pezinhos e rodopiarem pra ver o assobio do vento, acomodaram o trem num paninho verdeinho, e me deram a ordem: "leve ao berçário! A gerente da boca vai recebê-los e tomar conta da muambinha!" Fui, isto é, se fumo, e lá chegando, uma religiosa de diminuto tamanho, com ar muito profissional, esticou os bracinhos, e pegou o sujeitinho rosado. E o levou para uma prédica sobre a importância de não se envolver em drogas, tipo leite em pó barato, uso consciente da chupeta, e o mais importante: O tetê da mamãe, em primeiro lugar! E assim foi. Por segurança, grudei no vidro, do lado de fora, pra fazer leitura labial do que conversavam lá dentro,a  religiosa, o meu rosadinho, e os demais manos da quebradinha. Algumas horas depois, ela desistiu de tentar convencê-lo, eu não sei do quê, e o levou pra mamãe, no quarto, e deu instruções bem claras, que eu lembro bem. Dizia ela: "Txutcha, nêni, txuhtcha!". E o bandidinho não txutchava. Foi necessário encostar uma dedêla de 9mm com NAM-1 pro elemento se aprumar no bagulho leitoso.
O resto é história, e desde aquele dia, eu procuro instruí-lo no bom caminho das quebrada, ensinando os mandamentos, todos os dois: "Não cobiçar o tetê do próximo, e não fazer pipi às traição na cara da mamãe!".
Foi isso.

sexta-feira, 24 de março de 2023

Xujêra - O Gato Jaguara

Este gato (era uma gata, na verdade), existiu de fato. Em 2016, passei uns tempos em Gramado, com atelier a convite do centro de cultura. meu atelier era uma daquelas casinhas internas, dentro de um pátio, trancado por uma porta de ferro para o exterior.

Um dia, as faxineiras adotaram uma gata de rua, que ficou lá dentro (ela saía pra fazer bandalheira, pulando pelos telhados, mas voltava pra lá), a gamelinha dela comer ficava ao lado da minha porta.

Certo dia, cheguei pela manhã, e a gata veio correndo me encontrar, com ar de apavorada, e foi me conduzindo até sua gamelinha. parou e ficou miando pra mim, do tipo: "Me salva, olha á um monstro comendo a minha comida!"

Era um sabiá gordo, bonito, que comia a ração dela, e ficava provocando a gata. Quando eu cheguei perto, o sabiá voou e pousou no fio do varal. aí a gata foi comer.

Pensei comigo: "gato cagão! Eu nunca tinha visto isso!"

No dia seguinte, a mesma coisa.

Terceiro dia, ídem

No quarto dia, cheguei, e a gata tava se lembendo acomodada em frente à porta. e de um miado grave, cavernoso, e continuou a se lamber.

Aí olhei atrás dela, e vi um rastro de penas......


A desgramada da gata articulou aquilo tudo pra garantir o excesso de confiança do sabiá....

d dali por diante, dia sim, dia não, apareciam penas pelo gramado.

Daí criei este personagem do Gato Xujo, e agora tou pensando em dar sequência!



quinta-feira, 23 de março de 2023

O tição tirado do Fogo, a Vaca Vermelha, e Purificação do Homem


Imagem: internet

A glória de Deus é ocultar certas coisas; tentar descobri-las é a glória dos reis. (Provérbios 25:2 NVI). 

Está certo, eu não sou rei, nem mesmo sou adepto da monarquia como sistema de governo, porque não combina com meu pensamento democrático, pensar que alguém tenha um cargo vitalício por hereditariedade, como um atributo divino. Não mesmo! Mas "reis", aqui, tem um contexto de magnitude, isto é, somos criados pelo Rei do Universo, à Sua Imagem e Semelhança, então, há sim certa majestade neste indivíduo, que o diferencia de um tijolo, uma árvore, um gato, ou uma lagartixa. Nossa natureza majestática se faz notar exatamente por nossa necessidade de entender aquilo que vemos e compreender aquilo que não somos capazes de tocar, pela reflexão; de pontuar o intangível pelos fragmentos que nos são mostrados. Assim, buscar desvendar o que está oculto em parte, mas que deixa uma silhueta a nos instigar à puxar a ponta do lençol que os cobre, é próprio dessa Semelhança com O criador. Diz o Talmude, que D-us Se revela, Se ocultando, para que O busquemos a conhecer, e desta forma, nos surpreendamos pelo modo maravilhosamente simples que mostra Sua complexidade. Assim, se nem todos os teólogos ousaram navegar por águas com certa profundidade, é porque seus mapas estavam limitados ao tamanho do pergaminho que os continha, porém, quanto mais minucioso for um mapa (eu sei disso, porque desenho mapas temáticos), mais fragmentado será este espaço, dando margem à que outros pergaminhos isolados complementem o que falta no anterior. A Bíblia é assim. Uma única letra, um único ideograma pode revelar um imenso compêndio de informações, se o estudioso dedicado se detiver em isolar este ideograma (ou caractere), e buscar referências de contextualização sobre o mesmo. É o que faremos neste estudo.

Temos duas definições complementares para trabalhar a expressão: "Um tição tirado do fogo". A primeira delas (não na ordem cronológica) encontraremos em Zacarias 3:2, onde Jerusalém, isto é, o povo escolhido do Senhor é comparado à uma "Brasa viva", um povo que tem valor. Porém, o contexto desta reflexão estará melhor definido pelo texto de Isaías 6:6 , onde o relato nos diz que enquanto estavam diante do Trono do Altíssimo, os anjos O adoravam, proclamando Sua Santidade, e (vamos elucubrar um pouco aqui para imaginar a situação) num cantinho, envergonhado e tremendo, se encontrava o profeta, até que um anjo se volta para ele (costume até hoje utilizado no rito de recitação de "Kedushá" em sinagogas), e diz: "Venha, Humano, vamos juntos adorar O Senhor!" Ao que o profeta, em lágrimas, responde: "Como posso eu, um Ser Humano, de boca e pensamentos sujos, proferir louvores À Santidade do Eterno?" Então, diz o relato bíblico, que o anjo vai até o brasiero do altar, e de lá, com uma tenaz, retira uma brasa ardente, e com ela, purifica os lábios do profeta, isto é, faz com que o fogo que purifica o ouro, e extermina o pecado, faça esta purificação e transformação nos lábios impuros do Homem. Naturalmente, temos aqui uma metáfora poliedral, que nos mostra muitas faces de uma mesma expressão. Isso é deixado muito claro e poderíamos encerrar aqui, se não houvesse uma segunda lição no texto, tanto de Isaías, quanto de zacarias, de "Um Tição tirado do Fogo", e em ambas as situações, embora se apresentem com objetivos diferentes (um fala do pertencimento de Jerusalém ao Reino de D'us, e outro fala de um instrumento de purificação dos pecados do Ser Humano por intervenção dos anjos, embora percebe-se que o anjo não toma a brasa com a mão, mas usa um instrumento, um gancho, uma tenaz, um VAV (  ) , que entre seus significados, simboliza O Messias).

Aqui nesse contexto, quero mostrar que o profeta poderia ter sido levado até o braseiro para sua purificação, mas vamos elucubrar novamente, e imaginar que ele estava encolhido, mortificado de terror, paralisado, e nessa condição, estaria impossibilitado de mover-se em direção à sua salvação, e nesse caso, o que faz o anjo, senão, por autoridade divina, prover meio de que A Salvação chegasse até ele, o Homem. Em hebraico, este gesto de levar a Salvação, é chamado de Yeshuah )    , daí, em minha licenciosidade espiritual, posso perfeitamente imaginar que O Anjo que proveu tal gesto, tenha sido O Messias, pessoalmente. Mas vamos adiante.

O ponto aqui é que O "Tição" (Brasa ardente) foi retirado do braseiro, seu lugar de conveniência, para servir ao Ser Humano, onde quer, e como quer que este se encontrasse. Percebemos que não houve exigência formal de santidade (porque era impossível) para que recebesse o "Fogo Purificador", mas o próprio Fogo Purificador saiu de onde estava para servir ao Ser Humano, em seu propósito de santificação, isso só aconteceu depois de um gesto muito significativo do diálogo: O Ser Humano reconheceu sua condição frágil e impura, e com isso, demonstrou vontade intensa de estar entre os seres santos que adoravam O Altíssimo. Isso se chama de "Confessar os pecados!"

Segunda parte do título desta reflexão é meu assunto favorito, do Livro de Números, Capítulo 19, que é o tema da Vaca (Novilha) Vermelha, onde sabemos que, semelhante à Brasa retirada do Altar, também o animal do sacrifício era retirado do Arraial (no deserto), ou do templo (em Jerusalém). Em ambos o casos, nessa linha de pensamento, podemos entender que há sintonia no propósito didático (sempre bato na tecla que a Bíblia, os ritos, são antes de tudo, pedagógicos, sejam materiais ou metafóricos os seus ensinamentos). Tanto em um quanto o outro elementos de reflexão, temos a ideia de Um Messias que sai de Seu trono de glória, para trabalhar pela redenção do Ser Humano arrependido. Temos a noção plena de que nem sempre o status quo dominante (tradições costumes, denominações, instiruições) são o ambiente em que os corações são transformados, e somos levados a perceber que não é o Homem quem encontra meios de redenção, mas é D'us, pelo Messias, Quem provê recursos, ainda que Emanando dos Céus (metáfora ou não), que Se faz presente diante do trêmulo pecador que nem mesmo sabe que pode ser transformado. Aqui está a diferença entre crer ou não crer. O que não crê, por desconhecer, ainda que cumpra a vontade do Eterno, também está destinado à salvação, não por mérito do que faz, mas por estabelecimento primevo de que amar à D'us tem que necessariamente também amar o outro, e assim cumprindo, ainda que sem rótulo de religioso, possa asceder à salvação, pelo mérito do Messias, porém com o agravante da incerteza, da angústia pelo desconhecido vindouro, ao passo de que aquele que ainda que pecador, chega trêmulo por reconhecer-se nessa condição, na presença do Eterno, tem a possibilidade de fluir pela vida com mais leveza, e isso de fato aconteceu com o profeta Isaías, que terminou sua existência terrena, serrado ao meio, dentro de um tronco, por mando do rei Manassés, e este rei, pela brasa que foi tirada do Altar, ao fim da sua vida, reencontrou a paz, mediante seu arrependimento, e ambos se abraçarão no primeiro dia da eternidade. Tudo por causa de uma Vaquinha Vermelha, e de uma Brasinha Ardente, que foram retiradas de seu ambiente natural de redenção, para serem levadas ao lugar onde a Redenção era realmente necessária: O coração arrependido de um pecador. E poderíamos encontrar uma terceira definição para o Tição tirado do fogo: Alguém que estava destinado a ser consumido pelo pecado, mas que teve a lúcida experiência de arrepender-se no último instante, e voltar-se para os braços do Redentor.




quarta-feira, 22 de março de 2023

Amando pelo silêncio - O besteirol como afeto

Os bostinha*

Temos, a patroa, e eu, seis filhos: Três dela, e três meus, e ao todo, então, são três, porque, por essas virtudes da matemática do matrimônio (temos que ajustar essa palavra discriminatória, pois, por que não "patrimônio"?), os filhos dela são também, prazerosamente meus.

Sou, conforme já mencionei anteriormente, um "senhorzinho aposentado", portanto, afeto à emocionalismos lacrimosos que compensam os que porventura não manifestamos no apogeu da juventude, porque na nossa geração, "homem não chorava", pois tinha que parecer duro, respeitável, ter pulso firme, e desse modo, acumular lágrimas para o tempo em que as cãs sejam a marca de nossas virtudes, mas que nos liberam os canais lacrimais para chorosas reminiscências que se acumulam desde a alva ao crepúsculo de nossos dias.

Comum é que a idade seja inimiga da memória, porém, então, até o presente momento, ainda sou beneficiado com chispas luminosas de lembranças de avantajadas imagens, sons, e perfumes que adornaram minha juventude e maturidade, e que ainda guardados em frascos de cristal da mente, abrem-se a espargir entre os que se acercam de mim como um repositório de afeto que necessito compartilhar, e o faço, de modo bastante particular e criativo, a falta de modéstia me chama a dividir com quem me lê.

Meus três filhos foram, são, e continuarão sendo amados, e cada um a seu modo receberam tais manifestos de carinho de minha parte, porém, em todos eles, o bom humor sempre foi o selo deste relacionamento afetuoso. Ri e fiz meus filhos rirem muito das minhas palhaçadas, dos meus deboches, e a recíproca fez-se verdadeira, e ainda se faz até hoje.

Meu filho temporão, hoje com vinte e sete anos de idade, é presente de contínuo em nossa vida, porque trabalha em casa, com ponto no relógio e tudo o que um emprego convencional exige. É compenetrado, serio, exageradamente nerd, e umas duas ou três vezes aventurei-me a ver o que estava escrito naquela tela preta com milhares de símbolos e linhas, e sim, eu não entendi uma única vírgula do que estava lá. Assim, curvando-me à minha insignificante sapiência diante desse cabedal, entro cautelosamente algumas vezes do dia, em seu refúgio produtivo, e na maioria das vezes, ampla maioria, nada dizemos um ao outro, senão uma asneira, com ar de seriedade, com cumplicidade de que, um e outro sabem que a vida é esse contínuo de rir e viver, de rir e sonhar, de rir e produzir. Às vezes, entro e fico olhando serio, olhar firme, e ele nem levanta a cabeça, continua em sua pensativa faina, e o silêncio nos trai, e instintivamente rimos daquele silêncio, o que faz quebrar o encanto do inusitado, e respeitosa silenciosamente me retiro, a pensar na próxima investida, na próxima asneira, para fazê-lo rir, para que me faça rir.

Do mesmo modo, à distância, meus outros filhos também recebem minha visita virtual, com uma besteirinha, uma figurinha engraçada, uma frase sem nenhum sentido, mas que façam-nos lembrar que, mesmo longe, estamos aqui e ali, no coração uns dos outros, em afagos pelo pensamento, pelo bom humor. É mais fácil assim, suportar o ninho se esvaziando de nossas esperanças, e se enchendo pelas lembranças. Então, que sejam boas. Que sejam divertidas.


Quer rir um pouco? Adquira meu livro abaixo. Basta clicar na imagem para ser direcionado ao site e comprar o livro. Neste livro, eu conto 99 causos muito divertidos e humanos, de gente simples, adorável, e baratinho até.





De louco a tirano - A minoria esmagadora


Imagem: internet*

Me considero um rapaz (essa foi pândega, pois nem mais rapaz eu sou, porquanto sou um "senhorzinho aposentado" metido a escrevedor de coisas que alguns gostam, outros, nem tanto) afortunado, pelo fato de que os doidos que tentam travar meu ir e vir, são tão alucinados no vórtex do giro sobre seus próprios umbigos, que não tem alcance mental para sociabilizarem com outros celerados, e formarem um comitê de oposição à mim, e pela natureza de seus egos que os cega pela luz de sua estupidez, o alcance de visão é restrito aos seus próprios delírios.
Digo com isso que se os doidos que me odeiam fosse organizados e se comunicassem, tornar-se-íam poderosos, mais que já são, uma vez que um doido sozinho em uma reunião onde um grupo heterogêneo busca soluções para o bem comum, e quando estão quase chegando a um acordo, entra um maluco e estraga tudo, mija na jarra de refresco, porque não gosta deste sabor, e se não gosta do sabor, então ninguém tem o direito de beber.

Salomão dizia que uma única mosca que entre no barril de perfume, pode aprodrecer todo o conteúdo. Assim, como diz a reflexão do sábio, um barril inteiro de perfume é incapaz de perfumar uma mosca morta. Somos assim também. Somos dominados pelas moscas mortas, pela intransigência dos loucos, que não tendo ética alguma, não seguem regras de civilidade e decência, e põem-se nos espaços sociais, nas reuniões, nos ambientes coletivos, e envenenam de modo absurdo e inusitado (louco é sempre uma caixa de pandora), o ânimo dos que buscam dar equilíbrio ao bom andamento da vida em comum.

É fácil localizar tais indivíduos nas reuniões, pois embora não carreguem um crachá com sua condição, serão facilmente percebidos por seu sarcasmo, suas ironias fora de tempo, suas contradições à inovações, o modo com que se dirigem aos colegas, ao modo com que tentam diminuir a importância de novas iniciativas. São aqueles que certamente irão boicotar projetos, trabalhos, e acreditem: É certo como a Primavera, que "acidentes ou incidentes" poderão acontecer, e os dedos indicadores de tais criaturas, estarão apontados para você.

Dois doidos nunca formarão uma coligação, porque o ego de cada um brilha tanto, que ofusca o olhar, de um e de outro, assim, um louco não poderá nunca ser atraído pela luz alheia, como mariposa, porque a sua prórpia buscará desesperadamente por mariposas imaginárias, e é muito comum encontrar doidos falando sozinhos, e pinçando mariposinhas com os dedos pelo ar. Ainda bem que as mariposinhas imaginárias não são contagiosas, a não ser que seus doidos sejam  encapsulados com outra legião de perturbados, e lhes deem poder. Mas aí já é assunto para outra área do conhecimento: Ciências Políticas!

Fujo dos loucos, e fujo principalmente da possibilidade de que o louco seja eu, e que não atravanque o ir e vir dos que se julgam equilibrados. Se isso for verdadeiro, ao menos que minha loucura me preserve de mim mesmo, e me isole de abrir a boca no conselho dos sábios. Gosto de ser o ignorante do grupo, porque assim, só tenho o compromisso de aprender, e continuar calado para continuar ouvindo, e cumprir o adágio que diz: "O idiota, calado, é um sábio!"

Acho que seria muito legal saber um pouquinho mais sobre isso. Recomendo que leia esse livro (Ah, sou eu o autor, mas fazer o quê?) É só clicar na imagem, que será redirecionado à página de compra do exemplar.





segunda-feira, 20 de março de 2023

Medo da Inteligência Artificial? Invista da Inteligência Natural!



Tá com medinho da Inteligência Artificial? O antídoto é alimentar a Inteligência Natural. Comece a ler!

Lembre-se que ainda não inventaram robô que dê banho nas crianças. Nem que troque a fralda dos idosos. Nem que dê prazerosos momentos ao entardecer com uma xícara de chá, ou um mate, ou um cafezinho.

Ainda não inventaram uma inteligencia afetiva que empreste ombro, que diga palavras de consolo brotadas do coração. Ainda vai longe para que façam isso.

Ainda não inventaram uma IA que fale sobre a salvação, a ressurreição, a vida eterna. Então, largue o celular e volte a investir nas pessoas (mesmo que pra isso precise usar o celular).

quinta-feira, 16 de março de 2023

Falemos de Vida, e outras escolhas - Salmo 139

 Não vou comentar aqui absolutamente nada. Abenas reproduzirei o Salmo 139.



Senhor, tu me sondaste e me conheces.


2 Tu conheces o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.


3 Cercas o meu andar e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos.


4 Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.


5 Tu me cercaste em volta e puseste sobre mim a tua mão.


6 Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta, que não a posso atingir.


7 Para onde me irei do teu Espírito ou para onde fugirei da tua face?


8 Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também;


9 se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar,


10 até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.


11 Se disser: decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim.


12 Nem ainda as trevas me escondem de ti; mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.


13 Pois possuíste o meu interior; entreteceste-me no ventre de minha mãe.


14 Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.


15 Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e entretecido como nas profundezas da terra.


16 Os teus olhos viram o meu corpo ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia.


17 E quão preciosos são para mim, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!


18 Se os contasse, seriam em maior número do que a areia; quando acordo, ainda estou contigo.


19 Ó Deus! Tu matarás, decerto, o ímpio! Apartai-vos, portanto, de mim, homens de sangue.


20 Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão.


21 Não aborreço eu, ó Senhor, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?


22 Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.


23 Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos.


24 E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.




quarta-feira, 15 de março de 2023

Pilhôco, o cusco que falava

Imagem: internet

O nome do cusco era "Piloto", mas o Barduíno tinha adquirido a preço de promoção, de um mascate que passou pelo lugar, uma dentadura semi-nova, que era menor que a boca, o que obrigava o Barduíno a apertar os lábios e falar de boca fechada, para que a "perereca" não saísse voando mundo afora. Então, nesse desvio de diccção, chamava seu cãozinho, "Piloto", de "Pilhôco".

Barduíno era um bom sujeito, e bom parceiro de prosa, numa pescaria, por exemplo, ou lá no bolicho do Cebôla, e suas prosas se tornavam ainda mais interessantes, porque ele adicionava temperos ao causo, que se não fossem contadas por ele, que jurava serem verdades, passaria por lorotas, mentiras bem arranjadas, digamos assim. Tá bem, tenho que admitir: o ôme mentia e mentia a rodo, e pra carimbar as mentiras, constrangia a pobre da "Chelésche", ou, em dicçaõ normal, "Celeste", sua esposa, a confirmar suas façanhas. A cada lorota contada, apontava a mão, usando o palheiro como seta, para a Celeste e perguntava: "Não foi, "Chelésche", que acontecheu achim?" E a Celeste girava a cabeça, direcionando os olhos envergonhados, pros cantos e confirmava meio que de boca fechada, pra não se comprometer demais: "Foi, véio, acho que foi!" E Barduíno estufava o peito, assoprava o pito, vaidoso, e dava uma tragada recompensadora.

Certa feita, contava ele um feito, de uma caçada de veados, e na largada, assombrava pelo número de abates:
- Cachêi dijoito viado dipoish duma chuvarada aqui memo do lado de cája. Não foi, Chelésche, que eu cachei dijoito viado?
A pobre Celeste, encolhida, olhando pra baixo, respondeu:
- Óia, meu véio! Eu só me alembro de UM veado que tu caçou, mas foi lá pra baixo, perto do rio!
Com um olhar de iluminação e lembrança que voltava, Barduíno bateu  levemente à cabeça e falou:
- É mejmo, Chelésche! Dêche eu nhão me alembrava! Então chão DIJANÓVE!

Mas, pensam que parou aí? Não mesmo! Contente com o olhar crédulo da platéia, Barduíno continuou:

- Eu tinha um "cachôrro" que "falhava", o "Pilhôco". Foi "achim". Teve um dia, "dispôish duma chuvalhada", que a "Chelésche" tinha areado o chão, deixando tudo branquinho, eshpaiô unsh pelhêgo pra modi ninguém pijá no achuálio limpo, até que checáche. Então, o "Pilhôco" e eu, tava vortando duma cacháda de chabiá, e o "Pilhôco" entrou chaltitando facheiro no chão da"Chelésche", enchendo de rastro dash patinha chuja. Eo dei pito nele e diche:
- "PILHÔCO! CHAI DAÍ, Pilhôco! A Cheléste vai te chingá!"
O pilhôco nhão chaiu, e maish: Ficou dimpé nash patinha de tráish, botou ash patinha da frente na chintiúra, deu ume rebolhadjinha, e diche:
- EU NHÃO CHÁIO!

Eu arregalei osh jóio e chamei a Chelésche! Diche pra elha:
- "CHELÉSCHE! CORRE AQUI, CHELÉSCHE! O PILHÔCO TÁ FALHÂNO!"

"Cano a Chelhesche chegou, trupicou num pelego do chão, e levou um buléu bem  feio. O Pilhôco tomou um cagácho tão grande, que deu um pulo e caiu mortinho do chão.
Por muito pôco, a Chelésche nhão viu o Pilhôco FALHANO!"





terça-feira, 14 de março de 2023

Os 4 Cavaleiros do Apocalipse na Terra do Jeitinho


Parece até profecia. E por que não? Acreditem ou não, sim, quando os acontecimentos fatídicos (eu sempre quis usar essa palavra, mas estava economizando para um tema mais retumbante) descrito no livro de Revelação, vulgo Apocalipse, estiverem na velocidade cruzeiro, a 666 mil rotações, ainda que seja o vórtex em Israel, as rebarbas do tornado irão soprar na terra das Palmeiras, onde as aves que que ainda gorjeiam aqui, gorjeiam melhor que as que chilreiam e grasnam lá (eu digo isso, porque só vi dois tipos de pássaros em meu breve périplo na Terra Santa, e eram Corvos, pretos, sinistros, e barulhentos, além de umas gaivotas que também merecem atenção dobrada se você estiver molhando os pés nas águas geladas do Mediterrâneo, e descuidar do lanche ao lado).

Os ventos (são quatro, ao todo) que já estão começando a escaparem dos lençóis sangrentos, segurados por quatro anjos, sopram sua brisa sobre o Atlântico, passando pelo Saara, na altura do Marrocos e a parte subsaariana, desemboca na costa brasileira, e garrando rumo do poente, adentram sulfurosos pelos recônditos purulentos, por onde mancomunam trapaças, os guardadores das chaves da miséria e da fome, posto que são usadas aos poucos, em doses antes homeopáticas, mas nesse tempo em descarado e ululante delírio, ao som de histriônicos festins, para que tal como faziam os tambores de Moloque, abafem também na terra onde foi dada nacionalidade ao deus das folias, e o chamaram de "brasileiro". 

Ventos uivantes e gemidos nas filas da madrugada à espera de alívio nos hospitais lotados, são cantilenas dos ais que o temido livro apregoa, e cada ai despejado será ecoado pelas mídias que se multiplicam em novos ecos de ais, ais e mais ais.

Não, o velho e bom Brasil não tem uma muralha d eproteção, e não está assentado sobre um rochjedo inexpugnável. O bom e velho Brasil já quase nem é mais Brasil, se é que um dia foi, tamanha a diversidade de jeitos de gemer que os ais encontrarão. O país do acolhimento não será esquecido por nenhum dos cavaleiros, que fazem pares com os anjos, em número de quatro por quatro, e o solo macio destas terras alcatifarão as patas ferozes das quatro cores equinas vociferantes. A terra da Mula-sem-cabeça, acostumada com as loucuras da besta que solta fogo pelas ventas, estará desatenta e o som das patas de um e outro a ouvidos acostumados parecerá tudo igual, e quando perceber que não é, será tarde demais, mesmo porque Mula-sem-cabeça é lenda, assim, pensar que quatro cavaleiros trazendo revoluções, por que não seria fpabula também? E nessa narrativa de comparar a fábula com a fé, os cavalos atropelem cá e lá. Mesmo que aqui seja a terra do jeitinho. Não tem jeito. Cavaleiro furioso não se comove com rebolado. Mesmo sendo Brasil.
O quanto você está preparado para o tropel destes cavalos e seus cavaleiros?




Dona Izartina Viu a Uva e Ganhou Diproma


Imagem: internet

Dona Izartina já vivia sozinha, havia certos pares de anos, desde que Seu Argimiro a deixara a lamentar pela saudade. E como tudo, o tempo conforta, também Dona Izartina sabia que enquanto vivesse no mundo, comer, dormir, rezar, e carpir a lavoura, eram obrigações e prazeres aos quais tinha direito, e bem exercia esta liberdade, dia após dia.

Galinha não planta milho, e vaca não planta pasto. As hortaliças não aparecem, assim, do nada, no cercadinho de taquarinhas que delimitava a horta do pasto, e o pasto, da roça, onde plantava e colhia mandioca, aipim, e milho. E as pamonhas, o angú, o cuscuz, não pulavam sozinhos pra dentro da caçarola, antes Dona Izartina precisava, pacientemente, ralar as espigas verdes, debulhar o milho seco, moer os grãos, "samear" o pasto, e carpir os inços entre suas afamadas couves e ervilhas.

Os chás de "Mistrunço", Maçanilha,e "Catinga de Mulata", que usava para curar "Furungos" e tratar do reumatismo, também eram plantas manhosas, dengosas, exigiam atenção contínua, e desse modo, entretida, Dona Izartina enganava as horas e arrematava os dias em sua laboriosa faina.

Ds frutas do pomar, fazia doces, geleias, marmeladas, goiabadas, e compotas de figos, peras, ameixas, o o que quer que coubesse no seu velho tacho de cobre, comprados dos Ciganos, ia pra panela, e da panela  pros vidros "Vecks", aqueles antigos, com um arame de pressão e um anel de borracha que servia de lacre para evitar contamiação, enquanto eram pasteurizados, e expostos na prateleira da parte do rancho que servia de sala para receber as visitas e promover as rezas.

Experiente, de "bom sizo", paciente, e sábia, naquele padrão de sabedoria simples e matreira, Doza Izartina era requisitada em todos os acontecimentos comunitários. Na igreja, colaborava com a limpeza da capelinha, cuivada das flores para os cultos, e  nas festas, lá estava ela, ainda madrugada alta, na cozinha, descascando batatas, temperando carnes, e preparando sobremesas, para a freguesia de fiéis e parentada, que se juntava de tempos em tempos para celebrar a vida, e recordar saudades. Depois da faina e louça limpa, que também cabia à ela e outras dedicadas aledeãs darem jeito, assentava-se com as velhas, e como nunca falta em ajuntamento de avós, netas curiosas, de olhinhos arregalados, escutando atentas à tudo o que falavam as macróbias, para depois repetirem em suas brincadeiras de meninas, daquele tipo de meninas da roça, que quase não existem mais.

As mesmas meninas da roça que antes cercavam as avós em suas prosas devotas, ao largo do tempo, seguiram o curso do mundo, e tornaram-se grandes profissionais, exemplares cidadãs, doutoras, professoras, cientistas, advogadas, enfim, a nata da nata do supra sumo da inclusão contemporânea. E sim, elas não esqueceram de onde vieram, e voltaram à sua pequenina aldeia, cheias de boas intenções e projetos, trouxeram investidores, elas próprias investiram nas suas próprias terras de herança, convenceram as autoridades a modernizarem a infraestrutura das chácaras, pavimentaram as ruas, reformaram as casas, modernizaram as plantações, ganharam prêmios, e o mundo conheceu, pelas redes sociais, a pequenina, mas aprazível aldeia, onde morava Dona Izartina.

Claro que não faltaram apelos para que Dona Izartina também permitisse que seu ranchinho recebesse benfeitorias: água encanada, energia elétrica, sanitário, mas nada dobrou Dona Izartina, exceto duas coisas: um vaso sanitário, no lugar da Capunga, e energia elétrica, para acender as três lâmpadas da casa, e movimentar a geladeira que ganhou de presente, para conservar as verduras e o leite. Ficou bem faceira, Dona Izartina, foi mesmo. E claro, com tais facilidades, Dona Izartina parou de colher verdurinhas e frutas todos os dias, pois as tinha estocado dentro de casa. Ah, sim, o velho fogão de barro, ali no cantinho do rancho, dera lugar a um moderno fogão à gás. Um luxo só. Agora, Dona Izartina podia dormir um tanticop a mais pela manhã. Levantava bem depois do canto do galo, do estardalhado das galinhas com fome, dos gatos miando à frente da porta, e do velho cusco latindo para calar os gatos e as galinhas, que não faziam por mal, era apenas fome, pois os novos horários ainda não sincronizaram com seus reloginhos biológicos. Agora, Dona Izartina, tinha tempo livre. Mas, livre pra que? - Perguntava!
- Pra ler, Dona Izaltina!

- Mas eu não sei ler, minha fia!

- Então vamos ensiná-la! - Responderam. E assim, Dona Izartina, ao largos dos setenta anos, aprendeu a ler, com certo esforço, é certo, mas aprendeu:
- Ivo viu a uva! Vovô viu a vovó! A palavra vovô levha chapéu. A vovó tem grampinho!

E assim, em certo tempo, já de "carreirinha", Dona Izartina deixou de ser analfabeta. Que alegria! Mas, era pouco, para as jovens bem sucedidas, que queriam mais. Não apenas mais de si, mas mais de quem estivesse sob sua influência. Agora Dona Izartina precisava se formar no Ensino Fundamental, e depois, com muita dedicação, no Ensino Médio. Por Supletivo. Em dois anos, ou menos, receberia o diploma, e estaria apta a ingressar na Universidade. Era fácil, pois no salão comunitário, havia um computador conectado à internet, que estava disponível para uso de Dona Izartina. E ela usou. Muito esforço, dois anos de dedicação dela, e da comunidade em seu apoio, e Dona Izartina subia ao palco, fantasiada de adolescente, com uma Toga preta, e um canudo na mão, para ser aclamada Bacharel. Bacharel em... bem, ao certo, não sei em quê, posto que Dona Izartina não sabia em que iria aplicar os conheimentos que adquiriu em tão pouco tempo. "O que faz o estudo", pensava ela. E depois disso, dia após dias, Dona Izartina voltava ao salão comunitário para aprender mais. Sabia navegar na internet. Já tinha conta das redes sociais, e proseava com pessoas que nunca vira antes. Fabuloso. Encontrou receitas de quitutes que nunca tirou tenpo para cozinhar. Criticava o governo, os políticos, o Presidente dos Estados Unidos, sabia quem era Gretha Thurnberg, e também Elon Musk. Sabia tudo. Mas uma coisa não mudou: Dona Izartina continuava a morar no velho ranchinho de barro, agora com luz elétrica, geladeira, e vaso sanitário. E ao fim da tarde, assentava-se no banco de tábua corroído, que o finado Seu Argimiro fizera, quando se casaram, e fitava o horizonte que embrulhava o sol para dar lugar à noite. Olhava a lavoura tomada pelo mato, as velhas árvores frutíferas embrulhadas em "Barba-de-velho", a velha cerca de Caiçara enegrecida pelos anos, se desmanchando, ligava o velho rádio na emissora que tocava valsas e canções sertanejas, e olhava para a parede da salinha, para o retrato oval retocado á mão, à pincel, onde aparecia formosa e jovem, ao lado do esposo, com seu bigodinho demodê sizudo, e em um quadro bem mais novo, seu diploma de universitária. Mas seu coração batia mais forte mesmo era com o poente, as modas de viola, e a saudade de seu velho. Ter um diploma era vaidade dos outros apenas. Ela nunca soube o que fazer com ele, senão emoldurar as lembranças.





segunda-feira, 13 de março de 2023

A Vaca Vermelha, O Messias, e o Apocalipse - Respostas judaicas à perguntas cristãs


Parece estranho, e até pândego, iniciar um tema tão misterioso e curioso, que faz acelerar o coração e tremer as pernas, como o tema do Apocalipse, ao mesmo tem em que O Messias centraliza o título, e então começo falando de uma Vaca vermelha, o que faz parecer que estou iniciando um grande deboche. Parece. Mas não é. A Vaca Vermelha, ou Novilha Vermelha (perceberam que comecei com letra maíuscula?), é um tema que se encontra no aparentemente aborrecido livro de Números, o quarto livro do Pentateuco, e o principal livro de genealogias do Antigo testamento.


Acontece, que segundo a crendice popular, o Messias, como tal, só é apresentado no Novo Testamento, assim, com claras letras, então, por que eu o incluo em um ensaio lá do tempo em que o povo de Israel ainda fazia seu périplo educativo pelo Deserto do sinai? Exatamente por isso: Porque era uma jornada instrucional! Por mais antiquado que pareça, a mais ampla e educativa escola da história da humanidade, aconteceu numa jornada educativa, cujo período letivo deu-se ao longo de notáveis quarenta anos de "senta e levanta" à entrada do Professor, cantando-se o Hino Nacional, ao que foi dado o nome de "Shemá Israel" (Ouve Israel), cujo refrão é de apenas uma frase: "Shemá Israel! Adonai Eloheinu, Adonai Echad!" (Ouve, Israel! O Senhor É nosso D'-us! Nosso Único D-us!), e desde então, ou melhor dizendo, desde muito antes disso ainda, vamos encontrar referências e profecias relativas ao redentor da Humanidade. 

Pois foi, ao som desta melodia, que alunos de todas as idades ouviram, viram e viveram experiências e aulas, que universidade alguma pode replicar, mesmo porque um curso universitário não passa de cinco, talvez seis anos, e ainda some a eles, pós graduação, mestrado e doutorado, não ultrapassa quinze anos. mais onze anos de ensino Fundamental e Médio, ainda assim, não chega a quarenta anos, e mais: Quarenta anos com Um Professor com jeito pra coisa, que dedicou-se ao magistério depois de ter criado o Universo, sem pagamento, direito a férias, e com um único dia de "descanso" por semana, isto é, não própriamente descanso, mas uma parada estratégica para dar exemplo de contemplação do que havia criado.

Assim, dizer que há preciosas lições de vida em cada gesto do deserto, é ratificar a ideia de que a grande escola do mundo é a própria existência. Poderíamos falar por muitas horas e dias sobre esse tema, mas quero resumir a reflexão no chamada: Vaca Vermelha, Messias, e Apocalipse. O texto encontra-se no capítulo 19 de Números, e precisa ser lido, relido, e contemplado à luz de uma sequência de fatos e profecias, ritos, e costumes judaicos, que dentro do judaísmo enfrenta um hiato de conhecimento, ao ponto de que há intensos debates no Talmude sobre a questão, e não há nenhuma conclusão final, ao ponto que foi comentado que nem o próprio Salomão conseguiu compreender plenamente o significado deste Mandamento, pertencente ao grupo "Chukim" (Mandamentos incompreensíveis).


O pensamento rabínico do Talmude sobre a ADAMAH PARAH, ou a Vaca Vermelha, pode ser encontrado em vários trechos da Mishná e do Gemara, especialmente no tratado de Pará (Parah) no Talmude de Jerusalém (Talmud Yerushalmi) e no Talmude da Babilônia (Talmud Bavli).

A ADAMAH PARAH é um ritual descrito em Números 19, que envolve a purificação dos impuros por meio da água da purificação obtida a partir da queima de uma vaca vermelha sem defeito e sem ter trabalhado. A vaca é queimada fora do acampamento, e suas cinzas são misturadas com água corrente para produzir a água da purificação.

Os rabinos discutem várias questões relacionadas à ADAMAH PARAH, incluindo sua finalidade, a identidade da vaca, os detalhes do ritual e seu significado simbólico. Aqui estão algumas citações relevantes:

A finalidade da ADAMAH PARAH:

"Rabi Ishmael disse: Por que a ADAMAH PARAH é vermelha? Porque a cor da ADAMAH PARAH se assemelha à cor do pecado. Assim como o pecado é comparável a essa cor, pode-se dizer que a ADAMAH PARAH vem expiar o pecado." (Talmude de Jerusalém, Parah 3:6)

A identidade da vaca:

"Rabi Elazar disse: A ADAMAH PARAH é um decreto divino sem sentido aparente. O Santo, bendito seja Ele, disse: "Eu ordenei, você não tem o direito de questionar". Rabi Akiva disse: Não direi que é um decreto sem sentido, mas diria que ela é um estatuto divino. É uma vaca que nunca trabalhou, nunca foi usada para o arado ou a lavoura, e não tinha nenhum defeito físico. O Santo, bendito seja Ele, disse: "Deixe-a ser sacrificada em expiação do pecado"". (Talmude da Babilônia, Parah 2a)

O ritual da ADAMAH PARAH:

"Rabi Yochanan disse: A ADAMAH PARAH tem nove medidas de cinzas e é misturada com água que flui. A cinza se espalha para baixo e a água flui para cima. A razão para isso é que as águas da ADAMAH PARAH expiam a impureza que se originou na terra, que fica abaixo, enquanto as cinzas expiam a impureza que vem do ar, que fica acima." (Talmude de Jerusalém, Parah 3:7)

O significado simbólico da ADAMAH PARAH:

"Rabi Yochanan disse: A ADAMAH PARAH é comparável a um rei que estava irado com seu filho e o enviou para uma cidade distante. Quando o filho se arrependeu, o rei enviou uma carruagem para buscá-lo, mas o filho se envergonhou e não queria voltar na carruagem real. Então, o rei disse ao filho: "Pelo menos use minhas terras como meio de subsistência até que você se torne rico e possa voltar para mim em grande estilo." Da mesma forma, quando os filhos de Israel pecaram com o bezerro de ouro, Deus queria puni-los com a morte, mas, em vez disso, Ele os mandou para a Terra de Israel, que é comparável à ADAMAH PARAH, para que pudessem viver lá e se arrepender de seus pecados.

A ADAMAH PARAH, ou a "terra da novilha vermelha", é um conceito simbólico do judaísmo que se refere a uma prática antiga de purificação ritual. A novilha vermelha era sacrificada e suas cinzas eram misturadas com água para produzir uma solução de limpeza. Essa solução era usada para purificar as pessoas e os objetos impuros.

Rabi Yochanan compara a ADAMAH PARAH a uma terra que Deus deu aos filhos de Israel como uma forma de purificação e arrependimento. Assim como o filho que se envergonhou de voltar na carruagem real, os filhos de Israel estavam envergonhados por seus pecados e foram enviados para a ADAMAH PARAH para se purificarem e se arrependerem.

A ADAMAH PARAH, portanto, representa um lugar de purificação e transformação espiritual. É um lembrete de que, mesmo quando pecamos, Deus ainda nos dá uma chance de nos arrepender e nos purificar para que possamos voltar a Ele em um estado de pureza espiritual.

Assim se expressam os sábios do Talmude. Porém respeitosa e ousadamente, seguiremos além nesta interpretação, que necessita de Um Aditivo posterior ao talmude, ao qual denominamos: Messias!

Para entender o rito, que vou encurtar aqui, basta ler o capítulo 19 do livro de Números, que vai conhecer o passo a passo da operação. Vou estreitar a leitura no significado místico (os crentes, com preconceito à palavra, podem entender: Espiritual. Dá na mesma), com as duas palavras: ADAMÁ, e PARAH.

ADAMÁ - Vermelha (Fem.)

ADAM - Vermelho (Masc.) (Adão - Vermelho)

DAM - Sangue

PARAH - Novilha

DO QUE ADÃO É COMPOSTO?

"A palavra אָדָם (pronunciada: Adam) está conectada com duas outras palavras em hebraico: דַּם (dam) "sangue" e אֲדָמָה (adamá) "terra/solo". Estas palavras nos mostram que o significado básico de Adam (Adão em hebraico) está associado com o "sangue" e a "terra". Podemos entender a simplicidade do significado apenas através do texto em hebraico. Conecta-se perfeitamente com a afirmação que "o Senhor Deus formou o homem do pó da terra" (Gênesis 2:7) e a proibição de comer qualquer coisa que ainda tenha sangue, porque a alma de qualquer coisa viva está no seu sangue (Gênesis 9:4)." (Fonte: E.teacher)


Indo mais adiante, vejamos o significado destas letras (caracteres) hebraicas:

ÁLEF -    Paradoxo - O Divino no Humano

                Significado: Um Boi, um Milhar (Mil simboliza grande multidão) grande ensinamento, o Divino no Humano

                Formato - Duas tendências polares (os yud superior e inferior) juntos por uma força mediadora (o vav) - VAV é um gancho, O Messias. O Yud Superior, voltado para baixo, mediado pelo VAV, buscando o Yud inferior, que é voltado para cima. Resumo: D-us, por intermédio do Messias, resgatando o Ser Humano perdido.

                Número 1 ("Eu e O Pai somos UM")


                Tempo: Estação intermediária entre o Verão e o inverno, estação das chuvas, das águas (Água da Vida). 


                Alma (Essência): O Torso superior, especialmente o peito e sistema respiratório (E soprou nas narinas. e o tornou Alma Vivente).


                Qualidade: Grande Compaixão


                Arquétipo: A manifestação Divina da Alma do Messias


                Canal: De Chesed a Guevurá (Alguém de braços abertos)


DÁLET   Conceito: A anulação do "eu" que acompanha qualquer mudança básica na orientação existencial de alguém.


                Significado: Uma porta, Homem pobre, extração (exclusão)


                FormatoUma alma ereta (o vav vertical) ligada a sua Divina Fonte (o vav horizontal pairando acima)


                Número: 4 (O Nome Sagrado, Bendito seja, É formado de 4 Letras)

No judaísmo, o número 4 também pode ser associado aos quatro filhos na história do Seder de Pessach (a festa da Páscoa judaica), que representam diferentes tipos de personalidades e níveis de envolvimento com a tradição judaica.

Além disso, no Talmud (a coleção de ensinamentos e comentários sobre a lei e a ética judaicas), há várias referências ao número 4, incluindo as quatro estações do ano e os quatro pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste). O número também é considerado um número completo, simbolizando a totalidade e a perfeição.

                Espaço: Sol

                Tempo: Terça Feira (Embora a Terça-feira seja mencionada em vários lugares do Talmude, não há uma seção específica que trate desse dia em particular.

No entanto, existem algumas referências à Terça-feira que podem ser encontradas no Talmude. Por exemplo, em algumas tradições judaicas, a Terça-feira é considerada um dia de sorte para o início de novos projetos ou empreendimentos. Isso se deve em parte à associação da Terça-feira com o terceiro dia da criação, quando Deus criou a terra e o mar).

                Alma (Dom) Narina Direita, Descendentes, Discípulos, cura. 

Na Cabala, a Árvore da Vida é uma representação simbólica das forças divinas e do universo. A Árvore é composta por dez esferas ou sefirotes, cada uma com seu próprio nome e significado. A esfera da direita é chamada de Chesed, que significa "bondade" ou "misericórdia".

Chesed é considerada uma esfera masculina, associada ao amor e à compaixão divina. Ela representa a energia criativa e expansiva de Deus, que está sempre pronta para se manifestar em nossas vidas. Chesed é frequentemente associada à figura bíblica de Abraão, que é conhecido por sua compaixão e generosidade.

Citação: "Na Árvore da Vida, Chesed é a esfera da direita, a esfera da bondade divina e da misericórdia." Desse modo, a Narina Direita, por onde foi sobrado o espírito (fôlego) de vida, simboliza a porção da bondade, a sensibilidadse, e a narina esquerda, simboliza a retidão e justiça.

                Arquétipo - Jacó

                Canal (Natureza) - Kether a Tiferet (Kether e Tiferet são dois dos dez sefirot ou esferas na tradição da Cabala, uma tradição esotérica judaica. Cada sefirá representa uma qualidade ou aspecto divino, e juntas elas formam um mapa da Divindade e do universo.

Kether é a sefirá mais elevada e representa a coroa ou o princípio da unidade divina. É frequentemente associada à vontade divina, à essência divina e à luz que permeia todas as coisas. Kether é considerada a fonte de todas as outras sefirot e, como tal, é considerada o ponto de partida para o processo de criação divina.

Tiferet, por outro lado, é a sexta sefirá e está no centro da Árvore da Vida da Cabala. É frequentemente associada à beleza, à harmonia e à compaixão divina. Tiferet representa a união das sefirot superiores e inferiores, conectando Kether e Malkuth, a sefirá da manifestação física. É a sefirá do equilíbrio e da integração, e é considerada a fonte da compaixão divina.

Juntas, Kether e Tiferet representam aspectos complementares da divindade. Kether representa a essência e a fonte de toda a criação, enquanto Tiferet representa a manifestação da divindade na realidade física. Enquanto Kether é a coroa que governa todas as outras sefirot, Tiferet é a sefirá que une e equilibra todos os aspectos da criação divina).

               MEM -    Conceito - O brotar da sabedoria na fonte do supraconsciente


                Formato - Um tanque, com uma ligeira abertura em seu canto inferior esquerdo. O mem final: Um tanque completamente fechado

                Número - 40 (Na Bíblia, o número 40 é um número simbólico que representa um período significativo de tempo. Ele é frequentemente usado para representar um período de provação, purificação ou preparação. Algumas das referências bíblicas ao número 40 incluem:

O Dilúvio durou 40 dias e 40 noites (Gênesis 7:12).

Moisés ficou 40 dias e 40 noites no topo do Monte Sinai, onde recebeu os Dez Mandamentos (Êxodo 24:18).

Os espiões israelitas foram enviados para explorar a terra de Canaã por 40 dias (Números 13:25).

Os filhos de Israel vagaram no deserto por 40 anos (Números 32:13).

No Talmude, o número 40 também é significativo. Ele é frequentemente usado para representar um período de mudança ou transformação. Algumas das referências talmúdicas ao número 40 incluem:

Um feto é formado em 40 dias (Niddah 30b).

Aquele que estuda a Torá por 40 anos adquire sabedoria divina (Avot 5:26).

Um indivíduo que se arrepende sinceramente de seus pecados é perdoado após 40 dias (Ta'anit 16a).

Em resumo, tanto na Bíblia quanto no Talmude, o número 40 é usado para representar um período significativo de tempo ou um período de transformação e mudança).

                Espaço: Terra 

                Tempo: Inverno (O inverno é mencionado várias vezes na Bíblia e no Talmude, mas o seu significado pode variar de acordo com o contexto e a interpretação.

Na Bíblia, o inverno é muitas vezes associado a tempos difíceis e adversidades. Por exemplo, em Ezequiel 34:12, Deus promete cuidar das suas ovelhas durante o inverno, quando elas estarão expostas ao frio e à fome. Em Zacarias 14:8, o inverno é mencionado como uma época de seca e falta de chuva, enquanto em Salmos 147:16-17, o inverno é associado com a neve e o gelo, que Deus espalha sobre a terra como parte do seu controle sobre a natureza.

No Talmude, o inverno é visto como uma época de escuridão e tristeza, mas também como um período de descanso e renovação. Por exemplo, no Talmude Babilônico, Tratado Ta'anit 29a, é mencionado que o inverno é um tempo em que as pessoas devem jejuar e buscar a Deus, a fim de evitar calamidades e obter bênçãos. No entanto, o inverno também é visto como um tempo de descanso para a terra e para as pessoas, em que se deve tirar proveito do tempo frio para repousar e renovar as forças.

Em resumo, o inverno é mencionado tanto na Bíblia como no Talmude como um período de dificuldades e adversidades, mas também como uma época de descanso e renovação. O seu significado pode variar de acordo com o contexto e a interpretação das fontes).

                Alma (Essência): Torso inferior, especificamente o abdômen (Sentimentos, paixão, amor infinito). No Talmude, a palavra "alma" é frequentemente traduzida como "nefesh" em hebraico. "Nefesh" é um termo complexo e multifacetado, que pode se referir a diferentes aspectos da vida e da existência humana.

Em geral, a "nefesh" é entendida como a essência vital que anima todos os seres vivos. É a fonte da vida, responsável por todas as funções biológicas e psicológicas do indivíduo. No entanto, além disso, a "nefesh" também está associada a uma série de outros conceitos, como a vontade, o desejo, as emoções, a personalidade e a consciência.

No Talmude, a "nefesh" é frequentemente discutida em relação ao papel que desempenha na relação entre Deus e a humanidade. Segundo a tradição judaica, a "nefesh" é um presente divino que é dado a cada pessoa no momento do nascimento. É responsabilidade do indivíduo cultivar e desenvolver sua "nefesh" durante a vida, de modo a se aproximar de Deus e cumprir seu propósito na Terra.

Assim, a "nefesh" é vista como uma parte essencial da natureza humana, que deve ser nutrida e fortalecida para que o indivíduo possa viver plenamente e se conectar com o divino. No Talmude, a "nefesh" é considerada uma das maiores dádivas que Deus concede à humanidade, e é vista como a chave para a realização espiritual e a felicidade duradoura.

                Qualidade: Amor, expressando-se como Água (Vide Formato)

                Arquétipo: Messias, Filho de Davi

                Canal: (Modo de atuação) De Netzah a Hod (Criação e Reverberação Criar O Homem à Sua Imagem e Semelhança para que seja Co-Criador)

Procurei esmiuçar um pouco aqui a natureza da palavra ADAMAH, e vejamos Quem Se identifica desta forma:

"A expressão filho do homem (ben Adam, בן אדם), literalmente filho de Adão, é utilizada comumente no Judaísmo e no idioma hebraico em geral para denotar um ser humano, uma pessoa; o plural (bnei Adam, בני אדם) é utilizado para humanidade. No Cristianismo é reconhecido como Jesus, pelas referências nas Escrituras ao Messias.

No livro do profeta Daniel conta-se que é a aparência de uma pessoa que recebe de Deus todo o poder sobre o Reino Eterno (Daniel 7,13 e 14 "Eu estive olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha nas nuvens como um filho de Adão, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele, e foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino para que todos os povos, nações e línguas o sirvam. O domínio dele é domínio eterno, e o reino dele é o único que não será destruído."). (Fonte: Wiki)

Assim exposto, vou revelar o mistério da Vaca vermelha:

O animal a ser sacrificado deveria ser retirado do arraial, isto é, seria sacrificado, morto, fora deste, e suas cinzas seriam assim divididas: Uma terça parte seria guardada em uma ânfora, para purifucação das águas da Micvê, ao longo dos anos vindouros, e o restante seria enterrado fora também, no deserto (durante a travessia) ou no Horto das Oliveiras (no período do Grande Templo).

Traduzindo: Jesus sendo judeu, foi tirado dentre os judeus, e morto pelos gentios. Seus ensinamentos (cinzas que se espalham ao vento e purificam as águas), permaneceria em parte, mas seu nome seria retirado dos anais do judaísmo (fora do arraial). Suas cinzas se misturam ás águas (de Seu peito verteu sangue (DAM) e Água  (no hebraicom MIM, isto é, dois Mem que cercam o Yud, ou seja, Um Único Messias, ou "O único capaz de redimir o ser Humano por DAM, na ADAMAH.

E o Apocalipse?

Apocalipse, do grego: Apokalupsys - Retirar o véu, revelar, é isso. Está revelado, desde as maravilhosas aulas do deserto, cujo "Power Point" eram os rituais, que podemos compreender cada YUD e VAV do que D'us deixou preparado para nosso conhecimento e conforto a respeito da Salvação.

Perece assim, saudável, pensar que o sacrifício era retirado de seu lugar derradeiro, para ser levado a outro lugar, e lá ter seu destino final.
Parece razoável pensar que O Messias foi escolhido (ungido quer dizer "escolhido") dentre seu povo, para ser levado a interceder na morte por outro povo também.

Bem, meus queridos leitores. Vou dar uma pausa por aqui para que vocês leiam tudo novamente, e possam assimilar tanta novidade, mesmo que já esteja lá desde os tempos de Moisés.

Se quiser saber mais, pode escrever e na medida do possível, vamos conversar a respeito.

Abaixo este video que gravei sobre o mesmo assunto, com outros detalhes. Vale a pena acompanhar para ter uma leitura mais ampla do assunto.





Shalom!









Como posso confortar alguém que perdeu tudo numa catástrofe da Natureza?

É muito fácil confortar alguém, principalmente estando nós mesmos já confortados, seguros, e ilesos, então, sim, fica muito fácil orar, envi...