Os Lírios do Campo mencionados por Jesus, simbolizam este oásis de refrigério, entre tantas incertezas que as turbulências ameaçam. Contemplar os Lírios do Campo equivale a secar uma lágrima de alguém com um sorriso furtivo. Equivale a colocar fones de ouvido, como eu faço enquanto escrevo, para que as turbulências do mundo lá fora deslizem como se eu estivesse banhado por T-Flon, e me permitam raciocinar cada palavra entre um e outro acorde de violino ou pela orquestra inteira, ainda que lá fora as orquestras sejam de ruidosos caminhões, trens, aviões, obuses, tanques de guerra, ou soldados bem alimentados, que pisoteiam nos lírios dos campos, ou nas couves de senhorinhas que estejam entre suas marchas e seus alvos a serem destruídos.
Os Senhores das Guerras não dão importância para as velhinhas que plantam couves e dão milho para as galinhas. Na verdade, os Senhores das Guerras nem sabem que elas existem, pois veem apenas as terras e o que abaixo delas se oculta. Não sabem, os senhores das Guerras, que depois das guerras que os enriquecem, não haverá mais couves para saciar seus filhos, e talvem nem filhos, para que plantem couves, ou façam novas guerras. Mal sabem, os Senhores das Guerras, que já estão prontos para seu definitivo êxtase, em premer botões vermelhos e olhar de longe os cogumelos não comestíveis, cuja luz que brilha, apaga o brilho de pequeninas luzes que antes brilhavam por meio de sorrisos e olhares esperançosos. Mal sabem os Senhores das Guerras que nenhum êxtase, por mais glorioso que se mostre, estasiará o coração dos que restarem em seus bunkers, posto que o Sol que brilha lá fora não pode romper o concretos das galerias onde foram empacotados suas mulheres e filhos, para serem preservados das barbáries que eles prórpios semearam, ragaram com sua ganância, e agora colhem as tempestades que brotaram do brilho intenso da morte e destruição.
Olhai os Lírios dos Campos, e cerrai os olhos para guardar na lembrança este último olhar, para que reconheçis os lírios dos campos da Eternidade, ao novamente abrirdes seus olhos, despertados pela brisa suave da manhã perenal que dá início à segunda eternidade.
Olhai os Lírios do Campo, aqui e agora, enquanto ainda há lírios para desconstruir a imagem das legiões que pisoteiam nas couves das senhorinhas. Olhai os Lírios do olhar das crianças, do fraco andejar dos velhos, enquanto houver campos para semear. Olhai os Lírios com inocentes olhares, enquanto com laboriosas mãos semeiam a paz à todos os campos onde os pés os levarem.
Dona Izartina, minha doce e matuta personagem estará, tenho esta crença, entre aqueles que muito em breve, caminharão sobre o chão fertilizado pelos Senhores das Guerras, eneles plantarão Couves, Ervilhas e frutas silvestres tá doces, que não deixarão que haja lembrança alguma dos amargos frutos da guerra, da saudade, e da dor. Dona Izartina caminhará entre as Maçanilhas e Lírios, pelo doce prazer de sentir o perfume e a brisa a acariciar seus cabelos, enquanto ao longe Seu Argimiro, sorridente, estende os braços e mostraos belos cachos de uvas da Árvore da Vida, que nenhum soldado bem nutrido pisará jamais, e as espadas e tanques de guerra serão transformados em tratores e arados, e os cuscos e gatos manhosos brincarão com os leões, e os bebês de colo, colocarão a mãozinha na toca da serpente, e os cordeirinhos serelepes saltitarão com os leõezinhos e os Leopardos, bebericando a água fresca do Rio da Vida, cuja nascente emerge do meio do Trono onde reina O Altíssimo, O Redentor, Aquele que escolheu viver entre Seu Semelhante, brotado de Seu Sopro, à Sua Imagem, e semelhante perfeição.
Olhai os Lírios do Campo, com intensidade de fé. Olhai o olhar dos que apenas lírios têm nas mãos. Apenas isso.
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