AD SENSE

domingo, 7 de fevereiro de 2021

O maledicente e as teologias opostas


Sou um árduo defensor da causa judaica, frente aos contínuos ataques antissemitas provenientes por parte do cristianismo, dos mesmos que batem no peito e dizem: "Obrigado, Senhor, porque não nasci judeu", mas acham ruim a oração judaica "Amidá", onde o devoto agradece por não ter nascido mulher.

Um e outro tem suas implicações que vão bastante além do que é dito em resumidas palavras, mas um e outro realmente sentem-se gratos por não terem nascido na condição que, em sua leitura, seja desfavorável no convívio humano cotidiano.

No tempo em que foi escrita a Amidá, a mulher ocupava um papel inferior aos animais, em todas as culturas. Era lixo, e lixo e propriedade, e a punição por maltratar um cabrito era maior do que espancar uma mulher de "sua propriedade". Assim, a oração reconhece esse estado triste da mulher (criança, então, nem se fala, era deplorável a situação civil de uma criança naqueles tempos), e ao agradecer à D-s pela condição menos desfavorável, reconhece que há algo por melhorar na sua companheira, irmã, mãe, ou filha.

Da mesma forma, hoje, vejo o tratamento teológico dado aos judeus, com uma generalização esdrúxula, e com argumentação que ultrapassa os limites da estupidez, da ignorância completa. Destratam os judeus de todos os tempos, com o mesmo ímpeto que destrataria aqueles poucos indivíduos, que dentro de um contexto específico, e em um tempo único, votaram a favor de enviarem à morte o Líder de um dos grupos sectários contemporâneos (Jesus não era o único proclamado Messias em seu tempo, mas se quiserem saber mais sobre isso, leiam Flávio Josefo, Heródoto, Plínio O Velho, e outros historiadores daquele tempo), e que num contexto amplificado pelos romanos, estabeleceram, não uma religião de adoração ao D-s Único, mas de ódio aos judeus de todos os tempos, tornando-os malditos por continuidade.

A construção de teologia do ódio é buscada dentro das próprias Escrituras, sendo que fixam-se sempre no histórico dos erros da Israel bíblica, mas deixam de ler, muitas vezes, o verso seguinte, onde D-s promete restauração e consolo ao seu povo eleito. Senão vejamos: O livro de Isaías, 41:14, chama Israel de "Verme de Jacó, vermezinho de Jacó, verme de Israel" (de acordo com cada tradução), e desata todos os erros cometidos pelos governantes, com apoio de grande parte do povo, que de fato, usou e abusou do direito de errar, coisa que nós fazemos também, continuamente. Então, segundo essa parte do texto, sim, Israel estaria condenado e seria extinta de pronto. 

O que as pessoas leem e fixam a mente é exatamente na expressão: "Vermezinho de Jacó", mas esquecem que esta expressão está em uma única frase, que, completa diz assim: "Não tenha medo, ó verme Jacó, ó pequeno Israel, pois eu mesmo o ajudarei", declara o Senhor, Redentor, o Santo de Israel".

Sigo adiante, e sugiro outra leitura com o mesmo contexto: Oséias, capítulo 11, onde todos os pecados de Israel e Efraim (uma das doze tribos), são desnudados, todas as vísceras abertas são expostas, e ainda assim, contém a mais bela declaração de amor que um Pai pode fazer à seus filhos, descrevendo a trajetória deste relacionamento:

"Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho. (vs 1). Mas, como os chamavam, assim se iam da sua face; sacrificavam a baalins, e queimavam incenso às imagens de escultura".

Vejam que primeiro, diz como era Seu relacionamento afetivo. A seguir, aponta aquilo que os separava d'Ele, que O entristecia. É aqui que sorriem os inimigos de Israel e perseguidores dos judeus. Porém, de tanto rirem dos deslizes registrados, se cansam de ler e não leem o que vem a seguir:

Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomando-os pelos seus braços, mas não entenderam que eu os curava. Porque o meu povo é inclinado a desviar-se de mim; ainda que chamam ao Altíssimo, nenhum deles o exalta.

Como te deixaria, ó Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Como te faria como Admá? Te poria como Zeboim? Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem.

Não executarei o furor da minha ira; não voltarei para destruir a Efraim, porque eu sou D-us e não homem, o Santo no meio de ti; eu não entrarei na cidade.

Esta é a parte que me faz tremer: "Porque Eu Sou D-s e não homem", isto é, D-s não julga sentimentos humanos com justiça humana, mas oferece justiça aos humanos com misericórdia divina.

 Então, a profecia sempre finaliza desse modo: Primeiro o amor d'Ele com Israel, depois a impiedade do povo, depois o juízo sobre esta impiedade, e por fim, a misericórdia, movida pelo imenso amor com que os amou." Está comovido em mim o meu coração, as minhas compaixões à uma se acendem". Outra tradução diz que "D-s treme e se contorce de emoção, de alegria, ao manifestar e descrever o tamanho do amor que sente por Seu povo".

E finaliza dizendo que "Tremendo virão como um passarinho, os do Egito, e como uma pomba os da terra da Assíria, e os farei habitar em suas casas, diz o Senhor. Efraim me cercou com mentira, e a casa de Israel com engano; mas Judá ainda domina com Deus, e com os santos está fiel". Oséias 11:11,12

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