AD SENSE

terça-feira, 14 de março de 2023

Dona Izartina Viu a Uva e Ganhou Diproma


Imagem: internet

Dona Izartina já vivia sozinha, havia certos pares de anos, desde que Seu Argimiro a deixara a lamentar pela saudade. E como tudo, o tempo conforta, também Dona Izartina sabia que enquanto vivesse no mundo, comer, dormir, rezar, e carpir a lavoura, eram obrigações e prazeres aos quais tinha direito, e bem exercia esta liberdade, dia após dia.

Galinha não planta milho, e vaca não planta pasto. As hortaliças não aparecem, assim, do nada, no cercadinho de taquarinhas que delimitava a horta do pasto, e o pasto, da roça, onde plantava e colhia mandioca, aipim, e milho. E as pamonhas, o angú, o cuscuz, não pulavam sozinhos pra dentro da caçarola, antes Dona Izartina precisava, pacientemente, ralar as espigas verdes, debulhar o milho seco, moer os grãos, "samear" o pasto, e carpir os inços entre suas afamadas couves e ervilhas.

Os chás de "Mistrunço", Maçanilha,e "Catinga de Mulata", que usava para curar "Furungos" e tratar do reumatismo, também eram plantas manhosas, dengosas, exigiam atenção contínua, e desse modo, entretida, Dona Izartina enganava as horas e arrematava os dias em sua laboriosa faina.

Ds frutas do pomar, fazia doces, geleias, marmeladas, goiabadas, e compotas de figos, peras, ameixas, o o que quer que coubesse no seu velho tacho de cobre, comprados dos Ciganos, ia pra panela, e da panela  pros vidros "Vecks", aqueles antigos, com um arame de pressão e um anel de borracha que servia de lacre para evitar contamiação, enquanto eram pasteurizados, e expostos na prateleira da parte do rancho que servia de sala para receber as visitas e promover as rezas.

Experiente, de "bom sizo", paciente, e sábia, naquele padrão de sabedoria simples e matreira, Doza Izartina era requisitada em todos os acontecimentos comunitários. Na igreja, colaborava com a limpeza da capelinha, cuivada das flores para os cultos, e  nas festas, lá estava ela, ainda madrugada alta, na cozinha, descascando batatas, temperando carnes, e preparando sobremesas, para a freguesia de fiéis e parentada, que se juntava de tempos em tempos para celebrar a vida, e recordar saudades. Depois da faina e louça limpa, que também cabia à ela e outras dedicadas aledeãs darem jeito, assentava-se com as velhas, e como nunca falta em ajuntamento de avós, netas curiosas, de olhinhos arregalados, escutando atentas à tudo o que falavam as macróbias, para depois repetirem em suas brincadeiras de meninas, daquele tipo de meninas da roça, que quase não existem mais.

As mesmas meninas da roça que antes cercavam as avós em suas prosas devotas, ao largo do tempo, seguiram o curso do mundo, e tornaram-se grandes profissionais, exemplares cidadãs, doutoras, professoras, cientistas, advogadas, enfim, a nata da nata do supra sumo da inclusão contemporânea. E sim, elas não esqueceram de onde vieram, e voltaram à sua pequenina aldeia, cheias de boas intenções e projetos, trouxeram investidores, elas próprias investiram nas suas próprias terras de herança, convenceram as autoridades a modernizarem a infraestrutura das chácaras, pavimentaram as ruas, reformaram as casas, modernizaram as plantações, ganharam prêmios, e o mundo conheceu, pelas redes sociais, a pequenina, mas aprazível aldeia, onde morava Dona Izartina.

Claro que não faltaram apelos para que Dona Izartina também permitisse que seu ranchinho recebesse benfeitorias: água encanada, energia elétrica, sanitário, mas nada dobrou Dona Izartina, exceto duas coisas: um vaso sanitário, no lugar da Capunga, e energia elétrica, para acender as três lâmpadas da casa, e movimentar a geladeira que ganhou de presente, para conservar as verduras e o leite. Ficou bem faceira, Dona Izartina, foi mesmo. E claro, com tais facilidades, Dona Izartina parou de colher verdurinhas e frutas todos os dias, pois as tinha estocado dentro de casa. Ah, sim, o velho fogão de barro, ali no cantinho do rancho, dera lugar a um moderno fogão à gás. Um luxo só. Agora, Dona Izartina podia dormir um tanticop a mais pela manhã. Levantava bem depois do canto do galo, do estardalhado das galinhas com fome, dos gatos miando à frente da porta, e do velho cusco latindo para calar os gatos e as galinhas, que não faziam por mal, era apenas fome, pois os novos horários ainda não sincronizaram com seus reloginhos biológicos. Agora, Dona Izartina, tinha tempo livre. Mas, livre pra que? - Perguntava!
- Pra ler, Dona Izaltina!

- Mas eu não sei ler, minha fia!

- Então vamos ensiná-la! - Responderam. E assim, Dona Izartina, ao largos dos setenta anos, aprendeu a ler, com certo esforço, é certo, mas aprendeu:
- Ivo viu a uva! Vovô viu a vovó! A palavra vovô levha chapéu. A vovó tem grampinho!

E assim, em certo tempo, já de "carreirinha", Dona Izartina deixou de ser analfabeta. Que alegria! Mas, era pouco, para as jovens bem sucedidas, que queriam mais. Não apenas mais de si, mas mais de quem estivesse sob sua influência. Agora Dona Izartina precisava se formar no Ensino Fundamental, e depois, com muita dedicação, no Ensino Médio. Por Supletivo. Em dois anos, ou menos, receberia o diploma, e estaria apta a ingressar na Universidade. Era fácil, pois no salão comunitário, havia um computador conectado à internet, que estava disponível para uso de Dona Izartina. E ela usou. Muito esforço, dois anos de dedicação dela, e da comunidade em seu apoio, e Dona Izartina subia ao palco, fantasiada de adolescente, com uma Toga preta, e um canudo na mão, para ser aclamada Bacharel. Bacharel em... bem, ao certo, não sei em quê, posto que Dona Izartina não sabia em que iria aplicar os conheimentos que adquiriu em tão pouco tempo. "O que faz o estudo", pensava ela. E depois disso, dia após dias, Dona Izartina voltava ao salão comunitário para aprender mais. Sabia navegar na internet. Já tinha conta das redes sociais, e proseava com pessoas que nunca vira antes. Fabuloso. Encontrou receitas de quitutes que nunca tirou tenpo para cozinhar. Criticava o governo, os políticos, o Presidente dos Estados Unidos, sabia quem era Gretha Thurnberg, e também Elon Musk. Sabia tudo. Mas uma coisa não mudou: Dona Izartina continuava a morar no velho ranchinho de barro, agora com luz elétrica, geladeira, e vaso sanitário. E ao fim da tarde, assentava-se no banco de tábua corroído, que o finado Seu Argimiro fizera, quando se casaram, e fitava o horizonte que embrulhava o sol para dar lugar à noite. Olhava a lavoura tomada pelo mato, as velhas árvores frutíferas embrulhadas em "Barba-de-velho", a velha cerca de Caiçara enegrecida pelos anos, se desmanchando, ligava o velho rádio na emissora que tocava valsas e canções sertanejas, e olhava para a parede da salinha, para o retrato oval retocado á mão, à pincel, onde aparecia formosa e jovem, ao lado do esposo, com seu bigodinho demodê sizudo, e em um quadro bem mais novo, seu diploma de universitária. Mas seu coração batia mais forte mesmo era com o poente, as modas de viola, e a saudade de seu velho. Ter um diploma era vaidade dos outros apenas. Ela nunca soube o que fazer com ele, senão emoldurar as lembranças.





segunda-feira, 13 de março de 2023

A Vaca Vermelha, O Messias, e o Apocalipse - Respostas judaicas à perguntas cristãs


Parece estranho, e até pândego, iniciar um tema tão misterioso e curioso, que faz acelerar o coração e tremer as pernas, como o tema do Apocalipse, ao mesmo tem em que O Messias centraliza o título, e então começo falando de uma Vaca vermelha, o que faz parecer que estou iniciando um grande deboche. Parece. Mas não é. A Vaca Vermelha, ou Novilha Vermelha (perceberam que comecei com letra maíuscula?), é um tema que se encontra no aparentemente aborrecido livro de Números, o quarto livro do Pentateuco, e o principal livro de genealogias do Antigo testamento.


Acontece, que segundo a crendice popular, o Messias, como tal, só é apresentado no Novo Testamento, assim, com claras letras, então, por que eu o incluo em um ensaio lá do tempo em que o povo de Israel ainda fazia seu périplo educativo pelo Deserto do sinai? Exatamente por isso: Porque era uma jornada instrucional! Por mais antiquado que pareça, a mais ampla e educativa escola da história da humanidade, aconteceu numa jornada educativa, cujo período letivo deu-se ao longo de notáveis quarenta anos de "senta e levanta" à entrada do Professor, cantando-se o Hino Nacional, ao que foi dado o nome de "Shemá Israel" (Ouve Israel), cujo refrão é de apenas uma frase: "Shemá Israel! Adonai Eloheinu, Adonai Echad!" (Ouve, Israel! O Senhor É nosso D'-us! Nosso Único D-us!), e desde então, ou melhor dizendo, desde muito antes disso ainda, vamos encontrar referências e profecias relativas ao redentor da Humanidade. 

Pois foi, ao som desta melodia, que alunos de todas as idades ouviram, viram e viveram experiências e aulas, que universidade alguma pode replicar, mesmo porque um curso universitário não passa de cinco, talvez seis anos, e ainda some a eles, pós graduação, mestrado e doutorado, não ultrapassa quinze anos. mais onze anos de ensino Fundamental e Médio, ainda assim, não chega a quarenta anos, e mais: Quarenta anos com Um Professor com jeito pra coisa, que dedicou-se ao magistério depois de ter criado o Universo, sem pagamento, direito a férias, e com um único dia de "descanso" por semana, isto é, não própriamente descanso, mas uma parada estratégica para dar exemplo de contemplação do que havia criado.

Assim, dizer que há preciosas lições de vida em cada gesto do deserto, é ratificar a ideia de que a grande escola do mundo é a própria existência. Poderíamos falar por muitas horas e dias sobre esse tema, mas quero resumir a reflexão no chamada: Vaca Vermelha, Messias, e Apocalipse. O texto encontra-se no capítulo 19 de Números, e precisa ser lido, relido, e contemplado à luz de uma sequência de fatos e profecias, ritos, e costumes judaicos, que dentro do judaísmo enfrenta um hiato de conhecimento, ao ponto de que há intensos debates no Talmude sobre a questão, e não há nenhuma conclusão final, ao ponto que foi comentado que nem o próprio Salomão conseguiu compreender plenamente o significado deste Mandamento, pertencente ao grupo "Chukim" (Mandamentos incompreensíveis).


O pensamento rabínico do Talmude sobre a ADAMAH PARAH, ou a Vaca Vermelha, pode ser encontrado em vários trechos da Mishná e do Gemara, especialmente no tratado de Pará (Parah) no Talmude de Jerusalém (Talmud Yerushalmi) e no Talmude da Babilônia (Talmud Bavli).

A ADAMAH PARAH é um ritual descrito em Números 19, que envolve a purificação dos impuros por meio da água da purificação obtida a partir da queima de uma vaca vermelha sem defeito e sem ter trabalhado. A vaca é queimada fora do acampamento, e suas cinzas são misturadas com água corrente para produzir a água da purificação.

Os rabinos discutem várias questões relacionadas à ADAMAH PARAH, incluindo sua finalidade, a identidade da vaca, os detalhes do ritual e seu significado simbólico. Aqui estão algumas citações relevantes:

A finalidade da ADAMAH PARAH:

"Rabi Ishmael disse: Por que a ADAMAH PARAH é vermelha? Porque a cor da ADAMAH PARAH se assemelha à cor do pecado. Assim como o pecado é comparável a essa cor, pode-se dizer que a ADAMAH PARAH vem expiar o pecado." (Talmude de Jerusalém, Parah 3:6)

A identidade da vaca:

"Rabi Elazar disse: A ADAMAH PARAH é um decreto divino sem sentido aparente. O Santo, bendito seja Ele, disse: "Eu ordenei, você não tem o direito de questionar". Rabi Akiva disse: Não direi que é um decreto sem sentido, mas diria que ela é um estatuto divino. É uma vaca que nunca trabalhou, nunca foi usada para o arado ou a lavoura, e não tinha nenhum defeito físico. O Santo, bendito seja Ele, disse: "Deixe-a ser sacrificada em expiação do pecado"". (Talmude da Babilônia, Parah 2a)

O ritual da ADAMAH PARAH:

"Rabi Yochanan disse: A ADAMAH PARAH tem nove medidas de cinzas e é misturada com água que flui. A cinza se espalha para baixo e a água flui para cima. A razão para isso é que as águas da ADAMAH PARAH expiam a impureza que se originou na terra, que fica abaixo, enquanto as cinzas expiam a impureza que vem do ar, que fica acima." (Talmude de Jerusalém, Parah 3:7)

O significado simbólico da ADAMAH PARAH:

"Rabi Yochanan disse: A ADAMAH PARAH é comparável a um rei que estava irado com seu filho e o enviou para uma cidade distante. Quando o filho se arrependeu, o rei enviou uma carruagem para buscá-lo, mas o filho se envergonhou e não queria voltar na carruagem real. Então, o rei disse ao filho: "Pelo menos use minhas terras como meio de subsistência até que você se torne rico e possa voltar para mim em grande estilo." Da mesma forma, quando os filhos de Israel pecaram com o bezerro de ouro, Deus queria puni-los com a morte, mas, em vez disso, Ele os mandou para a Terra de Israel, que é comparável à ADAMAH PARAH, para que pudessem viver lá e se arrepender de seus pecados.

A ADAMAH PARAH, ou a "terra da novilha vermelha", é um conceito simbólico do judaísmo que se refere a uma prática antiga de purificação ritual. A novilha vermelha era sacrificada e suas cinzas eram misturadas com água para produzir uma solução de limpeza. Essa solução era usada para purificar as pessoas e os objetos impuros.

Rabi Yochanan compara a ADAMAH PARAH a uma terra que Deus deu aos filhos de Israel como uma forma de purificação e arrependimento. Assim como o filho que se envergonhou de voltar na carruagem real, os filhos de Israel estavam envergonhados por seus pecados e foram enviados para a ADAMAH PARAH para se purificarem e se arrependerem.

A ADAMAH PARAH, portanto, representa um lugar de purificação e transformação espiritual. É um lembrete de que, mesmo quando pecamos, Deus ainda nos dá uma chance de nos arrepender e nos purificar para que possamos voltar a Ele em um estado de pureza espiritual.

Assim se expressam os sábios do Talmude. Porém respeitosa e ousadamente, seguiremos além nesta interpretação, que necessita de Um Aditivo posterior ao talmude, ao qual denominamos: Messias!

Para entender o rito, que vou encurtar aqui, basta ler o capítulo 19 do livro de Números, que vai conhecer o passo a passo da operação. Vou estreitar a leitura no significado místico (os crentes, com preconceito à palavra, podem entender: Espiritual. Dá na mesma), com as duas palavras: ADAMÁ, e PARAH.

ADAMÁ - Vermelha (Fem.)

ADAM - Vermelho (Masc.) (Adão - Vermelho)

DAM - Sangue

PARAH - Novilha

DO QUE ADÃO É COMPOSTO?

"A palavra אָדָם (pronunciada: Adam) está conectada com duas outras palavras em hebraico: דַּם (dam) "sangue" e אֲדָמָה (adamá) "terra/solo". Estas palavras nos mostram que o significado básico de Adam (Adão em hebraico) está associado com o "sangue" e a "terra". Podemos entender a simplicidade do significado apenas através do texto em hebraico. Conecta-se perfeitamente com a afirmação que "o Senhor Deus formou o homem do pó da terra" (Gênesis 2:7) e a proibição de comer qualquer coisa que ainda tenha sangue, porque a alma de qualquer coisa viva está no seu sangue (Gênesis 9:4)." (Fonte: E.teacher)


Indo mais adiante, vejamos o significado destas letras (caracteres) hebraicas:

ÁLEF -    Paradoxo - O Divino no Humano

                Significado: Um Boi, um Milhar (Mil simboliza grande multidão) grande ensinamento, o Divino no Humano

                Formato - Duas tendências polares (os yud superior e inferior) juntos por uma força mediadora (o vav) - VAV é um gancho, O Messias. O Yud Superior, voltado para baixo, mediado pelo VAV, buscando o Yud inferior, que é voltado para cima. Resumo: D-us, por intermédio do Messias, resgatando o Ser Humano perdido.

                Número 1 ("Eu e O Pai somos UM")


                Tempo: Estação intermediária entre o Verão e o inverno, estação das chuvas, das águas (Água da Vida). 


                Alma (Essência): O Torso superior, especialmente o peito e sistema respiratório (E soprou nas narinas. e o tornou Alma Vivente).


                Qualidade: Grande Compaixão


                Arquétipo: A manifestação Divina da Alma do Messias


                Canal: De Chesed a Guevurá (Alguém de braços abertos)


DÁLET   Conceito: A anulação do "eu" que acompanha qualquer mudança básica na orientação existencial de alguém.


                Significado: Uma porta, Homem pobre, extração (exclusão)


                FormatoUma alma ereta (o vav vertical) ligada a sua Divina Fonte (o vav horizontal pairando acima)


                Número: 4 (O Nome Sagrado, Bendito seja, É formado de 4 Letras)

No judaísmo, o número 4 também pode ser associado aos quatro filhos na história do Seder de Pessach (a festa da Páscoa judaica), que representam diferentes tipos de personalidades e níveis de envolvimento com a tradição judaica.

Além disso, no Talmud (a coleção de ensinamentos e comentários sobre a lei e a ética judaicas), há várias referências ao número 4, incluindo as quatro estações do ano e os quatro pontos cardeais (norte, sul, leste e oeste). O número também é considerado um número completo, simbolizando a totalidade e a perfeição.

                Espaço: Sol

                Tempo: Terça Feira (Embora a Terça-feira seja mencionada em vários lugares do Talmude, não há uma seção específica que trate desse dia em particular.

No entanto, existem algumas referências à Terça-feira que podem ser encontradas no Talmude. Por exemplo, em algumas tradições judaicas, a Terça-feira é considerada um dia de sorte para o início de novos projetos ou empreendimentos. Isso se deve em parte à associação da Terça-feira com o terceiro dia da criação, quando Deus criou a terra e o mar).

                Alma (Dom) Narina Direita, Descendentes, Discípulos, cura. 

Na Cabala, a Árvore da Vida é uma representação simbólica das forças divinas e do universo. A Árvore é composta por dez esferas ou sefirotes, cada uma com seu próprio nome e significado. A esfera da direita é chamada de Chesed, que significa "bondade" ou "misericórdia".

Chesed é considerada uma esfera masculina, associada ao amor e à compaixão divina. Ela representa a energia criativa e expansiva de Deus, que está sempre pronta para se manifestar em nossas vidas. Chesed é frequentemente associada à figura bíblica de Abraão, que é conhecido por sua compaixão e generosidade.

Citação: "Na Árvore da Vida, Chesed é a esfera da direita, a esfera da bondade divina e da misericórdia." Desse modo, a Narina Direita, por onde foi sobrado o espírito (fôlego) de vida, simboliza a porção da bondade, a sensibilidadse, e a narina esquerda, simboliza a retidão e justiça.

                Arquétipo - Jacó

                Canal (Natureza) - Kether a Tiferet (Kether e Tiferet são dois dos dez sefirot ou esferas na tradição da Cabala, uma tradição esotérica judaica. Cada sefirá representa uma qualidade ou aspecto divino, e juntas elas formam um mapa da Divindade e do universo.

Kether é a sefirá mais elevada e representa a coroa ou o princípio da unidade divina. É frequentemente associada à vontade divina, à essência divina e à luz que permeia todas as coisas. Kether é considerada a fonte de todas as outras sefirot e, como tal, é considerada o ponto de partida para o processo de criação divina.

Tiferet, por outro lado, é a sexta sefirá e está no centro da Árvore da Vida da Cabala. É frequentemente associada à beleza, à harmonia e à compaixão divina. Tiferet representa a união das sefirot superiores e inferiores, conectando Kether e Malkuth, a sefirá da manifestação física. É a sefirá do equilíbrio e da integração, e é considerada a fonte da compaixão divina.

Juntas, Kether e Tiferet representam aspectos complementares da divindade. Kether representa a essência e a fonte de toda a criação, enquanto Tiferet representa a manifestação da divindade na realidade física. Enquanto Kether é a coroa que governa todas as outras sefirot, Tiferet é a sefirá que une e equilibra todos os aspectos da criação divina).

               MEM -    Conceito - O brotar da sabedoria na fonte do supraconsciente


                Formato - Um tanque, com uma ligeira abertura em seu canto inferior esquerdo. O mem final: Um tanque completamente fechado

                Número - 40 (Na Bíblia, o número 40 é um número simbólico que representa um período significativo de tempo. Ele é frequentemente usado para representar um período de provação, purificação ou preparação. Algumas das referências bíblicas ao número 40 incluem:

O Dilúvio durou 40 dias e 40 noites (Gênesis 7:12).

Moisés ficou 40 dias e 40 noites no topo do Monte Sinai, onde recebeu os Dez Mandamentos (Êxodo 24:18).

Os espiões israelitas foram enviados para explorar a terra de Canaã por 40 dias (Números 13:25).

Os filhos de Israel vagaram no deserto por 40 anos (Números 32:13).

No Talmude, o número 40 também é significativo. Ele é frequentemente usado para representar um período de mudança ou transformação. Algumas das referências talmúdicas ao número 40 incluem:

Um feto é formado em 40 dias (Niddah 30b).

Aquele que estuda a Torá por 40 anos adquire sabedoria divina (Avot 5:26).

Um indivíduo que se arrepende sinceramente de seus pecados é perdoado após 40 dias (Ta'anit 16a).

Em resumo, tanto na Bíblia quanto no Talmude, o número 40 é usado para representar um período significativo de tempo ou um período de transformação e mudança).

                Espaço: Terra 

                Tempo: Inverno (O inverno é mencionado várias vezes na Bíblia e no Talmude, mas o seu significado pode variar de acordo com o contexto e a interpretação.

Na Bíblia, o inverno é muitas vezes associado a tempos difíceis e adversidades. Por exemplo, em Ezequiel 34:12, Deus promete cuidar das suas ovelhas durante o inverno, quando elas estarão expostas ao frio e à fome. Em Zacarias 14:8, o inverno é mencionado como uma época de seca e falta de chuva, enquanto em Salmos 147:16-17, o inverno é associado com a neve e o gelo, que Deus espalha sobre a terra como parte do seu controle sobre a natureza.

No Talmude, o inverno é visto como uma época de escuridão e tristeza, mas também como um período de descanso e renovação. Por exemplo, no Talmude Babilônico, Tratado Ta'anit 29a, é mencionado que o inverno é um tempo em que as pessoas devem jejuar e buscar a Deus, a fim de evitar calamidades e obter bênçãos. No entanto, o inverno também é visto como um tempo de descanso para a terra e para as pessoas, em que se deve tirar proveito do tempo frio para repousar e renovar as forças.

Em resumo, o inverno é mencionado tanto na Bíblia como no Talmude como um período de dificuldades e adversidades, mas também como uma época de descanso e renovação. O seu significado pode variar de acordo com o contexto e a interpretação das fontes).

                Alma (Essência): Torso inferior, especificamente o abdômen (Sentimentos, paixão, amor infinito). No Talmude, a palavra "alma" é frequentemente traduzida como "nefesh" em hebraico. "Nefesh" é um termo complexo e multifacetado, que pode se referir a diferentes aspectos da vida e da existência humana.

Em geral, a "nefesh" é entendida como a essência vital que anima todos os seres vivos. É a fonte da vida, responsável por todas as funções biológicas e psicológicas do indivíduo. No entanto, além disso, a "nefesh" também está associada a uma série de outros conceitos, como a vontade, o desejo, as emoções, a personalidade e a consciência.

No Talmude, a "nefesh" é frequentemente discutida em relação ao papel que desempenha na relação entre Deus e a humanidade. Segundo a tradição judaica, a "nefesh" é um presente divino que é dado a cada pessoa no momento do nascimento. É responsabilidade do indivíduo cultivar e desenvolver sua "nefesh" durante a vida, de modo a se aproximar de Deus e cumprir seu propósito na Terra.

Assim, a "nefesh" é vista como uma parte essencial da natureza humana, que deve ser nutrida e fortalecida para que o indivíduo possa viver plenamente e se conectar com o divino. No Talmude, a "nefesh" é considerada uma das maiores dádivas que Deus concede à humanidade, e é vista como a chave para a realização espiritual e a felicidade duradoura.

                Qualidade: Amor, expressando-se como Água (Vide Formato)

                Arquétipo: Messias, Filho de Davi

                Canal: (Modo de atuação) De Netzah a Hod (Criação e Reverberação Criar O Homem à Sua Imagem e Semelhança para que seja Co-Criador)

Procurei esmiuçar um pouco aqui a natureza da palavra ADAMAH, e vejamos Quem Se identifica desta forma:

"A expressão filho do homem (ben Adam, בן אדם), literalmente filho de Adão, é utilizada comumente no Judaísmo e no idioma hebraico em geral para denotar um ser humano, uma pessoa; o plural (bnei Adam, בני אדם) é utilizado para humanidade. No Cristianismo é reconhecido como Jesus, pelas referências nas Escrituras ao Messias.

No livro do profeta Daniel conta-se que é a aparência de uma pessoa que recebe de Deus todo o poder sobre o Reino Eterno (Daniel 7,13 e 14 "Eu estive olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha nas nuvens como um filho de Adão, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele, e foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino para que todos os povos, nações e línguas o sirvam. O domínio dele é domínio eterno, e o reino dele é o único que não será destruído."). (Fonte: Wiki)

Assim exposto, vou revelar o mistério da Vaca vermelha:

O animal a ser sacrificado deveria ser retirado do arraial, isto é, seria sacrificado, morto, fora deste, e suas cinzas seriam assim divididas: Uma terça parte seria guardada em uma ânfora, para purifucação das águas da Micvê, ao longo dos anos vindouros, e o restante seria enterrado fora também, no deserto (durante a travessia) ou no Horto das Oliveiras (no período do Grande Templo).

Traduzindo: Jesus sendo judeu, foi tirado dentre os judeus, e morto pelos gentios. Seus ensinamentos (cinzas que se espalham ao vento e purificam as águas), permaneceria em parte, mas seu nome seria retirado dos anais do judaísmo (fora do arraial). Suas cinzas se misturam ás águas (de Seu peito verteu sangue (DAM) e Água  (no hebraicom MIM, isto é, dois Mem que cercam o Yud, ou seja, Um Único Messias, ou "O único capaz de redimir o ser Humano por DAM, na ADAMAH.

E o Apocalipse?

Apocalipse, do grego: Apokalupsys - Retirar o véu, revelar, é isso. Está revelado, desde as maravilhosas aulas do deserto, cujo "Power Point" eram os rituais, que podemos compreender cada YUD e VAV do que D'us deixou preparado para nosso conhecimento e conforto a respeito da Salvação.

Perece assim, saudável, pensar que o sacrifício era retirado de seu lugar derradeiro, para ser levado a outro lugar, e lá ter seu destino final.
Parece razoável pensar que O Messias foi escolhido (ungido quer dizer "escolhido") dentre seu povo, para ser levado a interceder na morte por outro povo também.

Bem, meus queridos leitores. Vou dar uma pausa por aqui para que vocês leiam tudo novamente, e possam assimilar tanta novidade, mesmo que já esteja lá desde os tempos de Moisés.

Se quiser saber mais, pode escrever e na medida do possível, vamos conversar a respeito.

Abaixo este video que gravei sobre o mesmo assunto, com outros detalhes. Vale a pena acompanhar para ter uma leitura mais ampla do assunto.





Shalom!









domingo, 12 de março de 2023

Entre Lírios e Leões - No Campo e na Eternidade


Contem o presente ensaio,  o relato fictício de uma gentil camponesa, "Dona Izartina", que, alheia às turbulências do mundo, tocava a sua vidinha mansa, com a simplicidade de uma criança recém nascida, que vê apenas vultos a poucos metros, e distingue a mãe pela voz e pelo cheiro. Assim, para a personagem Dona Izaltina, o cheiro da Maçanilha, ou o cheiro das galinhas no terreiro, ou do perfume do pasto levantado pelo orvalho aos primeiros raios de sol, era o limite de sua fé, de sua esperança, expectativa, e de ambição.

Os Lírios do Campo mencionados por Jesus, simbolizam este oásis de refrigério, entre tantas incertezas que as turbulências ameaçam. Contemplar os Lírios do Campo equivale a secar uma lágrima de alguém com um sorriso furtivo. Equivale a colocar fones de ouvido, como eu faço enquanto escrevo, para que as turbulências do mundo lá fora deslizem como se eu estivesse banhado por T-Flon, e me permitam raciocinar cada palavra entre um e outro acorde de violino ou pela orquestra inteira, ainda que lá fora as orquestras sejam de ruidosos caminhões, trens, aviões, obuses, tanques de guerra, ou soldados bem alimentados, que pisoteiam nos lírios dos campos, ou nas couves de senhorinhas que estejam entre suas marchas e seus alvos a serem destruídos.

Os Senhores das Guerras não dão importância para as velhinhas que plantam couves e dão milho para as galinhas. Na verdade, os Senhores das Guerras nem sabem que elas existem, pois veem apenas as terras e o que abaixo delas se oculta. Não sabem, os senhores das Guerras, que depois das guerras que os enriquecem, não haverá mais couves para saciar seus filhos, e talvem nem filhos, para que plantem couves, ou façam novas guerras. Mal sabem, os Senhores das Guerras, que já estão prontos para seu definitivo êxtase, em premer botões vermelhos e olhar de longe os cogumelos não comestíveis, cuja luz que brilha, apaga o brilho de pequeninas luzes que antes brilhavam por meio de sorrisos e olhares esperançosos. Mal sabem os Senhores das Guerras que nenhum êxtase, por mais glorioso que se mostre, estasiará o coração dos que restarem em seus bunkers, posto que o Sol que brilha lá fora não pode romper o concretos das galerias onde foram empacotados suas mulheres e filhos, para serem preservados das barbáries que eles prórpios semearam, ragaram com sua ganância, e agora colhem as tempestades que brotaram do brilho intenso da morte e destruição.

Olhai os Lírios dos Campos, e cerrai os olhos para guardar na lembrança este último olhar, para que reconheçis os lírios dos campos da Eternidade, ao novamente abrirdes seus olhos, despertados pela brisa suave da manhã perenal que dá início à segunda eternidade.

Olhai os Lírios do Campo, aqui e agora, enquanto ainda há lírios para desconstruir a imagem das legiões que pisoteiam nas couves das senhorinhas. Olhai os Lírios do olhar das crianças, do fraco andejar dos velhos, enquanto houver campos para semear. Olhai os Lírios com inocentes olhares,  enquanto com laboriosas mãos semeiam a paz à todos os campos onde os pés os levarem.

Dona Izartina, minha doce e matuta personagem estará, tenho esta crença, entre aqueles que muito em breve, caminharão sobre o chão fertilizado pelos Senhores das Guerras, eneles plantarão Couves, Ervilhas e frutas silvestres tá doces, que não deixarão que haja lembrança alguma dos amargos frutos da guerra, da saudade, e da dor. Dona Izartina caminhará entre as Maçanilhas e Lírios, pelo doce prazer de sentir o perfume e a brisa a acariciar seus cabelos, enquanto ao longe Seu Argimiro, sorridente, estende os braços e mostraos belos cachos de uvas da Árvore da Vida, que nenhum soldado bem nutrido pisará jamais, e as espadas e tanques de guerra serão transformados em tratores e arados, e os cuscos e gatos manhosos brincarão com os leões, e os bebês de colo, colocarão a mãozinha na toca da serpente, e os cordeirinhos serelepes  saltitarão com os leõezinhos e os Leopardos, bebericando a água fresca do Rio da Vida, cuja nascente emerge do meio do Trono onde reina O Altíssimo, O Redentor, Aquele que escolheu viver entre Seu Semelhante, brotado de Seu Sopro, à Sua Imagem, e semelhante perfeição.

Olhai os Lírios do Campo, com intensidade de fé. Olhai o olhar dos que apenas lírios têm nas mãos. Apenas isso.





Dona Izartina e a Terceira Guerra Mundial



Dona Izartina era viúva do Seu Argimiro, um matuto bonachão, que  se acocorava na porta do ranchinho, ao fim da tarde, depois da faina na lavourinha mirrada, e pacientemente sovava o fumo de rolo, lambia a palha, e pitava seu paiêro. 

Dia após dia, tarde, após tarde, lá estava acocorado, o Seu Argimiro, pitando seu paierinho, e ao seu lado, bombeando o céu pra módi ver se choveria ou não, na manhã seguinte, a sua fiel parceira , Dona Izartina. E entre eles, os diálogos eram simplórios, eivados de comentários econômicos, sobre o tamanho das couves, das galinhas gordas, e do chazinho de Maçanilha, que preenchia a existência daquele ranchinho de barro e palha, também chamado de Lar.

Mas, como o tempo não oferece opções, um dia, Seu Argimiro, não entardeceu mais com seu pito atrás da orelha, e foi tirar uma pestana abraçado pelo pó da terra, esperando a ressurreição, e deixando Dona Izartina sozinha, com as couves, as galinhas, e a Maçanilha florida e perfumada, do diminuto quintal, que avizinhava com a janela sem vidros, do puxadinho que servia de cozinha.

Devota, Dona Izartina começava o dia, bem no final da noite, pouco antes da madrugada, e encerrava a faina, logo além do último raio de sol, no poente que se despedia para abraçar a noite. Acordava, ela, em sua simplória, bem simplória devoção, rezava balbuciando como uma cantilena, agradecia pela noite e delicadamente, humildemente, sugeria como bênção para o dia, o pão quentinho, e   "dous gorpe de leite gordo pra módi branquear o café". "Premêro D-us", dizia, e isso feito e dito, erguia-se em etapas, como se erguem os velhos, e tocava a soprar, entre as cinzas do velho fogão de barro, o toco de pau que ainda tinha brasa, encostava uma palhinha seca, e já acesa a chama tremulante e viva, cobria com uns gravetinhos, uns paus de lenha, e em poucos instantes, a velha cambona preta começava a chiar na chapa, para preparar o café.

Enquanto a água "aquentava", dava de mão a uma cumbuca e dosava certo tanto de milho e quirera, pras galinhas e pros pintos, e "apinchava", cantarolando no terreiro, chamando as galinhas, que ao som da voz, e o tilintar da vasilha de ração, faziam estardalhaço e corriam para o lugar onde o milho caía.

O gato manhoso e magro, atento a isso, se enroscava nas pernas magras da velha, e ganhava um afago, seguido de um "tantico" de leite no pratinho de barro, ali no cantinho da porta. "Biju", um velho cusco faceiro, tremulava o rabo, balouçando as "cadeiras", indo e vindo, onde ia Dona Izartina. Dali, ao estábulo quase caindo, dar pasto à vaquinha, que a recebe com um mugido sincero e terno, um olhar que só as vaquinhas tem com seus donos, quando são bem tratadas, e a mansidão de deixar que lhes espremam cuidadosamente as tetas, para ganhar uns canecos de leite gordo, todos os dias.

Depois, já refestelados os bichos, refestelava-se também ela, com seu pão e um naco de doce, e um caneco bem cheio de café coado, com o leite gordo, e assim, refestelava-se também ela. Agora, passar a mão numa enxada, e rumar pra lavourinha, cercada de caiçara, e restos de ramos secos, que impedem a entrada dos pintos na hortinha, e carpir o inço entre as couves e outros legumes. Umas enxadadas aqui, outras ali, encerra sua ida à lavoura, fazendo do avental uma sacola improvisada, e passa a colher vagens, couves, ervilhas, tomates, favas, e uma ou outra frutinha que encontra, madura, pelo diminuto passeio entre as plantas. Volta pra casa, larga as verduras numa bacia com água, para serem lavadas depois, e vai para o quartinho, separado da cozinha por um vazio, e protegido por um pano velho, parecendo ser uma cortina. Mexe as palhas do colchão, areja os trapos e os estende na soleira da janela, e volta para a cozinha, para começar a preparar o almoço. Depois, sol a pino cozinhando o mundo, uma esticada no catre até que o calor seja amainado. Um pouco mais de lavoura, uma "barrida" no terreiro, mais milho pras galinhas, e quirera pros pintos, um resto de comida pro cusco e pro gato, as rezas da noite, e assim, dia após dia, os nós de existência de Dona Izartina, se emolduram pela vida, até que se junte ao Seu Argimiro.

E a Terceira Guerra Mundial? E as nações em rebuliço estasiadas e estupefatas pelas incertezas? E a Bolsa de Valores caindo? E as ameaças de bombas nucleares que podem destruir de uma só vez mais de quarenta mundos? E as ideologias que tiram o sono de multidões, e separam famílias, destroem amizades, engordam governantes, motivam turbulências, arrastam multidões? E a alta do Dólar? E as sanções às carnes? E o Petróleo que não para de subir? E os embates entre governos e juízes? E a certeza certeira de que a guerra vai chegar? Bem, isso todos sabem que certamente nada sabem. Há apenas a perplexidade de nada saber e tudo imaginar o pior. Mas Dona Izartina, não tem ouvido falar de nada disso. Apenas acorda, ainda noite, reza para que a chuva venha no tempo certo, as couves cresçam, a vaca dê leite, e as dores da velhice tenham o lenitivo do chazinho de "Mistruis" e Maçanilha, para que o vazio entre a tarde e o alvorecer seja breve e reconfortante. Mesmo porque, quando a guerra chegar, quando as artilharias e os soldados armados e bem nutridos passarem pisoteando as suas couves, o que pode fazer Dona Izartina, senão rezar e desejar que possa se juntar ao Seu Argimiro, para serem soprados pelo vento mundo afora, até o dia da ressurreição?




sexta-feira, 10 de março de 2023

Quando os Livros

QUANDO OS LIVROS

Quando os livros são escritos
há almas que se derramam sobre eles
como chuva copiosa sobre a terra sedenta
Quando os livros são abertos
há palavras libertas
que nem sempre são ditas
algumas de bênçãos, algumas malditas
que bem e mal dizem
a quem quiser ler
Quando os livros se fecham, fecha-se a alma
cega-se a mente
entardece a vida
fenece o pensar
Quando os livros se queimam
há um fogo que não se apaga
que não gera mais luz
e quanto mais livros se queimam
trevas se incandescem
que geram sombras
e escurecem o espírito.
As nossas pegadas


Canção da Esperança

Canção da Esperança


Letra: Pacard

Música e arranjos: Léo Santos


Quando me chegar aos poucos

meu amigo entardecer

de braços dados com o tempo

cavalgaremos lembranças

recordando as esperanças

pela alegria de viver.


Dedilhando raios do sol

nas melodias da aurora

a vida que vivo agora

viverei, assim eu quero

no raiar do alvorescer


A manhã, mulher tão bela

bela será pela tarde

no calor do sol que arde

no frescor da madrugada

minha canção embargada

como toada perdida

assim caminho eu, pela vida

pela mão eu levo memórias

cicatrizes de minha história

calejadas mãos estendidas


Amigo, foi boa a prosa

o mate já está lavado

as lembranças da esperança

são as brasas do passado

nelas crepitam faíscas

das tertúlias milongueiras

de altaneiras bravatas

das glórias que já sonhei

Diga à todos, amigo

que mesmo chorando, cantei.


Amigo, foi boa a prosa

amigo, cante comigo,

amigo fique ao meu lado

muito em breve serei passado

muito em breve serei lembrança

amigo cante comigo

esta canção da esperança.



Jardim da Esperança - Ode à Gramado



Tive a honra de ser agraciado como "hors Concours", em um concurso de poesias sobre Gramado, há alguns anos atrás. Este poema foi impresso em um cartz, e durante um mês ficou exposto na Rua Coberta, para apreciação dos visitantes.

O evento foi da Assoiação de Artistas e Escritores de Gramado*


Pacard

Jardim da Esperança

Ode à Gramado 



Sentei-me, sozinho, à noite

Para abraçar as lembranças

Que meu tempo carregou.

Relatos de outros tempos

Cujas vozes já vazias

minha memória apagou.


Veio à mim, uma criança,

vestida, tão de esperança,

que a recebi com abraços,

tornou-se meu corpo, em braços

trajados de coração.


Pediu-me, histórias,

que as contasse.

Retratasse minha vida,

que falasse das feridas,

das flores e mananciais

mostradas pelas lembranças

do tempo de meu sonhar,

daquelas tardes airosas,

das invernias manhosas

que tempos não trazem mais.


Sou menino desta terra

que entre as serras se aninha

como faz um passarinho,

cuja mãe constrói seu ninho

no galho em que confiou.


O meu ninho, fez minha mãe

e o dela, os meus avós

cada folha desta árvore

abrigou a todos nós.


Abrigamos os nossos filhos

nos abrigam nossos pais

entre os ramos mais frondosos

dois ou dez, nunca é demais.


Uma terra é um regaço

onde jorram mananciais

onde nos plantam com sonhos

e colhemos sempre mais.


Mais que sempre, nunca é nada

o afeto que nos abraça

onde todos são pessoas

onde não se vê a raça

onde pernas são esteios

mãos e braços, ruas, praças

onde flores, mais que luzes

iluminam, fazem graça.


Passarinho, esse sou eu

neste chão que é sempre meu

embora terras, não tenha

minha herança é uma fonte

onde a fortuna jorra

da vertente sobre a mina

desta água cristalina

do chão que me recebe

e mata a sede que ainda tenha

quando minha vida termina .


A vida que um dia, encerra

carrega o cheiro da terra

o frescor do ribeirinho,

esparge doces, perfumes

dela sentirei ciúmes

se a um outro se entregar.

Mas restam outras delícias

no manancial das carícias

de um coração que ainda bate

com o doce do chocolate,

com os coloniais cafés,

com as Hortênsias e rosas,

com a devoção e a fé,

é Gramado, do meu agrado,

são as ruas, testemunhas

de todo meu caminhar,

são as gentes que ficaram,

mães das gentes que virão,

a terra do mate amargo,

de um horizonte tão largo

onde a esperança ainda grita

quando meu peito se agita

na saudade deste chão.


Embora a beleza peça,

não carrego vaidade,

só levo junto a vontade

de contar à toda gente,

que é o meu peito que sente

na compleição da verdae,

colher as mais belas flores

no meu jardim da saudade!


Que bate meu coração

como coração de criança

que possa voltar um dia,

ao meu Jardim da esperança.

12/11/2010

quinta-feira, 9 de março de 2023

Dá-nos o Leão nosso de cada dia


Não, diletos devotos, eu não estou blasfemando com a paródia da oração. Estou apenas dimensionando o tamanho do desafio que precisamos enfrentar para despertar da mediocridade nossa de cada dia. Estou gritando pelo silêncio das palavras que me são permitidas escrever, para que as lendo sem pensar, não sejam compreendidas, mas em separando uma fração de tempo para nelas refletir, possam perceber,  diletos leitores, que há sempre uma salutar ironia em meus trocadilhos contumazes.

Dá-nos um leão a cada dia, remete-nos à ideia de que se pedirmos o "pão nosso", isto é, o pão ao qual temos, por direito divino, saciar nossa fome, nos seja dado Pari Passu à força que nos permita enfrentar os desafios advindos pelo suor de nosso rosto, ao plantarmos o trigo, e colhermos o vinho da celebração à vida.

Não há pão sem leão, está por certo isso, basta sabermos que o mundo tem fome e sede, não só de pão, mas de justiça, de generosidade, de equilíbrio e bom sizo. Não há nesse mundo, ainda, saciar de fome sem calos nas mãos, e trôpego andejar, pelas terras áridas onde se semeia vento para colher esperança, e nem esta brota, sem que venham as tempestades. Não há nesse mundo vitória sem luta, e para que haja luta, são necessários oponentes, e não há glória na vitória contra o fraco, então, que sejamos audazes e não peçamos apenas pão, como esmola, mas leões, como adversários, para que haja preço em nossas conquistas. Que não sejamos fúteis nem medíocres, mas audazes, e aguerridos, como diz a canção: "Eu só falo dos valentes. Dos covardes não se fala!" (Airton Pimentel).

Não fomos criados para sermos metade. Somos inteiros, e únicos, ainda que entre bilhões de únicos também, mas temos nome e destino, ainda que nossa estirpe humana possa parecer pífia, é nossa origem divina que nos agiganta, que nos torna audazes, e que não seja apenas de pão a nossa fome, mas de determinação para enfrentarmos o amanhecer, com espírito de vitória. Não queremos pão de mão beijada. Queremos merecer o leite e o mel que emanam de cada pedaçõ prometido de chão, que temperam o sabor, pois bem sabemos que pode haver mel de doçura inigualável dentro da boca de um leão vencido, como encontrou Davi, e ainda nem era rei nesse dia. Não precisamos de cetro ou coroa para vencermos leões. Precisamos apenas saber que fomos feitos, individualmente, "à imagem e semelhança de D'us", e que o mesmo D'us que derruba o Leviatã, dá-nos força para vencermos os leões de cada dia.

Não peço mais pão, senão que seja entregue por um leão, para que possa merecê-lo, senão que permita-me saber que não sou um derrotado. Não me importam as garras e os dentes afiados que me possam sangrar o ânimo, senão que meus braços tenham força para plantar e colher; que minhas pernas me possam levar onde hajam espíritos cansados para apascentar; que meus olhos não vejam senão horizontes de justiça e esperança; que profira minha boca, palavras de consolo e encorajamento; que meu corpo, ainda que marcado de cicatrizes, seja barreira para as feras que caminham para ferir aos que amo, e que meu espírito seja um com O Espírito do Criador dos mundos. O Criador dos campos onde brotam pão, das águas que saciam e refrigeram. E dos leões que me fazem forte, quando dobram meus joelhos ao anoitecer, para que forças reúna, à vencê-los novamente no clarear da aurora que virá.





quarta-feira, 8 de março de 2023

Polímatas e os Nexialistas - Pensamentos sobre Criatividade

Pacard - Polímata, Nexialista, e Escrevedor

Criatividade é uma visita à feira, ao super mercado. O resto, são escolhas

Criatividade é uma visita à feira, ao super mercado. O resto, são escolhas, disse eu no título desse ensaio, e poderia quase terminar aqui, se não fosse ridículo compartilhar um texto com apenas uma frase, ainda que existem frases que são suficientes para um bom entendimento, e existem enciclopédias inteiras que não dizem nada. Assim, prometo ficar no meio termo, para melhor compreensão do motivo dessas poucas e maltraçadas linhas, ainda que a pena esteja guardada apenas para atividades nostálgicas (sim, eu tenho uma pena verdadeira, com ponta metálica, para escrever em papel),

Ainda que em meu parco, mui raso auto didatismo, ao que, dadas as múltiplas habilidades adquiridas pelo empirismo contínuo, pela experimentação no método tentativa e erro, mais erros que acertos, dou-me ao luxo de também declarar-me culpado de ser Polímata, ou ainda melhor, Nexialista, mas não é relevante, senão para justificar que, em tal condição, fui levado a tornar outras pessoas também ignorantes, mais confiantes no poder da ignorância trabalhada, para mudar o mundo. Não mudei o mundo inteiro, mas o meu mundinho, ah, sim, mudei, e quanto mudei. E cutuquei outros a dispararem em busca de suas próprias transformações estruturais ou intrínsecas, ainda que seja, pois não preciso mudar o mundo, basta que mude a mim mesmo para que o mundo mude sua trajetória. Como isso? - Pergunto eu! Simples! Eu mesmo me respondo! Quando ponho o pé e interrompo a trilha de formigas em seu laborioso ir e vir para abastecer o ninho, estou alterando o estado natural das coisas, e talvez para meu sádico prazer (é só uma metáfora, viu, eu não cometo maldade com os animaizinhos), tenha sido apenas um mover de pé, mas para os atarefados insetos, seja uma completa reestruturação de logística para contornar a deselegante pata do imbecíl que se intrometeu na sua árdua faina. Assim, por pequeno que seja o gesto, estamos alterando a logística do mundo, e se sabemos dessa capacidade, então, por que não mudar para melhor?

Mudar, transformar, são as palavras mais doloridas do Tesouro Linguístico, vulgo Glossário, ou se mais erudito, "Vade Mecuum", haja vista que depende de um remanejamento de inércia, do tal corpo em movimento que tende a continuar no estado em que se encontra (atual estado pende mais para letargia), e toda transformação demanda energia, que é acumulada pela constante atividade da ação, reação, interação, participação, contração, e resolução. Assim dito, a transformação pode ser para o bem ou para o que não faz bem, e sendo uma escolha no caminho bifurcado, há sim, conselhos eficientes e eficazes para que esta escolha se dê na estrada da luz que brilha de contínuo, em lugar de piscar, o que encanta mais aos simplórios, o que em si, não há nenhum demérito, posto que dizia o Sábio Salomão, que "no muito conhecimento há enfado da carne", isto é, se não colocar em prática essa bagagem de saberes, não as transformar em fazeres, o tédio, aquela gosma verde gelatinosa e fétida, dá uma cobertura como de uma torta que aqueceu e escorreu pela bandeja toda.

Talvez, em algum momento, como testemunho, e não como hedonismo, eu fale na primeira pessoa, intentando pejorar e relativizar para não precisar correr ao livro de Eclesiastes, e lembrar quem eu realmente sou. Assim, houve tempo em que eu sentia vergonha de dizer que era autodidata. hoje constato que é inútil explicar que iniciei como autodidata , passei por polímata, e me encaminho ao nexialismo. Mas pra isso, é necessário que a pessoa pare de mascar a graminha saborosa e preste atenção no que estou dizendo (muitas pessoas não conseguem mascar e raciocinar ao mesmo tempo, aí desatam a babar, entende?)

No entanto, não somos muares ruminantes, cujo único propósito de vida é mascar, ruminar, evacuar, e se dócil for, carregar fardos daqui pra lá e de lá pra acolá. Somos criados pensantes, com Lívre Arbítrio, com poder de pensar e decidir, ainda que as escolhas, muitas vezes, nos acorrentem no agir, posto que optamos pela luz que pisca, em nossas vidas. Somos elaborados pelo Criador como Co-Criadores do mundo, e só quando percebermos essa condição, é que seremos verdadeiramente criadores e autores de nossos caminhos. Certo! Falei bonito (eu achei), mas e como podemos fazer isso? Como podemos nos tornar Polímatas e Nexialistas? A resposta é simples e trabalhosa: Esvaziando os porões abarrotados de quinquilharias desnecessárias, acumuladas pelo vazio das escolhas, das aquisições desnecessárias. Os excessos acumulados pela inocência da juventude nem sempre são expurgados durante os ritos de passagem etária e psicológica em nossa caminhada, e aqueles recônditos menos acessíveis de nosso porão mental permanecem com restos fermentando de nossos erros e frustrações, antes ignorados, hoje, capazes de alterar o sabor da vida, porque não foi feita uma antissepsia completa, como se faz em um terreno que se quer plantar uma roça, que necessita que lhe arranquem os tocos e as pedras, antes que sejam espalhadas as sementes. Nosso terreno mental é abarrotado desses entulhos, e são eles que nos fazem desanimar para as transformações e o crescimento que desejaríamos desejar, caso soubéssemos o quanto vale a pena viver a vida que precisa ser vivida. Um Catarse completa, ou ao menos, com profundidade é a solução para o começo dessa caminhada. Aqui começa o caminho da transformação. 

Porém, é importante lembrar que limpar o porão e seus cantinhos putrefatos, não significa apagar as memórias. Não mesmo! Isso porque as memórias são arquivos dos erros e acertos (nem sempre o que fazemos na juventude são erros, posto que são passos de juventude, e juventude sem erros é uma juventude amorfa, insossa, com gosto de jiló. O que precisa ser assimliado é que, semelhante a uma fruta, que tem seu ponto de maturação, e assim deve se saboreada, se passar do ponto, ela murcha e apodrece, e precisa ser descartada, jogada na terra para que cumpra sua jornada final. Porém, saber guardar estas frutas como compotas, podem ser saboreadas em outro tempo e do modo adequado. Isso é a maturidade, provando continuamente os sabores da juventude, com o sabor adequado. A Catarse pode ser seletiva, e organizar as prateleiras da memória de forma adequada ao momento presente, e agora vem o apogeu do que quero dizer: A Criatividade depende disso, desse banco de lembranças e experiências, ainda que nefastas, para compor o aprendizado e a transformação do que vem a seguir. Muitas vezes, brincadeiras de criança, como "caçar Tirisco", que pode ser momentaneamente desconfortante pelo deboche que acontece, torna-se um gatilho para futuras armadilhas que a vida nos propõe, mas se nunca fomos "caçar Tirisco", nunca saberemos que há limites entre ser crédulo, e ser prudente. O crédulo, em tudo crê, e embarca em canoas furadas continuamente. Já o prudente, antes de embarcar, examina o casco para saber se não há riscos de naufrágio. A criatividade é isso: dosar o que se sabe com o que se espera encontrar, temperado com o inusitado. Quem teme o inusitado, vai passar a visa bebendo leite materno, porque terá medo de provar outras iguarias.

Criatividade pressupõe equilibrio entre o medo e a coragem. A desconfiança, e a percepção de risco, com o frêmito de avançar para o desconhecido. Esse sim, o desconhecido, é o grande território do Polímata e do Nexialista, porque usa o estoque do porão, agora organizado, como parâmetro da construção do que é novo, e é capaz de colocar, lado a lado, na mesma prateleira, o velho livro de fábulas, com a moderna chave de algoritmos para mergulhar no desconhecido. 
Isso é inovar. Isso é transformar. Olhar o futuro com as lembranças do passo, atados ao caminhar do presente. O resto, é vaidade.

Dizia Hilel, o Ancião: Se eu não for por mim,, que será por mim? Se eu for só por mim, o que sou eu? Se não agora, quando?
Quem responder estas perguntas, começa a criar sua própria transformação.

Como já disse outro dia: Caixão não tem gavetas e mortalha não tem bolso. De que adianta acumular se não for para partilhar? Conhecimento é como água: estancada fica choca. Rios são rios porque se deixam escoar. O mar que tudo recebe, não é potável.






sexta-feira, 3 de março de 2023

Força nas adversidades - Explicando o provérbio


Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena. (Provérbios 24:10)

A citação bíblica é essa, mas uma ilustração, com outras palavras, foi dada por Jesus, ao dizer: "Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. "(Mateus 6:17,18).

Vamos contextualizar então. A regra de ouro do marketing nos ensina que devemos nos vestir de maneira adequada ao fecharmos negócio, ou quando nos dirigirmos à uma reunião de negócios, isto é, que devemos nos vestir e portar adequadamente, de acordo com o padrão de quem iremos encontrar. Eu me declaro culpado quando vejo profissionais, jovens, na maioria, que levam esta regra ao pé da letra, e determinados profissionais (não nominarei nenhum para não parecer preconceituoso) mais parece que estão indo à uma festa de casamento, ou um baile de gala, quando nos encontram para reunião de negócios, e deixam um rastro quase visível de perfume bem marcante, como os machos deixam seus feromônios na urina que batizam as pedras e árvores, demarcando seu território diante de outros machos. Instintivamente, faz-me parecer algo assim. Mas reforça, apesar de meu nariz torcido ao excesso de perfume, de que é um cumprimento ao conselho bíblico de "cingir o lombo e perfumar-se, lavar o rosto, e pentear os cabelos e a barba" antes de se apresentarem, em público.

Talvez, por esta razão, carros importados cintilando na porta das empresas (mesmo que sejam pagos em 300 parcelas), lojas suntuosas e escritórios magníficos (mesmo que a faxineira tenha que levar marmita de comida requentada), lugares privilegiados na igreja (mesmo que os filhos do jardineiro não possam brincar com os da casa), ainda assim, mostrar vale mais do que ser. Há porém uma conta que não pode ser transferida: a conta do Dia do Juízo, e até lá, caixão não tem gavetas, nem mortalha tem bolso. Nada aqui se leva, senão o que aqui foi semeado. E se é vento que semeamos, é tempestade que vem.

Eu mesmo já agi desta forma (menos o abuso de perfume), e durante muitos anos de minha carreira, apresentei-me de terno e gravata, e nas palestras, quando são motivacionais, apresento-me com minha favorita gravata de borboleta, brega, eu sei, mas ela me representa.

Demonstrar fraqueza é metade da derrota, porque, além de servir de escracho para os desafetos, torna-se uma brecha de vulnerabilidade para a vitória desejada. A ideia de ser humilde não tem relação com permissão para humilhação. Humildade pressupõe reconhecer que em qualquer vitória, nunca a alcançamos sem suporte externo, seja humano ou divino, mas jamais será instrumento de negociação onde qualquer ação desse tipo envolve forças opostas, e uma delas haverá de prevalecer, e se for contra nós, tenham a certeza de que não será lucrativa, antes pode ser destrutiva. Assim, reconhecer a força do outro não implica em condenar-me à fraqueza antecipada. Reconhecer o poder do oponente é apenas o antídoto para ação, em lugar de reação.

Todos somos sujeitos à tempestades todos os dias, mas até no costume civilizado dos cumprimentos, perguntamos: "Como vai?", e a resposta é: "Estou bem, e você?", pode não ser completamente verdadeira, e podemos estar, naquele momento, atravessando turbulências desesperadoras, mas, a não ser que do interlocutor venha a imediata solução para os problemas, pouco importa à este q extensão da nossa dor, o que deveria, mas não sendo  assim, vale mais tirar proveito do mínimo de conteúdo negativo para obter instantes de esperança de que realmente algo ainda possa estar bem, como fazia Epicuro, que embora tendo passado toda a sua vida sofrendo de serios problemas renais (quem teve pedra no rim sabe do que estou falando), entendia que ainda que no meio da dor, possa haver um pequeno lenitivo, e este lenitivo deve servir como índex para uma grande ninhada de esperança (quem é da roça sabe o que é o ovo índex).

Diz o salmista: "Pois a sua (de D'us) ira só dura um instante, mas o seu favor dura a vida toda; o choro pode persistir uma noite, mas de manhã irrompe a alegria." (Salmo 30:5).

Esse não é o segredo da felicidade, mas ajuda a viver cada dia como se fosse o primeiro da colheita de esperança, semeada com lágrimas e dor. O resto, o tempo cura.

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A corda que nos puxa para o envelhecer


A idade é uma corda esticada que nos puxa forte para junto de si. Durante muito tempo, puxamos ao contrário, e como somos fortes, pensamos que estamos vencendo este cabo de guerra. Mas a corda também vai enfraquecendo, e quanto mais resistimos, mais fios se rompem, até que, ou nos deixamos puxar, e envelhecemos, ou forçamos além da capacidade da corda, e ela se rompe. É assim que morremos durante a juventude: pelo pavor de envelhecer.

Compreendi isso a tempo, eu acho, porque caminho pelo envelhecimento com o vagar de um velho, de mãos nas custas e encurvado, olhando o chão por onde piso.

Na tenra infância, rastejamos, e dar os primeiros passos é uma grande vitória, para nós, e para nossos pais. Porém, andar ereto não é mais suficiente, e agora queremos explorar todo o potencial dessa capacidade fantástica que é mover-nos de um lugar a outro sem o artifício grudento do colo, e agora queremos correr, correr e correr, e assim, aceleramos a vida nessa corrida insana, onde puxamos a corda do futuro com toda a força de que dispomos, e muitas vezes, o futuro é uma fruta ainda verde, que foi arrancada do pé sem que tivesse provado suas intempéries necessárias para a maturidade. Isso não importa, porque constatamos que onde tem uma fruta verde, podemos colhê-la e amadurecê-la à força, ainda que, sabido seja, o sabor será insosso, muito diferente do sabor da fruta que amadurece no pé.

E à medida do crescimento, entendemos que a corda do tempo pode ser esticada e a esticamos, testamos seus limites de resistência, sem percebermos que por ser maleável, flexível, esta corda é composta por finíssimos fios emaranhados entre si, e que começam a romper, um a um dos fios, como já mencionei logo acima. Assim também nossas defesas vão se rompendo sem que percebamos, uma a uma, como finos fios que se rompem pela força de tração à eles imposta, mesmo que saibamos que sejam apenas fios, nos importamos apenas com sua capacidade conjunta de tracionar o futuro. 

Assim somos nós. Tracionamos o futuro de nossos filhos para que sejam bem sucedidos. Tracionamos nossas esperanças para que se cumpram sem que seus benefícios ainda estejam maduros. Tracionamos a morte que se agarra junto a cada fio que se rompe, e nem percebemos isso, porque o infortúnio nunca está sozinho para ser puxado. É traiçoeiro, sorrateiro, e se infiltra com os benefícios das fibras unidas, e como uma traça com presas afiadas, rompe estes fios, sem que percebamos. E puxando o futuro, sem saber, pelas leis da física, estamos ao mesmo tempo sofrendo a ação de forças opostas e quando pensamos que puxamos este futuro para nós, é o futuro do inusitado quem nos arrasta para junto de si, como um cabo de guerra, e o grande segredo da vida é saber qual é o ponto de equilibrio, onde um e outro lado permanecem em seus próprios terrenos, mas como os passos da vida não vem como velocímetro ou o hodômetro, que nos mostra o quando fomos puxados, ou o quanto pensamos que puxamos, o mais terrível engano que cometemos, porque se pensamos estar no alto da montanha, e talvez estejamos, quem está na planície tem a gravidade a seu favor, além do tempo e das circunstâncias que encontraremos no acelerado desta descida.

Então, não é prudente que arrastemos o futuro, mas nos deixemos andar pelo tempo necessário da contemplação do caminho. Ah, esqueci, essa velocidade só se adquire quando o tempo já não nos pertence mais. Mas, "ces't la vie", dizem os franceses que comem queijo maturado no tempo necessário, sem o atropelo das grandes redes de supermercados que exigem produção de milhões de toneladas para engordarem a Bolsa de Valores. Mas até esta também se rompe um dia.

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quinta-feira, 2 de março de 2023

Quem sou?



Quem sou?

Sou a sombra de uma vazio

o eco de um silêncio

sou a noite do entardecer

a aurora do meio dia

sou o grito do que é calado

a casa que não tem paredes

não tem chão e nem telhado

sou a esperança ruída

a rudez da dor perfeita

sou o amor flutuando

nas asas do coração.

Sou o poeta mais louco

sou a abelha sem mel

meu doce é como fel

e amargo é meu céu

sou cada um que não vem

ou o nenhum que se vai

não tive mãe e nem pai

meus irmãos não sabem de mim

eu sou assim, em cada sonho

sou assim no acordar

acordo mas ainda durmo

porque assim eu vivo mais.


Paulo Pacard ,( #petalas, 2023)

quarta-feira, 1 de março de 2023

O Pensamento Sustentável como freio à Sociedade Líquida

Odeio ser delator, mas o desavergonhado designer continua usando IA para suas imagens aleatórias. Não sei mais o que fazer*
by Pacard - Designer, Escritor, Palestrante

O Pensamento Sustentável como freio à Sociedade Líquida

Nos últimos anos, o mundo tem experimentado uma rápida transformação em sua estrutura social, com a ascensão da chamada "sociedade líquida". Esse termo, cunhado pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, descreve uma sociedade caracterizada pela fluidez e pela falta de valores sólidos e duradouros. Talvez eu tenha uma teoria, extremamente absurda a respeito, que veio à mente enquanto eu preparava minha vitamina de abacate com banada, hoje cedo: As frutas são jogadas quase íntegras na caneca, e à elas, acrescemos leite, e ligamos a máquina. Como uma milagrosa demonstração das forças centrífugas do Universo, revolucionando constelações e buracos negros, minhas frutas tornam-se uma homogêna pasta liquefeita, e desaparece com a individualidade ancestral de cada componente da vitamina. Isso me faz entender, pelo menos, o processo de liquefação humana, movida pelas afiadas hélices da acelerada ânsia pelas transformações, pelo novo, pelo inusitado, e olha que eu sou criador de inovação, é meu trabalho, então como poderia ficar tão estupefato com isso? Pois é, eu fico.

Nessa sociedade, as pessoas são cada vez mais individualistas e voltadas para o consumo imediato, sem levar em conta as consequências a longo prazo. O resultado é uma cultura de desperdício e destruição ambiental, que ameaça a sobrevivência das gerações futuras. Na verdade, o Ser Humano sempre foi individualistas, mas os meios de coimunicação e recursos que aceleram as transformações, eram bastante escassos, então cada transformação poderia levar anos, décadas, séculos até, e por que não avançar em milênios? Assim, não havia ambiente para ideias e atitudes liquefeitas, porque o tempo, no seu vagar, calcificava os movimentos, e solidificava as tradições, aprofundava as raízes, e sabemos que quanto mais profundas as raízes de uma árvore, mais resistente ela será diante das intempéries, que movimentam apenas o que é visível, mas o que está entranhado com a terra, permanecerá.

Por outro lado, a bíblia ensina um princípio fundamental que pode ser visto como um antídoto para esse comportamento irresponsável: "Ama o teu próximo como a ti mesmo". Esse mandamento, que aparece várias vezes nas escrituras sagradas, enfatiza a importância de se preocupar com os outros e com o bem-estar da comunidade como um todo. Aqui temos o contraponto entre o que se liquefaz pelo vazio de propósitos, o que se torna amálgama com outros vazios e se deixa liquefazer pelo turbilhonamento das circunstâncias, e aquele que se torna aguerrido marinheiro por enfrentar os mares bravios.

Em nenhum lugar a bíblia promete facilidades, mas diz que D'us estará ao lado, á frente, na retaguarda, dos que ousam por o pé nas águas antes que o Mar de Juncos (erroneamente traduzido por Mar Vermelho) e o Rio Jordão se abram, para que se chegue à Terra prometida, que estará sempre após um rio, mar e um deserto por serem atravessados, e pensem comigo, que tiver uma natureza volátil, ou líquida, pode entrar na água, mas dela não vai sair; pode entrar num deserto sendo arenoso, mas na primeira tempestade de areia, deixará de ser indivíduo para tornar-se parte desta amálgama. 

O Pensamento Sustentável

Essa visão é fundamentalmente oposta à sociedade líquida, que valoriza a individualidade e a gratificação imediata em detrimento do bem comum. O pensamento sustentável, por sua vez, é uma abordagem que busca equilibrar essas duas perspectivas, considerando as necessidades das gerações presentes e futuras e o impacto das nossas ações no meio ambiente.

O pensamento sustentável implica em tomar decisões que levem em conta a interdependência dos sistemas naturais e sociais, e que visem a um equilíbrio entre as necessidades das pessoas e a saúde do planeta. Isso requer uma mudança de paradigma em relação ao consumo e à produção, e uma abordagem mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente.

Ao contrário da sociedade líquida, que vê o meio ambiente como um recurso a ser explorado sem limites, o pensamento sustentável reconhece a importância da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos para a nossa sobrevivência e bem-estar. Isso implica em adotar práticas de conservação e restauração ambiental, bem como em reduzir o desperdício e a poluição.

Além disso, o pensamento sustentável também implica em promover a justiça social e a equidade, reconhecendo que as desigualdades econômicas e sociais são uma das principais causas da degradação ambiental. Isso implica em criar políticas públicas que promovam a inclusão e o acesso aos recursos naturais e serviços públicos, bem como em valorizar as comunidades locais e os conhecimentos tradicionais.

Em suma, o pensamento sustentável é uma abordagem que busca equilibrar as necessidades humanas e a proteção do meio ambiente, promovendo a justiça social e a equidade. Em contraponto à sociedade líquida, que valoriza o individualismo e o consumo imediato, o pensamento sustentável reconhece a importância da interdependência dos sistemas naturais e sociais, e busca uma abordagem mais consciente e responsável em relação ao meio ambiente.

Como remodelar a SAociedade pelo Pensamento Sustentável?

Existem várias ações práticas que cada indivíduo pode começar a realizar no seu dia a dia para promover a sustentabilidade e transformar o seu entorno. Algumas sugestões são:

Reduzir o consumo de energia: Desligue as luzes e os aparelhos eletrônicos quando não estiver usando, substitua as lâmpadas incandescentes por LED, utilize ventiladores em vez de ar-condicionado e abra janelas para aproveitar a luz e ventilação natural.

Economizar água: Feche a torneira enquanto escova os dentes, tome banhos mais curtos, conserte vazamentos de água e reutilize a água da lavagem de roupas para regar plantas.

Reduzir o consumo de plástico: Evite sacolas plásticas, utilize sacolas reutilizáveis para fazer compras, leve uma garrafa de água reutilizável ao invés de comprar garrafas plásticas descartáveis e recicle todo o plástico que não puder ser evitado.

Cultivar alimentos: Plante uma horta em casa, ou participe de um projeto comunitário de agricultura urbana.

Transporte Sustentável: Utilize bicicleta ou caminhe em percursos curtos, escolha o transporte público em vez do carro particular e dê preferência a caronas solidárias.

Reduzir o consumo de carne: Reduza o consumo de carne vermelha, substitua por proteína vegetal ou por carnes brancas.

Reduzir o desperdício de alimentos: Compre apenas o necessário, planeje refeições com antecedência e aproveite sobras para fazer novos pratos, além disso, composte os restos de comida em uma composteira caseira.

Reciclar: Separe materiais recicláveis e destine-os corretamente aos locais apropriados.

Essas são apenas algumas sugestões práticas que cada indivíduo pode começar a implementar no seu dia a dia, contribuindo para a transformação do seu entorno e a construção de um futuro mais sustentável e justo. É importante lembrar que a mudança de comportamento é um processo gradual e que cada pequena ação faz a diferença.

Humanismo Sustentável

Para envolver-se com o ser humano e neutralizar a liquidez social de nossos dias, é necessário buscar conexões significativas e construir relacionamentos sólidos com as pessoas ao nosso redor. Eu começaria por algumas ideias práticas:

Participar de atividades em grupo: Envolva-se em grupos de interesse comum, participe de atividades em clubes, associações ou organizações voluntárias. Isso permite conhecer pessoas com interesses semelhantes e estabelecer conexões duradouras.

Conhecer a vizinhança: Conheça as pessoas da sua vizinhança, saia para conversar com os vizinhos, participe de eventos locais e faça amizades com as pessoas que moram próximas a você. Não espere ficar velho para puxar assunto com alguém. Envolva-se com as pessoas. Brinque com as crianças. Elogie, conte uma anedota aceitável e que não menospreze as pessoas, seja o interometido (a) que ajuda a carregar pacotes (tomando cuidado para não parecer que vai sair correndo com os pacotes da pessoa. Certa ocasião, vi uma mulher saindo do mercado, carregada de pacotes, e deixou cair uma moedinha no chão. Com o coração soltando estrelinhas de pureza, instintivamente, abaixei-me para juntar a moeda e devolvê-la, sempre com o olhar fixo na mulher, e sorrido (eu), qual não foi a minha surpresa e estupefação quando o pé pesado dela acertou meus dedos, espremendo-os contra o chão, para que eu não apanhasse a moeda. A culpa não foi dela, e nem minha. A culpa foi de alguém que, certamente já tomou muitas moedinhas desta infeliz senhora, tornando-a desconfiada e agressiva. Minha mão doeu, mas dou mais ainda o coração, pela tristeza de saber que naquele dia eu não pude ser útil, isto é, não pude parecer ser útil. Ela não era minha vizinha, mas por conta disso, antes que eu faça qualquer favor a um vizinho, antes pergunto se ele precisa (às vezes está óbvio), e quer a minha ajuda.

Lamentavelmente vivemos em uma cidade grande, e confesso que eu não sei identificar expressões dos vizinhos, caso estejam sofrendo, porque o olhar de PH equilibrados deles e meu, é irretocável, e a dor que dói, só escondida, e assim seguimos, um e outro, nossos caminhos.

Praticar a empatia: Desenvolva a empatia e a compaixão pelos outros, ouvindo suas histórias, tentando entender suas perspectivas e mostrando interesse genuíno por suas vidas.

Investir em relacionamentos familiares: Dedique tempo para se conectar com seus familiares, fortalecendo laços de amor, confiança e respeito mútuo. Claro que isso é uma retórica, quebrada pela frase: "Parentes são meus dentes e ainda assim, mkordem minha língua", mas como somos movidos a desafios, me digam se há desafio maior do que amar um chato? Então, não se suporta uma pessoa desagradável por cortesia, mas por teimosia. Ainda assim, vale a pena.

Ser um voluntário: Dedique parte do seu tempo livre para se voluntariar em ações sociais, participando de projetos sociais e ajudando pessoas em necessidade. O voluntariado pode ajudar a construir laços significativos e a fazer a diferença na vida das pessoas.

Ao se envolver com o ser humano, construindo relacionamentos significativos e buscando conexões mais profundas, é possível neutralizar a liquidez social e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. Lembre-se sempre que cada indivíduo tem o poder de fazer a diferença na vida das pessoas ao seu redor, e que cada ação positiva conta para a construção de um mundo melhor.

Sei que são conselhos mecânicos, ams se apenas um deles se torne prático para um único leitor, já terá compensado cada palavra aqui escrita.

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Ah, e eu sou palestrante, viu? Que tal levar uma palestra ou seminário para sua empresa?










WHY DO YOU SPEND ON WHAT IS NOT BREAD? - FOOD WASTE


Image: internet

By Pacard, Designer, Writer

Before the previous article, about the Shemita, a reader commented to me that unfortunately this volume of production is necessary, because of the excess population. I am led to agree with the elitora, but this observation provoked the second part of this theme, which deals exactly with the waste of food in the world, and I begin the subject with a biblical quote that says:

"Come, all you who are thirsty, come to the waters; and, you who have no money, come, buy and eat! Come, buy wine and milk without money and without cost. Why spend money on what is not bread? and your hard work in what does not satisfy? Listen, listen to me, and eat what is good, and your soul will delight in the finest meal." Isaiah 55:1,2

When I was still living in Gramado, my store was next to a restaurant, and as far as I could tell, it wasn't the busiest restaurant. About the same times a week, a man would pass by with a trailer full of barrels, and collect the remains of food that returned from the tables. As I was almost always unoccupied, due to the lack of movement in my store, I had the "whim" to calculate, based on the volume of cans he collected, what the weekly, monthly, and annual volume would be. I multiplied that amount by the average number of restaurants there at the time, and, although I no longer remember the calculation made, I can remember that it was a few hundred tons a month, thousands a year. I believe the sow was quite fat. I don't know. I never went to see But, regardless of whether the pigs were fed, or thrown into landfills, and later, composters, the volume of food left over on tables (only in restaurants, because at home, there is always a way to reuse the leftovers for a "Restô donté"). Scary. But so far, I've worked on achism. I went to the numbers, and they were, shall we say, terrifying.

Food waste is a global problem that affects both developed and developing countries. According to data from the Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), about a third of all food produced in the world for human consumption is lost or wasted each year. That's about 1.3 billion tonnes of food that is thrown away or lost each year.

In Brazil, food waste is also an important issue. According to the Brazilian Agricultural Research Corporation (Embrapa), about 40% of all agricultural production in the country is lost before it even reaches the final consumer. This is due to factors such as lack of adequate storage and transport infrastructure, as well as the disposal of food that does not meet the quality standards set by retailers.

In addition, IBGE data show that around 19 million Brazilians still go hungry in the country, which makes food waste even more worrying.

Some other relevant statistics include:

According to FAO, the majority of food waste in the world occurs in the production, post-harvest and processing stages (54%), while the remaining portion occurs during distribution and consumption (46%).

According to the United Nations Environment Program (UNEP), food waste is responsible for about 8% of global greenhouse gas emissions.

In Brazil, it is estimated that food waste causes annual losses of around R$ 22 billion, according to the Akatu Institute. In the world, it is estimated to be 750 Billion Dollars a year.

Still according to the IBGE, around 30% of the food purchased by Brazilian families ends up being wasted.

Thus, it is not just a question of a lack of food, which justifies the depletion of the land, but of food education, so that on production, even if it were applied to Shemitá, regardless of the religious character that originates.

Regrettably, we only see food re-education programs and full use of food, by alternative, vegan, naturalist groups, and in many cases, the teachings are confused with ideological or religious indoctrination, which hinders neutral programs, but focused on food awareness without fanaticism or proselytism.

Ille Vert Studio - +55 48 999 61 1546  whatsapp only


O que faz a tua mão direita....

Evitem fazer alarde quando ajudarem alguém, não fiquem contando vantagem diante das pessoas, para  que sejam admirados e elogiados; aliás, s...